Espiritismo que queremos e a Ciência da Alma
Cláudia Régis Machado
Nos baseamos
para falar sobre o espiritismo que queremos no trabalho do ICKS apresentado no
14° SBPE. O trabalho organiza as ideias desenvolvidas sobre a Ciência da Alma,
para melhor entendimento da proposta do pensador Jaci Régis.
A ideia que o
espiritismo possa ser uma ciência da alma que tenha como propósito alcançar uma maior compreensão de seu
objetivo principal seja entendido: que do
espirito imortal esteja presente no nosso dia a dia, que a imortalidade
dinâmica esteja presente no processo de aprendizado e consequentemente de
evolução, que a mediunidade seja encarada com um sistema integrado à vida em
contribuição ou reforço que a vida continua assim como o espírito. Que os
espíritos desencarnados junto com os encarnados trabalhem juntos para um mundo
e uma compreensão do mundo melhor.
O Espiritismo que
queremos em muitos aspectos é pós-kardecista, isto é, evolui e se amplia
através de novos conhecimentos; que Kardec seja a base, mas não estanque o
crescimento.
Queremos um
Espiritismo com uma identidade renovada, mais adequada ao tempo e compatível
com as mudanças do mundo contemporâneo. Alcançando e atendendo os anseios dos
que buscam no Espiritismo uma compreensão maior e mais profunda da vida e sua
relação com o Ser Inteligente. Nas
palavras de Jaci Régis “a reflexão se impõe para que possamos avançar tanto
quanto possível, para uma forma mais sustentável de compreensão da razão do
viver”.[1]
O espiritismo que
queremos tem que levar em conta esses princípios os PRINCÍPIOS DA CIÊNCIA DA ALMA:
É Kardecista
- Kardec é o fundador do Espiritismo.
É
progressista.
Não é uma
revelação divina.
É Pós-cristã.
É uma Ciência
humana específica e sui generis.
É o ser
humano uma alma atemporal, imortal e em crescimento.
Entende a
vida de forma ativa e sadia.
A
Imortalidade é Dinâmica.
Reencarnação
não é punitiva.
Mediunidade é
uma comunicação natural entre almas.
Semelhante ao
Princípio Metodológico da Ciência da Alma - O espiritismo que queremos terá o
rigor científico e a expressão da sensibilidade e do sentimento na análise da
realidade da alma humana.
Objetivo ou
finalidade da Ciência da Alma é desenvolver a espiritualidade na estrutura da
pessoa humana.
A construção
do trabalho baseou-se nos textos de Jaci Régis os princípios acima definidos,
assim como em outras obras do autor com o objetivo de aprofundar o
entendimento.
Está gostando, quer ler o Jornal Abertura de setembro de 2019?
É Kardecista
A Ciência da
Alma parte das ideias de Kardec quando o vê como o fundador do Espiritismo, mas
não se fixa nele, tende a atualizá-la e desenvolvê-la para que possa melhor
compreender o homem e ajudá-lo em suas relações interpessoais, sociais e
espirituais.
É progressista
A Ciência da
alma é progressista porque atendendo os anseios da alma que está em evolução
acompanhará as mudanças e crescimento para atender os seus conflitos, ajudando
a resolver problemas e respondendo as suas inquietações.
Porque terá que
estar alinhada ao desenvolvimento das ideias que contribuem para o melhor
entendimento do homem.
As regras de
moralidade e as relações sociais e interpessoais progridem e a ciência da alma
terá que interagir com estas mudanças- influindo e sendo influenciada para que
siga progredindo. Jamais se imobilizando no presente, apoiada somente no que
for provado.
Jaci assim reafirma o que está posto
por Kardec no livro A Gênese e que sustenta a seu princípio “Um último caráter da revelação espírita, a
ressaltar das condições mesmas em que ela se produz, é que se apoiando em
fatos, tem que ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como
todas as ciências de observação...” ou
ainda “Assimilará as ideias reconhecidamente justas, de
qualquer ordem que sejam físicas ou metafísicas. Pois não quer ser jamais
ultrapassada, constituindo isso uma das principais garantias de credibilidade”.
O espiritismo que queremos abandona a ilusão de ser
uma revelação divina, para ombrear-se com o esforço das ciências
humanas que surgiram para entender o ser humano, suas limitações, problemas e
futuro, fora dos limites das ciências duras, físicas.
