20 princípios da
ciência da alma.
Estamos muito próximos do XIII Simpósio
Brasileiro do Pensamento Espírita e, no último encontro, fui convidado a falar
em uma mesa redonda sobre a tese da “ciência da alma”, de Jaci Régis. À época,
elaborei alguns princípios que, segundo meu entendimento, resumem algumas
ideias fundamentais desta importante proposta ao movimento espírita. Seguem
abaixo 20 princípios da ciência da alma:
1- Ter consciência da importância da
linguagem no trato das questões teóricas do Espiritismo. Como dizia Jaci, “anjo
não pode ser sinônimo de espírito superior”.
2- Conscientizar-se que o objetivo da
vida é o prazer, que se realiza através de uma existência útil, produtiva e direcionada
ao bem. A ciência da alma postula que devemos nos afastar da cultura da dor,
que desvaloriza a vida terrena.
3- Aplicar o “critério kardecista” na
análise dos temas espíritas. Este “critério kardecista” nos convida à
racionalidade, bom senso e equilíbrio na resolução das questões doutrinárias.
4- Abandonar a pretensão de o Espiritismo
ter explicação para todas as coisas. O Espiritismo tem um objeto de estudo.
5- Manter equilíbrio entre a
racionalidade e a afetividade. O homem é um ser de razão e emoção, devendo
haver harmonia entre estas duas faculdades humanas.
6- Abandonar a ideia de que o Espiritismo
seria ciência, filosofia e moral ou religião, por entender superada esta concepção.
O Espiritismo é um conhecimento.
7- A ciência da alma postula a
existência de Deus. Não um Deus antropomórfico, mas um Deus que se revela na
perfeição da lei natural. A lei divina ou natural possui flexibilidade para o
erro e o acerto na realização dos processos naturais, sendo que tais processos
objetivam, teleologicamente, a vida e a evolução.
8- Enxergar no planeta Terra um lindo
“planeta azul”, uma apropriada escola evolutiva, e não um mundo de provas e
expiações, um vale de lágrimas, segundo a orientação geral do cristianismo
seguida pelo Espiritismo.
9- Compreender a frase de Allan Kardec
“o verdadeiro espírita se reconhece por sua transformação moral” não de forma restritiva,
apenas em um sentido moralista, mas sim em relação à capacidade que o espírita
deve ter de mudar em todos os sentidos, inclusive, convicções, crenças e
mentalidade.
10- Ter consciência que o Espiritismo
nasce no caldo de cultura cristão que acaba por deturpar, em muitos aspectos, o
potencial revolucionário das ideias espíritas. É necessário desvincular o Espiritismo
da influência cristã para que ele possa desenvolver todas as suas
possibilidades.
11- É necessário realizar um
permanente exercício de atualização do Espiritismo. Porém, neste processo de
atualização, não deveremos caminhar muito apressadamente, cedendo a utopias, e
nem ficarmos retardados ante os reais avanços dos conhecimentos.
12- Ver em Jesus, filho de Maria e
José, um sábio, a inspirar caminhos e atitudes.
13- A ciência da alma deverá se
organizar como uma ciência humana e não como uma ciência da natureza.
14- A ciência da alma busca resgatar
o papel da mediunidade como instrumento de comprovação da imortalidade da alma
e diz não à ritualização do exercício mediúnico e consequente idolatria de
médiuns e espíritos.
15- A ciência da alma nos convida a
não esquecer que os espíritos nada mais são do que homens desencarnados em suas
variadas condições evolutivas, portanto, não devem ser idealizados apenas por
sua condição de desencarnados.
16- Manter uma postura de fidelidade
e crítica a Allan Kardec, em um processo de permanente releitura do Espiritismo.
17- Quanto à tese da reencarnação, a
ciência da alma propõe a reencarnação como instrumento de evolução e felicidade,
e não como forma de punição e expiação. A ciência da alma não vê o homem
maculado pelo “pecado originário” de suas reencarnações anteriores.
18- A ciência da alma não nega o
sofrimento, porém não se perde na inócua procura de suas hipotéticas causas anteriores.
A ciência da alma busca a superação do sofrimento.
19- A ciência da alma distingue Espiritismo
de cristianismo e não vê no Espiritismo uma forma de “cristianismo redivivo” ou
“reforma do cristianismo”.
20- A ciência da alma ou doutrina
kardecista tem uma visão otimista sobre os temas Deus, homem e mundo. Afinal,
como dizia Jaci Régis: “Não quer Deus o sorriso?”.
Ricardo Nunes
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