terça-feira, 17 de maio de 2022

A Neca e eu - por Alexandre Cardia Machado

 

A Neca e eu

 

As vidas de todas as pessoas têm coisas diferentes e particulares, algumas positivas, outras engraçadas, eu e minha irmã somos assim. Eu nasci 10 meses e 25 dias depois dela, de tal forma que todos os anos brincávamos que por 35 dias ao ano éramos gêmeos.

A última vez que isto aconteceu, foi no ano passado quando completei 63 anos no dia 1° de maio e terminou no dia 5 de junho, quando a Mariângela fez 64 anos, este é o nome da Neca, apelido que ele mesma escolheu para si mesma.



Bem esta nossa brincadeira aconteceu novamente, pela última vez este ano, minha querida irmã mais velha desencarnou vitimada de um câncer extremamente agressivo que entre o primeiro sintoma e a passagem dela para o Mundo dos Espíritos foram apenas 60 dias.

Toda a morte traumatiza, nos deixa perplexos diante de nossa incapacidade de mudar o curso dos acontecimentos, minha irmã mais velha era espiritualizada, participava do CCEPA – Centro de Cultura Espírita de Porto Alegre, de nosso bairro o Menino Deus. Pelo fato de ter entendimento de que vida e a transitoriedade no mundo dos espírito são dois lados da mesma moeda, lutou o quanto pode, mas, em um determinado momento me disse “Xande se o pior ocorrer estou preparada, não temo a morte”.

A Neca tem três filhos maravilhosos, Marcela, Gabriel e Guilherme, um genro e duas noras e três netinhos. Ficaram todos e nós também, minha mãe Regina e eu, afastados temporariamente dela.

A Mana viveu e aproveitou o mundo o quanto pode, foi professora do município de Porto Alegre, diretora de escola, Pedagoga e Bacharel em Direito, ela estava sempre estudando e buscando por novos conhecimentos.

Quando pequenos, ela era a maior de nosso grupo de primos e mandava em todos, na minha casa, em nossa família coube a ela, mulher abrir os caminhos que sempre ficavam mais fáceis para mim que vinha em seguida.

Vamos sentir muitas saudades, do afeto, do sorriso e das broncas também, porque ninguém ela não era de ferro.

Tive a incumbência de dizer, em nome da família as últimas palavras, num salão muito cheio de parentes, amigos dela, de minha mãe e de seus filhos, e disse que como espíritas sabíamos que a imortalidade dinâmica existe e que não deveríamos ficar tristes, que podíamos chorar, mas que ela estaria bem, no seu novo local de crescimento espiritual.

Até logo Mana.

Neca ou Mary ou Mariângela Cardia Machado (5/6/1957 - 24/3/2022)

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