Isto é, uma
ciência humana cujo objeto é explicar o ser humano, como uma alma, sua
estrutura, sua atuação e sua evolução”.
Com esse caráter pode desenvolver um espírito critico
e explorar a realidade essencial do ser humano dentro da lei natural, da
naturalidade dos processos evolutivos, através da reencaranção, como uma alma
atemporal, imortal e em crescimento, seja no campo
íntimo seja no campo social.
Visto desta forma
o espiritismo - ciência da alma
rompe com o Caráter da Revelação Espírita capítulo I de A Gênese, pois vê o
espiritismo como uma parceria entre mortos e vivos. Sem subordinação, mas
reciprocamente contribuindo para o estabelecimento de ideias que levassem uma
nova visão do homem e do mundo. O Espiritismo proposto ilumina antigas e
ancestrais suposições, anseios, aspirações do homem. (página 26 IDK). não
considera divina a participação dos Espíritos, mas sim uma contribuição
eminentemente espiritual dos mesmos utilizando-se do atributo da Mediunidade e
do Livre-arbítrio.
É Pós-cristã.
O espiritismo
que queremos precisa alcançar sua originalidade e oferecer uma contribuição
genuína para a sociedade necessita tirar o enfoque teológico da Igreja.
Isto é, ser
um Espiritismo pós-cristão.
Esse
Espiritismo pós-cristão não apenas abandonará a retórica e a teologia católica,
como se organizará sugestivamente como uma ciência humana.
Por que pós
cristãos?
O
cristianismo é uma religião baseada na teologia desenvolvida pela Igreja
católica sob o peso da autoridade e da força.
As invenções
históricas mostram que o cristianismo de modo algum é uma construção natural,
aperfeiçoada pelo tempo. Mas um constructo montado pelas conveniências,
acrescentando e, sob certa forma, deformando as ideias.
A Doutrina
Kardecista não tem essa relação de continuidade com a doutrina do cristianismo.
Na verdade, em seus fundamentos, a filosofia espírita rejeita, colide,
defronta-se com a doutrina filosófica do cristianismo.
É uma ciência humana
específica e sui generis.
O espiritismo
que queremos- deve abandonar sua pretensão autárquica de se abranger
todos os problemas da humanidade, mas apoia-se nos esforços das demais ciências
humanas que compõem o leque das realidades e comportamentos das pessoas.
O objetivo
maior será influenciar a cultura no sentido sério, basicamente defensável aos
postulados puros do Espiritismo.
Por isso a Ciência da Alma, deve desenvolver uma
linguagem própria de modo, que seus conceitos exprimam uma concepção dinâmica,
evitando as que possam confundir com as usadas pelas crenças em geral.
Consideramos isto uma necessidade para que a mesma se relacione com as outras
ciências humanas.
É oportuno lembrar que Kardec afirmou “para novas
ideias, novas palavras”, embora não tenha podido criar todos os termos novos
que necessitava, a não ser algumas novas palavras Espiritismo, espírita,
espiritista, períspirito.
O ser humano - uma alma
atemporal, imortal e em crescimento.
Assim, o
Espiritismo se caracteriza como ciência da alma porque pretende equacionar o
ser humano essencialmente como uma alma, definindo sua natureza, sua evolução,
seu destino, dentro de um conjunto metodológico de reflexão, observação e
pesquisa. Que acreditamos não seja diferente do conjunto metodológico de outras
ciências.
A ciência
espírita elabora seus princípios a partir de um espaço inter existencial, onde
a alma desenvolve sua vida atemporal. Nesse espaço, sem fronteiras definidas,
coexistem tanto a matéria concreta quanto as energias que constituem o
universo. Ali interagem o mundo corporal e um plano extra físico.
Na verdade, o corporal se insere nesse espaço Inter
existencial como um hiato onde a alma se exterioriza na sociedade organizada
como humanidade em transição permanente, isto é, vida e morte.
Por isso,
liminarmente, a ciência da alma, o Espiritismo, não pode ocupar-se
precipitadamente com a qualidade moral do ser, mas como a estrutura mental e afetiva
da alma, numa feição atemporal e observável, que resultará inevitavelmente numa
ética.
Homem- se definirá essencialmente como
um ser inteligente- um espírito- atemporal temporariamente ligado a um
organismo físico.
