terça-feira, 8 de outubro de 2019

O Espiritismo que Queremos e a Ciência da Alma por Cláudia Régis Machado


Espiritismo que queremos e a Ciência da Alma
Cláudia Régis Machado

Nos baseamos para falar sobre o espiritismo que queremos no trabalho do ICKS apresentado no 14° SBPE. O trabalho organiza as ideias desenvolvidas sobre a Ciência da Alma, para melhor entendimento da proposta do pensador Jaci Régis.

A ideia que o espiritismo possa ser uma ciência da alma que tenha como propósito  alcançar uma maior compreensão de seu objetivo principal seja entendido:  que do espirito imortal esteja presente no nosso dia a dia, que a imortalidade dinâmica esteja presente no processo de aprendizado e consequentemente de evolução, que a mediunidade seja encarada com um sistema integrado à vida em contribuição ou reforço que a vida continua assim como o espírito. Que os espíritos desencarnados junto com os encarnados trabalhem juntos para um mundo e uma compreensão do mundo melhor.

O Espiritismo que queremos em muitos aspectos é pós-kardecista, isto é, evolui e se amplia através de novos conhecimentos; que Kardec seja a base, mas não estanque o crescimento.

Queremos um Espiritismo com uma identidade renovada, mais adequada ao tempo e compatível com as mudanças do mundo contemporâneo. Alcançando e atendendo os anseios dos que buscam no Espiritismo uma compreensão maior e mais profunda da vida e sua relação com o Ser Inteligente. Nas palavras de Jaci Régis “a reflexão se impõe para que possamos avançar tanto quanto possível, para uma forma mais sustentável de compreensão da razão do viver”.[1]


O espiritismo que queremos tem que levar em conta esses princípios os PRINCÍPIOS DA CIÊNCIA DA ALMA:

É Kardecista - Kardec é o fundador do Espiritismo.
É progressista.
Não é uma revelação divina.
É Pós-cristã.
É uma Ciência humana específica e sui generis.
É o ser humano uma alma atemporal, imortal e em crescimento.
Entende a vida de forma ativa e sadia.
A Imortalidade é Dinâmica.
Reencarnação não é punitiva.
Mediunidade é uma comunicação natural entre almas.

Semelhante ao Princípio Metodológico da Ciência da Alma - O espiritismo que queremos terá o rigor científico e a expressão da sensibilidade e do sentimento na análise da realidade da alma humana.
Objetivo ou finalidade da Ciência da Alma é desenvolver a espiritualidade na estrutura da pessoa humana.

A construção do trabalho baseou-se nos textos de Jaci Régis os princípios acima definidos, assim como em outras obras do autor com o objetivo de aprofundar o entendimento.

Está gostando, quer ler o Jornal Abertura de setembro de 2019?



É Kardecista

A Ciência da Alma parte das ideias de Kardec quando o vê como o fundador do Espiritismo, mas não se fixa nele, tende a atualizá-la e desenvolvê-la para que possa melhor compreender o homem e ajudá-lo em suas relações interpessoais, sociais e espirituais.

É progressista

A Ciência da alma é progressista porque atendendo os anseios da alma que está em evolução acompanhará as mudanças e crescimento para atender os seus conflitos, ajudando a resolver problemas e respondendo as suas inquietações.

Porque terá que estar alinhada ao desenvolvimento das ideias que contribuem para o melhor entendimento do homem.

As regras de moralidade e as relações sociais e interpessoais progridem e a ciência da alma terá que interagir com estas mudanças- influindo e sendo influenciada para que siga progredindo. Jamais se imobilizando no presente, apoiada somente no que for provado.

Jaci assim reafirma o que está posto por Kardec no livro A Gênese e que sustenta a seu princípio  “Um último caráter da revelação espírita, a ressaltar das condições mesmas em que ela se produz, é que se apoiando em fatos, tem que ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação...”  ou ainda “Assimilará as ideias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam físicas ou metafísicas. Pois não quer ser jamais ultrapassada, constituindo isso uma das principais garantias de credibilidade”.

 O espiritismo que queremos abandona a ilusão de ser uma revelação divina, para ombrear-se com o esforço das ciências humanas que surgiram para entender o ser humano, suas limitações, problemas e futuro, fora dos limites das ciências duras, físicas.
Isto é, uma ciência humana cujo objeto é explicar o ser humano, como uma alma, sua estrutura, sua atuação e sua evolução”.

