VI - SBPE - Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita - 1999
ESBOÇO DE UMA TEORIA
ESPIRITA DA
PERSONALIDADE
JACI
REGIS
INTRODUÇÃO
No conjunto de sua obra,
Allan Kardec desenvolveu, certamente, uma teoria sobre a personalidade humana,
de forma genérica e filosófica, tendo o Espírito como centro, propondo que as
estruturas psicológicas individuais, são fruto do processo evolutivo. Isto é, o
homem tal como se apresenta atualmente é fruto de uma lenta evolução moral e
intelectual realizada na encarnação e reencarnação sucessivas.
Logo, a diversidade dos
caracteres humanos é consequência dos desniveis evolutivos, isto é, numa ampla
e filosófica visão, a criatura humana é
produto de si mesma.
Naturalmente Kardec não pode
e nem dispunha de meios para analisar a estrutura psicológica do homem. No seu
tempo falava-se em temperamento bilioso-sanguineo-nervoso, um defeito orgânico
atribuido, segundo parece,à bilis ( Ver Revista Espírita,julho de 1863,
pagina 214, edição brasileira). E ele
parece acreditar que eram criados no organismo órgãos especiais para exprimir
as faculdades do Espírito.
É o que depreende das
seguintes considerações feitas por ele à questão 370-a, de O Livro dos
Espíritos: “ O Espírito, ao encarnar-se,
traz certas disposições, e se admitirmos, para cada um delas, um órgão
correspondente no cérebro, o desenvolvimento desses órgãos será um efeito e não
uma causa.....Admití, ao contrário, que os órgãos especiais, se é que existem,
são consequente e se desenvolvem pelo exercício das faculdades, como os
músculos pelo movimento, e nada tereis de irracional.”
A análise kardecista
pressupõem, antes de mais nada, o componente moral, a estipular o caráter da
criatura humana. Nesse sentido, analisando o mundo pelo prisma moral, o
Espírito humano habita este planeta de provas e expiações, por três motivos
principais: prova, expiação ou missão. Deus teria criado o corpo humano
adequado para a encarnação desse Espírito pouco evoluido moralmente, para que
ele se purificasse e demandasse, futuramente, a regiões espirituais ou planetas
mais evoluidos.
Dessa forma, as características
da personalidade seriam determinadas pelos fatores morais, ao longo do tempo,
criando carateres reativos ou exprimindo estigmas produzidos pela violação das
leis divinas.
Como sua análise da vida
terrena está fundada sob o aspecto
da relevância da natureza espiritual, o organismo humano foi
encarado como um obstáculo, ainda que
necessário, à expressão da totalidade da capacidade perceptiva, cognitiva do Espírito, chamado alma pela sua união
passageira com o corpo carnal.
Kardec, ao analisar a
relação mente-corpo, raciocinou de modo
geral de acordo com o pensamento cartesiano, que contemplava uma absoluta
divisão entre a alma e o organismo. Descartes define a separação entre a alma e
o corpo, acreditando que por serem substâncias diferentes, havia a
independência de uma em relação à outra. Embora sob outro enfoque, Kardec, além
de introduzir a figura do perispírito, como intermediário, não admitia que alma interagisse diretamente com o corpo, mas guardaria em
relação a ele uma distância sobretudo constitucional . Isto é, a comunicação
entre a alma e o corpo, seria semelhante a de um piloto na cabine de um avião,
sem uma interrelação positiva.
Propomo-nos a apresentar o
esboço de uma teoria espírita da
personalidade. Essa tentativa nos parece justificada, porque na doutrina não
existe um estudo realmente psicológico da personalidade, uma vez que a análise
do homem se reduz ou se expressa, sobretudo, na visão larga e genérica do
pensamento filosófico, não raro misturado com uma tendência religiosa, cuja
natureza é, quase sempre, de condenação do homem.
Na análise da personalidade
está em jogo muito mais do que enquandrar o homem como réu da Justiça Divina.Isso vicia o entendimento, por desconhecer que o
ser espiritual é maior do que o processo
de culpa e castigo, pois ignora a complexidade das interações e situações
psicológicas desenvolvidas pelo ser ao longo de sua trajetória.
A afirmação de Kardec: “No
momento da concepção do corpo que se lhe
destina, o Espírito é apanhado por uma corrente fluídica que, semelhante a uma
rede, o toma e o aproxima da sua nova morada. Desde então, ele pertence ao
corpo, como este lhe pertence até que morra”(Obras
Póstumas, A Morte Espiritual, , pag. 199,
15a.ediçào, FEB), parece ser ,afinal, o que deve ser levado em conta.
