Allan Kardec
e o Código Da Vinci
“Este artigo de Jaci Régis, originalmente publicado em
abril de 2010 neste jornal (Jornal Abertura republicado em Janeiro 2022), volta a ser publicado pela importância de
refletirmos sobre o Jesus real, desta forma, poderemos tê-lo de forma
digital, permitindo que muito mais pessoas possam tomar conhecimento desta
análise e reflexão.”
Em 2003, Dan
Brown, escritor norte americano, publicou o livro O Código de Da Vinci, que
obteve retumbante sucesso, com milhões de cópias vendidas em vários idiomas ao redor
do mundo.
A repercussão foi
grande porque ele postulava – pois é um romance não histórico – que Jesus de
Nazaré era um homem comum, teria casado com Maria Madalena, recuperada de sua
história de prostituta e ali elevada à discípula mais inteligente e
coordenadora após a morte de Jesus.
No rastro desse
livro polêmico, surgiram controvérsias, denuncias e pesquisas que mostraram que
a história do cristianismo foi forjada pela Igreja.
Hoje se sabe que
dezenas de evangelhos circularam nos primeiros anos do cristianismo, entre eles
o de Felipe que escreveu que Jesus beijava Maria Madalena na boca, mostrando
não apenas intimidade, mas provavelmente uma relação matrimonial.
Tanto a Igreja
Católica, quanto as protestantes e pentecostais negaram a teses e mantém a
mesma história sobre o Nazareno.
Como tudo
começou
Ao contrário do
que se diz e escreve, os primeiros anos do cristianismo foram marcados por
controvérsias e formação de seitas que defendiam pontos de vistas diferentes.
Cada uma se apoiava na interpretação da natureza de Jesus: uns acreditavam que
ele era um homem, outros que era Deus.
Os que acreditavam
que era homem formavam o arianismo, derivado do presbítero Ario. Os
Católicos, da Igreja de Roma, ao contrário, afirmavam que ele era Deus e criaram
a figura da Santíssima Trindade para adequar as várias correntes.
No Concílio de
Nicéia a pendência foi solucionada com a vitória dos católicos e banimento de Ário
e do arianismo, como heresia.
No artigo que
abaixo nos referiremos, escrito em Obras Póstumas, Kardec diz sobre as
conclusões do Concílio de Nicéia: “Se o Símbolo de Nicéia se tornou o
fundamento da fé católico (...) A que se deve a sua adoção? À pressão do
Imperador Constantino que fez dele uma questão mais política do que religiosa.
Sem a sua ordem não se teria realizado o Concílio e sem sua intimidação é mais
que provável que o arianismo tivesse triunfado. Dependeu, pois, da autoridade
soberana de um homem, que não pertencia à Igreja que reconheceu mais tarde o
erro que cometera e que procurou inutilmente voltar atrás conciliando os
partidos, não sermos hoje arianos em vez de católicos e não ser hoje o
arianismo a ortodoxia e o catolicismo a heresia”.
Esse fato
histórico mostra a artificialidade com que se conduziu em relação à natureza de
Jesus de Nazaré. Com a vitória em Nicéia, o catolicismo impôs suas ideias e
durante milênios elas foram consideradas como provindas de Deus.
Para Kardec
Jesus não era divino
Allan Kardec
sempre foi muito cauteloso no confronto com os dogmas católicos. Quando
publicou o Evangelho Segundo o Espiritismo, a primeira pergunta que dirigiu aos
Espíritos foi sobre “Qual a repercussão do clero?”.
Em setembro de
1867, ele publicou na Revista Espírita, um longo artigo intitulado “Caráter da
Revelação Espírita”, depois usado como o Capítulo I do livro A Gênese.
Na revista, ele
adicionou um comentário ao item 44, sobre a natureza do Cristo, que eliminou no
livro. Nesse comentário ele se mantém muito prudente, preferindo calar, mas diz
que “quando o momento for propício levaremos para a balança, não a nossa
opinião, que não tem nenhum peso nem pode fazer lei, mas fatos até este momento
inobservados e então cada um poderá julgar com conhecimento de causa”.
Esse “momento”
surgiu com a publicação em Obras Póstumas de um artigo de 31 páginas, o” Estudo
sobre a natureza do Cristo”.
Como sabemos,
Kardec estabeleceu claramente a estratégia[MA(GP1]
do Espiritismo afirmando que o milagre não existe. Por isso diz ele “convém
riscar os milagres do rol das provas que pretendem basear a divindade do Cristo”.
E afirma “Visto produzirem-se aos nossos olhos, quer espontaneamente, quer
provocados, não há nada de anormal no fato de Jesus ter possuído faculdades
idênticas as de nossos magnetizadores, curadores, sonâmbulos, videntes, médiuns,
etc.”
Pode-se dizer que
todo o esforço de Kardec ao se ocupar das parábolas, milagres do Evangelho foi
justamente pra provar que Jesus era um homem. Teria Kardec diminuído Jesus?
Como se diria hoje “tirar Jesus do Espiritismo”?
De maneira alguma.
Em “Caráter da Revelação Espírita”, ele coloca Jesus como patrono da segunda
revelação e o Espiritismo como caudário de seus ensinos.