Essa atemporalidade sugere que o ser
inteligente é permanentemente atual. Ele não é de ontem, nem do amanhã é de
hoje. Atemporalidade o define como o ser que vive sua atualidade constante.
A imortalidade sinaliza a natureza
espiritual do ser inteligente. Ela o define como um ente que permanece. Este
ser atemporal não depende de um organismo para ser. Ontologicamente ele é. E
vive a sua experiência no nível mental na expectativa de desenvolver
potencialidades que lhe são inerentes.
O ser humano é uma expressão
passageira do espírito no mundo corpóreo. Nesse novo pensar, o homem é um
componente ativo da natureza.
Sua doutrina evolucionista sobre a
natureza e evolução do Espírito é o seu ponto revolucionário.
Ao propor que os Espíritos são criados
“simples e ignorantes”, pressupõe uma visão atemporal e não espacial para a
criação e desenvolvimento do Espírito. Isto é, existe um início para o Espírito
e esse começo é embrionário, potencial, de conformidade com os mecanismos
evolutivos dinâmicos, expansivos, que marcam nosso entendimento da vida
Universal. (IDK página 34 e 35).
Entende a vida de forma ativa
e sadia
A alma espiritualizada não desdenha viver as emoções
saudáveis da vida corpórea, sem apegar-se a elas porque não pertence aos fatores externos mais a si
mesma.
Não verá o homem, como o réprobo pagador de dívidas.
Mas o Espírito atemporal em luta por se afirmar e compreender a si mesmo e ao
próximo.
Não dirá que este mundo é de provas e expiações, mas
nossa morada maravilhosa que nos dá oportunidade de crescimento e ser feliz.
Um Espiritismo que compreende o presente e luta para
que a espiritualidade seja inserida como natural no comportamento humano.
Pelo novo entendimento a vida corpórea é um componente
natural, desejado e necessário a evolução do Espírito.
Todo o esquema
evolutivo é tornar essa continuidade existencial, a mais feliz e produtiva
possivel. Fazemos parte do conjunto vibratil e, sob certo aspecto, misterioso
do universo.
Sabemos que viver é a
construção do carater e da personalidade saudável, equilibrada, com interação e
integração gradualmente compensatoria consigo e com os outros. Há um dinamismo continuo,
uma reciclagem permanente, apontando sempre um horizonte melhor.
O objetivo da vida, para o espírito é a plena
felicidade.
A felicidade é
extremamente flexivel, variavel no sentir e no tempo.
O amor entre as
pessoas é um polo de felicidade desejado e pouco alcançado, dada a variedade
dos sentimentos , dos caracteres.
A felicidade trazida
pelo servir, pode ser mais ampla e duradoura por representar o momento de mais
doação, de sair de si mesmo, sem objeto de reciprocidade.
O equilíbrio é a
felicidade ou a condição de satisfação e compensação do ser.
Ou seja, a vida
oferece ao ser inteligente a oportunidade de ser feliz.
A felicidade do ser inteligente
é a única forma de compreender os mecanismos da vida universal.
Artigo publicado no jornal Abertura de agosto de 2019, quer ver o exemplar?
Imortalidade Dinâmica.
“A Lei Natural estabelece uma
sequência fundamental para o desenvolvimento dos seres: sobrevivência,
convivência e produtividade. É por essa sequência fundamental que os seres,
numa sucessão contínua e aperfeiçoada realizam seu autodesenvolvimento. ...
Esse esquema não apenas solidifica o entendimento evolutivo, que é a base
teórica espírita, como derruba, desfaz, qualquer ligação com a teologia cristã
sobre a queda, o pecado original e o esquema punitivo do universo”.
“Numa visão dinâmica,
contudo, concebemos a vida humana como um continuum existencial, através da
vivência no plano extra físico e no plano corpóreo, intermitentemente. Isso
explica a realidade evolutiva das pessoas, em seguimentos reencarnatório. A
pessoa humana possui uma biografia atemporal, em que experimenta uma
extraordinária aventura de erro e acerto. Permanentemente inquietante, sem
correlação estrita com o tempo, mas desenvolvendo-se em seu próprio tempo”.
“Além disso,
os fatos espíritas, as comunicações dos Espíritos, a lei da reencarnação, o
projeto evolutivo que a Doutrina descobriu, são fatores de grande emoção. Saber
que a vida prossegue, que a bondade divina nos oferece oportunidades de
progresso e que alcançaremos, certamente, a felicidade, toca o coração e quando
isso acontece, a vida ganha novas dimensões e os projetos do viver dirigem-se
ao bem”.