BASES DA TEORIA
“Uma teoria é uma hipótese
não consubstanciada ou uma especulação a respeito da realidade que não é ainda
definitivamente conhecida”.
Essa definição explica a
base de nosso trabalho. Ele é baseado no conjunto de informações e proposições
filosóficas e descrições mais pormenorizadas das funções do Espírito, que
estruturam genericamente o pensamento espírita que, não obstante trabalhar
sobre temas não aceitos pela ciência e de modo geral pela cultura, têm seus
fundamentos empíricos, tratados filosóficamente e objetivos moralizantes.
A Doutrina Kardecista propõe uma análise do ser humano, num
horizonte atemporal, dentro de sua teoria da evolução, na qual a reencarnação
desempenha papel instrumental de processo desecadeante de estrutura e
reestruturas cíclicas dos mecanismos mentais do Espírito.
Uma das mais significativas
e inéditas contribuições do pensamento
espírita, refere-se à teoria da evolução do Espírito. Dentro desse enfoque, uma
teoria espírita da personalidade compreenderá o estudo do ser, em dois
momentos:
o período pré-humano, como
tempo de estruturação básica da individualidade
o período de sua inserção no
nível humano, onde estrutura uma pesonalidade mutante.
Nesse sentido, o estudo da personalidade será
feito na relação sinérgica do Espírito e do corpo, considerando que, segundo a
doutrina, no nivel atual de evolução do Espírito humano, a encarnação
corresponde a uma situação praticamente natural de sua vivência.
ESTRUTURA DA INDIVIDUALIDADE
De acordo com a teoria
espírita da evolução do Espírito, este é criado por Deus, como um princípio
espiritual, “simples e ignorante”. Isto é, um ser potencial, estruturalmente
vazio. A potencialidade está contida na possibilidade de expansão e aquisição
de experiências, movida por uma forma de energia oriunda de sua natureza
permanente, imortal.
Isso significa que no início
do processo, o princípio espiritual carece de qualquer consciência de si mesmo
e não possue nenhuma estrutura básica de
percepção ou seleção. Nesse sentido, pode-se dizer que a primeira fase do seu
processo evolutivo, será a da aquisição de conteúdos de experiência.
Como diz André Luiz no livro “No Mundo Maior”,
( página 57 ,20a.edição - FEB) “ O princípio espiritual desde o obscuro momento da criação, caminha
sem detença para frente. Afastou-se do leito oceânico, atingiu a superfície das
águas protetoras, moveu-se em direção à lama das margens, debateu-se no charco,
chegou à terra firme, experimentou na floresta copioso material de formas representativas,
ergueu-se do solo, contemplou os céus e, depois de longos milênios, durante os
quais aprendeu a procriar, alimentar-se, escolher, lembrar e sentir, conquistou
a inteligência....Viajou do simples impulso para a irritabilidade, da
irritabilidade para a sensação, da sensação para o instinto, do instinto para a
razão.
A FORMAÇÃO DO CORPO MENTAL
Já vimos que o princípio espiritual não possui
estrutura, pelo menos inicialmente. Todavia, interagindo com os elementos orgânicos, ele vai desenvolvendo uma estrutura psíquica , que chamo, por
analogia, de corpo mental. É nesse organismo psíquico que o princípio espiritual
vai organizando um sistema mental
flexivel. Ai ele estrutura a memória e seleciona as experiências vividas.
Ao longo do tempo, construindo,
reconstruindo e armazenando as esperiências, o princípio espiritual, começa
a adquirir consciência crescente de si
mesmo. O corpo mental é, então, seu instrumento onde são inscritos,
virtualmente, os resultados das experiências e vivências, suas impressões e
aprendizado.
Referindo-se ao corpo
mental, assim afirma André Luiz “Para
definirmos, de alguma sorte, o corpo espiritual, é preciso considerar, antes de
tudo, que ele não é reflexo do corpo físico, porque, na realidade é o corpo
físico quem o reflete, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em
si o corpo mental que lhe preside a formação”. E adiciona o seguinte comentário
“O corpo mental ,assinalado experimentalmente por diversos estudiosos, é o
envoltório sutil da mente...”(Evolução em Dois Mundos,
Capitulo II - Corpo espiritual, página 25, 1a. edição 1959 - FEB).
Estudando os efeitos do
monoideismo que leva à perda do perispírito, André Luiz diz o seguinte:
“cabendo-nos notar que essa forma (ovóide), segundo a nossa maneira atual de
percepção, expressa o corpo mental da individualidade, ao encerrar consigo,
conforme os princípios ontogenéticos da Criação Divina, todos os órgãos
virtuais de exteriorizaçào da alma, nos círculos terrestres e espirituais,
assim como ovo, aparentemente simples, guarda hoje a ave poderosa de amanhã ou
como a semente minúscula, que conserva nos tecidos embrionários a árvore
vigorosa em que se transformará no porvir. (idem, página
91).
