Disponibilizaremos neste blog os artigos escritos por Egudio Régis e publicados no Jornal Abertura entre os meses de janeiro /fevereiro de 2020 a junho de 2022.
Iniciaremos pelo preâmbulo.
DIALOGANDO COM JACI
Preambulo
Após encerrarmos
o trabalho prazeroso durante dez anos estudando e divulgando os artigos
elaborados pelo mestre na Revista Espírita, iniciaremos uma outra tarefa não
menos prazerosa e de importância para a afirmação doutrinária Espírita em
nossos tempos. Pessoas podem perguntar: por que Jaci Regis? O que ele
representa para o Espiritismo? Seu nome é reverenciado nacionalmente? Por que
não foi reconhecido e divulgadas suas ideias pelos canais do “poder” central do
movimento espírita? Algumas destas perguntas responderemos baseados na vivência
que tivemos dentro do movimento e com o próprio Jaci. Outras a obra literária
dará as respostas que muitos procuram.
Qual o perfil de
Jaci? Poucos da multidão de espíritas puderam realmente conhecer e admirar a
personalidade marcante desse incansável trabalhador, quer dos assuntos
doutrinários, quer da benemerência dedicada à infância e às mães sofridas
carentes a procura de uma vida digna junto das suas crias. Jaci possuía uma energia
de trabalho que chegava a irritar a quem o seguia. Sua mente criativa o
projetava para novos projetos arrojados que faziam tremer as bases
estabelecidas no pieguismo e nos valores envelhecidos pelo comodismo. Desde a
adolescência ousou contrariar e enfrentar os velhos líderes do movimento
espírita santista, cujos centros mais pareciam simulacros de igrejas e templos
evangélicos do que casas de estudos e de divulgação da Doutrina Espírita. Aos
quatorze anos chegou a Santos (catarinense de nascimento) , ingressou na então
fundada Juventude Espírita de Santos (1947) onde logo manifestou seu espírito
inquieto e quando a Mocidade rebelou-se contra os entraves da diretoria do
Centro Espírita Manoel Gonçalves (sede primeira da Mocidade ) e transferiu-se
para o Centro Beneficente Evangélico (em 1949, já então com o nome de Mocidade
Espírita Estudantes da Verdade) Jaci, ainda na adolescência, quando o Mentor da
mocidade o saudoso Alexandre Soares Barbosa teve, por força de sua atividade
profissional, que deixar a condução doutrinária da entidade, chamou para si
essa responsabilidade. O Centro Beneficente Evangélico, era um pequeno centro
com poucos frequentadores e praticamente com as portas quase fechadas. A MEEV
(Mocidade Espírita Estudantes da Verdade), sob a batuta de Jaci deu nova vida
ao Centro. Mas, ele não se conformou com o fato de o nome não identificar uma
casa espírita e sua primeira luta foi convencer a “velha guarda” a acrescentar
o nome Espírita, passando então a denominar-se Centro Espírita Beneficente
Evangélico. Com o apoio de alguns companheiros mais velhos, mas com mente
aberta e, sobretudo, com os jovens da Mocidade, Jaci tornou-se o grande
condutor do Centro. A primeira grande iniciativa foi propor a mudança do nome
de Centro Espírita Beneficente Evangélico, para Centro Espírita “Allan Kardec”.
Para se ter ideia da capacidade intelectual de Jaci, é preciso dizer que até
mais de vinte anos de idade, ele tinha apenas completado o curso comercial,
equivalente na época ao ginásio ou ao primeiro ciclo de hoje. Porque precisava
trabalhar e não tinha tempo para estudar. Assim, somente lhe restava prestar
exame de madureza que hoje seria o supletivo. A partir daí, tendo conseguido o
certificado do segundo grau, não mais parou e laureou-se em três cursos superiores:
Economia, Jornalismo e Psicologia, os dois primeiros em horário noturno por
causa de sua atividade profissional como empregado da Petrobrás. Psicologia
cursou quando já estava aposentado e foi sua última atividade profissional.
