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sexta-feira, 12 de maio de 2017

O Laço Mental - Alexandre Cardia Machado

O Laço Mental




Krisnamurti de Carvalho Dias no seu livro O Laço e o Culto fala sobre a religião como um laço, uma união entre pessoas que comungam da mesma ideia.

Muitas vezes nos perguntam se o jornal ABERTURA tem uma pauta, uma reunião de definição de assuntos que devem ser escritos. A verdade é que isto não existe, temos sim em muitas edições um laço mental entre os articulistas.

Esta edição é uma delas, temos dois artigos que tratam profundamente do livre-pensamento, um de nosso editor Alexandre Machado e outro de Ricardo Nunes, na coluna do CPDoc. São artigos que se complementam e ajudam a propagar nossa maneira de pensar o mundo.

Reinaldo di Lucia tem seu trabalho, apresentado no SBPE em 1995 citado no editorial abaixo e também parcialmente reproduzido na coluna Espiritismo para o Século XXI.

Roberto Rufo, na coluna Fato Espírita comenta o livro Revolução Espírita de Paulo Henrique de Figueiredo, este que estará em Santos em Março no 12° Forum do Livre-Pensar da Baixada Santista, vejam os detalhes na capa do Abertura.

Creio que estas coincidências, são na verdade união de pensamento, demontra a força de nosso pensamento plural, livre-pensador. Na página 8, Roberto Rufo aborda a questão do preconceito de cor algo que ao tempo de Kardec, já haviam algumas considerações, mas que nos dias de hoje, todo este modo de ver e pensar foi atualizado e o Espiritismo não pode ficar para trás. Hoje nosso grupo enfrenta de frente todo e qualquer ataque à liberdade do ser humano.

Esta força plural, aberta, nos motivou a mudar um pouco nosso logotipo, queremos reforçar a ideia de abertura de pensamento e de pluralidade. Nosso jornal tem o subtítulo Jornal de Cultura Espírita o que nos impulsiona para a necessidade de nos abrirmos aos fatos. Tem também em sua barra azul a frase Espiritismo – Ciência da Alma, pois o que importa mais ao espiritismo são as coisas que afetam o ser humano e sua alma encarnada.

Já temos hoje um conjunto de ideias estabelecidas que cada vez mais nos aprofundamos, buscando com isto desenvolver o progresso do Espírito, foco da Ciência da Alma. O nosso movimento progressista já é um segmento separado do Espiritismo à Brasileira, somos um grupo que trabalha, dedica-se a ratificar a ideia de um Espiritismo Livre-Pensador.

NR: Artigo publicado no Jornal Abertura - Janeiro/Fevereiro de 2017


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

DA ESPANHA ÀS AMÉRICAS: A TRAJETÓRIA DA TRADIÇÃO ESPÍRITA LIVRE-PENSADORA - por Herivelto Carvalho

DA ESPANHA ÀS AMÉRICAS: A TRAJETÓRIA DA TRADIÇÃO ESPÍRITA LIVRE-PENSADORA
Herivelto Carvalho

Por volta de 1870, Don Justo de Espada, um espanhol oriundo de Málaga, veio tentar a sorte na Argentina, trabalhando em empreendimentos comerciais, na capital Buenos Aires. Trouxe consigo uma carta de recomendação que comprovava sua vasta experiência no ramo, porém, sua maior contribuição ao país que o acolhera, não foi no campo profissional, mas sim no das ideias espiritualistas, pois foi o primeiro divulgador de um movimento que, no dizer de Cosme Mariño, preocupava os intelectuais mais avançados do Velho Mundo: o Espiritismo. Outro espanhol, Angel Aguarod, antigo integrante do Centro Barcelonés de Estudios Psicológicos, se tornou no início do séc. XX, um dos principais divulgadores do Espiritismo na América do Sul. Em Cuba, imigrantes catalães deram início aos primeiros agrupamentos espíritas do país.

Estes exemplos ilustram como a vinda de imigrantes espanhóis foi fundamental para o desenvolvimento do Espiritismo em vários países da América Latina. Além de atuarem como propagandistas da nova doutrina, trouxeram consigo algumas características que eram peculiares do movimento espírita espanhol, dentre elas, uma forte tendência de associação doutrinária com os ideais de livre-pensamento, secularismo e atuação social.

Esse movimento desenvolveu grande unidade e atuação na sociedade espanhola, cuja proposta filosófica se apresentava como a superação das religiões positivas. Esta forma moderna de espiritualismo rechaçava os elementos de dogmatismo existente nas religiões do passado e pretendia desenvolver uma nova espiritualidade racional, capaz de se relacionar com a filosofia e a ciência. Pelas particularidades que o mesmo desenvolveu, formou uma escola de pensamento que tem como atributo principal a interpretação do Espiritismo como um sistema de ideias aberto, progressivo, não-dogmático e relacionado com o livre-pensamento, constituindo, portanto, no sentido filosófico, uma tradição.

Podemos afirmar que o surgimento da tradição espírita livre-pensadora ocorreu, no final do séc. XIX, quando as obras de Allan Kardec se popularizaram na Espanha. Seus expoentes iniciais foram Alverico Perón, Fernandez Colavida, Torres-Solanot e Amália Domingo Soler. Esta tradição adquire características próprias não porque fez um rompimento com o pensamento kardecista, mas sim pelo método de desenvolvimento adotado e pelo modo de atuação no seu contexto social, que se distinguiu do modo como os espíritas franceses praticavam e divulgavam o Espiritismo.

