Afinal evoluímos?
A evolução constante é um importante
princípio da Doutrina Espírita. Mas será que realmente conseguimos evoluir ou
crescer interiormente em uma encanação? E, ainda nos perguntar como perceber
essa evolução?
Acreditamos no preceito que, evoluir é possível,
mas que é um processo difícil, lento e complexo, sendo, a tendência do ser
humano acomodar-se na situação que lhe é confortável.
Evoluir
implica mudar, justamente sair da zona de conforto, da estabilidade que estamos
acostumados. Transitar por caminhos desconhecidos tendo que enfrentar nossas
crenças limitantes (eu não consigo, eu não posso) e ir para instabilidade, para
incertezas. O novo traz medo e ansiedade.
Mudar além de ser uma questão psicológica
é também mental, o nosso cérebro não gosta de desestabilização, tende a
comportamentos automatizados e de menor gasto de energia.
Mas a vida não é linear, as experiencias
vividas muitas vezes nos pedem respostas que não estão pautadas. O
conhecimento, a curiosidade e as questões sociais também nos empurram a novas
buscas. Os questionamentos exigem reflexões, aguçam-nos para novas ideias e
expansão de horizontes. O conflito está montado e requer que seja encarado.
O quadro montado acima não deve ser motivo
de desanimo; como espiritas cientes que a encarnação é uma chance de aprendermos,
de agir de forma diferente. Está aí, oportunidade que temos para mudar. A
mudança positiva gera inovação, crescimento, progresso.
O processo de mudança é diferente de
pessoa para pessoa considerando-se estrutura mental, psicológica e espiritual de
cada ser.
Jaci Régis coloca em seu trabalho: As
mutações das estruturas mentais:
“As mudanças de paradigma são um
processo secular enquanto a mudança dentro dos paradigmas é processo de mutação
constante”
Explicando ainda que só se muda um paradigma
quando se esgota a capacidade de reciclagem das ideias estando estas saturadas
ou cristalizadas, de tal maneira que não possibilita nenhuma forma de
questionamento. É uma questão de amadurecimento e de assumir uma nova
rota quando a que se trilha se esgotou”.
Mas nesta existência não podemos deixar de
dar alguns passos para nossa evolução. E esses passos vem das mudanças que
realizamos. Para isto precisamos mudar
as estruturas construídas ao longo da existência e das encarnações anteriores. Daí
vem a dificuldade de evoluir e quando ocorre é quase em conta gotas. A
reencarnação com o processo de esquecimento e a infância nos dão a oportunidade
de conquistarmos novas experiências e impressões que podem levar a
desestruturação de algumas partes dos nossos padrões mentais. Podendo assim
haver modificações pontuais que na somatória levam ao crescimento.
Na estrutura do nosso cérebro existe uma região,
o córtex pré-frontal, peça chave no
processo de planejamento e mudanças de comportamento é ele que confere ao ser
humano a capacidade de controlar os seus desejos e impulsos Estas atividades cerebrais são exercitáveis,
isto é, necessitam ser estimuladas e podem ser treinadas até que a execução se
faça com mais facilidade.
Apesar do cérebro começar a se solidificar
com a idade de 21 anos, ele continua se modificando ao longo da vida. Essa
adaptabilidade do cérebro é chamada neuroplasticidade que nos mostra que
é possível mudar o nosso comportamento por meio das alterações que fazemos em
nossos hábitos e ações. Em interação com o espírito é possível criar continuidade,
novos caminhos e conexões neurais, o que auxilia o processo de mudanças de comportamento.
Mudar é um verbo que exige ânimos e
rompimentos; ter mente aberta, ser mais receptivas à novas ideias, fazer questionamentos
e reflexões sobre os acontecimentos da vida. Sair da zona de conforto para não
perder boa parte das experiências e aprendizados. Pensando em evoluir e
aproveitar a encarnação.
Encontrar uma motivação está no processo
de crescimento. Estar consciente da imortalidade, ficar induzido a abraçar a
sua responsabilidade humana fundamental de construir uma autêntica vida de
compromissos, conectividade, e satisfação consigo mesmo podem estimular e
propiciar mudanças significativas.
Aprendizado-crescimento-evolução. Não
espere as encruzilhadas da vida, provoque mudanças, seja autora, protagonista.
Não fique no banco de passageiro
Mas a dor-crescimento termo usado por Jaci
Régis e as experiencias transformadoras - termo usado por Yalow, podem também ser
um catalizador extremamente útil para grandes mudanças na vida.
As experiencias reveladoras ou
transformadoras são uma terapia existencial de choque assim como a dor que pode
ser um despertar, com potencial de fazer com que apreciemos mais a vida.
Na prática todo este processo não é fácil:
necessita novos hábitos, novas ações; aceitação
da nova ideia; tempo para maturação; determinação; planejamento; força de
vontade; prática; repetição e esforço.
Parece receita de bolo, mas estas etapas
ajudam a implantar as mudanças em nossas vidas. Necessário ainda manutenção
para continuar a trabalhar para obter ganhos visíveis.
Mudar faz bem para o cérebro e para alma.
Mudar para ser melhor do que antes.
A percepção da nossa evolução vem da
conduta que podemos ter nesta existência e usar sempre da vontade, da abertura
mental. De querermos estar melhor, de buscar crescimento e consciência de
podermos e devemos almejar mais.
Nota: Artigo
originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.
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