sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Que País é este? Por Alexandre Cardia Machado

Que país é este?

Se já não bastassem todos os escândalos e processos em que estão envolvidos empresários e políticos brasileiros, somos obrigados a assistir os acordos entre partes antagonicas, mas que se apoiam, para permanecer no poder. As manobras do Planalto e da Câmara Federal são um exemplo, conforme amplamente divulgado nas revistas semanais de circulação nacional.

Existe hoje no Congresso Nacional uma aliança denominada BBB, ou seja Bala, Bíblia e Boi, três correntes conservadoras que se uniram, para fazer aprovar uma legislação que visa retirar conquistas como: o Estatuto do Desarmamento; o direito ao aborto em caso de estrupo e o abrandamento das leis contra a escravidão rural. Em troca disto, as manobras legislativas serão feitas para atrasar os processos de quebra de decoro parlamentar de  Eduardo Cunha e para não deixar avançar as tentativas de impeachment da Presidente da República. Até quando todos estes arranjos se manterão firmes, não há como antecipar.

As reações da sociedade já começaram, mulheres no Brasil todo estão protestando, veja a capa da revista Isto é de 11 de Novembro. A bancada evangélica busca acabar com todos os poucos direitos ao aborto que as mulheres brasileiras tem, uma espécie de volta aos tempos feudais, tudo isto alegando o apoio Divino. Como espíritas não somos a favor do aborto como métido anti-conceptivo, mas há que reconhecer os casos de abuso sexual, incestos e outras tantas atrocidades que se cometem Brasil à fora contra a mulher, onde o direito ao aborto existe e devemos nos posicionar, pelo menos a favor da manutenção das prerrogativas atuais.

Ter mais revólveres na mão da população, não diminuirá o número de crimes, ao contrário, aumentará a violência ocasional, aquela que ocorre após uma fechada no trânsito, ou um esbarrão numa festa que, pelo porte de arma, podem terminar em morte. O Espiritismo é a favor da vida, é a favor do livre arbítrio e foi uma das primeiras doutrinas a igualar os direitos humanos, para a mulher e o homem.

Com respeito à escravidão, os Espíritos nos responderam na questão 829 “  - Toda a sujeição absoluta de um homem a outro homem é contrária à lei de Deus. A escravidão é um abuso da força e desaparecerá  com o progresso, como  desaparecerão, pouco a pouco, todos os abusos”. O duro é convivermos com este pouco a pouco. A legislação Brasileira já havia progredido, nas medidas de punição à escravidão rural, pela Emenda Constitucional 81 que disponibiliza os imóveis rurais onde tenha sido constatado o trabalho escravo, destinando-os à reforma agrária. Ora, ao invés dos nossos congressistas atuarem para que a legislação trabalhista seja cumprida, eles preferem lutar, para amenizar as consequências, caso descoberta – que país é este?

Temos o direito de levantar e gritar contra a corrupção, contra  intolerância em todoas as suas formas, sexuais, raciais, religiosas e socias – temos que praticar a alteridade e a empatia, que é o ato de estar no lugar do outro. No XIV SBPE, em uma das palestras foi dita uma grande verdade, “faça ao outro o que gostaria que lhe fizessem, mas principalmente, não deixe o outro lhe fazer aquilo que você não quer que lhe façam”, creio que exatamente na palestra o Jaílson Mendonça.


 Diga não, proteste sem violência, caso concorde com este artigo. Precisamos mostrar a nossa cara.

Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura - Novembro de 2015

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