Profundamente organizado e ativo, o movimento espírita espanhol se internacionalizou, influenciando a formação de movimentos espíritas nos países americanos. A Espanha, portanto, se tornou para estes, a principal fornecedora de conteúdo doutrinário, através de periódicos e livros que atravessavam o Atlântico, tornando alguns autores espanhóis muito populares no Novo Mundo. Essa situação fez com que, no final do séc. XIX, a figura da espanhola Amália Domingo Soler se tornasse uma das maiores divulgadoras internacionais do Espiritismo, tendo seus escritos reproduzidos em publicações por toda a América Latina.

Outro exemplo de intercâmbio cultural entre os movimentos espíritas dos dois continentes pode ser notado, durante a realização do Primeiro Congresso Internacional Espírita, em Barcelona, no ano de1888, em que as duas maiores delegações, com exceção da própria Espanha, eram as de Cuba e México, bem como, um dos secretários do evento foi o destacado líder espírita cubano Eulogio Prieto.

Apesar de as ideias de laicidade, livre-pensamento e constante atualização serem praticadas por espíritas latino-americanos e espanhóis, desde as últimas décadas do séc. XIX, com o passar dos anos, no âmbito do movimento espírita pan-americano, o conhecimento acerca desse fato, ficou perdido, a ponto de muitos integrantes desse movimento acreditarem que tais ideais se consolidaram após a fundação da Confederação Espírita Pan-americana em 1946.

Após o resgate e disponibilização virtual de obras clássicas de autores que atuaram como protagonistas no desenvolvimento do Espiritismo pan-americano, realizada com muito zelo pela equipe do projeto PENSE, foi possível uma leitura mais atenta deste material, o que permitiu identificar um grande número de citações e referências a autores espanhóis que se consagraram nas primeiras décadas do movimento espírita daquele país, cujo trabalho apresentava uma ascendência sobre o pensamento dos espíritas latino-americanos. Naum Kreiman, por exemplo, ao falar sobre seu conceito de ciência espírita, cita, diversas vezes, o pensamento de Manuel Sanz Benito, espanhol que, em 1890, publicou importante obra sobre a epistemologia espírita.

Uma análise atenta desse fato confirma que o Espiritismo divulgado e vivido pela CEPA é o desenvolvimento das ideias da tradição espírita livre-pensadora, elaborado durante um intercâmbio cultural, onde o conhecimento espírita produzido nos dois continentes possuía mútua influência. Trata-se de uma escola de pensamento espírita perpetuada e ampliada por pensadores latino-americanos como Mariño, Porteiro, Mariotti, Fernández, Kreiman, Grossvater, Postiglioni, Aizpúrua, dentre outros.

Esse intercâmbio foi crescente e progressivo até os anos 1930, quando a Guerra Civil Espanhola e a perseguição imposta pela ditadura do General Franco destruiu o forte movimento espírita espanhol. A partir desse momento, os espíritas americanos perceberam que estava sob sua responsabilidade, a tarefa de manter vivo o projeto de desenvolvimento do Espiritismo, e que para efetivar esta atividade, seria preciso instituir um movimento integrador para o continente. O resultado dessa percepção culminou com a iniciativa de criação da CEPA.

Os ideais de defesa do caráter progressivo, laico e livre-pensador do Espiritismo bem como o desenvolvimento da Filosofia Espírita e sua atuação em diversos setores da sociedade como a política, a educação, a justiça, etc, tão defendidos na atualidade pelos espíritas cepeanos, podem ser facilmente encontrados na aurora da tradição espírita livre-pensadora.  Em 1890, Sanz Benito, alegava que “nunca o Espiritismo poderá constituir escola, doutrina ou sistema, com afirmações definitivas, pois que sempre deixará amplo campo às investigações e sempre irá ampliando seu curso científico”, dando destaque ao seu caráter progressivo. O próprio Congresso de 1888 se pautou pela manutenção deste mesmo caráter ao buscar efetivar o projeto de Kardec sobre os "congressos orgânicos", que seriam responsáveis pela revisão geral e a adesão de novos princípios. O mesmo evento salientou a característica de laicidade, ao afirmar, no texto de sua declaração final, que era preciso um “esforço constante para difundir o laicismo por todas as esferas da vida”. Alguns anos antes, Colavida, em carta a Albert de Rochas, afirmava essa mesma característica ao declarar que “O espiritismo não é nem cristão, nem muçulmano, nem judeu, etc.”.

Ao longo de sua existência, a tradição espírita livre-pensadora, através das obras de autores clássicos e modernos, contribuiu para o desenvolvimento dos fundamentos e da natureza do Espiritismo. A CEPA ampliou sua participação, nos últimos anos, no Brasil, na Espanha e na França, além de continuar atuante em todo o Continente Americano, e, como uma legítima herdeira dessa tradição, tem a tarefa de manter vivos seus ideais, especialmente, o tão importante caráter progressivo do Espiritismo, considerado por Kardec como a condição essencial para a sua perpetuidade e sobrevivência.

Herivelto Carvalho é servidor público municipal, membro do CPDoc e delegado da CEPA em Ibatiba ES.

