Sobre como enfrentar a realidade e o Estado de Bem Estar
Social
O Pensador francês Luc Ferry muitas vezes citado neste
periódico, em seu livro “ A Revolução do Amor” de 2010 nos apresenta um texto,
contido no capítulo - Três fortes objeções contra uma “política do
amor” - que gostaria de reproduzir
aqui alguns trechos, como contribuição ao debate que nos assola nos dias de
hoje e convidar os leitores a revisar este livro.
“Alguns pensam que
com a crise “ vamos retornar a um pouco mais de generosidade, a um pouco menos
de egoísmo” porque eles não compreenderam nada de economia nem da humanidade.
Retornar (retrotopia)? ... Vocês acreditam que a sociedade do século XIX era
mais generosa e menos egoísta que a nossa? Releiam Balzac e Zola!” – André
Comte-Sponville – O gosto de viver”.
Não se poderia dizer melhor. Concordo que se deva apelar
para o ideal para criticar o real. Mas, nessas condições, a menor das
exigências consiste em indicar de que real se fala, e que ideal se exige. Ora,
apesar de todos os defeitos que se queira encontrar, o real dos Estados de
bem-estar social europeus é simplesmente o mais suave que já se conheceu na
história humana.
Quanto ao ideal em nome do qual ele é criticado, o mínimo é
que ele exiba claramente os motivos que nos permitam ter a menor esperança de
que ele fará melhor, e não, como de costume, infinitamente pior. Vocês me
permitirão duvidar ainda e sempre, mais do que nunca, de que o
marxismo-leninismo enfeitado com um pouco de maoísmo e de trotkismo, doutrinas
que sempre produziram as poires catástrofes humanas por toda parte onde foram
impostas aos povos, esteja hoje pronto para fazer melhor do que esse misto
admirável de liberdade e bem-estar que, bem ou mal, conseguiram garantir nossas
repúblicas democráricas.”
Luc Ferry expressa claramente porque da rejeição aos
partidos socialistas que vem ocorrendo repetitivamente mundo afora, eles não
apresentam históricos convincentes de sucesso. Onde atingiram algum sucesso,
foi a custa de muitas vidas e pela supressão da liberdade. A guinada ao centro
que estamos presenciando é uma aposta da sociedade na busca deste estado de
bem-estar social. Que é social-democrata, que é capitalista mas com viés
social, que não é estatisante e que valoriza a produtividade.
Alexandre Cardia Machado, Reside em Santos -SP artigo publicado no Abertura de outubro de 2018
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