A delicada questão do equilíbrio editorial - por Alexandre Cardia Machado
Jaci Régis
sempre pautou o Abertura por não esquivar-se das questões mais importantes do
país e do mundo. Basta comparar qualquer edição do Abertura com a revista
Reformador da FEB para vermos realidades ali representadas totalmente
distintas: a FEB não escreveu nenhuma linha sobre os problemas políticos
brasileiros ou sobre a primavera árabe, para citar só dois exemplos.
Este é o nosso
DNA: tratar dos assuntos importantes para a sociedade, buscando, como nos ensinou
Allan Kardec, usar sempre uma linguágem de alto nível, para manter alto o
padrão vibratório. Fazendo isso, ajudamos uma parcela da população a pensar e
refletir sobre as relações do mundo físico com os conhecimentos do Espiritismo.
Este é, inclusive, o quarto princípio norteador do
Instituto Cultural Kardecista de Santos (ICKS) que fundamentalmente edita o
Abertura :
“ O ICKS deverá manter-se
atualizado com a cultura atual e que possua relevância com a Doutrina Espírita.”
Nos preocupa a
maneira como muitos estão protestando. Policiando uns aos outros,
desrespeitando as convicções individuais, como se fosse possível que todos
pensassem da mesma forma. Recomendo a leitura cuidadosa dos artigos de Ricardo
Nunes e do grande pensador espírita e ex-Presidente da CEPA, Milton Medran.
Está ficando
claro, para boa parte da população, que a forma de se fazer política no Brasil
está errada. Muitos de nós não nos sentimos representados. O número gritante de
políticos envolvidos na Operação Lava-Jato e em outas operações em curso no
país é alarmante. Claro que nem todos foram formalmente acusados, nem
condenados ainda. Mas creio que este fato em si demonstra nossa tese.
Faltam
lideranças éticas, sobram aproveitadores. O cuidado com o nosso voto é a única
arma que nos resta, façamos com que este
ato cívico seja o momento mais importante do ano, ou teremos de conviver com o
resultado por, pelo menos, 4 anos.
Não existe
ideologia perfeita. Todas, de alguma maneira, favorecem uns em detrimento de
outros.
Kardec era
favorável à aristocracia intelecto-moral como uma forma de representação ideal.
Certamente esta ideia é utópica e não resistiria aos tempos de “Big Brother” em
que vivemos hoje. Qualquer um, com um simples telefone celular, pode facilmente
desmascarar uma pessoa até então considerada de bem.
A justiça está
aí para retirar de circulação aqueles que abusam do poder neles investido. E
sim, sejam eles quem forem, são pessoas como quaisquer outras, tem os mesmos
direitos e deveres, ainda que possam dispor de forum privilegiado.
Não há passe de
mágica, precisamos votar tomando como base a melhor informação que dispomos e
depois, se não agradar a escolha, na próxima oportunidade tentar votar melhor.
Este é um exercício que se enquadra
dentro do que Jaci Régis denominou , com muita perspicácia, de Imortalidade
Dinâmica:
“Na Dinâmica do processo, o que, dentro da visão sensorial
sugere o caos, o acaso, na verdade caminha para a busca do equilíbrio. A
questão, nessa visão sensorial, se complica pela variável do tempo, cronológico
ou sensível. A culpa será desenvolvida no nível hominal. Dispondo da capacidade
de analisar, comparar e decidir, ele exercerá ou sofrerá a ação recíproca do
ato e da resposta. Mas, sobretudo, descobre o outro. É nessa descoberta e nessa
relação conflitiva e ao mesmo tempo essencial que ele desenvolve o senso moral,
o certo e o errado, o bem e o mal, que por isso mesmo é relativo ao grau
evolutivo” Doutrina Kardecista – Modelo conceitual ( reescrevendo o
modelo espírita). Portanto, dinâmico como conclusão.
Que este período
de atrito em que vivemos termine logo e que possamos encher nossas páginas com
boas notícias. Isto é o que desejamos. Até lá, continuaremos atentos.