Os artigos desta coluna baseiam-se em estudos e pesquisas desenvolvidos pelo CPDoc.www.cpdocespirita.com.br / contato@cdocespirita.com.br

NR: Este artigo foi originalmente publicado no Jornal Abertura de outubro de 2016 - na coluna CPDoc em Foco.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Entrevista com Jaci Régis - Blog Observador Espírita

Texto obtido no blog – Observador Espírita de Delmo Duque dos Santos autor do livro Nova História do Espiritismo. A ele Jaci deu uma entrevista por telefone em 2010, que aqui publicamos inteiramente.

“Para os novos simpatizantes e pesquisadores do Espiritismo, o psicólogo e escritor Jaci Régis realmente não dispensa apresentações. Ativista histórico, começou no movimento espírita liderando a mocidade Estudantes da Verdade, cuja primeira empreitada foi mudar o nome da casa que frequentavam: saiu o Centro Beneficente Evangélico e nasceu o Centro Espírita Allan Kardec, até hoje em funcionamento. Jornalista sindicalizado, editou durante muitos anos o periódico Espiritismo e Unificação, mudado nos anos 1980 para o provocativo nome “Abertura”. Criado na onda da redemocratização do País, o jornal continua ativo e sempre aberto aos novos articulistas. ... Sua trajetória jamais deixará de ser associada ao chamado Grupo de Santos, formado por pensadores de vários lugares do Brasil e da América Latina que enxergam o Espiritismo de uma forma bem diferente daquilo que é praticado pela maioria dos espíritas. É o espiritismo laico, não religioso, voltado para as questões sociais e cotidianas e não somente para os problemas espirituais. Só esses dois adjetivos são suficientes para avaliar as repercussões e o incômodo que ele causa entre os espíritas tradicionais.

Mas Jaci não é nada daquilo que pintam sobre ele, sobretudo o líder radical e intolerante desenhado pelos que se sentem inseguros e impotentes diante de suas idéias e da coragem de divergir da maioria. É uma pessoa fraterna, muito franca, bem-humorada, sensível, enfim, um típico espírita que convence mais pela forma como age do que propriamente pelo que pensa. Ele sua esposa Palmira , com a ajuda dos filhos e de alguns amigos, dirigem há muitos anos o Lar Veneranda e mais recentemente o Instituto Cultural Kardecista , dois espaços muito conhecidos em Santos. O Lar é uma típica obra social espírita, da qual Jaci sempre diz que é simples obrigação de cidadão: “Não me sinto nada caridoso fazendo isso”. Já o ICKS é trabalho de prazer e combate ideológico, espaço de cultura, de agitação e realização de eventos, principalmente o Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita.Também nos concedeu uma interessante entrevista sobre todas essas coisas a seu respeito e também sobre a sua última novidade. ”

OE - A religião continua sendo um equívoco dentro do movimento espírita? 

JR - Sem dúvida. Na medida e que o Espiritismo se torna uma religião, perde a flexibilidade evolutiva que lhe caracteriza a estrutura criada por Allan Kardec. A religião, por definição, apóia-se em verdades absolutas e por afirmações dogmáticas. 

OE- Por que os espíritas têm tanta dificuldade para romper com os laços religiosos e cultivar uma religiosidade mais natural? 

JR - Devemos ter em mente que as estruturas religiosas se sedimentaram em nossa mente através das reencarnações. Romper com elas é tarefa de reflexão, meditação, raciocínio e decisão. Isso acontece quando a pessoa consegue superar o medo de ficar desamparada pelo divino e compreende que o divino se manifesta diariamente na vida de todos. 

OE- Você acredita que Kardec estranharia o atual movimento espírita no Brasil? 

JR -Creio que sim, porque a forma como foi desenvolvido o Espiritismo no Brasil contraria a linha que ele adotou na criação da doutrina. 

OE- Queiram ou não queiram os antipáticos, o chamado Grupo de Santos formou escola e já entrou para a história do movimento espírita. Como você vê tudo isso? 

JR -O “grupo de Santos” do qual eu fui o principal articulador, teve a coragem, no seu tempo, de apresentar uma visão dinâmica da doutrina em contraposição ao esquema montado por pessoas e Espíritos ligados umbilicalmente ao sentido cristão da vida. 

OE- Você sempre foi muito crítico ao perfil doutrinário da FEB e de outras entidades federativas. Houve alguma mudança na sua opinião? 

JR -A FEB é uma instituição respeitável e lidera a maior parte do movimento espírita. A ela estão ligados os representantes dos centros e federações. Entretanto, desde sua fundação ela seguiu um caminho próprio, diferente do preconizado por Kardec. Esse caminho compreendeu um extremo sentido religioso, místico e até aceitando as teses de Roustaing. Ultimamente se tornou menos inflexível, mas prossegue na sua intenção de liderar o movimento espírita mundial, na feição de corrente evangélico-mediúnica. 

OE- A CEPA é realmente uma alternativa crescente no movimento espírita? 

JR- A CEPA pode se tornar uma alternativa positiva ao Espiritismo mundial, na media que se espalha não apenas na América, mas também na Europa. É numericamente pequena, mas reúne um grupo de espíritas que possui gabarito intelectual para disseminar uma forma de entender o Espiritismo adequado ao progresso e à realidade social. Para isso, contudo, é necessário definir claramente seus objetivos e trabalhar por eles. 

OE- E sobre as práticas espíritas, você considera o passe uma autêntica atividade espírita? 

JR - Hoje em dia se diz aplicação ou transmissão energética, por ser mais adequada ao processo de transmissão de energia humana e magnética. Não se trata de uma prática genuinamente espírita, mas oriunda do magnetismo. Penso que é útil e efetiva quando aplicada de forma consciente e fraterna, sem considerá-la uma panacéia. 