Paralelamente aos
trabalhos no Centro e aos primeiros ensaios de questionamentos doutrinários,
Jaci preocupava-se com a atividade de benemerência incorporando-se às campanhas
desenvolvidas pelo Centro e, especialmente ao Lar Veneranda, creche não
propriamente espírita, fundada e dirigida por um grupo de amigos ligados a
atividade portuária. Essa entidade funcionava em uma casa e atendia um punhado
de crianças possibilitando suas mães trabalharem, além de oferecer cursos de
qualificação para essas mães. Sua situação não estava muito boa estando sob
ameaça de despejo e outras dificuldades. Jaci e um grupo de jovens, depois de
algumas gestões, assumiu a direção da entidade e num verdadeiro esforço
heroico, suportando todo tipo críticas e má vontade de pessoas derrotistas, não
só comandou a superação de dificuldades, como conseguiu a façanha de construir
um prédio moderno e confortável para abrigar mais de cem crianças, estendendo a
atuação de creche para o lar de crianças desamparadas. Incansável, dirigia o
Lar, o Centro, fazia palestras, escrevia e trabalhava profissionalmente em
jornada de oito horas. Era difícil acompanhar o seu ritmo de trabalho e isso
muitas vezes o irritava.
Jaci não era uma
pessoa melosa, tinha uma personalidade forte e não usava de eufemismos com ninguém.
Era direto, duro, mas sensível e respeitoso com quem merecia. Era um
palestrador na época em que surgiram os oradores que davam verdadeiros
espetáculos declamando trechos decorados, elevando a voz para impressionar o
público e derramando-se em trechos evangélicos longos. Jaci, não decorava nada,
não fazia pose, não usava linguagem empolada. Não empolgava, fazia pensar,
derramava doutrina clara e ousava tocar em assuntos que melindravam as plateias
acostumadas a ouvir repetidamente lições evangélicas e pouco espíritas. Como
resultado de sua coragem em criticar os centros que mais pareciam igrejas e
assembleias evangélicas, Jaci passou a ser persona não grata nas casas
espíritas. Os jornais que fundou e escreveu, como o Abertura, assim como suas
obras, foram proibidos pelos dirigentes desses centros. Por incrível que possa
parecer, sua palavra foi caçada e seus escritos censurados, sob a égide de uma
doutrina que tem a liberdade de pensamento e de expressão como lema maior. Essa
lamentável atitude espalhou-se por todo o Brasil e por isso suas ideias
revolucionárias, seu descortino em analisar a obra de Kardec e desmistificar o
emanuelismo e o mediunismo que pretendiam substituir e superar Kardec, não
chegaram à massa espírita.
Além dos livros,
que vamos basear nosso trabalho, Jaci foi o grande incentivador do espiritismo
laico, hoje bem sedimentado no continente sul-americano. Idealizador do Simpósio
Brasileiro do Pensamento Espírita, que reúne espíritas de
todo o Brasil e de outros países, é sempre lembrado e citado por muitos
participantes.
Enfim, muito
poderia escrever sobre Jaci, de quem tive a honra de ser irmão de sangue e mais
do que isso, seu admirador e seguidor. Devia esta justa homenagem a um dos mais
importantes espíritas de nosso tempo. Oxalá a partir deste modesto trabalho
algumas pessoas se interessem e mergulhem nos ensinamentos de Jaci Regis.
Na Edição de junho de 2022 do Jornal Abertura fizemos esta homenagem a Egydio Régis.
Nossa
homenagem a Egydio Régis
Dialogando
com Jaci
Egydio Régis é irmão mais novo de Jaci, e o sucedeu
na presidência do CEAK – Centro Espírita Allan Kardec de Santos onde foi
presidente por 15 anos.
Os irmãos tinham muitas coisas em comum, formaram
famílias extensas e de espíritas atuantes, ambos trabalharam na Petrobrás e
como já nos referimos foram presidentes do CEAK e apaixonados pelo Espiritismo.
Egydio dedicou os últimos dois anos e meio a dialogar
com Jaci, utilizando como base para tal alguns dos livros publicados pelo irmão,
o fez ao todo através de seis obras:
A mulher na Dimensão Espírita; Comportamento
Espírita; Amor Casamento e Família; Caminhos da Liberdade; Introdução à
Doutrina Kardecista e Uma Nova Visão do Homem e do Mundo. Nesta edição do
jornal Abertura de junho de 2022 apresentaremos a última coluna produzida por
Egydio Régis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário