Estou transformando este trabalho em uma série de artigos explorando
a possibilidade de que humanos venham e ocupar os diversos planetas que já
sabemos que poderiam, sob determinadas circunstâncias abrigar vida. Vamos
conversar sobre algumas hipóteses e como, com persistência, determinação e muito
tempo, isto poderia acontecer. Estou me baseando num artigo publicado na Revista
Scientific American em seu blog de autoria de Caleb Scharf – Diretor do
Instituto de Astrobiologia da Universidade de Columbia.
O Espiritismo tem como
um de seus princípios a Pluralidade dos Mundos Habitados, as evidências
cientificas nao demonstram isto, precisamos entender por que e quem sabe a vida
seja muito mais rara do que imaginávamos.
Na Via Láctea, talvez haja até 300
bilhões de estrelas. As melhores estimativas dos esforços de busca de
exoplanetas, como as realizadas com o telescópio espacial Kepler da NASA,
sugerem que dentro desse oceano de corpos estelares pode haver mais de 10
bilhões de mundos pequenos e rochosos em configurações orbitais propícias a
condições de superfície temperadas. Essas manchas exoplanetárias podem gerar e
suportar sistemas vivos e podem fornecer uma rede de pontos de referência para
qualquer espécie determinada a migrar pelo espaço interestelar. Alguns estudos
sobre o tema no século XX: O mais famoso é que, durante um almoço em 1950 com
colegas cientistas, o físico Enrico Fermi reconheceu esse fato e, segundo a
história, deixou escapar: “Você nunca se perguntou onde estão todos?” O paradoxo
de Fermi: “a menos que espécies tecnologicamente proficientes sejam extremamente
raras, elas deveriam ter se espalhado praticamente por toda a galáxia até agora,
mas não vemos nenhuma evidência para elas”. Fermi calculou em termos aproximados
que a Via Láctea poderia ser ocupada em alguns milhões de anos.
Em 1975, o
astrofísico Michael Hart produziu o primeiro estudo quantitativo e matizado
dessa ideia, no qual apresentou o que ficou conhecido como "fato A." de Hart.
Isso se refere à ausência de alienígenas na Terra hoje. Esse fato até agora
cientificamente incontestável levou Hart à conclusão de que nenhuma outra
civilização tecnológica existe atualmente - ou jamais existiu - em nossa
galáxia. A chave dessa afirmação, assim como no insight original de Fermi, está
no tempo relativamente curto, em termos espaciais, que aparentemente levaria
para que uma espécie se espalhasse pelos 100.000 anos-luz da Via Láctea, mesmo
usando modestos e muito mais lentos que sistemas de propulsão de foguetes como
os que usamos na Terra nos dias de hoje.
O físico Frank Tipler também estudou o
problema e relatou seu trabalho em 1980, demonstrando, assim como Hart, que em
poucos milhões de anos alienígenas adequadamente motivados poderiam realmente
visitar todos os lugares. Dado que nosso sistema solar existe há 4,5 bilhões de
anos e que a Via Láctea foi montada há pelo menos 10 bilhões de anos, houve
tempo mais do que suficiente para que as espécies terminassem em todos os mundos
habitáveis. Porém, essas investigações consideraram a propagação da vida um
tanto diferente.
Hart assumiu um processo de colonização “na carne” por uma
espécie biológica, enquanto Tipler imaginou enxames de sondas, de máquinas
auto-replicantes, ou seja carregando micro-organismos que se espalhariam sem
restrições. Na maioria dos cenários de assentamento, os sistemas estelares e
seus planetas tornam-se habitados, se ainda não eram, e servem como a próxima
base de operações para o lançamento de novos sistemas. Para as máquinas
auto-replicantes da Tipler, os principais limites de sua expansão seriam a
disponibilidade de energia e matérias-primas suficientes para produzir cada
geração subsequente e intensão permanente, pois trata-se de um processo de
milhares de gerações. Sempre existem muitas suposições importantes em qualquer
estudo como esse.
Alguns são razoáveis e facilmente justificáveis, mas outros
são mais complicados. Por exemplo, todos os cenários envolvem suposições sobre o
escopo da tecnologia usada para viagens interestelares. Além disso, quando a
espécie está “pronta para o passeio”, em vez de enviar emissários robóticos
sofisticados, a suposição mais fundamental é que os seres vivos podem sobreviver
a qualquer tipo de viagem interestelar. Sabemos que viajar a até 10% da
velocidade da luz exige alguma tecnologia bastante selvagem - por exemplo,
propulsão por bomba de fusão ou velas de luz colossais acionadas por laser.