OE- Por que você passou a utilizara expressão “kardecista”, não bastava apenas “espírita”?
JR -Entre as muitas deturpações a que o Espiritismo tem sofrido, incluímos a apropriação de desvio do significado dos termos “espiritismo” e “espírita”. Correntes esotéricas e de base dos cultos africanos se auto denominaram espíritas e as ousadias de dirigentes de centros que se intitulam espíritas criando “doutrinas próprias”, tornou o ambiente confuso, de modo que a palavra “espírita” não significa necessariamente o que Allan Kardec criou. Por isso, acreditamos que a palavra “kardecista” oferece uma apropriada denominação ao esforço que temos feito de reescrever o pensamento de Allan Kardec, adequando-o ao processo evolutivo das idéias e da humanidade. Daí crermos que “kardecista” refere-se mais especificamente ao trabalho original de Allan Kardec, delimitando nosso espaço e definindo nossos propósitos. Certamente jamais a palavra “espírita” será substituída por ter sido criada por Kardec, mas “kardecista” está diretamente ligada ao criador da doutrina. 





OE- Ser kardecista hoje significa ser fiel, sectário e até fanático em algumas situações e agremiações espíritas. O que está acontecendo? 

JR - Ser kardecista é ter conseguido livrar-se dos condicionamentos sectários e ter um novo pensar, dinâmico e reflexivo sobre os problemas humanos, a partir dos enunciados iniciais de Allan Kardec.
OE- Finalmente, o que está desatualizado: Kardec ou o Espiritismo? Kardec é necessariamente sempre sinônimo de Espiritismo? 

JR - Kardec é o criador do Espiritismo. Daí ser a raiz do pensamento espírita agora e sempre. Mas ele deixou claro um caminho de evolução e aperfeiçoamento do corpo doutrinário. Sendo como foi um homem atual, moderno e um pensador sábio, ao constatar que o Espiritismo seria ultrapassado se fosse uma religião ou tentasse ter as respostas absolutas para os problemas da pessoa humana com os conhecimentos de sua época. Por isso, deixou claro que o Espiritismo evoluiria ou morreria. A “morte” do Espiritismo não se dará por desaparecer, mas por perder seu significado progressivo e progressista e quando não puder oferecer ao ser humano uma reflexão cabível e atual sobre si mesmo e seu futuro”.

NR1: Para conhecer o blog Observador Espírita digite: http://observadorespirita.blogspot.com.br/

NR2: Se você quiser conhecer quem foi Jaci Régis: http://icksantos.blogspot.com.br/2011/10/jaci-regis-bibliografia.html?_sm_au_=iMH10HsW67SnZngR 


sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Boa Onda - Espiritismo Livre-Pensador - por Alexandre Cardia Machado

Vivemos um ótimo momento no Espiritismo laico e livre pensador brasileiro e internacional. A presidência da CEPA depois de 8 anos retorna ao Brasil, agora sob a égide de Jacira Jacinto da Silva. Já é possível perceber que uma nova equipe de divulgação muito animada começa a por em prática grandes planos de fazer com que as ideias de nosso grupo passem a ser conhecidas pela sociedade. Este grupo se reune desde o Congresso em Rosário, físicamente e virtualmente buscando ferramentas mais modernas de divulgação. Publicaremos os avanços conforme vão se desenvolvendo.



A CEPABrasil e o CPDoc estão divulgando o  lançamento do livro - Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação - uma coleção de textos apresentados no XXI Congresso Espírita Pan-Americano de Santos, promovido pela CEPA em 2012, selecionados e coordenados por Ademar Arthur Chioro dos Reis e Ricardo de Morais Nunes e com projeto gráfico de Eugenio Lara. Livro este que fez o seu pré lançamento no XXII Congresso Espírita Pan-Americano de Rosário na Argentina e que agora está sendo lançado em vários eventos no Brasil, o próximo será em Santos, como pode ser visto em detalhes nesta edição do Abertura. Devemos comemorar cada nova iniciativa editorial, pois permite a divulgação e a penetração das raízes espíritas na sociedade.

 Em 2014 tivemos a publicação em espanhol do livro de Jaci Régis - Uma Nova Visão do Homem e do Mundo. Publicado e traduzido em Porto Rico  por José Arroyo, fazendo com que mais ideias brasileiras kardecistas e livre-pensadoras penetrem na América Latina e Espanha.
Neste mês de setembro, estará sendo realizado em Madrid, Espanha o II Congresso Espírita Internacional, organizado pela AIPE – instituição espanhola que está em processo de adesão  à CEPA, estarão participando vários brasileiros e parte da direção da CEPA estará presente. A globalização da CEPA segue a passos largos.  Cabe mensionar o fato de que o XXIII Congresso Espírita-Panamericano deverá ser realizado também na Espanha em 2020.

Ao mesmo tenpo a consistência do grupo de Santos se torna cada vez mais efetiva, nosso grupo já organizou , 14 Simpósios Brasileiros do Pensamento Espírita e  11 Fóruns Espíritas do Livre-Pensar da Baixada Santista. Sendo um núcleo de suporte importante para todo este movimento de expansão de penetração de ideias.

