Enfim as
vacinas
Não há como negar
a esperança que todos temos na chegada rápida das vacinas ante Covid-19,
existem diversas vacinas em fases avançadas, sendo testadas no mundo todo.
Passamos neste
momento por aquilo que Allan Kardec denominou de flagelo, está nas questões 737
a 741 do Livro dos Espíritos, as apresento aqui adaptadas para melhor
encadeamento com o tema proposto.
Os espíritos e as
notas de Kardec nos orientam no seguinte sentido:
·
Os
transtornos que estes flagelos nos causam frequentemente são necessários para
nos fazer alcançar uma ordem melhor de coisas - causa ou consequência, de fato é o que ocorre, vacinas,
antibióticos são e foram desenvolvidos para combater alguns destes males.
·
Os
espíritos são anteriores e serão posteriores e sobreviverão a isto tudo – claro que isso não reduz a dor pelas perdas, mas ao
menos temos a consciência de que somos espíritos imortais.
·
Kardec
nos recorda que “se pudéssemos nos elevar, pelo pensamento, de maneira a
dominar a humanidade e abrange-la
inteiramente, esses flagelos tão terríveis não nos pareceriam mais que
tempestades passageiras no destino do mundo – estamos no meio do furação e não conseguimos e nem
nos conformamos em pensar assim, mas a humanidade superará mais esta pandemia.
·
“os
flagelos são provas que fornecem ao homem ocasião de exercitar suas
inteligências ...” –
esta talvez a contribuição mais importante, não queremos aqui discutir se a
palavra “prova” seria ainda adequada para o mundo do século XXI, mas certamente
sairemos com novas estratégias de combate a pandemias virais – serão investidos
mais recursos em pesquisas, hábitos mudarão pois, vivemos num mundo de alta
contaminação.
·
Kardec
comenta que: “Mas o homem não encontrou na ciência, ..., no estudo das
condições de higiênicas, os meios de neutralizar, ou pelo menos atenuar, os
desastres?” – é o que
estamos presenciando, milhares de pesquisadores buscando uma vacina, testando
antivirais capazes de mitigar o problema.
O que de fato
se está fazendo para vacinar o planeta contra o COVID-19?
Mesmo com um vírus como este, o
financiamento é limitado, em parte porque os humanos têm a memória fraca e
reagimos apenas a estímulos urgentes, segundo o Dr. Florian Krammer,
virologista da Escola de Medicina do Hospital Monte Sinai, em Nova
York. A última pandemia H1N1 surgiu em 2009 e acabou sendo muito
menos patogênica do que se esperava. Assim boa parte dos jovens cientistas que
investigaram aquele vírus não tinha nem nascido quando aconteceu a pandemia
anterior, em 1968. E só houve duas outras grandes pandemias de gripe no século
XX: a de 1957, que matou um milhão de pessoas, e a gripe Espanhola que matou 50
milhões em 1918, logo após a primeira grande guerra.
Ou seja, um dos pontos que Allan Kardec
nos chamou a atenção acaba por esbarrar na dificuldade de recursos, não à toa
que os governos estão investindo, na correria, muito dinheiro para que
instalações de pesquisa possam desenvolver estas vacinas.
Até agora sabíamos da existência de cinco
tipos de corona vírus humanos. Se você se infectar, desenvolve anticorpos
neutralizantes. A imunidade não dura a vida toda, mas, se você se infectar de
novo, os sintomas serão muito mais leves ou inclusive não os terá. Em 2003
apareceu um novo corona vírus muito mais letal que os anteriores, o da SARS (Síndrome
Respiratória Aguda Grave, na sigla em inglês). Dele sabemos que os infectados
desenvolveram anticorpos e que estes duraram bastante tempo, até 13 anos.
Novamente em 2013, no Oriente Médio, um
novo surto, associado ao morcego e aos camelos, causou uma epidemia, que matou
cerca de 2000 pessoas na Arábia Saudita, foi parcialmente contido até reaparecer
na Coreia do Sul em 2005, onde o governo local implantou uma forte quarentena e
conseguiu contê-lo novamente.
O Covid-19 é bem parecido, o que nos
permite pensar que algumas pessoas que não estão pegando o vírus, possam ter
tido contato com algum dos cinco vírus anteriormente citados e, portanto, sendo
capazes de combatê-los através dos linfócitos
T.
Mas o risco levantado pela comunidade
médica em 2005 não resultou no desenvolvimento de vacinas. No artigo que
encontrei em casa, publicado na revista mexicana Muy Interesante, de
2015, reportava uma vacina que estaria sendo projetada na Universidade Ludwig-Maximilians
de Munique, na Alemanha, fui atrás e encontrei o seguinte:
O candidato vacinal MVA-SARS-S
Em 2014, junto com
DZIF, a universidade começou desenvolver uma vacina contra o corona vírus de
SARS à vista das manifestações maiores do vírus. A vacina é baseada em um vírus
atenuado (MVA: vírus alterado Ancara da varíola bovina), que tinha sido usado
previamente em uma campanha da vacinação da erradicação da varíola e tem sido
alterado agora para conter componentes de proteína do Corona vírus de SARS. Esta
vacina vector-baseada de recombinação, assim chamada, denominada
cientificamente MVA-SARS-S para breve, deve impulsionar a imunidade contra
corona vírus de SARS.
Já o prof. Gerd
Sutter da Universidade de Ludwig-Maximilians de Munique desenvolveu esta vacina
em colaboração com a universidade de Philipps de Marburg e do centro médico
Rotterdam do Erasmus. O vector de MVA serve agora como base para desenvolver
uma vacina contra SARS-CoV-2 (COVID-19), o novo corona vírus.
Como o impacto
deste novo corona vírus foi muito maior que os anteriores, agora, finalmente
sairá do laboratório.
Como podemos ver a
restrição de recursos, muitas vezes nos impede de desenvolver soluções mais
rápidas, guerras, ou pandemias permitem alavancar este avanço. Não sem um
imenso custo em vidas humanas, infelizmente. “Os transtornos que estes flagelos
nos causam frequentemente são necessários para nos fazer alcançar uma ordem
melhor de coisas” – que ao menos isto consigamos fazer desta vez.
Temos no Brasil,
vacinas chinesas, inglesas e americanas em teste, os russos comunicam que já em
outubro poderão começar a vacinar a sua população. Vamos sair desta situação
ruim em que nos encontramos, contamos que os órgãos de saúde internacional
fiquem mais alertas daqui para a frente e que os recursos não venham a faltar.
Testar estas
vacinas não é motivo de orgulho e sim a constatação de que Brasil, México e
Estados Unidos, que são os países que estão sendo alvos dos testes simplesmente
pelo fato de que o vírus estar amplamente disseminado entre nós.
Alexandre Cardia Machado, editorial Abertura agosto 2020
Nota: Artigo
originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.
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