domingo, 17 de junho de 2012

CORRUPÇÃO: EPIDEMIA OU “SOBREVIVÊNCIA POLÍTICA” - por Roberto Rufo

Texto originalmente publicado no Jornal ABERTURA de Maio de 2012

Roberto Rufo e Silva
“A moral é a regra para se conduzir bem, quer dizer, a distinção entre o bem e o mal”. (Resposta dos Espíritos à pergunta 629, de O Livro dos Espíritos).
É revoltante. Acaba de ser absolvido pelo Supremo Tribunal Federal, por falta de provas, o ex-presidente Fernando Collor de Mello. Passados 20 anos ele agora é indicado pelo seu partido, o PTB, para compor a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que irá investigar as ações do contraventor Carlinhos Cachoeira.
Hoje, constato tristemente, que a corrupção está nas entranhas do Estado, em todos os seus poderes. E isto é aceito até com certa naturalidade, tendo como argumentos o presidencialismo de coalização, ser indispensável para a governabilidade, permitir que o Brasil cresça, e por muitas outras desculpas esfarrapadas. A quem interessa esse estado de coisas?
Pergunta 634: Porque o mal está na natureza das coisas? Eu falo do mal moral. Deus não poderia criar a Humanidade em melhores condições?
Resposta dos Espíritos: “Já te dissemos: os Espíritos foram criados simples e ignorantes. Deus deixa ao homem a escolha do caminho; tanto pior para ele, se toma o mau: sua peregrinação será mais longa”. Fernando Collor de Mello não teve que passar por essa longa peregrinação. Hoje no Senado preside comissões e até indica diretores de empresas estatais, como a BR Distribuidora. Por onde andam os “caras-pintadas”? Por certo muitos deles estão usufruindo agora de alguma sinecura estatal. A quem interessa esse estado de coisas?
Temo que essa CPMI do Carlinhos Cachoeira vá como as outras para as calendas, em termos de punição efetiva. Lembram-se quando o publicitário Duda Mendonça chegou a confessar na CPMI do Mensalão, que havia recebido dinheiro numa conta do exterior pelos serviços prestados na campanha do ex-presidente Lula? O fato foi recebido, inclusive pela oposição, como natural. Por que será que a oposição agiu desse modo?
Pergunta 893: Qual a mais meritória de todas as virtudes?
Resposta dos Espíritos: “Todas as virtudes têm seu mérito, porque todas são sinais de progresso no caminho do bem. Há virtude toda vez que há resistência voluntária ao arrastamento das más tendências. Mas o sublime na virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem oculta intenção”.
A nossa sorte, se podemos assim chamar, é que economia se descolou da política. O País vai avançando, não tanto quando poderia, mas muitos cidadãos constroem dignamente suas vidas.
Espero, se vivo estiver, não ver daqui 20 anos o Senador Demóstenes Torres, tal como o Collor, fazendo parte de uma CPMI, feita para apurar outra denúncia de corrupção bilionária. Algumas perguntas em nome da curiosidade: quando o Congresso vai revogar o impeachment do ex-presidente Collor e fazer uma sessão de desagravo para ele? Onde estão os “caras-pintadas”? Ninguém vai sair vestido de preto pelas ruas?
Porque em todos os indícios de malversação do dinheiro público o nome do ex-deputado José Dirceu aparece em destaque? Porque a oposição é tão bovina? A quem interessa esse estado de coisas?
Começo a suspeitar que alguns desejam que a coisa beire o insustentável, para depois aparecerem com as velhas fórmulas salvacionistas, ou seja, a “revolução redentora” (até a TFP começa a reaparecer), ou finalmente a redenção pela via do socialismo revolucionário (alguns nunca esqueceram esse velho sonho da Internacional Socialista).
Em ambos os casos a liberdade será a primeira vítima.
Numa sessão do tipo “vale a pena ler de novo” vamos à pergunta 895 do Livro dos Espíritos: Além dos defeitos e dos vícios sobre os quais ninguém se enganaria , qual é o sinal mais característico da imperfeição? "O interesse pessoal. As qualidades morais, frequentemente, são como a douração colocada sobre um objeto de cobre e que não resiste à pedra de toque. Um homem pode possuir qualidades reais que o fazem, para todo o mundo, um homem de bem. Mas essas qualidades, ainda que sejam um progresso, não suportam certas provas e basta, às vezes, tocar a corda do interesse pessoal, para por o fundo a descoberto. O verdadeiro desinteresse é uma coisa tão rara sobre a Terra, que é admirado como um fenômeno quando ele se apresenta. O apego às coisas materiais (eu acrescentaria às causas ideológicas) é um sinal notório de inferioridade, porque quanto mais o homem se prende aos bens deste mundo, menos compreende sua destinação. Pelo desinteresse, ao contrário, ele prova que vê o futuro de um ponto de vista elevado”. Na mosca!

 

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TRABALHO ESCRAVO E A RIO+20 = DOIS BRASIS

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Um comentário:

  1. Seria revoltante mesmo se o Collor, ou qualquer pessoa, fosse condenada pelo STF sem provas.

    Aliás, o que mais se vê são destruições de reputação por uma mídia irresponsável e sem compromisso com a verdade.

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