Nos dias de
hoje onde diversas pressões sociais nos afetam, tem ficado muito difícil
agarrar apenas uma bandeira. Quando tratamos de coisas mundanas é fácil dizer,
torço pela seleção brasileira de futebol, ou no meu caso particular, torço para
S.C.Internacional de Porto Alegre. Mas se tratando de coisas mais complexas
como direitos, embates sociais, encontrar um perfil que bata com um grupo
específico, fica muito mais difícil.
Assistindo
a um programa de TV outro dia aqui em Santos, havia um palestrante falando de Espiritismo.
Com espírita vi que eu não era do grupo dele, ficou muito claro para mim, ele
falava da ação que se passa neste momento, coordenada do plano espiritual, liderados
por Jesus, que estariam movendo nosso planeta para uma transição planetária,
algo que dizem vir em ciclos de 28.000 anos. Ele buscava argumentos e apoio em
Kardec, em Emmanuel e por aí ia. Eu pensei, eu sou espírita, ele é espírita,
mas pensamos de forma muito diferente quanto ao papel do Mundo dos Espíritos.
Portanto se ele se diz espírita e eu me digo espírita, algo está muito errado.
Ah! Mas o meu
grupo, aquele com a qual me afinizo muito, se diz espírita laico e livre-pensador, logo
não somos exatamente iguais, ele era de outro tipo, do chamado espírita
religioso. Bem,com isto consegui dormir à noite.
Mas fiquei
com a pulga atrás da orelha e começei a me questionar, não vou dar todas as
minhas respostas, mas ao contrário, tenho a intenção de passar a pulga para
vocês.
Sobre o que
eu pensava? Sobre as questões que nos afetam no dia a dia, então vejamos:
- ·
Se
queremos mais liberdade e flexibilidade social, somos progressistas e liberais;
- ·
Se
queremos manter direitos trabalhista criados num mundo dos anos 40 do século
passado, sem atualizá-los para o mundo de 2019, somos conservadores;
- ·
Se
somos a favor da liberdade sexual, da emancipação da mulher em todos os seus
aspectos, somos progressistas;
- ·
Se
queremos as mulheres submissas, só trabalhando em casa, somos conservadores;
- ·
Se
somos contra o controle do estado na economia, a favor das liberdades
individuais e empresariais, somos liberais e deveríamos ser considerados neste
aspecto progressistas;
- ·
Se
somos a favor da economia de estado, com estatais, tudo passando por
funcionalismo público, por mais eficiente que se possa imaginar um cenário
destes, somos conservadores;
- ·
Se
somos favoráveis às novas formas de trabalho, com horário flutuante,
home-office, sem cartão de ponto, somos progressistas;
- ·
Se
quisermos que todos os empregados fiquem dentro da empresa, com cartão de ponto,
horário fixo e supervisão, somos conservadores;
- ·
Se
somos contra o uso de tecnologia, para aumentar a produtuvidade da agricultura,
reduzir o prejuízo, no campo, o que somos? Conservadores não?
- ·
Se
somos a favor da liberdade de escolha de profissões, das diversas formas de
trabalho não convencionais, via internet somos progressistas, não?
- ·
Se
formos nacionalistas, que defendem suas fronteiras, com medo dos estrangeiros e
sua cultura, seríamos conservadores, né?
- ·
Agora,
se formos a favor de um mundo sem fronteiras, sem barreiras religiosas, onde o
céu seja apenas o espaço sideral, seríamos progressistas, imagine, apenas
imagine ...;
- ·
Se
acharmos que o Espiritismo verdadeiro é apenas o nosso, bem, infelizmente
seremos conservadores e apegados ao passado.
Chego a
conclusão portanto, que não dá para cravar 100% no progressista. Nem, muito
menos 100% no conservador. Somos seres complicados e vivemos num ambiente
complexo, cheio de viéses e de interesses de grupos de pressão em todos os
aspectos, no social, no político, no marketing, na família, no campo
espiritual.
Resta
entender e aproveitar este que é, o processo maravilhoso da vida, de experimentar,
de avaliar, de repensar e reposicionar-se. Enfim viver.
Alexandre
Cardia Machado
Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos maio de 2019 agora disponível no link abaixo:
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