A TV Globo
constuma colocar no ar, enredos com viés espírita, mais uma vez explora a
temática através da novela Além do Tempo, assistindo a alguns capítulos começei
a pensar se toda a trama poderia realmente acontecer.
Além do Tempo - uma visão espírita Kardecista
Cerca de 20
pessoas se reencontram, cem anos depois, vivendo em famílias que mantém uma
certa semelhança com o passado. A novidade é que a novela começa no passado, no
que parecia ser o século XIX e retoma, após alguns acontecimentos traumáticos,
em pleno século XXI, nos dias atuais.
Analisando as
mudanças dos personagens, que carregam consigo, algumas características muito
semelhantes às que possuíam, na encarnação passada no século XIX.
Claro que
para facilitar o entendimento dos telespectadores, todos os personagens voltam
com o mesmo nome que possuíam na encarnação passada. Este detalhe tem muito a
ver com o que Allan Kardec propõe no livro – Obras Póstumas – no capítulo
“Tribunal das Vidas Futuras”, ou seja, mudamos de uma encarnação a outra por
fruto de nossas reflexões no período de erraticidade e pela influência do meio
familiar e social da nova encarnação.
Esta questão do
nome, evidentemente, é impossível, pois, fico imaginando o Plano Extrafísico, a
espiritualidade tentando planejar e influenciar, não apenas os 20 personagens,
mas apenas para fazer com que eles tivessem o mesmo nome, teríam também que
influenciar ao menos outras 40 pessoas, que seriam os seus pais.
Na trama passada
no século XIX, vários personagens que se encontraram na cidade fictícia de Bela
Rosa, na serra gaúcha vinham de São Paulo, por diversos motivos profissionais.
Já na narrativa do século XXI, os personagens não locais, vem do Rio de
Janeiro. Vale a ideia, pois todo o enredo busca mostrar que as encarnações
servem para nos ensinar. Na realidade, todo este planejamento até então, à
época de Kardec era possível de imaginar, pois um homem ou mulher, na média,
durante toda a sua vida, não saía de um raio de 20 km, do ponto em que nascia.
Nos dias de hoje, esta transitoriedade aumentou infinitamente. Conseguir
reunir, todos os envolvidos nos dramas do passado, ficou muito mais difícil.
Outros agentes aleatórios entrariam na vida destas pessoas. A população
mundial, neste 100 anos, aumentou em mais de 10 vezes.
Alguns dirão,
mas a força de atração espirtual que carregamos todos nós é maior que tudo
isto, isso pode ser verdade, mas a reencarnação não está para corrigir ou
reparar os erros do passado, mas sim para ajudar a que nós Espíritos melhoremos
e para isto, não necessitamos voltar para os mesmos dramas. As multiplas
oportunidades que a vida nos proporciona já nos depura naturalmente.
Gostaria de
citar um dos princípios da Ciência da Alma – proposta por Jaci Régis:
“Justificando o fato da reencarnação ser um processo natural ... “A
reencarnação é um processo natural, psíquico-físico. Ocorre automaticamente
sempre que se crie um clima vibracional decorrente da fecundação do óvulo no
ventre materno.”
Na Ciência da Alma, portanto, Jaci Régis irá dizer que
“ nesse novo dicionário de entendimento, não haverá espaço para pecado, nem
para a visão dolorosa da vida e reconhecerá que a alma humana caminha, com
altos e baixos, para o seu destino de superação, apreensão do conhecimento e
desenvolvimento das virtudes, pelo fato de viver, de reciclar, de morrer,
viver, reencarnar.
As vicissitudes da alma, expressão de seus
conhecimentos e, sobretudo, na expressão de seus sentimentos serão analisadas
num amplo sentido de reparação e renovação, no qual o sofrimento vem como
resposta e até uma solução, mas de modo algum como ação divina de revanche,
vingança ou punição. A questão da culpa será entendida como reação natural da
violação dos valores individuais e sociais”.
Portanto a novela serve para provocar a curiosidade
das pessoas sobre o espiritismo, sobre a realidade da reencarnação, mas a
proposta é praticamente impossível de ocorrer nos dias de hoje. Pelas
dificuldades práticas que descrevemos mas também , porque não se faz
necessário, evoluiremos e melhoraremos de qualquer maneira, pela melhora de
nossa conduta.
Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de dezembro de 2015
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