O Espiritismo aos 90
anos
“A doutrina salvou minha juventude, não fosse ela eu não sei
como seria”.
Ivon Régis e Mauricy Silva
Essa é a frase que ouço desde muito pequena, sempre dita com
gratidão e verdade por um Espírita de berço, de vida e ideal. Tenho a sorte de
ter Ivon Régis como meu avô, mas qualquer um que o conhece – de Santos a
Florianópolis – reconhece os valores doutrinários arraigados em sua
personalidade, seus atos e seu sorriso que há 90 anos é distribuído
gratuitamente, a quem precise. E tantos já precisaram...
Não sei quais os perigos e desvios que um jovem da década de
30 poderia enfrentar, quando comparados aos adolescentes atuais e o mundo
moderno. Mas sejam quais fossem, era o Espiritismo que balizava e norteava os 7
irmãos Régis: Jaci, Egidio, Ivon, Arnaldo, Francisco, Albertina, Lucy. E é
assim que permaneceu durante toda a vida – alguns permanecem contribuindo com a
doutrina no Plano Espiritual, outros por aqui.
Fazendo aniversário no meio do mês do meio do ano, como ele
costuma dizer, em 2018 Ivon completou 90 anos e o mais impressionante não é a
aparência 10 anos mais jovem, nem a disposição para montar em uma bicicleta e
sair rodando pela cidade. O incrível é que a Doutrina segue inabalável, diária,
com a mesma lucidez da juventude, quando da fundação da Mocidade Espírita
Estudantes da Verdade, das Campanhas Auta de Souza, do Centro Espírita Allan
Kardec. Esse jovem de 90 anos é a prova de que, realmente, uma vez “Meeviano
Sempre Meeviano”; um o exemplo prático da vivência doutrinaria cotidiana,
fraterna.
Ivon Régis não se tornou conhecido nos círculos Espíritas
pela eloqüência, por grande obras, por palestras inspiradoras, livros emblemático,
idéias inovadoras. Ele é o Espirita obreiro, trabalhador, de bastidores, da
rotina da casa Espirita. Contador de formação, até mês passado assinava os
balancetes do CEAK com o rigor moral de que “o dinheiro dos outros vale o
dobro”. E por décadas abria a casa para as palestras de 3ª e 4ª feira,
recebendo os novos freqüentadores, cobrando mensalidades, cuidando do patrimônio.
Espiritismo na prática, nos atos, nos abraços, como deve ser.
Sua companheira de 66 anos de casamento partiu 5 dias após
as comemorações de aniversario. Ele estava lá para lhe oferecer o ultimo passe
energético, as orações de apoio, chamar pela equipe que a vida inteira os
apoiou. Por mais doloroso que seja, ele tem a certeza de um reencontro, da
continuidade, da vida nova que a espera. E sua Doutrina “salvadora” o mantém de
pé, forte, mais do que nunca. Olho pra ele e penso: O Espiritismo resiste há 90
anos.
Certa vez, meu avô me disse: “Faça pela obra, pelo ideal.
Continue fazendo, não importa a quem”. Nesse dia, algo de seu DNA Espírita
invadiu meus ideais, salvou minha juventude. Como uma herança passada de pai para
filho, de avô para neta. E de Ivon para tantos que por ele passaram e ainda
passam e foram contagiados pela alegria, pelo carinho, pelo genuíno amor pela
vida e pelas pessoas, por Kardec, sempre na prática.
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