Desigualdade é um desafio persistente.
"O amor da democracia é o da igualdade" (Montesquieu).
"O mal da igualdade é que nós só a queremos ter
em relação aos nossos superiores" (Henri Becque).
Nesses 130 anos da Proclamação da República no Brasil
vários líderes e intelectuais apontaram os principais problemas para consolidar
o espírito republicano. A promoção da democracia e o combate à
desigualdade são os valores mais citados por esses líderes e intelectuais.
Vamos comparar algumas citações com o que nos ensina a
Doutrina Espírita.
Segundo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
"a produção, que se faz crescentemente por meios tecnológicos, não dá
emprego e concentra renda. A ideia que parecia absurda - a renda universal - eu
não sei mais se é absurda ".
Explicando: Renda Básica de Cidadania (Brasil) ou Rendimento de Cidadania (em
Portugal), ou ainda Renda Básica Universal, é uma quantia paga em
dinheiro a cada cidadão pertencente a uma nação ou região, com o objetivo de
propiciar a todos a garantia de satisfação de suas necessidades básicas.
Em comentário à pergunta 805 do Livro dos Espíritos
Kardec fala que "a diversidade das aptidões do homem não resulta da natureza
íntima da criação, mas do grau de aperfeiçoamento ao qual chegaram os Espíritos
nele encarnados. Deus, portanto, não criou desigualdades de faculdades, mas
permitiu que os diferentes graus de desenvolvimento estivessem em contato, a
fim de que os mais adiantados pudessem ajudar o progresso dos mais atrasados e,
também, a fim de que os homens, tendo necessidade uns dos outros, cumprissem a
lei de caridade que os deve unir ". Portanto de acordo com o espiritismo
todos os seres humanos devem ter garantido o usufruto das necessidades mais
elementares para uma vida digna. A compaixão é uma notável herança do
cristianismo.
O economista Armínio Fraga fala que "a
democracia e a liberdade exigem um complemento de natureza
solidária, que espelhe a importância de lacunas que ainda temos. Igualdade de
oportunidades e uma rede de proteção solidária são cruciais ". Os números
indicam que as desigualdades sociais e de renda têm aumentado a nível mundial.
Dessa forma a igualdade de oportunidades e as redes de
proteção atuais têm se demonstrado insuficientes.
Quando aborda a questão da igualdade de oportunidades
o espiritismo fala que atingida esta só restará a desigualdade de mérito. Mas é
bom reforçar como assevera o economista Delfim Netto que "essa tal
meritocracia só vale se todos saírem do mesmo lugar. Se consigo partir de um
ponto muito avançado, porque meus pais
são ricos e tive oportunidades que outros não tiveram, que meritocracia é
essa?"
Por último o espiritismo concorda com o filósofo Renato
Janine Ribeiro, que "atacar a desigualdade é também combater o privilégio.
A sociedade deve ter claro que o objetivo de vivermos em conjunto é ter por
meta o bem comum. Isso significa que vantagens pessoais, individuais, devem
estar na esfera do direito e jamais do privilégio. Um regime republicano não
pode ser um regime do privilégio".
Aí se trata de uma mudança mental do mundo, partindo é
claro da evolução individual, e que como nos falam os espíritos na resposta à
pergunta 806 "a desigualdade não é obra de Deus, e sim dos homens".
Remédio: altas doses de humildade e simplicidade para combatermos o orgulho e o
egoísmo que trazemos dentro de nós.
Infelizmente existe razão no pensamento do Sr.José
Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares quando fala que "a
República de todos se transformou na República de poucos e que o estado
democrático do direito vem se apresentando como estado antidemocrático do
direito".
Convenhamos é uma tarefa gigantesca o atingimento
dessa meta de entendimento entre os homens que na pratica há de se traduzir na
aplicação da lei de justiça. Todavia, acredito que chegaremos lá com
certeza.
Roberto
Rufo
Nota: Artigo
originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.
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