 Ademar Chioro, ex-Ministro da Saúde tem se tornado um importante porta-voz, conseguindo espaços importantes na mídia para a divulgação do Espiritismo. Como, ocorreu, no dia 25 de agosto ao ser entrevistado, pelo surpreendentemente empolgado pelo tema Amaury Jr, na emissora Rede TV.
 A CepaBrasil, além de seu já tradicional blog:  http://cepabrasil.blogspot.com.br/  lançou uma página na internet:  http://www.cepabrasil.org.br/portal/ administrada por  seu Vice Presidente Neventon Vargas com uma gama maior de material disponível, onde destacamos a loja virtual, projeto em desenvolvimento, mas que já conta, neste momento com 24 livros expostos para venda.

Como dizem os nossos “hermanos” – “Una buena onda!” ( Uma boa onda!)

terça-feira, 26 de julho de 2016

O sorriso de Diegues - por Mauro Spinola

Coluna do CPDoc julho 2016 - Jornal Abertura - Julho 2016

O sorriso de Diegues

Havia pessoas maduras e jovens naquele grupo, todos espíritas e apaixonados pelo espiritismo. Em suas respectivas cidades, cada um militava pelo aprimoramento do movimento espírita. Antigas e novas batalhas os uniam: por menos igrejismo e evangelização, por mais pesquisa e espiritização, por menos sincretismo, por maior abertura de ideias.  Representavam um grupo pequeno, mas muito ativo, espalhado por todo o Estado de São Paulo e por outros pontos do Brasil. Possuíam conexão com espíritas de outras nações, com visões também libertárias, desvinculadas das amarras do religiosismo dominante no Brasil.

Henrique Diegues aos 89 anos na reinauguração da praça Allan Kardec em Santos, 2012 durante o XXII Congresso Espírita Pan-americano.


Realizavam no início de 1986 várias reuniões, todas muito animadas – ora em São Paulo, ora em Santos – para preparação de uma proposta inovadora para a USE (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo), da qual todos participavam. As ideias borbulhavam. Era sim possível construir um movimento mais dinâmico, calcado no conhecimento e no debate de ideias, alinhado com o desenvolvimento das ciências e da própria sociedade. Foram desenhados projetos arrojados de transformação: congressos com apresentação de pesquisas e livre expressão do pensamento, cursos centrados na obra completa de Allan Kardec (não só em O Evangelho Segundo o Espiritismo), atividades para a infância baseadas na cultura geral e no espiritismo (não limitadas pelo discurso da evangelização infantil), seminários para análise profunda das questões morais e sociais, livres do moralismo vigente. Uma busca essencial: o foco no ser humano, na existência humana, na liberdade de pensamento e ação, na vida intensamente vivida e não na vida após a morte.

Praça Allan Kardec -Em Santos -iniciativa de Henrique Diegues


O grupo decidiu montar a chapa "Unificação, hoje! Para os novos tempos uma nova USE” e concorrer às eleições da USE, que se aproximavam. Haveria, certamente, muitos questionamentos, pois as ideias que ali se discutiam de forma alguma representavam o pensamento hegemônico entre os que dirigiam o movimento espírita no Estado de São Paulo ou do Brasil. Pelo contrário, algumas das antigas batalhas – como a que propunha a substituição da evangelização infantil por atividades educacionais centradas no espiritismo – já haviam causado anteriormente grande tensão. Não havia faltado acusações de que aquelas pessoas eram contra Jesus e Deus, que pretendiam destruir o espiritismo, e assim por diante.

Ciente das dificuldades que enfrentaria, o grupo se deparou com uma questão delicada. Quem seria o candidato a presidente? Poderia ser o jornalista editor do mais autêntico, polêmico e atacado periódico espírita? Seria melhor que assumisse o arquiteto que articulou a chapa em formação? Teria melhor resultado colocar um dos jovens que participavam do grupo ou mesmo um dos experientes e respeitados dirigentes espíritas de São Paulo? Em meio às várias opções aventadas, alguém propôs o nome de Henrique Diegues, o veterano participante daquele grupo e do Centro Espírita Beneficiente Ângelo Prado, de Santos. Os olhos de todos brilharam. Não poderia haver melhor proposta.
Henrique Diegues estava presente, junto com sua amada e amável Nair, em todas as reuniões. Seu sorriso se destacava (e contrastava) nos momentos de maior preocupação. Suas palavras sóbrias davam cor diferenciada às angústias e dúvidas que apareciam naquele ambiente de grande agitação. Ele aceitou de imediato a indicação.

Começou a campanha e nem tudo foi flores. A chapa concorrente, denominada “Tríplice Aspecto”, que se apresentou depois, colocava-se claramente como o antídoto contra a destruição da religião espírita. A chapa “Unificação, hoje!” viajou por todo o Estado, levando a sua proposta. Hospedagem no local nem sempre havia. Muitas foram as vezes que o grupo se apresentou com exíguo espaço de tempo e depois ouviu do dirigente local que ele e toda a cidade apoiavam a outra chapa. Como numa guerra santa, não faltaram ataques e insinuações sobre as intenções e o caráter dos colegas da chapa inovadora. Henrique Diegues deixou claro em entrevista dada ao jornal "Espiritismo e Unificação" que "o nosso propósito é sobretudo servir à Doutrina, como temos feito ao longo de mais de trinta anos". Esclareceu que não havia nenhuma intenção ideológica, pois as diretrizes para a USE eram estabelecidas pelo Conselho Deliberativo Estadual.