Temos, pois, uma descrição
possivel do corpo mental, como um corpo sutil, de forma ovóide em torno do
Espírito, guardando os órgãos de exterioração da alma. Nessa conjugação
mento-espiritual reside a expressão da individualidade.
O SURGIMENTO DA
PERSONALIDADE
Segundo André Luiz, o princípio espiritual somente
é promovido à condição de
Espírito, quando adquire o que ele chamou de “pensamento contínuo”.
Quando, no seu crescimento
evolutivo, o princípio espiritual desenvolve o circuito mental completo, isto
é, seu pensamento é contínuo, ele alcança o nivel da razão e inicia a
consciência de si mesmo. Com o pensamento contínuo, existe energia suficiente
para manter o corpo psicossomático, que é a expressão do corpo mental.
Eis o que ele diz : “Pela compreensão progressiva entre as
criaturas, por intermédio da palavra que assegura o pronto intercâmbio,
fundamenta-se no cérebro o pensamento contínuo e, por semelhante maravilha da
alma, as idéias-relâmpagos ou as idéias-fragmentos da crisálida de
consciência, no reino animal, se transformam em conceitos, inquirições, traduzindo
desejos e idéias alentadas, substância íntima
(Evolução Em Dois Mundos, pagina 76, 1a. edição, 1959, FEB)
Não é aí, porém, que surge a
personalidade.
Será necessário, ainda, a
completa percepção de si mesmo, após a morte.
“ Em relação ao homem, os mamíferos
que se ligam a nós outros por extremos laços de parentesco, em se
desencarnando, agregam-se aos ninhos em que se desenvolvem os companheiros e,
qual ocorre entre os animais inferiores, nas múltiplas faixas evolutivas em que
se escalonam, não possuem pensamento contínuo para obtenção de meios destinados
à manutençào de nova forma.... Pouco acima dessas mesmas bases vamos encontrar o homem infra-primitivo, na
rusticidade da furna em que se esconde, surpreendido no fenômeno da morte, ante
a glória da vida, como criança tenra e deslumbrada à frente de paisagem
maravilhosa, cuja grandeza, nem de leve, pode ainda compreender.
O pensamento constante ofereceu-lhe a precisa
estabilidade para a metamorfose completa... Entretanto, o homem selvagem, que
se reconhece dominador na hierarquia
animal, cruel habitante da floresta, que
apura a inteligência, através da força e da astúcia, na escravidão dos
seres inferiores que se lhe avizinham da caverna, desperta fora do corpo denso, qual menino aterrado,
que, em se sentindo incapaz da separação para arrostar o desconhecido,
permanece, tímido, ao pé dos seus,em cuja companhia passa a viver, noutras
condições vibratórias, em processos multifários de simbiose, ansioso por
retomar à vida física que lhe sugere à
imaginação como sendo a única abordável à própria mente...
Ressurgir na própria taba e renascer na carne, cujas
exalações lhe magnetizam a alma, constituem aspiração incessante do selvagem
desencarnado.... Pela oclusão de estímulos outros, os órgãos do corpo
espiritual se retraem ou se atrofiam, por ausência de função, e se voltam,
instintivamente, para a sede do governo mental, onde se localizam, ocultos e
definhados, no fulcro de pensamentos em circuito fechado sobre si mesmos, quais
implementos potenciais do germe vivo entre as paredes do ovo. Nesse período, afirmamos habitualmente que o
desencarnado perdeu o seu corpo espiritual, transubstanciado-se num corpo
ovóide... (Idem, paginas, 88 a 91).
Segundo o autor, “De liberação a liberação, na ocorrência da morte,
a criatura começa a familiarizar-se com a esfera extra-fisica...Encentando,
pois, a sua iniciação no plano espiritual ,de consciência desperta e
responsável, o homem começa a penetrar a essência da lei de causa e efeito,
encontrando em si mesmo os resultados enobrecedores ou deprimentes das próprias
ações (idem, páginas 91 e 92).
Então, segundo nos parece,
surge o ego que é a formação básica para as estrutura da personalidade. É a
partir desse momento que começa a elaboração das características pessoais, as
formas que paulatinamente definirão a consciência de si mesmo.
FORMAÇÃO DA AUTO CONSCIÊNCIA
Encontramos no O Livro dos
Espíritos, a seguinte informação:
190 - Qual o estado da alma em sua primeira encarnação?