Também deve haver proteção contra os impactos desgastantes dos átomos de gás
interestelares, bem como das migalhas de rochas que destroem as naves, cada uma
das quais carrega o soco de uma bomba para uma espaçonave a qualquer fração
decente da velocidade da luz. Viajar em velocidades mais modestas é
potencialmente muito mais seguro, mas resulta em tempos de trânsito entre
estrelas de séculos ou milênios - e está longe de ser óbvio como manter uma
equipe viva e bem por períodos de tempo que podem exceder muito a vida útil
individual.
Veremos agora um pouco mais as dificuldades desta empreitada.
Em
outros lugares da galáxia, pode haver arquipélagos de espécies interestelares
para quem os visitantes cósmicos são a norma, ou seja, aglomerados muito
próximos de estrelas que em tese permitiriam vistas entre elas. Imaginemos que
possam existir outras civilizações avançadas em outros planetas na nossa
galáxia. As suposições mais controversas, no entanto, giram em torno de questões
de motivação e projeções que se pode fazer sobre a longevidade de civilizações
inteiras e seus possíveis assentamentos planetários. Ou então se uma espécie
exótica simplesmente possa não estar interessada em alcançar outras estrelas?
Toda a ideia de um possível assentamento galáctico literalmente desapareceria.
Esse foi um argumento proposto por Carl Sagan e William Newman em 1983 como uma
refutação ao que eles chamaram de "abordagem solipsista (idealista)" à
inteligência extraterrestre. Já para o cosmólogo Jason Wright, esse tipo de
proposição é, sem dúvida, uma "falácia". Dito de outra forma: parece impossível
especular com precisão o comportamento de uma espécie inteira como se estivesse
pensando com uma mente unificada. Nós, humanos, certamente não nos encaixamos
nessa categoria, dificilmente a humanidade concordaria numa empreitada de
séculos.
Por outro lado mesmo que a vasta maioria das supostas civilizações
espaciais da Via Láctea não tente se espalhar pela galáxia, basta uma cultura (
um planeta) indo contra a corrente para espalhar sinais de vida e tecnologia por
centenas de bilhões de sistemas estelares. De fato, a história do paradoxo de
Fermi está inundada de diversos debates sobre suas suposições subjacentes, bem
como de uma enorme variedade de "soluções" postuladas. Poucas, se houver alguma,
dessas soluções são prontamente testáveis. Embora alguns incluam ideias bastante
diretas, outros são estritamente ficção científica.
Por exemplo, pode ser que o
custo em recursos para atingir a capacidade de atravessar rapidamente o espaço
interestelar seja muito alto, mesmo para uma espécie soberbamente tecnológica.
Isso certamente poderia reduzir o número de exploradores. Ou talvez o
crescimento populacional não seja, como muitos pesquisadores supõem, uma forte
motivação para viajar para as estrelas, especialmente para uma espécie que
restrinja quaisquer impulsos vorazes e desenvolva um ambiente verdadeiramente
sustentável de coexistência em seu sistema doméstico e ambiental.
A derradeira
revolução verde removeria o ímpeto de ir mais longe em busca de algo que não
fosse a exploração científica. Podem também existir alguns tipos de
impedimentos, como os religiosos, morais ou simplesmente desinteresse. Como
alternativa, talvez cataclismos naturais, de explosões de supernovas a explosões
do buraco negro central da Via Láctea, simplesmente eliminem a vida galáctica
com regularidade o suficiente para impedir que ela se espalhe.
Propostas mais
ultrajantes incluem a hipótese do zoológico. Nesse cenário, estamos sendo
mantidos deliberadamente isolados e no escuro pelos poderes alienígenas que
eventualmente existem. Limitantes: Existem fatores básicos e universais em jogo,
desde a escassez de bons lugares para ancorar até o tempo que leva para uma
população se preparar para avançar mais no vazio. Cientistas tentando elaborar
uma estratégia investigativa que fizesse o menor número possível de suposições
não substanciadas e que pudesse ser testado ou restringido de alguma forma com
dados reais chegaram a algumas conclusões:
No centro deste exercício, havia o
simples pensamento: como ondas de exploração ou assentamento poderiam ir e vir
através da galáxia, com humanos surgindo em um dos períodos solitários. Essa
ideia está relacionada ao fato original de Hart - de que não há evidências aqui
na Terra hoje de exploradores extraterrestres. Mas vai além, perguntando se
podemos obter limites significativos para a vida galáctica, restringindo o
período exato de tempo que a Terra poderia ter passado despercebida.
Talvez há
muito, muito tempo, alienígenas chegassem e se fossem. Ao longo dos anos, vários
cientistas discutiram a possibilidade de procurar artefatos que poderiam ter
sido deixados para trás após essas visitas ao nosso sistema solar. O escopo
necessário de uma pesquisa completa é difícil de prever, mas apenas a situação
na Terra acaba sendo um pouco mais gerenciável.