Nos momentos de maior cansaço ou indignação, a palavra madura de Diegues constituía a paz que o grupo necessitava. Ela foi essencial para que não faltasse energia até a reta final.
Chegou o dia da Assembleia e os representantes de todo o Estado se reuniram em São Paulo para a grande decisão. Alguns participantes do grupo diziam que havia chance para uma (improvável) surpresa e a chapa poderia ganhar. Henrique Diegues não se aventurou em prognósticos, mas manteve seu sorriso sóbrio. No momento da apresentação da chapa, ele representou o grupo, sintetizando as principais ideias. Mostrou que nenhum perigo havia, que o progresso proposto se construiria com união e integração.

A Assembleia foi tensa. Calúnias e ataques continuaram correndo nas articulações. O representante de uma cidade do oeste do Estado, que havia viajado de ônibus por mais de 500 Km, foi desautorizado por seus pares no momento que se levantou para votar. Com uma nova e surpreendente procuração, um outro representante votou em favor da outra chapa. A derrota, ao final, foi massacrante: 63 votos a 13 para a chapa concorrente.

Ao término do dia, o grupo avaliou que havia dois legados essenciais. O primeiro foi a oportunidade de debater e dialogar: a discussão e a reavaliação de conceitos que a chapa promoveu deixava marcas para todos os debates que viriam pela frente. O segundo e mais delicioso legado foi a lembrança do sorriso sóbrio de Henrique Diegues. A chapa cumpriu o seu papel e ele estava satisfeito. Fomos para casa com esse presente e a certeza de que aquela caminhada estava apenas começando.

No mês de março de 2016 morreu, aos 93 anos, o amigo, militante e dirigente espírita Henrique Diegues. A lembrança e o registro de seu papel no episódio da eleição de 1986 fica como uma singela, porém muito grata e justa homenagem a esse grande espírita.

A seguir publicamos a proposta da Chapa Unificação:








segunda-feira, 30 de maio de 2016

XXII Congresso Espírita Panamericano da CEPA - Rosario Argentina

XXII Congresso Espírita Panamericano da CEPA - Rosario Argentina

Tendo como tema central – “La espiritualidad en el siglo XXI” – ou “A Espiritualidade no século XXI” e com a participação de mais de 300 pessoas, reuniram-se em Rosário para está festa do conhecimento de nosso grupo livre-pensador.

O Congresso se realizou no Centro de Exposições Puerto Norte, muito moderno recentemente inaugurado, um complexo residencial, hoteleiro e de negócios.


Uma abertura, muto significativa, a quente recepção dos organizadores e a perfeita coordenação do evento marcou o Congresso desde o primeiro momento.

Abriu o evento Raúl Drubich 

Raúl Drubich

Este Congresso marca o final da gestão de Dante Lopez de 2008 a 2016, Uma gestão marcada pela integração e incorporação de grupos fora das Américas. Dante conseguiu também fazer uma forte presença da América Central e Caribe, além de manter estreita a ligação com o Brasil.

Dante Lopez
Jacira Jacinto da Silva eleita Presidente da CEPA para o período de 2016 a 2020

Jacira Jacinto e Mauro Spinola



Depois de 8 anos na Argentina a Presidência da CEPA volta ao Brasil, país com a maior população espírita mundial. Milton Medran Moreira, colunista deste jornal foi presidente da CEPA de 2001 a 2008. Jacira, aqui na foto com Mauro Spínola seu marido, e sua equipe terá como desafio, fazer crescer mais a participação da CEPA no Brasil e no resto do mundo. Dante Lopez e sua equipe prepararam um Planejamento Estratégico para a CEPA, caberá à nova equipe, revisá-lo e implementá-lo para que sejamos mais presentes como força de transformação da sociedade.

Jacira e Mauro apresentaram em painel o tema “ Solidaredade, Justiça e Espiritualidade” no Congresso.

Ademar Chioro – Presidente do Comitê Organizador do XXI Congresso da CEPA de 2012 em Santos discursou na cerimônia de abertura.

Ademar Arthur Chioro dos Reis

Sr. Iván Figueroa Agrinsoni da Escuela Espírita Allan Kardec de Porto Rico – O Espiritismo no Dicionário - Mudança de dois verbetes , Espirtismo e Espiritista pela Real Academia de Letras da Espanha. Este esforço iniciado em 2013 e que logrou exito em 2016. Uma perseverante frente liderada por Porto Rico.

Ivan Figueroa Agrinsoni

As Artes

As artes estiveram presentes, não só por espetáculos, mas também através da proposta de incluir a música como uma forma de auto conhecimento. Este foi o caso do trabalho apresentado por Mário Molfino, A arte e a música como gerador das emoções, como um tema livre.



Livraria

Muitos expositores trouxeram seus livros para serem vendidos no Congresso, o ICKS disponibilizou o livro Comportamiento Espírita de Jaci Régis e o Caderno Cultural – Reencarnação.A Escuela Espírita Allan Kardec de Porto Rico ofereceu à venda o livro “ Una nueva Visión del Hombre y del Mundo” traduzindo ao espanhol  esta importante obra de Jaci Régis – Uma nova visão do homem e do mundo.

Jóvens Brasileiros – MEEV

Rafael Régis dos Reis – Presidente da MEEV – Mocidade Espírita Estudantes da Verdade do Centro Espírita Allan Kardec de Santos, apresentou um trabalho – A Internet contra o livre pensar - além do conteúdo importante mostrado, fica também a satisfação de vê-lo coordenar, junto a seus irmãos Victor e Leonardo e muitos jóvens argentinos, algumas reuniões para intercâmbio entre nossos países. Rafael também fará parte da nova Gestão da CEPA.