“(sic) a Lei
Natural não é moral. O universo não tem propósitos restritos ou punitivos.
Embora não haja possibilidade de entender todas as nuances da vida, nada na
natureza autoriza o modelo de pecado e punição secular”.
“O Novo modelo identifica o ser humano, prioritariamente, como um
Espírito imortal, evoluindo através de sucessivas encarnações. Embora a extraordinária
e fundamental importância da vida corpórea para o Espírito, o nascimento, a
existência e a morte no campo corpóreo são apenas um segmento da vida, na sua
expressão imorredoura, progressiva e dinâmica.”
O Espiritismo, dentro de sua visão
evolucionista, percebe que a imortalidade não teria sentido se ficasse estável.
E que analisando a dinâmica universal, não pode condenar a alma humana ao
ostracismo eterno.[2](IDK
página 42).
Reencarnação não é punitiva.
Na Ciência da alma, Jaci Régis irá dizer que “ nesse
novo dicionário de entendimento, não haverá espaço para pecado, nem para a
visão dolorosa da vida e reconhecerá que a alma humana caminha, com altos e
baixos, para o seu destino de superação, apreensão do conhecimento e
desenvolvimento das virtudes, pelo fato de viver, de reciclar, de morrer,
viver, reencarnar.
As vicissitudes da alma, expressão de seus
conhecimentos e, sobretudo, na expressão de seus sentimentos serão analisadas
num amplo sentido de reparação e renovação, no qual o sofrimento vem como
resposta e até uma solução, mas de modo algum como ação divina de revanche,
vingança ou punição.
A questão da culpa será entendida como reação natural
da violação dos valores individuais e sociais”.
A ideia de que a
reencarnação é planejada para pagar dívidas é falsa e absurda e decorre da
tradição judaico-cristã, do pecado e do castigo de Deus.
O espírito reencarna
porque vive e não porque tem culpa.
Logo, a reencarnação é um fato não
apenas inerente ao processo evolutivo, mas necessário para sua realização.
Mediunidade é uma comunicação
natural entre almas.
A existência de inteligências em dois
planos de vida, produzindo a necessidade de comunicação ampliou o significado
da vida e da morte. E o fenômeno mediúnico é a porta que possibilita esse
intercambio.
O liame desse espaço Inter existencial
é a mediunidade, fenômeno natural da alma humana, uma vez que seu fundamento é
justamente a comunicação das almas, quando estagiando no plano extra físico e
no campo corporal.
O intercambio confirma a continuidade
da vida sem traumas.
A mediunidade é um fenômeno que repousa na
transmissão do pensamento. Por isso sua base é mental.
Na prática, realiza a sintonia, a
intercomunicação entre duas mentes, dos espíritos em condições espaciais e
vibracionais diferentes. Essas condições possuem energias idênticas, porém
diferenciadas pelo potencial.
A mediunidade genérica põe vivos e
mortos em constante relação. É uma nova visão da vida. O oculto se torna
visível, simbolicamente.
Semelhante ao Princípio
Metodológico da Ciência da Alma - O espiritismo que queremos terá o rigor
científico e a expressão da sensibilidade e do sentimento na análise da
realidade da alma humana.
A Ciência da
Alma buscará por todos os modos oferecer um tipo de entendimento do ser humano
que sempre foi o objeto do Espiritismo, de forma atualizada, dentro de um
aspecto que integrará o rigor científico e a expressão da sensibilidade e do
sentimento na análise da realidade da alma humana.
O objetivo da Ciencia
da alma é desenvolver a espiritualidade na estrutura da pessoa humana.
Um Espiritismo que
compreende o presente e luta para que a espiritualidade seja inserida como
natural no comportamento humano.
A vida é
dinâmica e inclui dor, alegrias, lágrimas e sorriso. Somente a persistências do
ser que cada um é além da morte e antes do tumulo será sinal para uma nova
etapa da humanidade.
Jornal Abertura agosto de 2019 - baixe aqui:
Jornal Abertura setembro de 2019 - baixe aqui:
Nota: Artigo
originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.
Gostou? Você pode
encontrar muito mais no Jornal Abertura –
digital, totalmente gratuito.
Acesse: CEPA
Internacional
Nenhum comentário:
Postar um comentário