quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Comunismo - Uma experiência macabra do século XX - uma análise Espírita - por Roberto Rufo



“Comunismo é uma religião igualzinha às outras. Pra quem acredita, não precisa explicação. Pra quem não acredita, não adianta explicação“ Millôr Fernandes 
“ Precisamos odiar. O ódio é a base do comunismo. As crianças devem ser ensinadas a odiar seus pais se eles não são comunistas“ Lênin


Daqui há dois anos, ou seja, em 2017, mais especificamente em outubro fará 100 anos da instalação do primeiro regime comunista baseado na doutrina do pensador alemão Karl Marx. Na Rússia de Lênin e seus partidários bolcheviques foi estabelecida a famigerada “ditadura do proletariado“. Na verdade foi o primeiro sistema econômico a desafiar o capitalismo. A tal ditadura citada foi implementada a custo de milhões de vítimas entre seus opositores. Esse regime sucedia a outro regime muito corrupto e despótico dominado pelos czares. Stalin, que sucedeu a Lênin, não mediu esforços para exportar a ideologia mundo afora, chegando num determinado momento do século XX a contaminar um terço do planeta.    
      
O seu ideal de igualdade, temos que admitir, era apaixonante, a tal ponto que um grande número de intelectuais da época se entregaram de corpo e alma em sua defesa. Sempre digo que o problema dos intelectuais não é no atacado, onde geralmente são muito úteis; trata-se do varejo, onde tomam posições muitas vezes delirantes. Martin Heidegger, Céline, Ezra Pound, Le Corbisier abraçaram o fascismo e ou o nazismo com muita satisfação. Até mesmo um intelectual do porte de Noam Chomsky, que admiro pelas críticas pertinentes que faz ao comportamento indecente dos EUA em suas guerras estúpidas, não se sentiu nem um pouco constrangido em elogiar o regime do Kmer Vermelho no Camboja. Hoje alega não ter conhecimento prévio do número de assassinatos cometidos pelo ditador Pol Pot. Não acredito nessa desculpa insustentável,  pois repito, os intelectuais no varejo costumam ser um grande desastre.

Quanto ao Manifesto Comunista de 1848,  Allan Kardec, nos poucos comentários que fez sobre o assunto,   enxergou nele o perigo do coletivismo ante a necessidade da evolução espiritual de cada espírito em particular.   O ideal socialista não estava preocupado com esse assunto, pois se preconizava ateu. Fosse o Espiritismo uma doutrina consolidada plenamente em 1917 quando eclode a revolução comunista na Rússia, teria necessariamente que se opor ao controle absoluto de todos os aspectos da vida individual e coletiva pelo Estado. O livre-arbítrio estaria correndo riscos, como acabou se comprovando com a sustentação pela força dos regimes do Leste Europeu. Essa ideologia se espalhou pela China com Mao Tsé-Tung instaurando um regime sustentado por um grande terror político.



 Foto de Roberto Rufo no XIX SBPE em Santos - SP

Tive um colega pertencente ao PCdoB, que ao contra argumentar os números por mim apresentados de vítimas da coletivização forçada na União Soviética (cerca de 20 milhões de pessoas), dizia serem “apenas“  4 milhões, ou seja, julgava ele ser este um número aceitável de vítimas. É risível.  Convivi muitos anos com um tio comunista, irmão do meu pai, que colocado diante de qualquer argumento do gênero, se saía com aquela famosa frase que não serve pra nada: “o seu discurso é de pequeno burguês“. Sabe-se lá o que quer dizer isso.

Ou quando o pensador Luckácz apresentado ao existencialismo de Albert Camus afirmou: “essa corrente filosófica está a serviço da ideologia capitalista“. Eles se julgavam os donos do modus operandi da  história. Eu sempre considerei um grande embuste que exista uma razão histórica, ou um determinismo espiritual que fará com que as coisas aconteçam independentes da nossa vontade.
Vejo hoje que existiram na história da humanidade dois grandes sonhadores em se tratando de como deva ser o comportamento ideal das pessoas numa sociedade. São eles Jesus e Karl Marx. O problema maior não são os sonhadores e sim seus discípulos e seguidores, que não são sonhadores. Como diz um personagem do último livro de Amós Oz – Judas - os discípulos e seguidores são ávidos de poder e autoridade. Que o digam os que quiseram implantar o cristianismo à força e os cúmplices que julgavam ser o comunismo uma doutrina científica infalível. Os discípulos e seguidores se transformaram em derramadores de sangue.

Uns diziam falar em nome de Deus. E quem é que pode ser contra Deus? Outros diziam falar em nome do povo. E quem é que pode ser contra o povo? O Espiritismo apresenta uma serenidade no trato das coisas humanas muito peculiar e profundamente humanista, o que o diferencia sobremaneira de qualquer corrente ideológica onde o ser humano é desprezível diante de um futuro radiante no paraíso ou para a coletividade.

Concluo que hoje, como regime político, a ideologia comunista é um defunto a ser enterrado pela história. Ou numa frase bem humorada do meu guru Millôr Fernandes: “a diferença entre o capitalismo selvagem e o comunismo, é que um é a exploração do homem pelo homem e o outro é o contrário“.

NR - Publicado originalmente no Jornal Abertura de Setembro de 2015
                                                                                                                                                                    


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