sexta-feira, 15 de setembro de 2017

O Futuro do Movimento que Queremos Construir - por Alexandre Cardia Machado

Na edição de Junho de 2017, publicamos na página 8 do jornal um artigo chamado “ O Futuro do Espiritismo” que tratava do dilema que sempre ocorre, quando estamos envolvidos num trabalho intensamente e paramos para pensar, se o mesmo terá continuidade.

Repito abaixo o último parágrafo do artigo, lembrando ao leitor que já não possui mais o jornal do mês passado que poderá econtrar o texto completo no blog do ICKS.

“... Também temos receio do que acontecerá com nosso movimento livre-pensador, não vemos muitos jovens. Tememos que termine em 20, 30 anos. Mas a análise da história nos permite dizer que prosperará, encontraremos formas de chegar aos mais jovens, certamente aparecerão muitas coisas diferentes, novas mideas, novas formas de atingí-los.

Este é o grande desafio do momento, penetrar na mente e no coração dos mais jovens, trazê-los para as ações espíritas, em nosso grupo, em especial,  para o pensar espírita.”

Buscando algumas respostas a como fazer com que aparecem coisas diferentes e que motivem o ingresso de novos pensadores na nossa cadeia produtora de ideias, chegamos a alguns pontos que precisam ser explorados:

- Como penetrar na mente e nos corações dos jovens para trazê-los para dentro do movimento?

- Como seria um Centro Espírita moderno, reinventado? - Na década de 90 do século passado, mudamos muitas de nossas casa de Centros Espíritas para Centros de Cultura Espírita, este modêlo pode ser considerado um modêlo de sucesso?

- O ICKS durante 10 anos, por ter tido uma localização favorável, em uma avenida de grande movimento, na cidade de Santos, buscou disseminar a ideia Espírita laica, através de cursos voltados para simpatizantes espíritas, foram mais de 500 pessoas que passaram por nossas salas. Qual o resultado prático disto no fortalecimento de nosso grupo?

- Desde 1995, quando no IV SBPE um grupo gaúcho apresentou uma metodologia nova, chamada Estudo Problematizador” uma onda de reuniões de estudos centradas em grupos similares a este se espalhou por casas espíritas livre-pensadoras, passou-se a discutir tudo, questionar tudo, aprofundar tudo, mas não obtivemos uma maior participação jóvem neste modêlo, por que?

Mais recentemente o ICKS demonstrou que é possível desenvolver trabalhos de pesquisa, profundos, bem elaborados por grupos formados com pessoas acima de 70 anos, destacamos dois trabalhos importantes produzidos: Um caderno Cultural - Análise da evolução do conceito de Reencarnação ao longo das obras de Allan Kardec, apresentado inicialmente no XXI Congresso da CEPA em Santos e que viorou Caderno Cultural. A seguir produzimos “Pode o Espiritismo ser considerado Ciência da Alma? Uma análise epistemológica da  proposta do pensador espírita Jaci Régis “ apresentado no 13° SBPE. Se conseguimos fazer isto com um grupo de maior idade, o que nos limita, por que não temos a mesma produção dos jóvens de mocidades?

Vou arriscar um pouco de conceitos gerencias aqui, nosso movimento livre-pensador é eminentemente livre, desconectado, feito à partir de inicitivas isoladas e em muitos casos individuais, nos falta coordenação e planejamento estratégico.

Os Centros Espíritas são realmente células autônomas e pertanto não se engajam muito em atividades municipais ou estaduais, não tem um cronograma de ações conjuntas, entende-se isto pois saímos exatamente de entidades federativas, para termos mais liberdade, portanto este movimento um tanto caótico é uma característica deste tipo de grupo semi-autônomo.

Consequência imediata do modêlo atual é a falta de incentivos aos jóvens para que troquem experiências entre grupos, a exemplo das antigas confreternizações como a COMELESPs, no caso do leste do estado de São Paulo. Onde os jóvens iam apresentar temas e discutir as ideias então em moda. Foram anos de abertura mental no Brasil. Nosso momento atual não é menos provocador, mas nos faltam mecanismos de concentração e discussão para jóvens.

Nos anos 80 e 90 do século passado, nasceram os debates sobre aborto, homosexualismo, liberdade da mulher, ser ou não ser religião, divórcio, toda uma gama de assuntos de vanguarda hoje totalmente incorporados nas leis e nas práticas cotidianas, quais são as discussões atuais que motivarão os jóvens?

A CEPA, em sua gestão passada fez um grande exercício de Planejamento Estratégico que terminou por implantar apenas um capítulo – destinado a descentralização, o que permitiria uma maior velocidade de tomada de decisão, mas acreditamos que questões centrais como a que propomos aqui, de como seremos em 10, 20 ou 30 anos não tem um forum de discussão e por conseguinte, nenhuma ação coordenada é tomada. A CEPA hoje se concentra na realização de eventos, o que é importante para despertar as pessoas e fazê-las pensar mas não é sufuciente para disseminar ações novas e/ou para gerar novos pensadores.


O 15° Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita irá propor esta discussão, através de uma Mesa Redonda. Você leitor que comparecerá ao evento, traga as suas questões e propostas.

Artigo publicado no Jornal ABERTURA agosto de 2017

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