Com esse caráter pode desenvolver um espírito critico e explorar a realidade essencial do ser humano dentro da lei natural, da naturalidade dos processos evolutivos, através da reencaranção, como uma alma atemporal, imortal e em crescimento, seja no campo íntimo seja no campo social.

Visto desta forma o espiritismo - ciência da alma rompe com o Caráter da Revelação Espírita capítulo I de A Gênese, pois vê o espiritismo como uma parceria entre mortos e vivos. Sem subordinação, mas reciprocamente contribuindo para o estabelecimento de ideias que levassem uma nova visão do homem e do mundo. O Espiritismo proposto ilumina antigas e ancestrais suposições, anseios, aspirações do homem. (página 26 IDK). não considera divina a participação dos Espíritos, mas sim uma contribuição eminentemente espiritual dos mesmos utilizando-se do atributo da Mediunidade e do Livre-arbítrio.


É Pós-cristã.

O espiritismo que queremos precisa alcançar sua originalidade e oferecer uma contribuição genuína para a sociedade necessita tirar o enfoque teológico da Igreja.
Isto é, ser um Espiritismo pós-cristão.

Esse Espiritismo pós-cristão não apenas abandonará a retórica e a teologia católica, como se organizará sugestivamente como uma ciência humana.

Por que pós cristãos?

O cristianismo é uma religião baseada na teologia desenvolvida pela Igreja católica sob o peso da autoridade e da força.

As invenções históricas mostram que o cristianismo de modo algum é uma construção natural, aperfeiçoada pelo tempo. Mas um constructo montado pelas conveniências, acrescentando e, sob certa forma, deformando as ideias.

A Doutrina Kardecista não tem essa relação de continuidade com a doutrina do cristianismo. Na verdade, em seus fundamentos, a filosofia espírita rejeita, colide, defronta-se com a doutrina filosófica do cristianismo.

É uma ciência humana específica e sui generis.

O espiritismo que queremos- deve abandonar sua pretensão autárquica de se abranger todos os problemas da humanidade, mas apoia-se nos esforços das demais ciências humanas que compõem o leque das realidades e comportamentos das pessoas.

O objetivo maior será influenciar a cultura no sentido sério, basicamente defensável aos postulados puros do Espiritismo.

Por isso a Ciência da Alma, deve desenvolver uma linguagem própria de modo, que seus conceitos exprimam uma concepção dinâmica, evitando as que possam confundir com as usadas pelas crenças em geral. Consideramos isto uma necessidade para que a mesma se relacione com as outras ciências humanas.

É oportuno lembrar que Kardec afirmou “para novas ideias, novas palavras”, embora não tenha podido criar todos os termos novos que necessitava, a não ser algumas novas palavras Espiritismo, espírita, espiritista, períspirito.

O ser humano - uma alma atemporal, imortal e em crescimento.

Assim, o Espiritismo se caracteriza como ciência da alma porque pretende equacionar o ser humano essencialmente como uma alma, definindo sua natureza, sua evolução, seu destino, dentro de um conjunto metodológico de reflexão, observação e pesquisa. Que acreditamos não seja diferente do conjunto metodológico de outras ciências.

A ciência espírita elabora seus princípios a partir de um espaço inter existencial, onde a alma desenvolve sua vida atemporal. Nesse espaço, sem fronteiras definidas, coexistem tanto a matéria concreta quanto as energias que constituem o universo. Ali interagem o mundo corporal e um plano extra físico.

 Na verdade, o corporal se insere nesse espaço Inter existencial como um hiato onde a alma se exterioriza na sociedade organizada como humanidade em transição permanente, isto é, vida e morte.
Por isso, liminarmente, a ciência da alma, o Espiritismo, não pode ocupar-se precipitadamente com a qualidade moral do ser, mas como a estrutura mental e afetiva da alma, numa feição atemporal e observável, que resultará inevitavelmente numa ética.

Homem- se definirá essencialmente como um ser inteligente- um espírito- atemporal temporariamente ligado a um organismo físico.

Essa atemporalidade sugere que o ser inteligente é permanentemente atual. Ele não é de ontem, nem do amanhã é de hoje. Atemporalidade o define como o ser que vive sua atualidade constante.