Rafael Régis dos Reis 

Clube do Livro Novo Pensar - ICKS

Cláudia Régis Machado e Delma Crotti

Se fez representar este grupo do ICKS, pela presença da Cláudia Régis Machado e Delma Crotti. Esta última fará parte da área financeira da nova gestão da CEPA.

Fórum de Temas Livres

O Colombiano Orlando Vilarraga, residente no Brasil reforçou a importância de cuidarmos do planeta Terra de forma sustentável.
Orlando Vilarraga

A Doutora Roseli Régis dos Reis discorreu sobre a Infância, mesclando um bem humorado espanhol ao português, tendo sido esta característica dos expositores brasileiros muito elogiada pela maioria dos participantes de habla castelhana.
Jaílson Mendonça e Roseli Régis dos Reis


Alexandre Cardia Machado do ICKS apresentou um trabalho de atualização do princípio da Pluralidade dos mundos Habitados.
Ivan Figueroa e Alexandre Machado


Luiz Signates de Goiás apresentou uma conferência no primeiro Painel – “Espiritismo e Ciência: caminhos para a desdogmatização” e um tema livre  - “O Espírito como noção intersubjetiva e as consequências socias do pensamento sociológico no espiritismo”.
Luiz Signates
O Cubano Junior M. Morán Gómez (O Contrato Espírita como ferramenta de evolução espiritual) e as Rafaelinas Josefina Zlauvinen e Eugenia Zurvera ( Relato : Oficina de participação ativa – o poder das emoções) fizeram  apresentações que muito contribuiram para um maior entendimento da Doutrina como motor de mudanças.



Homero Ward da Rosa – Presidente da CEPA Brasil – expôs sobre a Imortalidade da Alma e a Reencarnação.


A Participação Brasileira


Convite à participação no XV SBPE em novembro de 2017 - através da apresentação do video.
O ICKS convidou todos os presentes a participar em 2017 através da veiculação do video SBPE 26 anos fazendo história.


Foto da Equipe Organizadora do Congresso


Brasileiros se confreternizando junto às bandeiras
Delma, Jacira, Margarida e Jaílson


Estaremos atualizando esta reportagem nos próximos dias, tão logo conseguamos mais fotos!


Cláudia e Alexandre


quarta-feira, 20 de abril de 2016

A delicada questão do equilíbrio editorial - por Alexandre Cardia Machado

A delicada questão do equilíbrio editorial - por Alexandre Cardia Machado

Jaci Régis sempre pautou o Abertura por não esquivar-se das questões mais importantes do país e do mundo. Basta comparar qualquer edição do Abertura com a revista Reformador da FEB para vermos realidades ali representadas totalmente distintas: a FEB não escreveu nenhuma linha sobre os problemas políticos brasileiros ou sobre a primavera árabe, para citar só dois exemplos.

Este é o nosso DNA: tratar dos assuntos importantes para a sociedade, buscando, como nos ensinou Allan Kardec, usar sempre uma linguágem de alto nível, para manter alto o padrão vibratório. Fazendo isso, ajudamos uma parcela da população a pensar e refletir sobre as relações do mundo físico com os conhecimentos do Espiritismo.

Este é, inclusive, o quarto princípio norteador do Instituto Cultural Kardecista de Santos (ICKS) que fundamentalmente edita o Abertura :

“ O ICKS deverá manter-se atualizado com a cultura atual e que possua relevância com a Doutrina Espírita.”
Nos preocupa a maneira como muitos estão protestando. Policiando uns aos outros, desrespeitando as convicções individuais, como se fosse possível que todos pensassem da mesma forma. Recomendo a leitura cuidadosa dos artigos de Ricardo Nunes e do grande pensador espírita e ex-Presidente da CEPA, Milton Medran.
Está ficando claro, para boa parte da população, que a forma de se fazer política no Brasil está errada. Muitos de nós não nos sentimos representados. O número gritante de políticos envolvidos na Operação Lava-Jato e em outas operações em curso no país é alarmante. Claro que nem todos foram formalmente acusados, nem condenados ainda. Mas creio que este fato em si demonstra nossa tese.
Faltam lideranças éticas, sobram aproveitadores. O cuidado com o nosso voto é a única arma  que nos resta, façamos com que este ato cívico seja o momento mais importante do ano, ou teremos de conviver com o resultado por, pelo menos, 4 anos.

Não existe ideologia perfeita. Todas, de alguma maneira, favorecem uns em detrimento de outros.
Kardec era favorável à aristocracia intelecto-moral como uma forma de representação ideal. Certamente esta ideia é utópica e não resistiria aos tempos de “Big Brother” em que vivemos hoje. Qualquer um, com um simples telefone celular, pode facilmente desmascarar uma pessoa até então considerada de bem.

A justiça está aí para retirar de circulação aqueles que abusam do poder neles investido. E sim, sejam eles quem forem, são pessoas como quaisquer outras, tem os mesmos direitos e deveres, ainda que possam dispor de forum privilegiado.

Não há passe de mágica, precisamos votar tomando como base a melhor informação que dispomos e depois, se não agradar a escolha, na próxima oportunidade tentar votar melhor.