-O estado da infância na existência copórea. Sua
inteligência apenas desabrocha; ela se ensaia para a vida.
191 - As almas de nossos selvagens são almas em estado de infância?
-Infância relativa; mas são almas que progrediram,
pois têm paixões
-As paixões são, pois, um sinal de desenvolvimento”
-De desenvolvimento sim, mas não de perfeição; as
paixões são um sinal de atividade e da consciência do eu, enquanto que na alma
primitiva, a inteligência e a vida estão em estado de germe.
Quando adquire o pensamento
contínuo, que a habilita ao uso da razão e o desenvolvimento da palavra, a alma
como que espia para fora e defronta-se com o vazio do conhecimento ou com a
vastidão do desconhecido e com as pressões afetivas, antes não existentes.
Se no período
pré-humano, o vazio inicial foi
preenchido pela organização inicial do corpo mental, agora, dispondo da razão,
ela terá que desenvolver processos mentais que a habilitem a percepção e
elaboração de conhecimentos e emoções.
A paixão, no nivel hominal,
é a transformação ou a redireção da força
interior , a energia natural que forma o núcleo agressivo do Espírito. No estágio pré-humano
essa força interior, foi sendo
elaborada como impulso determinante da vida, e se consubstanciou na própria
sobrevivência do ser .
No reino hominal, a força interior se transforma em energia psíquica,
enriquecida com as inquietações afetivas, que o faz progredir, desenvolver-se,
não resignar-se e procurar, sempre, embora todos os baixos e altos da
existência, um patamar superior ao que se encontra.
Ao alcançar a qualidade de
Espírito, a estrutura básica do corpo mental é dominada pela força interior em forma de pulsões
instintivas. O Livro dos Espíritos afirma: 1) o instinto é uma inteligência não
racional; 2) não existe limites entre a inteligência e o instinto, isto é, eles
se confundem; 3) o instinto existe sempre.
Todavia, no curso de sua
existência, o Espírito desenvolve
defesas contra as agressões e os medos. Esses mecanismos de defesa, que
são naturais, devido à fragilidade do próprios ser, quando patologizados, tornam-se
formas restritivas da força interior
, determinando os estados de consciência, conforme o Espírito vai enfrentando
os desafios do dinamismo da vida.
Quando se transformam em
processos neuróticos e psicóticos, isto
é, condições passionais, os mecanismos de defesa, introduzem importantes
condicionamentos no dinamismo da vida,
que se exprimem no comportamento e na estrutura da personalidade.
De um modo genérico, podemos dizer que a aplicação mais ou menos
acentuada da força interior define a
estrutura provisória da personalidade, uma vez que a lei do progresso ou
processo evolutivo, estabelece constante mutação na direção do emprego desse
energia básica.
Tangido pelo medo natural,
lentamente, impulsionado pela paixão, inicia o trabalho de reestruturação do
corpo mental, criando instâncias
psíquicas para comandar o processo cognitivo que se inicia e manipular, tanto
quanto possível, as pulsões afetivas. Começará, enfim, a perceber sua vida
interior, seu pensamento íntimo, sua visão específica e suas reações
particulares aos estímulos, aos conflitos a que se exporá inevitavelmente.
A individualidade ao
penetrar no hominal, desenvolve o ego, de modo a contigenciar de seu potencial instintivo, sua força interior, para alcançar seus
objetivos de aperfeiçoamento e felicidade.
Não sabemos como se
estruturam os mecanismos mentais, nem conhecemos como as emoções, os
conhecimentos são inscritos no corpo mental .O certo é que alí vão sendo
criadas estruturas que, ao longo da vida inteligente, estabelecem as condições
para o manejo das relações afetivas e a acumulação do conhecimento.
As técnicas modernas de
transformação de sons e imagens em ondas, pode nos dar uma idéia, embora
pálida, de como os eventos, emoções e situações de repercussão no cosmo mental,
são gravados na superestrura consciencional. Os fatos relevantes, com sua carga
afetiva, seriam captados em forma de “ondas
de memória”, em supermicro traços mnêmicos ou traços de lembrança e como
tal impressionariam as regiões específicas dos centros de percepção do corpo
mental.
Podemos figurar, numa
analogia certamente pobre, que esse
mecanismo funcionaria como a câmara de televisão que faz a “varredura” das imagens,
transformando-as em ondas que o receptor decompõe, transformando-as outra vez
em imagens.
Nasce então,
embrionariamente, a auto-consciência
uma superestrutura do corpo mental, resultado da somátoria algébrica das experiências resultantes de várias
encarnações e da vida extrafísica, compreendendo os fatores afetivos,lembranças
e a bagagem de conhecimento da alma.
