sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Generosidade e riqueza são antagônicas? Por Alexandre Cardia Machado

Generosidade e riqueza

Uma primeira olhada no título nos faz pensar que a riqueza é antagônica à generosidade, mas não parece ser este o caso. Podemos recorrer à história para demonstrar a nossa tese, mas não o faremos, vamos usar exemplos recentes de pessoas bem vivas e muito ricas e que tem uma postura generosa.
Citarei Bill Gates o principal acionista da Microsoft e Mark Zuckemberg ainda não tão famoso, mas igualmente bem sucedido através do Facebook, acredita-se que ambos tenham atingido furtunas de  70 e 45 bilhões de dolares respectivamente.

Bill Gates e sua mulher Melinda nos anos 2000 criaram uma Fundação, denominada Bill e Melinda Gates Fundation com foco em finaciar pesquisas contra a AIDS e também outras doenças infecto-contagiosas.

No dia 1° de dezembro de 2015, Mark Zunckenberg e sua esposa Priscilla apresentaram à imprensa sua primeira filha, deram-lhe o nome de Max. Durante a entrevista, surpreenderam o público ao anunciar que ao longo de suas vidas, doarão 99% de suas ações no Facebook, a entidades que desenvolvam trabalhos para o bem do planeta. Com isto esperam serem capazes de ajudar a proporcionar um mundo melhor, não só a sua filha, mas também às gerações futuras.

Bill Gates, junto com outros 28 milhonários criaram outra organização, chamada Breakthrough Energy Coalition voltada a fomentar pesquisas em tecnologias alternativas, capazes de resolver a crise energética e suavizar os efeito da mudança climática. Estima-se que os Gates tenham doado a diversas organizações não governamentais cerca de 30 bilhões de dolares, desde o anos 2000.

Por que eles fazem isto? Bill Gates é agnóstico, portanto não o faz por seguir uma ideologia religiosa, já Zuckemberg é judeu, toalvez possa vir desta religião a motivação maior para a decisão tomada. Acontece que existe quase que uma cobrança, nos Estados Unidos para que as famílias ricas sejam benfeitorias, elas pagam por alas hospitalares, por centros comunitários e iniciativas desta natureza, este modelo vem sendo repetido por celebridades, podemos citar Shakira e até o brasileiro Neymar que tem um grande projeto em Praia Grande em São Paulo.

Os 1% dos 45 bilhões de dólares que sobrarão das doações dos Zuckemberg são 450 milhões de dólares, é muito mais dinheiro que qualquer pessoa ou família possa gastar. É mais do que suficiente para realizar todos os desejos possíveis. Mas não é este o ponto que queremos salientar, o importante aqui é algo maior, é a capacidade de abrir mão do dinheiro ganho em seus negócios e retorná-los, fundeando boas ideias ou iniciativas que ajudem a sociedade.

 É mais que caridade é benemerência.

Do Livro dos Espíritos, nas questões 882 e 883 extraio estes textos que permanecem atuais, quase que escritos em linguagem universal.

Comentário à questão 882:  ... “O que, por meio do trabalho honesto, o que o homem junta constitui legítima propriedade sua, que ele tem o direito de defender, porque a propriedade que resulta do trabalho é um direito natural, tão sagrado quanto o de trabalhar e de viver.” Ou seja, é seu por direito e deve defendê-lo e usá-lo como melhor lhe interessar. Mas na questão seguinte os Espíritos complementam :

“Questão 883. É natural o desejo de possuir?

“Sim, mas quando o homem deseja possuir para si somente e para sua satisfação pessoal, o que há é egoísmo.”
a)      — Não será, entretanto, legítimo o desejo de possuir, uma vez que aquele que tem de que viver a ninguém é pesado? “Há homens insaciáveis, que acumulam bens sem utilidade para ninguém, ou apenas para saciar suas paixões. Julgas que Deus vê isso com bons olhos? Aquele que, ao contrário, junta pelo trabalho, tendo em vista socorrer os seus semelhantes, pratica a lei de amor e caridade, e Deus abençoa o seu trabalho.”

Isto nos leva a concluir que no contexto do Livro dos Espíritos, Bill Gates e Mark Zuckenberg são vistos com muito bons olhos por Deus e claro, por todos nós.

Se faz evidente que todas estas pessoas  citadas o fazem por terem adquirido uma certa maturidade, ou por possuírem uma boa acessoria que lhes ajuda a pensar melhor. Nos dias de hoje, uma boa imagem vale muito, pois o marketing é uma ferramenta que pode proporcionar reconhecimento e respeito. Talvez o que afinal, todos buscam.

Que outros sigam o mesmo exemplo, isto o mudaria o mundo para melhor. Nos Estados Unidos e Europa as deduções do Imposto de Renda por doações a fundações abarcam um expectro muito maior de possibilidades que aqui no Brasil onde, praticamente, só há dedução se for associada à lei de Incentivo à Cultura, este certamente é um estímulo a mais aos benfeitores de lá. Mas só isto não basta, há que querer dar o que é seu  para socorrer os seus semelhantes e aí é que a coisa pega.


Nossa admiração aos que possuem estas virtudes.

NR: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura - Dezembro de 2015.

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