Que país é este?
Se já não
bastassem todos os escândalos e processos em que estão envolvidos empresários e
políticos brasileiros, somos obrigados a assistir os acordos entre partes
antagonicas, mas que se apoiam, para permanecer no poder. As manobras do Planalto
e da Câmara Federal são um exemplo, conforme amplamente divulgado nas revistas
semanais de circulação nacional.
Existe hoje no Congresso
Nacional uma aliança denominada BBB, ou seja Bala, Bíblia e Boi, três correntes
conservadoras que se uniram, para fazer aprovar uma legislação que visa retirar
conquistas como: o Estatuto do Desarmamento; o direito ao aborto em caso de estrupo
e o abrandamento das leis contra a escravidão rural. Em troca disto, as
manobras legislativas serão feitas para atrasar os processos de quebra de
decoro parlamentar de Eduardo Cunha e
para não deixar avançar as tentativas de impeachment da Presidente da
República. Até quando todos estes arranjos se manterão firmes, não há como
antecipar.
As reações da
sociedade já começaram, mulheres no Brasil todo estão protestando, veja a capa
da revista Isto é de 11 de Novembro. A bancada evangélica busca acabar com
todos os poucos direitos ao aborto que as mulheres brasileiras tem, uma espécie
de volta aos tempos feudais, tudo isto alegando o apoio Divino. Como espíritas
não somos a favor do aborto como métido anti-conceptivo, mas há que reconhecer
os casos de abuso sexual, incestos e outras tantas atrocidades que se cometem
Brasil à fora contra a mulher, onde o direito ao aborto existe e devemos nos
posicionar, pelo menos a favor da manutenção das prerrogativas atuais.
Ter mais revólveres
na mão da população, não diminuirá o número de crimes, ao contrário, aumentará
a violência ocasional, aquela que ocorre após uma fechada no trânsito, ou um
esbarrão numa festa que, pelo porte de arma, podem terminar em morte. O
Espiritismo é a favor da vida, é a favor do livre arbítrio e foi uma das
primeiras doutrinas a igualar os direitos humanos, para a mulher e o homem.
Com respeito à
escravidão, os Espíritos nos responderam na questão 829 “ - Toda a sujeição absoluta de um homem a
outro homem é contrária à lei de Deus. A escravidão é um abuso da força e
desaparecerá com o progresso, como desaparecerão, pouco a pouco, todos os
abusos”. O duro é convivermos com este pouco a pouco. A legislação Brasileira
já havia progredido, nas medidas de punição à escravidão rural, pela Emenda
Constitucional 81 que disponibiliza os imóveis rurais onde tenha sido
constatado o trabalho escravo, destinando-os à reforma agrária. Ora, ao invés
dos nossos congressistas atuarem para que a legislação trabalhista seja
cumprida, eles preferem lutar, para amenizar as consequências, caso descoberta
– que país é este?
Temos o direito
de levantar e gritar contra a corrupção, contra
intolerância em todoas as suas formas, sexuais, raciais, religiosas e
socias – temos que praticar a alteridade e a empatia, que é o ato de estar no
lugar do outro. No XIV SBPE, em uma das palestras foi dita uma grande verdade,
“faça ao outro o que gostaria que lhe fizessem, mas principalmente, não deixe o
outro lhe fazer aquilo que você não quer que lhe façam”, creio que exatamente
na palestra o Jaílson Mendonça.
Diga não, proteste sem violência, caso
concorde com este artigo. Precisamos mostrar a nossa cara.
Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura - Novembro de 2015
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