Este é um exercício que se enquadra dentro do que Jaci Régis denominou , com muita perspicácia, de Imortalidade Dinâmica:

 “Na Dinâmica do processo, o que, dentro da visão sensorial sugere o caos, o acaso, na verdade caminha para a busca do equilíbrio. A questão, nessa visão sensorial, se complica pela variável do tempo, cronológico ou sensível. A culpa será desenvolvida no nível hominal. Dispondo da capacidade de analisar, comparar e decidir, ele exercerá ou sofrerá a ação recíproca do ato e da resposta. Mas, sobretudo, descobre o outro. É nessa descoberta e nessa relação conflitiva e ao mesmo tempo essencial que ele desenvolve o senso moral, o certo e o errado, o bem e o mal, que por isso mesmo é relativo ao grau evolutivo” Doutrina Kardecista – Modelo conceitual ( reescrevendo o modelo espírita). Portanto, dinâmico como conclusão.

Que este período de atrito em que vivemos termine logo e que possamos encher nossas páginas com boas notícias. Isto é o que desejamos. Até lá, continuaremos atentos.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A importância do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita - adaptação de textos de Jaci Régis

Ciência da alma

A importância do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita

Consolidaremos  o discurso de abertura do I Simpósio Nacional do Pensamento Espírta em 1989 e alguns artigos de Jaci Régis de 1993, após a realização do III Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, momento que ficava claro que os “laicos” o “Grupo  de Santos” poderia ser isolado do movimento majoritário espírita, mas jamais seria calado, não eramos mais um bando isolado. Havíamos criado um forte vínculo agregando Centros Espíritas que foram pouco a pouco aderindo à CEPA – Conferederação Espírita Panamericana. Somos um grupo forte.



Em 1989, Jaci Régis convidou dezenas de expositores, para apresentarem suas ideias a favor ou contra ao Espiritismo à Brasileira – religioso. Poucos foram os que aceitaram o debate, vieram mesmo aqueles mais afinizados com o espiritismo filosófico, livre-pensador.

Na abertura assim se referiu Jaci “  ... eu espero que no futuro nós possamos organizar outroseventos, para reunir trabalhos originais com 200 pessoas para ouvir pessoas pessoas que estejam pensando num Espiritismo dentro da Cultura,e não, do Espiritismo dentro dos centros espíritas, como uma seita apenas. Aqueles que pensarem como uma seita que venham aqui apresentar os seus argumentos. Gostaria que criássemos um espaço para aquelas pessoas que gostam de estudar, de investigar e cruzar os conhecimentos espíritas com a cultura. Que tivéssemos um ponto de referência, que eles reunissem as suas forças o seu  investigar, para que daqui a um ano, dois anos, sabendo que terão um espaço para apresentar a sua investigação, a sua contribuição. Porque nós pensamos que o Espiritismo é elaborado pelos homens, não como alguns pensam que é elaborado pelos Espíritos.
Como o Espiritismo é elaborado pelos homens, nós esperamos que homens e mulheres que estejam dispostos a investigar, a trazer a sua contribuição para que o Espiritismo, quem sabe, atinja aquele ideal que todos tem no coração. Para ser a grande Doutrina do Século XXI pela contribuição de ideias, poque o mundo gira em torna de ideias e somente as ideias é que mudam o rumo da históri.”
Passamos de Grupo de Santos para um grupo maior, junto com companheiros do Brasil, de São Paulo e do Rio Grande do Sul, principalmente.

Em 1993, realizamos o terceiro SBPE, o segundo  com trabalhos escritos e defendidos por seus autores, ao todo 13 trabalhos, na avaliação dos participantes, o Simpósio atingiu  56% ótimo e 40% bom. Ou seja o III SBPE consolidava um novo caminho.

Jaci Régis assim se referiu num artigo, publicado no Jornal Abertura,  denominado  - Progresso e modernidade em outubro de 1993: “ A inserção da modernidade é um processo revolucionário e não simples acomodação de palavras. Vemos o Espiritismo aprisionado às posições moralistas do cristianismo, que desfigurou o sentido natural da mensagem de Jesus de Nazaré, por injunções que todos conhecem. Falta-lhe  aceitar as necessidades do progresso e da modernidade.

Mas ele quer ser uma revelação espiritual, quer ouvir os mortos e deixá-los dirigir os vivos, como se eles, na maioria, não passassem de homens de homens comuns, aprisionados ainda a visões estreitas e pessoais. Desse modo, o Espiritismo não chegará a lugar a lugar nenhum e será penalizado com a repetição de verdades que envelhecem.”  

Jaci Régis, viu se sonho acontecer, participou ativamente de doze edições do SBPE, assistiu homens e mulheres apresentarem mais de 140 trabalhos que seguiram a sua ideia, que contribuíram e que seguem contribuindo, nas 3 edições que ocorreram após o seu desencarne.


Autores com mais trabalhos – entre  95 apresentadores nas 14 edições do SBPE

      Alexandre Machado - ---------------------------------- à 14
      Reinaldo di Lucia    ------------------------------------ à 12
      Eugenio Lara  ------------------------------------------- à 12
      Jaci Régis  -- -------------------------------------------- à 11
      Ademar Arthur C. Reis ------------------------------- à   9
      Ricardo Nunes -----------------------------------------  à  8
      Wilson Garcia, Marcelo Régis e Mauro Spinola ---à  7
      Marcelo Henrique, Alcione Moreno e Ciro Pirondià   6
      Raul Dubrich  -------------------------------------------à   5

Publicado no Jornal Abertura edição de novembro de 2015