" O
mundo está farto de ódio " (Mahatma Gandhi).
" O
bem que fazemos é o nosso advogado pela eternidade " (Irmã Veneranda).
Num artigo que li numa revista feminina, mas que os
homens deveriam ler com assiduidade, estavam lá as 10 atitudes para desbancar o
ódio. A primeira tinha como tutor o cineasta Fernando Meirelles que nos aponta
que devemos perceber que somos idênticos a quem parece ser o nosso oposto. Na
evolução do espírito, o controle das paixões pela vontade deve nos levar a
evitar os abusos. Da paixão sem limites nasce a intolerância, que é um claro
sintoma de desequilíbrio. A atriz Denise Fraga quer que foquemos a nossa
atenção no amor e exercitá-lo. Parece um lugar comum mas só se aprende a
caridade sendo caridoso, só se aprende a amar praticando atitudes amorosas. A
atriz vê na internet uma excelente ferramenta para um saudável fórum de ideias.
Fico muito triste quando num debate político como o atual, o que mais interessa
a ambas as partes é desqualificar o oponente. Entraram no twiter de uma
jornalista sediada nos EUA e a ofenderam com palavras e ameaças. Ela não tem a
mesma ideologia que a minha, logo é minha inimiga.
O psicanalista Contardo Calligaris diz que devemos modular o ódio
cultivando nossa vida interior. O ódio sempre existiu. Já odiamos muito mais do
que nos dias de hoje.
O Espiritismo propicia que criemos uma cultura da
solidariedade, pois somos todos espíritos em busca da perfeição. Mas a vida
interior é só nossa, decidida pelo nosso livre-arbítrio. Caso contrário,
seremos presas fáceis das identidades coletivas.
Entrar na pele do outro é o conselho de Roman Krznaric, filósofo e
historiador britânico.
Como fazer isso? Exercite os sentimentos altruístas. Vejam, que a
mudança para uma paz interior, seguida do comportamento de respeito e amor ao
próximo requer sempre que façamos o exercício da mudança. Só palavras soltas ao
vento não adiantam. No último almoço beneficiente da Comunidade Assistencial
Espírita Lar Veneranda, mais uma vez estavam lá aqueles voluntários,
septuagenários em sua maioria, com uma presença feminina muito maior. Poucos
jovens colaborando. Talvez porque não tenham tempo disponível entre tantos
intercâmbios que costumam resultar em nada.
O estilista Ronaldo Fraga diz para trazemos de volta antigos valores,
como a compaixão. Concordo com ele quando fala que há uma banalização da
maldade, onde ser bom vem em segundo plano. O Espiritismo define o trabalho
como toda ocupação útil. Busquemos utilidade em nossas vidas. Quantos de nós
receberíamos com compaixão refugiados de outros países?
A blogueira Jout Jout quer que aprendamos a separar a crítica
construtiva da ofensa. Pense antes de postar, no que é acompanhada pela
filósofa Márcia Tiburi que nos orienta a praticar o diálogo e tomarmos muita
atenção com a linguagem. As palavras maldosas machucam, ofendem o amor próprio
das pessoas. Os intolerantes quase sempre têm um pensamento pronto e querem que
o mundo se encaixe nele. Esquecem-se como ensina a doutrina espírita que
devemos respeitar a desigualdade de aptidões.
A chefe de cozinha Carla Pernambuco diz que devemos cozinhar mais,
convidarmos pessoas, pois a comida reúne até os diferentes. Os almoços em
famílias são uma ótima oportunidade para debatermos ideias e conhecermos a
diferença de conceitos. Nelson Rodrigues dizia que o mundo um dia seria
dominado pelos cretinos fundamentais. O antídoto é o choque de posições e a
compreensão de cada um. Só os estultos (ignorantes) têm sempre a mesma opinião,
geralmente expressas por palavras de ordem e slogans.
O professor de filosofia Renato Janine Ribeiro fala em estimular as
crianças a conviver com a diversidade. Concordo com ele, Deus a ninguém fez
superior pela cor, raça ou etnia dizem os espíritos. O professor diz que no
Brasil temos um apartheid estudantil, o que forma uma visão
estereotipada. Segundo ele o branco tem uma imagem preconceituosa do preto; o
preto, uma visão preconceituosa do branco. Ele completa dizendo que junto
com as atividades lúdicas deve-se propor o contato com várias culturas. E por
último o jornalista e escritor Xico Sá diz que mesmo sem concordar, respeite-se
o direito de expressão do outro.
O filósofo Raymond Aron dizia que um intelectual deve possuir duas
virtudes, o respeito ao próximo e o respeito aos outros. Caso contrário
corremos o risco de achincalharmos uma biografia admirável do Sr. Helio Bicudo (jurista,
político e militante dos direitos humanos) chamando-o pejorativamente de "golpista".
Pode-se não concordar com a opinião dele, mas a tentativa de
desqualificá-lo é sórdida.
O Espiritismo é toda uma teoria de respeito ao outro, de amor ao próximo,
de compreensão das diferenças, sejam elas quais forem. O remédio? A prática do
bem. Parece fácil, mas não é. Requer exercício perene.
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