A imortalidade sinaliza a natureza espiritual do ser inteligente. Ela o define como um ente que permanece. Este ser atemporal não depende de um organismo para ser. Ontologicamente ele é. E vive a sua experiência no nível mental na expectativa de desenvolver potencialidades que lhe são inerentes.

O ser humano é uma expressão passageira do espírito no mundo corpóreo. Nesse novo pensar, o homem é um componente ativo da natureza.

Sua doutrina evolucionista sobre a natureza e evolução do Espírito é o seu ponto revolucionário.

Ao propor que os Espíritos são criados “simples e ignorantes”, pressupõe uma visão atemporal e não espacial para a criação e desenvolvimento do Espírito. Isto é, existe um início para o Espírito e esse começo é embrionário, potencial, de conformidade com os mecanismos evolutivos dinâmicos, expansivos, que marcam nosso entendimento da vida Universal. (IDK página 34 e 35).

Entende a vida de forma ativa e sadia

A alma espiritualizada não desdenha viver as emoções saudáveis da vida corpórea, sem apegar-se a elas porque não  pertence aos fatores externos mais a si mesma.

Não verá o homem, como o réprobo pagador de dívidas. Mas o Espírito atemporal em luta por se afirmar e compreender a si mesmo e ao próximo.

Não dirá que este mundo é de provas e expiações, mas nossa morada maravilhosa que nos dá oportunidade de crescimento e ser feliz.

Um Espiritismo que compreende o presente e luta para que a espiritualidade seja inserida como natural no comportamento humano.

Pelo novo entendimento a vida corpórea é um componente natural, desejado e necessário a evolução do Espírito.

Todo o esquema evolutivo é tornar essa continuidade existencial, a mais feliz e produtiva possivel. Fazemos parte do conjunto vibratil e, sob certo aspecto, misterioso do universo.

Sabemos que viver é a construção do carater e da personalidade saudável, equilibrada, com interação e integração gradualmente compensatoria consigo e com os outros. Há um dinamismo continuo, uma reciclagem permanente, apontando sempre um horizonte melhor.

Significa pleno desenvolvimento de si mesmo alçancando a sabedoria para a apreensão dos fundamentos universais e liberando o potencial afetivo a niveis produtivos e recíprocos na relação com os outros e com o meio ambiente, que são base para felicidade.

 O objetivo da vida, para o espírito é a plena felicidade.

A felicidade é extremamente flexivel, variavel no sentir e no tempo.

O amor entre as pessoas é um polo de felicidade desejado e pouco alcançado, dada a variedade dos sentimentos , dos caracteres.

A felicidade trazida pelo servir, pode ser mais ampla e duradoura por representar o momento de mais doação, de sair de si mesmo, sem objeto de reciprocidade.

O equilíbrio é a felicidade ou a condição de satisfação e compensação do ser.

Ou seja, a vida oferece ao ser inteligente a oportunidade de ser feliz.
A felicidade do ser inteligente é a única forma de compreender os mecanismos da vida universal.

Artigo publicado no jornal Abertura de agosto de 2019, quer ver o exemplar?



Imortalidade Dinâmica.

“A Lei Natural estabelece uma sequência fundamental para o desenvolvimento dos seres: sobrevivência, convivência e produtividade. É por essa sequência fundamental que os seres, numa sucessão contínua e aperfeiçoada realizam seu autodesenvolvimento. ... Esse esquema não apenas solidifica o entendimento evolutivo, que é a base teórica espírita, como derruba, desfaz, qualquer ligação com a teologia cristã sobre a queda, o pecado original e o esquema punitivo do universo”.
 “Numa visão dinâmica, contudo, concebemos a vida humana como um continuum existencial, através da vivência no plano extra físico e no plano corpóreo, intermitentemente. Isso explica a realidade evolutiva das pessoas, em seguimentos reencarnatório. A pessoa humana possui uma biografia atemporal, em que experimenta uma extraordinária aventura de erro e acerto. Permanentemente inquietante, sem correlação estrita com o tempo, mas desenvolvendo-se em seu próprio tempo”.

“Além disso, os fatos espíritas, as comunicações dos Espíritos, a lei da reencarnação, o projeto evolutivo que a Doutrina descobriu, são fatores de grande emoção. Saber que a vida prossegue, que a bondade divina nos oferece oportunidades de progresso e que alcançaremos, certamente, a felicidade, toca o coração e quando isso acontece, a vida ganha novas dimensões e os projetos do viver dirigem-se ao bem”.

