Generosidade e riqueza
Uma primeira olhada no título nos faz pensar que a
riqueza é antagônica à generosidade, mas não parece ser este o caso. Podemos recorrer
à história para demonstrar a nossa tese, mas não o faremos, vamos usar exemplos
recentes de pessoas bem vivas e muito ricas e que tem uma postura generosa.
Citarei Bill Gates o principal acionista da Microsoft
e Mark Zuckemberg ainda não tão famoso, mas igualmente bem sucedido através do
Facebook, acredita-se que ambos tenham atingido furtunas de 70 e 45 bilhões de dolares respectivamente.
Bill Gates e sua mulher Melinda nos anos 2000 criaram
uma Fundação, denominada Bill e Melinda
Gates Fundation com foco em finaciar pesquisas contra a AIDS e também
outras doenças infecto-contagiosas.
No dia 1° de dezembro de 2015, Mark Zunckenberg e sua
esposa Priscilla apresentaram à imprensa sua primeira filha, deram-lhe o nome
de Max. Durante a entrevista, surpreenderam o público ao anunciar que ao longo
de suas vidas, doarão 99% de suas ações no Facebook, a entidades que desenvolvam
trabalhos para o bem do planeta. Com isto esperam serem capazes de ajudar a
proporcionar um mundo melhor, não só a sua filha, mas também às gerações
futuras.
Bill Gates, junto com outros 28 milhonários criaram
outra organização, chamada Breakthrough
Energy Coalition voltada a fomentar pesquisas em tecnologias alternativas,
capazes de resolver a crise energética e suavizar os efeito da mudança
climática. Estima-se que os Gates tenham doado a diversas organizações não
governamentais cerca de 30 bilhões de dolares, desde o anos 2000.
Por que eles fazem isto? Bill Gates é agnóstico,
portanto não o faz por seguir uma ideologia religiosa, já Zuckemberg é judeu, toalvez
possa vir desta religião a motivação maior para a decisão tomada. Acontece que
existe quase que uma cobrança, nos Estados Unidos para que as famílias ricas
sejam benfeitorias, elas pagam por alas hospitalares, por centros comunitários
e iniciativas desta natureza, este modelo vem sendo repetido por celebridades,
podemos citar Shakira e até o brasileiro Neymar que tem um grande projeto em
Praia Grande em São Paulo.
Os 1% dos 45 bilhões de dólares que sobrarão das
doações dos Zuckemberg são 450 milhões de dólares, é muito mais dinheiro que
qualquer pessoa ou família possa gastar. É mais do que suficiente para realizar
todos os desejos possíveis. Mas não é este o ponto que queremos salientar, o
importante aqui é algo maior, é a capacidade de abrir mão do dinheiro ganho em
seus negócios e retorná-los, fundeando boas ideias ou iniciativas que ajudem a
sociedade.
É mais que
caridade é benemerência.
Do Livro dos Espíritos, nas questões 882 e 883 extraio
estes textos que permanecem atuais, quase que escritos em linguagem universal.
Comentário à questão 882: ... “O que, por meio do trabalho honesto, o
que o homem junta constitui legítima propriedade sua, que ele tem o direito de
defender, porque a propriedade que resulta do trabalho é um direito natural, tão
sagrado quanto o de trabalhar e de viver.” Ou seja, é seu por direito e deve
defendê-lo e usá-lo como melhor lhe interessar. Mas na questão seguinte os Espíritos
complementam :
“Questão 883. É
natural o desejo de possuir?
“Sim, mas quando o homem deseja possuir para si
somente e para sua satisfação pessoal, o que há é egoísmo.”
a)
— Não será, entretanto, legítimo o
desejo de possuir, uma vez que aquele que tem de que viver a ninguém é pesado? “Há
homens insaciáveis, que acumulam bens sem utilidade para ninguém, ou apenas
para saciar suas paixões. Julgas que Deus vê isso com bons olhos? Aquele que,
ao contrário, junta pelo trabalho, tendo em vista socorrer os seus semelhantes,
pratica a lei de amor e caridade, e Deus abençoa o seu trabalho.”
Isto nos leva a concluir que no contexto do Livro dos
Espíritos, Bill Gates e Mark Zuckenberg são vistos com muito bons olhos por
Deus e claro, por todos nós.
Se faz evidente que todas estas pessoas citadas o fazem por terem adquirido uma certa
maturidade, ou por possuírem uma boa acessoria que lhes ajuda a pensar melhor.
Nos dias de hoje, uma boa imagem vale muito, pois o marketing é uma ferramenta
que pode proporcionar reconhecimento e respeito. Talvez o que afinal, todos
buscam.
Que outros sigam o mesmo exemplo, isto o mudaria o mundo
para melhor. Nos Estados Unidos e Europa as deduções do Imposto de Renda por
doações a fundações abarcam um expectro muito maior de possibilidades que aqui no
Brasil onde, praticamente, só há dedução se for associada à lei de Incentivo à
Cultura, este certamente é um estímulo a mais aos benfeitores de lá. Mas só
isto não basta, há que querer dar o que é seu para socorrer os seus semelhantes e aí é que a
coisa pega.
Nossa admiração aos que possuem estas virtudes.
NR: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura - Dezembro de 2015.
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