A pesquisa local:
Em 2018 Gavin
Schmidt, do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA, junto com Adam
Frank, produziu uma avaliação crítica para saber se poderíamos dizer com
absoluta certeza se houve uma civilização industrial anterior a nossa na Terra.
Por mais fantástico que possa parecer, Schmidt e Frank argumentam - como fazem a
maioria dos cientistas planetários - que na verdade é muito fácil para o tempo
apagar essencialmente todos os sinais da vida tecnológica na Terra.
A única
evidência real depois de um milhão ou mais de anos se resumiria a
características estranhas, como moléculas sintéticas, plásticos ou precipitação
radioativa. Restos fósseis e outros marcadores paleontológicos são tão raros e
dependem de condições tão especiais de formação que podem não nos dizer nada
neste caso. Schmidt e Frank também concluem que ninguém ainda realizou as
experiências necessárias para procurar exaustivamente essas assinaturas não
naturais na Terra.
O ponto principal é que, se uma civilização industrial em
escala própria existisse alguns milhões de anos atrás, talvez não soubéssemos
disso. Isso absolutamente não significa que tenha existido; indica apenas que a
possibilidade não pode ser rigorosamente eliminada. Nos últimos anos, buscam as
implicações maiores e mais abrangentes da galáxia dessas idéias em uma
investigação liderada por Jonathan Carroll-Nellenback, da Universidade de
Rochester, e com Jason Wright, da Universidade Estadual da Pensilvânia.
Um
avanço no desenvolvimento de uma série de simulações de computador que permitem
construir uma imagem mais realista de como as espécies podem se mover em uma
galáxia considerando o seu próprio movimento. Como todas as estrelas se
movimentam, elas podem abrir janelas de oportunidade ao se aproximarem, uma das
outras. Se você tirar uma foto instantânea de estrelas a algumas centenas de
anos-luz do sol, verá que elas estão se movendo como as partículas de um gás.
Em
relação a qualquer ponto fixo nesse espaço, uma estrela pode estar se movendo
rápida ou lentamente e no que é efetivamente uma direção aleatória. Reduza o
zoom ainda mais, para escalas de milhares de anos-luz, e você começará a
registrar o grande movimento orbital compartilhado que carrega uma estrela como
o nosso Sol pela Via Láctea, dando uma volta ao redor de seu núcleo a cada 230
milhões de anos.
Estrelas muito mais próximas do centro galáctico demoram muito
menos tempo para completar uma volta. odo este movimento tende a proporcionar
oportunidades de aproximação entre estrelas, permitindo “janelas” de milhões de
anos para que uma determinada civilização possa enviar missões a planetas que
orbitem as estrelas com que se aproximam no espaço. Como estamos falando de
números enormes de estrelas, a possibilidade de migração de seres vivos que
possam existir na galáxia aumenta muito.
Costumo sempre reforçar que a estrela
mais próxima da Terra está a 4,25 anos-luz é a Próxima -Centauri, para termos
uma ideia, chamamos a distância média da Terra ao Sol de 1 UA. Ou seja – uma
unidade astronômica. Próxima - Centauri está a 268 mil UA. O objeto terrestre
que está mais distante da Terra é a nave Voyager 1, lançada em 1977 e que está
hoje a 148 UA, ou seja está 147 vezes mais longe do Sol que a Terra, isto em
anos-luz significa 20, 35 horas-luz. Se a Voyager 1 estivesse indo na direção de
Próxima-centauri poderia chagar lá daqui a 76 milhões de anos.
O grande problema
para a colonização interestelar é a distância. Mas se consideramos a
possibilidade de uma aproximação de uma estrela, por este movimento da galáxia e
se tivermos mais tecnologia e capacidade de viajar a velocidades maiores, em
algum momento poderíamos saltar a outro sistema estelar. Em tempos de pandemia é
bom pensarmos em como dar este salto.
Estamos ainda que nos primeiros passos
desta corrida.
Gostaria de reforçar o novo princípio Espírta que defendo: Alguns
planetas são habitados, quem sabe nos caiba vir a habitar outros planetas em
algum momento no futuro.
Para abrir mais a sua mente: veja no site da revista
ScienficAmerican – home page – www.scintificamerica.com; veja também sobre a
missão Voyager – https://voyager.jpl.nasa.gov/mission/status/
Artigo publicado
em 4 edições do Jornal Abertura de Janeiro a maio de 2020
Nota: Artigo
originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.
Gostou? Você pode
encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital,
totalmente gratuito.
Acesse: CEPA
Internacional
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