Reencarnação, ponto de partida
"Se
você vivencia sua espiritualidade, só pode esperar o melhor da vida, pois ou
usufrui o sucesso ou aprende alguma coisa. É simples assim". (Leila
Navarro ) .
No
Jornal Espiritismo e Unificação, de abril de 1982 o
pensador e jornalista espírita José Rodrigues escreveu uma coluna com o mesmo
título que assino neste artigo. Esse trabalho foi recentemente reproduzido
também no excelente livro "Perspectivas Contemporâneas da
Reencarnação" organizado pelos pensadores espíritas Ademar Artur Chioro
dos Reis e Ricardo de Morais Nunes.
José
Rodrigues nos alerta de que ao contrário do que Allan Kardec escreveu
colocando a reencarnação como instrumento de progresso e justiça, criou-se no
movimento espírita brasileiro um pensamento atávico que coloca a reencarnação
como algo punitivo. A meu ver isso se deve principalmente ao relativismo
intelectual e moral que contagiou a teoria espírita no Brasil, enfraquecendo os
fundamentos da cultura espírita e consequentemente do convívio social, pois nos
leva a um fatalismo, uma ideia que o Espiritismo não aceita segundo José
Rodrigues.
Kardec
já havia escrito que "normalmente, a encarnação não é uma punição
para o Espírito, conforme pensam alguns, mas uma condição inerente à
inferioridade do Espírito e um meio de progredir". Observa José
Rodrigues que não se trata de uma expressão pejorativa; apenas identifica o
nosso estágio. Desse modo, pode-se identificar que cada nova encarnação é um
ponto de partida e não apenas como ponto de chegada.
O
discurso espírita, constituído de serenidade e equilíbrio, encontra
dificuldades para se impor pois os tempos atuais são de polarização ideológica,
de materialistas ou de religiosos fanáticos. Esse fenômeno não se restringe ao
Brasil, pelo contrário, contamina o debate político em várias partes do mundo.
Na minha opinião sucede-se um abandono espiritual e cultural do Ocidente,
quando se pretende anular as contribuições espirituais e transcendentais, até
mesmo do cristianismo. Um mundo sem Deus. José Rodrigues afirma que
"Deus é e Deus está, mas por suas leis, ditas
inderrogáveis, sábias e justas, dentro das quais nos situamos, procurando nelas
nos aprofundar. em busca da felicidade. que nunca é completa. Isso, a nosso
ver, deve fazer com que se veja a encarnação como prova maior da imortalidade,
o fator existencial que amplia nossa liberdade". É visível, como escreve o
autor Eugenio Lara, que José Rodrigues possuía o dom da palavra escrita. Um
texto primoroso.
Eu
tenho um grande temor atualmente, que o Espiritismo seja levado para caminhos
políticos onde por força da maior organização da política oficial ele se torne
estéril e se esgote como um solo que não produz frutos. O outro lado que
embarcou no aspecto religioso é a prova de que o espiritismo acabou cooptado e
se perdeu. Não existe acordo entre desiguais.
Roberto
Rufo
Nota: Artigo
originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.
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