segunda-feira, 24 de junho de 2019

42 Anos da Lei do Divórcio e o que mudou na sociedade brasileira - por Roberto Rufo


42 Anos da Lei do Divórcio e o que mudou na sociedade brasileira

"Há pessoas que se casam em comunhão de male ". Luís Fernando Veríssimo.

      Situação atual

Um em cada três casamentos no Brasil termina em separação, revela o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são um reflexo das facilidades de dissolução desse tipo de sociedade trazidas pela Lei do Divórcio (nº 6.515/77), que completará 42 anos no país em dezembro de 2019.
As últimas Estatísticas do Registro Civil do IBGE mostram que o Brasil registrou 1.095.535 casamentos civis em 2016. No mesmo período, foram registrados 344.526 divórcios em 1ª instância ou por escrituras extrajudiciais, um aumento de 4,7% em relação a 2015. 
Na comparação com os dados de 1984, quando houve 93.384 pedidos de divórcio, o crescimento do número de separações nesta modalidade é de mais de 30%.
Os dados apontam uma grande mudança em quatro décadas. "Antes da Lei do Divórcio, o casamento era pautado pelo vínculo indissolúvel. As pessoas casavam e ficavam atadas até o fim da vida a essa relação", relata o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família em São Paulo (IBDFAM-SP), João Aguirre, professor e especialista em Direito Processual Civil.
 Aguirre lembra que antes a lei fechava os olhos para a realidade social. "Tem casamento que não chega até o fim da vida, mas a lei só permitia o desquite. A pessoa não podia se casar de novo. O divórcio foi uma luta de muitos anos no Brasil", conta o professor.
Uma análise espírita em 1958
Evolução em Dois Mundos é um livro espírita, psicografado pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, com autoria atribuída ao espírito André Luiz. Publicado pela Federação Espírita Brasileira no ano de 1958.   
Abaixo um texto do citado livro tratando da questão do matrimônio e o divórcio.
  "Quanto ao divórcio, segundo os nossos conhecimentos no Plano Espiritual, somos de parecer não deva ser facilitado ou estimulado entre os homens, porque não  existem na Terra uniões conjugais, legalizadas ou  não, sem vínculos graves no  principio da responsabilidade assumida em comum. Mal saídos do regime poligâmico, os homens e as mulheres sofrem­ ainda as sugestões animalizantes e, por isso mesmo, nas primeiras dificuldades da tarefa a que foram chamados, costumam desertar dos postos de serviço em que a vida os situa, alegando imaginárias incompatibilidades e supostos embaraços, quase sempre simplesmente atribuíveis ao desregrado narcisismo de que são portadores. E com isso  exercem viciosa tirania sobre o sistema psíquico do  companheiro ou da companheira mutilados ou doentes, necessitados ou ignorantes, após explorar-­lhes o  mundo emotivo, quando não se internam pelas aventuras do homicídio ou  do  suicídio espetaculares, com a fuga voluntária de obrigações preciosas. É imperioso, assim, que a sociedade humana estabeleça regulamentos severos a benefício dos nossos irmãos contumazes na infidelidade aos compromissos assumidos consigo próprios, a benefício deles, para que se não agreguem a maior  desgoverno, e a benefício de si mesma, a fim de que não regresse à promiscuidade aviltante das tabas obscuras, em que o princípio e a dignidade da família ainda são  plenamente desconhecidos. Entretanto, é imprescindível que o sentimento de humanidade interfira nos casos especiais, em que o divórcio é o mal menor que possa surgir entre os grandes males pendentes sobre a fronte do casal, sabendo­-se, porém, que os devedores de hoje voltarão amanhã ao acerto das próprias contas" .
O norte teórico da doutrina espírita
No capítulo XXII do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo de nome "Não separeis o que Deus juntou"  há um subtítulo dedicado ao divórcio, Allan Kardec é categórico ao afirmar que o divórcio é uma lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado.
O escritor israelense Amós Oz, recentemente falecido, dizia que o problema maior não são especificamente os livros sagrados, mas os imterpretadores dos livros sagrados. No caso do Espiritismo isso ocorreu, ainda mais com a forte influência católica dos seus "profetas" maiores, dentre eles Chico Xavier.
Kardec tinha muito apreço pelo progresso da legislação humana, e afirma que a lei civil tem por fim regular as relações sociais e os interesses das famílias de acordo com as exigências das civilizações.
Portanto companheiros espíritas, fiquem tranquilos, se necessário podem se divorciar pois não serão devedores que voltarão amanhã ao acerto das próprias contas. Esse pensamento de "devedor/culpa", no caso do divórcio é mais um ato da perseguição religiosa às mulheres. A infeliz teria que prestar contas futuras unindo-se novamente com o chatíssimo marido da encarnação anterior. Ninguém merece.
Roberto Rufo.

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos maio de 2019. Ficou interessado nesta edição? baixe aqui!

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