“(sic) a Lei Natural não é moral. O universo não tem propósitos restritos ou punitivos. Embora não haja possibilidade de entender todas as nuances da vida, nada na natureza autoriza o modelo de pecado e punição secular”.

O Novo modelo identifica o ser humano, prioritariamente, como um Espírito imortal, evoluindo através de sucessivas encarnações. Embora a extraordinária e fundamental importância da vida corpórea para o Espírito, o nascimento, a existência e a morte no campo corpóreo são apenas um segmento da vida, na sua expressão imorredoura, progressiva e dinâmica.”

O Espiritismo, dentro de sua visão evolucionista, percebe que a imortalidade não teria sentido se ficasse estável. E que analisando a dinâmica universal, não pode condenar a alma humana ao ostracismo eterno.[2](IDK página 42).

Reencarnação não é punitiva.

Na Ciência da alma, Jaci Régis irá dizer que “ nesse novo dicionário de entendimento, não haverá espaço para pecado, nem para a visão dolorosa da vida e reconhecerá que a alma humana caminha, com altos e baixos, para o seu destino de superação, apreensão do conhecimento e desenvolvimento das virtudes, pelo fato de viver, de reciclar, de morrer, viver, reencarnar.

As vicissitudes da alma, expressão de seus conhecimentos e, sobretudo, na expressão de seus sentimentos serão analisadas num amplo sentido de reparação e renovação, no qual o sofrimento vem como resposta e até uma solução, mas de modo algum como ação divina de revanche, vingança ou punição.

A questão da culpa será entendida como reação natural da violação dos valores individuais e sociais”.
A ideia de que a reencarnação é planejada para pagar dívidas é falsa e absurda e decorre da tradição judaico-cristã, do pecado e do castigo de Deus.

O espírito reencarna porque vive e não porque tem culpa.

Logo, a reencarnação é um fato não apenas inerente ao processo evolutivo, mas necessário para sua realização.

Mediunidade é uma comunicação natural entre almas.

A existência de inteligências em dois planos de vida, produzindo a necessidade de comunicação ampliou o significado da vida e da morte. E o fenômeno mediúnico é a porta que possibilita esse intercambio.

O liame desse espaço Inter existencial é a mediunidade, fenômeno natural da alma humana, uma vez que seu fundamento é justamente a comunicação das almas, quando estagiando no plano extra físico e no campo corporal.

O intercambio confirma a continuidade da vida sem traumas.

 A mediunidade é um fenômeno que repousa na transmissão do pensamento. Por isso sua base é mental.

Na prática, realiza a sintonia, a intercomunicação entre duas mentes, dos espíritos em condições espaciais e vibracionais diferentes. Essas condições possuem energias idênticas, porém diferenciadas pelo potencial.

A mediunidade genérica põe vivos e mortos em constante relação. É uma nova visão da vida. O oculto se torna visível, simbolicamente.

 Semelhante ao Princípio Metodológico da Ciência da Alma - O espiritismo que queremos terá o rigor científico e a expressão da sensibilidade e do sentimento na análise da realidade da alma humana.
Terá que dispor de recursos e meios para provar, insofismavelmente, a imortalidade. O que implicará na renovação do exercício e objetivos da mediunidade, superando a fase meramente moralista e religiosa em que se situa atualmente.

A Ciência da Alma buscará por todos os modos oferecer um tipo de entendimento do ser humano que sempre foi o objeto do Espiritismo, de forma atualizada, dentro de um aspecto que integrará o rigor científico e a expressão da sensibilidade e do sentimento na análise da realidade da alma humana.

O objetivo da Ciencia da alma é desenvolver a espiritualidade na estrutura da pessoa humana.
Um Espiritismo que compreende o presente e luta para que a espiritualidade seja inserida como natural no comportamento humano.
A vida é dinâmica e inclui dor, alegrias, lágrimas e sorriso. Somente a persistências do ser que cada um é além da morte e antes do tumulo será sinal para uma nova etapa da humanidade.

 Artigo publicado no jornal Abertura, nos meses de agosto e setembro de 2019

Jornal Abertura agosto de 2019 - baixe aqui:


Jornal Abertura setembro de 2019 - baixe aqui:




Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional



Nenhum comentário:

Postar um comentário