No artigo de Obras
Póstumas ele afirma “Jesus era um messias divino pela dupla razão de ter
recebido de Deus a sua missão e de estar, pela sua perfeição em relação direta
com Deus”. Que é uma opinião pessoal, dentro do horizonte em que se colocou
ao filiar o Espiritismo o cristianismo.
Dan Brown mexeu no
vespeiro que continua existindo nas religiões cristãs, quanto à natureza de
Jesus de Nazaré. Os mitos, as histórias que a Igreja criou são milenares.
Pode-se afirmar,
por mera aproximação, que muito antes de Brown, Kardec afirmou a humanidade de
Jesus. Muitas de suas palavras decorreram da prudência que sempre teve em lidar
com a Igreja.
Mas ele escreve “sobre
essa questão, como sobre de todos os dogmas em geral, o acordo entre os Santos
Padres e outros escritores não poderia ser tomado como argumento preponderante,
nem como prova irrefutável a favor de sua opinião, considerando-se que nenhum
deles foi capaz de citar um único fato fora do Evangelho, referente a Jesus,
nenhum deles descobriu documentos novos, desconhecidos de seus predecessores.
(...) O acordo dos Santos Padres, portanto, nada tem de contundente, visto
constitui uma unanimidade selecionada”.
A divindade do
Cristo foi restabelecida no Brasil
O Espiritismo no brasil enfrentou, desde logo
a disputa e a vitória dos místicos. No rio de janeira, oriundos da Igreja
Católica, místicos, cristolatras e mariolatras. Como Bezerra, Sayão,
Bittencourt Sampaio, para citar alguns, moldaram a doutrina às suas
idiossincrasias. A mensagem atribuída a um “anjo” bem diz do nível místico dos
primeiros líderes.
Esse Espírito,
provavelmente um ex-prelado da Igreja, determinou que a tarefa do Espiritismo
seria “pregar o evangelho” e estabeleceu o dístico fundamental “Deus, Cristo e
Caridade”.
Nos primórdios
havia um sentimento anticatólico. Caibar Schutel, na minúscula Matão, no
interior de São Paulo, constitui-se num foco de equilíbrio e serenidade na
divulgação do Espiritismo criando em 1905 a Revista Internacional do
Espiritismo, escrevendo livros e entrando em polêmicas com padres.
Mas a partir de
Francisco Cândido Xavier e de seu “guia” o padre Manuel da Nóbrega, com o
pseudônimo de Emmanuel, definiu-se o Espiritismo como uma religião cristã e
Jesus voltou a ser o divino Mestre, o governador e fundador do mundo Terra,
possuidor de toda a verdade.
A Igreja tinha
vencido. Os docetistas de antanho ressurgiram com Roustaing e o corpo fluido de
Jesus, tese que afirmava que ele sendo Deus não podia se encarnar.
Hoje, qualquer
argumento contra essa divindade é rejeitado. Como nos velhos tempos da Igreja,
se expulsa, se condena quem se insurge contra o dogma.
Entretanto ...
O Valor da missão
de Jesus de Nazaré está em suas lições insubstituíveis. Incorporar ao
Espiritismo a estrutura de fé e de princípios do cristianismo é manter-se preso
ao passado, quando a Igreja e todas as igrejas penam para sobreviver, apoiadas
na tradição e o medo ou impossibilidade de seus crentes de mudar.
O Espiritismo
pós-cristão de modo algum despreza Jesus de Nazaré. Mas certamente não aceita o
cristo divino, porque temos aprendido que a atuação de Deus no mundo se faz sem
a pirotecnia das dramatizações, mas na competente construção de caminhos que o
ser humano vem trabalhando e trilhará.
Jesus de Nazaré,
homem, casado, brilhante, superior é um dos grandes líderes da humanidade. Para
nós o maior.
Jaci Régis –
Desencarnado em dezembro de 2010 – é o fundador do Jornal Abertura.
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O que é Arianismo:
Arianismo,
originalmente, era um pensamento filosófico que não considerava Jesus
Cristo e Deus como uma só pessoa.
Esta ideia surgiu nos
primeiros séculos do cristianismo, afirmando que só poderia existir um único
Deus e Jesus era apenas o seu filho. Mesmo sendo considerado um ser superior ao
homem, Jesus não era um deus para os seguidores do arianismo.
Etimologicamente, a
palavra arianismo teria surgido a partir do nome Ário, um padre cristão de
Alexandria que teria criado esta nova doutrina.
Fonte:
significados.com.br
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Quem foi o Padre Manuel da Nóbrega?
Padre Manuel da Nóbrega (1517-1570) foi um missionário
jesuíta português, chefe da primeira missão jesuíta mandada para a América.
Deixou valiosas notícias históricas sobre o Brasil Colonial, nas cartas que
enviava para a Companhia de Jesus em Portugal.
Fonte: www.ebiografia.com
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O que significa docetismo?
Docetismo (do grego δοκέω [dokeō], "para parecer") é uma doutrina
cristã do século II, considerada herética pela Igreja primitiva. Antecedente do
gnosticismo, acreditavam que o corpo de Jesus Cristo era uma ilusão, e que sua crucificação
teria sido apenas aparente.
Fonte: Https: // pt.wikipedia.org
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