Influências
Místicas de Kardec por Jaci Régis
“A princípio, eu só
tinha em vista instruir-me. Mais tarde, quando vi que aquelas comunicações
formavam um conjunto e tomavam as proporções de uma doutrina, tive a ideia de
publicá-las para que todos se instruíssem”. Assim Allan Kardec relata como
se decidiu iniciar a estruturação do Espiritismo.
A sequência de mensagens mediúnicas que foram dirigidas a
Kardec é também de grande interesse.
- em 25 de março de 1856, manifestou-se um Espírito que se
identificou como Verdade;
- em 30 de abril de 1856,
Um Espírito não identificado faria uma declaração bombástica. Não haverá mais religião, mas uma será
necessária, porém verdadeira, grande, bela e digna do Criador (...) Os
primeiros fundamentos já foram lançados. Rivail , é esta a tua missão”;
- em 7 de maio de 1856, o Espírito Hahnemann confirmou que
ele tinha uma grande missão;
- em 12 de junho o Espírito a Verdade além de confirmar sua missão disse “A missão
dos reformadores é cheia de escolhos e perigos.A tua é rude, previno-te pois
terás de revirar e transformar o mundo inteiro;
- em 5 de abril de 1860, uma mensagem recebido em Marselha
assinada por “um Espírito”, dizia “O Espiritismo foi chamado a desempenhar um
papel imenso na Terra. Reformará a legislação, tantas vezes contrária às leis
divinas, retificará os erros da História, restaurará a religião do Cristo”;
- em 9 de agosto de 1863 após o lançamento do Evangelho
Segundo o Espiritismo, uma comunicação
afirma !Aproxima-se a hora em que terás que declarar abertamente o que é o
Espiritismo e mostrar a todos onde está a verdadeira doutrina ensinado pelo
cristo.A hora em que à face do Céu e da Terra, deverás proclamar que o
Espiritismo como a única tradição verdadeiramente cristã, a única instituição
verdadeiramente divina e humana”
Para Herculano Pires, essa mensagem mostra sem réus, numa
hora histórica do Espiritismo, que a natureza da doutrina é essencialmente
religiosa. Em 30 de janeiro de 1866, assinado por “um Espírito”, uma mensagem
anunciava os novos tempos “Regozijai-vos, portanto, vós todo os que aspiram à
felicidade e que quereis que vossos irmãos a compartilhem convosco. O dia é chegado!
A Terra palpita de alegria porque vai ver o inicio do reino da paz prometido
pelo Cristo, o Divino Messias, reino cujos fundamentos ele veio lançar”.
Essa pequena transcrição do livro Obras Póstumas, mostra
como o prof. Rivail foi cercado por Espíritos ligados efetivamente à religião.
Eles criaram um ambiente de exaltação ao trabalho dele e afirmaram que os
tempos eram chegados e dentro da mesma forma deslumbrante das profecias,
profetizaram o sucesso ímpar do Espiritismo. E como em geral as profecias,
estas também falharam.
Não tinham noção das revoluções sociais, humanas e
cientificas que em menos de cem anos abalariam definitivamente o mundo. Estavam
a alguns anos do século vinte e nele vislumbraram a implantação mística do
reino de Deus, dentro do modelo cristão, católico.
A trajetória de Kardec é sinuosa.
Queria que o Espiritismo fosse uma ciência. Mas criou uma
religião, sem querer que fosse religião.
Chamou o papel dos Espíritos de divino, mas ao mesmo tempo
alertou: “Um dos primeiros resultados de minhas observações foi descobrir o
fato de que os Espíritos nada mais sendo que as almas dos homens não possuíam
nem a suprema sabedoria nem a suprema ciência. Agi com os Espíritos como teria
feito com os homens. Foram para mim, desde o menorzinho até o maior deles,
veículos de informações e não reveladores predestinados”.
Devemos reconhecer que com essa assessoria mística,
católica, provinda do plano extrafísico, ele ainda assim saiu-se muito bem. Na
verdade, resistiu a esse assédio como equilibrista da razão e da fé.
O século vinte um desponta como uma incógnita sob a
liderança inconteste da ciência dura e coadjuvada pelas ciências humanas.
Nota da Redação –
este texto foi recuperado do Disco Rígido do computador pessoal de Jaci Régis e
apresentado agora no ABERTURA. Publicado no mês de maio de 2013.
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