segunda-feira, 17 de junho de 2019

Admirável Mundo Novo! por Alexandre Cardia Machado


Admirável Mundo Novo!

As vezes precisamos olhar para trás e ver o quanto a humanidade mudou, no livro Homo Deus – Uma Breve História do Amanhã  -Yuval Noah Harari - inicia o livro fazendo uma reflexão quanto os problemas que nosso planeta enfrentou nos últimos 20 mil anos, poderíamos reduzí-los a três aspectos: fome, pestes e guerras.

Como morte por fome é bem mais difícil de documentar, vou me concentrar nestes dois aspectos: guerra e pestes, não precisaremos recorrer à idade média e a peste bubônica, fiquemos apenas com o que ocorreu no século  20 e 21.

Século 20 - Guerras:
1ª Guerra Mundial – 9 milhões de mortes;
Revolução Russa  – estima-se em 40 milhões de mortes;
2ª Guerra Mundial – 26 milhões de mortes;
Genocídio Nazista -  20 milhões de mortes;
Revolução Chinesa – estima-se em 65 milhões de mortes;
Guerra da Coreia – cerca de 2 milhões de pessoas mortas;
Guerra do Vietnan – cerca de 1,2 milhões de mortos;
Guerra Irã – Iraque – cerca de 1 milhão de pessoas mortas;
Guerra dos Balcãs – cerca de 600 mil mortos entre combatentes e extermínios racias.

Século 21 – Guerras
Principalmente a chamada Primavera Árabe – estima-se algo entre 100 e  200 mil mortos nos diversos países onde ocorreram.
No século 20 – 50 milhões de pessoas morreram de Gripe Espanhol, ao redor do mundo logo após a 1ª Guerra Mundial. Os mesmos navios que levavam comida e munição a Europa voltavam trazendo, para todos os portos a gripe.

O século 21 está no começo e a humanidade tem a capacidade de se auto-destruir graças as centenas de armas nucleares que criamos, mas nada indica que isto venha a ocorrer. Apesar de seguirmos atirando uns nos outros, morrem mais pessoas de “acidentes” de trânsito ou de sobrepeso, do que por bala ou por fome, ainda que em pontos isolados do planeta possamos ter situações fora da curva média. Os surtos de gripe asiática, Ébola e outros foram rapidamente controlados. A diferença entre hoje e 100 anos atrás é a existência de tecnologia e investimentos em investigação e uma rede de sustentação mundial, capaz de deter qualquer ameaça.

O que mudou tudo isso? No meu entender o avanço do conhecimento, da telecomunicação, dos organizações internacionais, a ONU, a globalização. Com isto, apesar dos problemas que causamos no meio ambiente, formamos uma rede de interdependência que nos une e torna mais difícil o aparecimento de conflitos entre nações, temos uma grande rede de amortecimento.

Vejam o caso da Venezuela, há 30 anos atrás já estaríamos todos em guerra. Hoje cada cidadão no mundo tem uma câmera fotográfica na mão, que pode enviar imagens imediatamente para o mundo todo. Isso existe há pouco mais de 10 anos e está mudando a nossa maneira de viver. Tecnologia que sempre terá um lado bom, tem também um lado mal, que veremos a seguir é a capacidade de proporcionar um excesso de controle.

Hoje se há um crime, no mundo todo as polícias vão atrás de imagens e programas de identificação de face  ajudam a resolver casos, claro não estamos no mundo ideal, pois o ideal seria não haver crimes. Ou que todos os crimes fossem resolvidos. Mas hoje está muito difícil esconder uma mentira. Tem gente que não se deu conta ainda, ok, vai parar atrás das grades, mais cedo ou mais tarde.
Pela primeira vez, existe uma matriz de informação nas nuvens, nos algorítmos e isto causará mudanças a velocidades impressionantes. Allan Kardec nos falava da aristocracia Intelecto-moral, e que eleas levariam o mundo a um estágio melhor, não me parece que isto ocorrerá por imposição dela, mas em consequência da maneira que nos portamos. Hoje não somos apenas uma pessoa com RG e CPF, somos pessoas com RG, CPF e perfil. Sim, perfil, os bancos, as lojas os algorítmos sabem do que gostamos, onde vamos e com quem nos relacionamos. E damos todas estas informações de graça.

Gostamos da facilidade da tecnologia, mas como já dizia Ulisses Guimarães, não existe jantar de graça, quando uso o waze, que é muito bom, pois não me deixa ficar perdido, no mesmo momento que me diz onde estou, alimenta o algorítmo, eu forneço uma séria de informações para o aplicativo, que serão transformadas em dinheiro. Poderemos explicar em mais detalhes como eles ganham dinheiro em outro artigo.
Voltando à questão da aristocracia intelecto-moral, ouso dizer que teremos a aristocracia tecnologica-moral, andaremos fazendo o certo porque senão o “big brother” vai nos pegar! É mais ou menos como a velha propaganda de biscoitos Tostines– por que eles são sempre crocantes? Porque são sempre novinhos. Por que são sempre novinhos? Porque alguém está sempre comprando e assim por diante.

Acredito portanto que em mais alguns anos estaremos todos vivendo numa grande Singapura, onde hoje ninguém deixa cair um papel no chão, pois há câmaras em todos os lados, reconhecimento facial e multa via internet, assim, logo todos ficam bons cidadãos.
Pode demorar uns 10 ou 15 anos mais esta onda vem. Aristocracia tecnologica-moral, seremos todos mais parecidos, auto controlados e controlados pelo sistema.

Pense nisso.

Editorial Jornal Abertura - Maio 2019

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