POR QUE JULGAMOS TANTO?
É da natureza humana fazer um julgamento, uma avaliação do mundo
de acordo com suas crenças.
Não estou restringindo aqui ao aspecto moral do que é
certo ou errado, mas um olhar que abrange vários itens da vida humana onde está
contido também a perspectiva ética que compõem nossas crenças, a nossa
percepção de mundo.
Cada pessoa é um mundo, que passa por situações
e vivencias com as com as quais sofreu e aprendeu, que só ela conhece e
compreende.
Na maioria das vezes acreditamos que a nossa visão é a única
válida, e isto atrapalha de ir, de ver mais além, e compreender outras
perspectivas diferentes.
Precisamos ter uma abertura para saber que cada pessoa observa o
mundo, o cotidiano sob seu próprio prisma, com lentes pessoais assim como nós.
Não existe problemas no processo de julgar, isto só passa a
existir quando executamos de forma precipitada e imediatista. Não tomando
cuidado de analisar o quanto sabemos daquela situação, daquela pessoa e o
quanto não nos familiarizamos com o contexto que está inserido. Todos têm
direito de expressar sua opinião, emitir seu ponto de vista e ser respeitado. Julgar
não significa justificar os atos dos outros.
“Eu tenho a minha
verdade e você tem a sua. Respeito é eu validar sua verdade, ainda que eu não a
compreenda ou discorde de você”.
Não somos juízes, não estamos fazendo justiça, mas dando um
parecer, uma opinião.
O que condenamos sempre, são os preconceitos tidos como crimes e as
falsas informações com a intenção de difamar e prejudicar o outro.
Expressar e compartilhar pontos de vista não quer dizer convencer
o outro nem que sua opinião deva prevalecer sobre a outra. Mas nem por isso
devemos deixar de falar porque existimos a partir das nossas verdades, que não
são imutáveis.
Troca de opiniões, através do diálogo é ouvir e transmitir com
serenidade.
As diferenças não são negativas pois ajuda a abrir a mente diante
de diversas situações e a liberdade para se repensar ou não, nossa visão de
mundo.
Os
julgamentos que realizamos são permeados por valores e preconceitos que
carregamos dentro de nós. Revelam muito a respeito de nosso caráter, nossa
personalidade e até como anda a nossa vida e quando nos desconhecemos, apesar
de ser uma análise simplista, somos muito mais complexos tendemos como
mecanismo de defesa projetar no outro, atribuir aos outros, nossos defeitos,
sentimentos e desejos; que em psicanálise é uma forma do indivíduo defender-se
dos próprios desejos imputando-os a outro sujeito.
“A alma sempre tende a julgar os outros
segundo o que pensa de si mesma”
– Giacomo Leopardi –
Uma atitude positiva e fundamental é o autojulgamento para trazer autoconhecimento,
que facilita o olhar para si e para o outro. Traz uma flexibilidade para ouvir
o pensamento do outro, e de se colocar no lugar do outro para conseguir uma
postura de empatia.
Infelizmente executamos o ato de
julgar com mais facilidade em relação ao outro do que a nossa própria
avaliação. A postura muda quando somos julgados, sentindo-nos sensibilizados e
incomodados.
Por isso quando o foco do julgamento é o comportamento do outro
devemos sempre ter em mente: o que pretendemos realmente? É fazer com que os
outros vejam nossa visão de mundo? Devemos ter a consciência que nosso padrão,
nosso modo de ver o mundo não é o único.
Devemos
ter cuidado para que nossos julgamentos não sejam uma especulação da vida
alheia e que o uso não seja indiscriminado e virem fofoca pois geralmente se propagam
rapidamente.
Abra sua mente e permita-se descobrir novas perspectivas para
ampliar a sua visão de mundo. Faça do exercício de autoconhecimento um hábito,
tornando-se assim mais gentis e tolerantes em suas análises.
Este artigo foi originalmente publicado no Jornal Abertura de novembro de 2021, interessado em ver o jornal?
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