Em setembro de 2012, aqui em Santos realizávamos o XXI
Congresso da CEPA, àquela época ainda chamada de Confederação Espírita
Pan-Americana, no Congresso seguinte, realizado em Rosário na Argentina, em
Assembleia foi aprovado o nome que hoje a CEPA ostenta que é Confederação
Espírita Internacional.
O tema central foi “Perspectivas Contemporâneas da
Teoria Espírita da Reencarnação”, realizado entre 5 e 9 de setembro.
Foi um evento que contou com a participação de mais de
300 pessoas com a participação de delegações de dez países, Argentina, Chile,
Cuba, Espanha, Portugal, Estados Unidos, Guatemala, México, Venezuela e Porto
Rico, tendo sido realizado nas dependências da Universidade Santa Cecília de
Santos.
Ao final foi apresentado um documento – Carta de
Santos com 10 pontos relevantes que reproduzimos aqui:
Carta de
Santos
Os participantes do XXI Congresso
Espírita Pan-Americano, da CEPA, que teve como tema central “Perspectivas
Contemporâneas da Teoria Espírita da Reencarnação”, realizado na cidade de
Santos, São Paulo, Brasil, de 5 a 9 de setembro de 2012, emitem a presente
Declaração, a partir de propostas, ideias e conceitos expostos e debatidos no referido
evento:
1- As
estatísticas demonstram que a crença na reencarnação ou sua aceitação como
hipótese científico-filosófica ganha expansão em todos os continentes,
independentemente das tradições culturais e religiosas de seus respectivos
povos e nações.
2- Episódios cada vez mais frequentes de
recordações espontâneas de prováveis vidas passadas, especialmente em crianças,
assim como o emprego de hipnoses regressivas e experiências mediúnicas
acessando presumíveis vidas anteriores à atual existência física, oferecem hoje
rico manancial de estudos apto a fornecer suporte fático à teoria
reencarnacionista.
3- A
aceitação da hipótese palingenesia, especialmente a partir da perspectiva
racional e filosófica, apoiada em indícios e/ou evidências que se verificam no
campo da ciência experimental, vem ao encontro das propostas fundamentais do
Espiritismo, enunciadas nas obras básicas de Allan Kardec e em obras
complementares de filósofos, cientistas, estudiosos, escritores e pensadores
que, depois dele, vêm desenvolvendo a teoria espírita numa perspectiva
progressista, laica e livre-pensadora.
4- Como
resultado desse sério e fecundo labor, é possível, no presente estágio cultural
da Humanidade, apresentar a teoria reencarnacionista espírita como um novo paradigma
filosófico e científico a merecer a apreciação, o estudo, o aprofundamento da
pesquisa e a aplicação prática em todas as áreas do conhecimento e do agir
humano.
5- Para
que a teoria espírita da reencarnação possa, efetivamente, ser assimilada como
um novo paradigma filosófico e científico, entretanto, será mister oferecê-la à
cultura humana, não mais como um artigo de fé religiosa, mas como
conhecimento capaz de dotar o indivíduo e a sociedade de responsabilidade
pessoal e coletiva sobre o progresso individual e social.
6-
Sublinhe-se que, a partir da visão genuinamente espírita, a reencarnação não é
um fim em si mesmo. Ao contrário, é um meio idôneo, necessário, insubstituível,
inserido em um processo multifacetado, dinâmico, parte integrante que é dos
mecanismos da evolução, princípio científico consagrado pela modernidade.
7- À luz
da filosofia espírita, a reencarnação pode ser vista como poderoso instrumento
de busca da justiça social, reduzindo, progressivamente, as desigualdades e
injustiças sociais. Estas jamais devem ser interpretadas como decorrentes de
suposta vontade divina, mas como resultado do orgulho, do egoísmo e do
desrespeito às leis naturais. A proposta ética espírita combate esses vícios
humanos e contribui com a construção de uma sociedade mais justa e solidária.
8-
Diferentemente de antigas crenças, como a da metempsicose, ou de algumas
concepções ainda vigentes em doutrinas reencarnacionistas que se dizem
inspiradas no cristianismo, no hinduísmo ou em outras concepções religiosas do
mundo atual, a palingênese espírita defende que o espírito reencarna para progredir
e não para resgatar culpas. Por isso mesmo, a visão reencarnacionista espírita
é essencialmente pedagógica, exercendo importante papel na progressiva educação
do espírito imortal.
9-
Plenamente inseridos nas propostas contemporâneas em favor da preservação dos
recursos naturais indispensáveis à vida saudável presente e futura, os
espíritas devem envidar constantes esforços em prol de uma teoria espírita
reencarnacionista sustentável, apta a contribuir para a conscientização da
Humanidade no sentido de evitar o consumismo exagerado e a falsa prosperidade.
10- A
visão palingenésica espírita, enfim, liberta o espírito do dogmatismo religioso
e de quaisquer posturas sectárias. Construída a partir das propostas contidas
na obra de Allan Kardec e de seus interlocutores espirituais, e permanentemente
aperfeiçoável pela contribuição progressista e livre-pensadora que resulta do
intercâmbio entre a Humanidade encarnada e desencarnada, é, no entender dos
espíritas aqui reunidos, eficiente instrumento de autoconhecimento, de educação
e de progresso ético individual e coletivo. Afinada com as leis naturais,
especialmente com os valores de Justiça, Amor e Caridade, que as sintetiza, a
reencarnação, tal como sistematizada na teoria espírita, contém, dessa forma,
elementos de convicção científicos, filosóficos e éticos de caráter universal.
Graças à sua visão reencarnacionista, fundada na evolução e no progresso, pode
o Espiritismo oferecer à Humanidade, nesta quadra da História, um novo
paradigma capaz de aproximar culturas e irmanar povos, em favor do Progresso,
da Paz e da Fraternidade.
Santos,
São Paulo, Brasil, 9 de setembro de 2012
Foram homenageados no evento dois pensadores espíritas
que desencarnaram durante a organização do congresso, Jaci Régis e José
Rodrigues.
Os organizadores do evento produziram o livro –
Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação, organizado por Ademar Arthur
Chioro dos Reis e Ricardo de Morais Nunes – lançado em 2016 com o selo do CPDoc
e CEPABrasil.
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