terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Espiritismo e Política - por Ciro Pirondi

espiritismo e política

Quais motivos nos levam a pensar ser possível influir na dimensão pública das leis e instituições da sociedade ?

Bem, provavelmente  por reconhecermos a beleza e a dimensão itinerante e permanente da vida, como a possibilidade mais oportuna de construirmos uma sociedade mais justa e fraterna. No entanto, ainda não encontramos ao longo de quase dois séculos a forma mais adequada de gestão da tese reeencarnacionista participar de maneira objetiva do cotidiano dos povos.

Me aventuro a pensar que as razões históricas do fato estejam na equivocada e injusta visão hindu das vidas sucessivas. Nas reflexões místicas e oníricas da espiritualidade chinesa. No sincretismo mágico dos deuses africanos, e mais recentemente no cientificismo primário do século XIX, mixado com o cristianismo e sua moral punitiva e salvacionista, assumida pelo espiritismo.

Entender estas causas no entanto não nos basta.

Criticar suas ações não ilumina o futuro.

Em uma sociedade com tantas carências materiais e espirituais, somente faz diferença o fazer. E o fazer nunca está desconectado do pensar e o pensar do sentir.

Em todas as dimensões humanas vejo ações nesta direção. Grupos humanitários nas áreas da saúde, dos direitos humanos, da arquitetura e das artes. Na dedicação missionária de cientistas solitários décadas em seus laboratórios tentando novas fórmulas para amenizar as dores da alma e do corpo. Juristas refletindo sobre novas leis mais humanas e justas. Médicos sem fronteiras. Anônimos dedicados ao trabalho voluntário.

Campos de refugiados, quase 50 milhões em todo mundo, inquietando nossas consciências na busca de soluções.

Músicos e religiosos. Ateus e místicos a todos nos incomoda a miséria, a carência extrema.
Talvez esteja nestas urgências o caminho para influirmos nas leis e instituições primeiramente por meio dos conceitos, que sejam de permanência comuns a todos como solidariedade, gratidão, temperança, generosidade,  não mais como gestos salvacionistas ou de condição elevada espiritualmente, mas como um gesto da inteligência refletido em ações objetivas no cotidiano de tal maneira seja a qualidade

do nosso fazer a diferença que se fará notar. Provavelmente aí está nossa oportunidade de esclarecermos quais conceitos possuimos para agirmos assim.

É uma estratégia diferente do assistencialismo caritativo, que nos tem identificado como Movimento.
É uma ação política, social e efetiva, não restrita aos Centros, mas coletiva, multidisciplinar. Nos aproximaria dos sociólogos, dos ativistas sociais, dos pedagogos, enfim de todos que velam pela alegria, paz e justiça do mundo. 
                                  
Intuo ser este um caminho possível, mais leve, menos rancoroso. Fazemos muito já com a libertação do pensamento espírita dos vínculos religiosos, do pensamento mágico.

Temos agora de alçar um novo vôo , precisamos ser mais vela e menos âncora.

Deixemos os bons ventos nos levarem , tenhamos confiança e esperança no Universo.


Ciro Pirondi

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