Nessa ampla superestrutura da auto-consciência,
existiriam estruturas específicas, divididas em zonas que abrangeriam
determinados setores da atividade total da pessoa.
Teriamos a zona da sabedoria que seria o
repositório das conquistas amadurecidas, pelo Espírito e que constituiria o
nivel superior da individualidade, com a síntese dos conhecimentos adquiridos e
sentimentos mais ou menos estabilizados e que de forma objetiva representaria
aquilo que ele é ou resultado de sua evolução real.
Outra seria a zona problemática, constituindo o
acervo das questões afetivas não resolvidas, desvios de conduta e impulsos não
canalizados, com os materiais
recalcados, censurados, resultantes de ações e conflitos decorrentes do
sinamismo da vida.
No campo da personalidade
reencarnada, da zona problemática sairiam
os componentes do inconsciente, exprimindo o conflito latente entre a
zona da sabedoria e a zona problemática.
A zona da memória, constituida de ondas de memória propriamente ditas, guardaria
as lembranças de fatos e acontecimentos
marcantes e que podem ser recuperadas,
nos traumas e nos momentos de extrema emoção, tanto enquanto encarnado, quando
desencarnado. Funcionaria, mutatis mutante, como o receptor de televisão, o que
garante, nesse modo de ver, a perpetuidade da lembrança dos fatos marcantes na
vida do Espírito.
No centro dessa diversidade
estrutural estaria o Espírito, o ser em si mesmo, pois ele é uno e não
dividido. Ele exerce sua capacitação
para coordenar ações e reações, e manipular os estímulos e necessidades
internas e externas.
O Espírito vive sempre o
momento atual, isto é, sua realidade consciente. Todavia, pela teoria espírita,
esse presente é o ponto culminante de um processo dinâmico, que sintetiza o
passado e projeta o futuro.
Além disso, o Espiritismo
considera, sob o ponto de vista da humanidade terrena, que, de modo geral, o
Espírito humano é relativamente imaturo, tendo, como espécie, alcançado o nivel
hominal a pouco tempo.
Jung estudando a formação da
personalidade, entendeu que o homem atual seria o herdeiro genético das
experiências ancestrais da humanidade. Ele chamou esse fator da personalidade
de Inconsciente Coletivo. A lei da
reencarnação e a teoria evolutiva do Espiritismo sancionam, em
princípio, a idéia de Jung . Mas de
forma individual, como experiência vivida e não como como fator hereditário.
TIPOS DE PERSONALIDADE
Então o que é a
pesonalidade? Como definí-la diante da perspectiva espírita?
Nosso entendimento da
personalidade, enquanto uma forma de expressão da pessoa humana, será baseado
na realidade objetiva da encarnação. Por isso, definiremos a personalidade como a expressão possível e temporária do
Espírito na sua relação social.
Considerando a criatura
humana, do ponto de vista de sua objetiva realidade no munco corpóreo, sua
pesonalidade é, em síntese, o complexo
de interações Espírito-organismo-meio ambiente.
Essa interação, pois,
compreende três instâncias, associadas entre si.
a) essencialidade - isto é,
o acervo intelecto-afetivo do individuo permanente,incluindo resíduos de
personalidades anteriores ou seja sua auto-consciência;
b)impacto hereditário/genético - representando o conjunto genético
transmitido pelos pais, pela raça, fator determinante para um organismo sadio
ou doente e certas potencialidades para a integral ou parcial integração da
mente ao organismo;
c)impacto ambiental- ou seja, o conjunto de pressões afetivas, sócio
econômicos, e familiares que influenciam de maneira profunda a estrutura de
relação da personalidade.
Vimos que cada Espírito
forma sua auto consciência que é
seu acervo permanente. A formação dessa superestrutura consciencional é a
própria história do Espírito humano, em constante progressão.
Desde o início, ele precisa
aprender a balancear sua agressividade, sua força interior. Na estrutura mental
do Espírito humano que inicia a formação de seu carater, a explosão do conteúdo
instintivo precipita sua interação com o meio ambiente.
Além do desenvolvimento
cognitivo, isto é, do conhecimento das coisas, inventando e criando condições de sobrevivência, terá que
enfrentar a relação eu-tu, um problema inexistente no nível animal. Inicia-se o período de reconhecimento do
outro, provocando as paixões, isto é, as
reações de amor, ódio, posse,poder,
fuga, agressão e acomodação.
Ele vai encontrar na vivência grupal, os
primeiros estímulos para a construção de valores éticos, ao nivel evolutivo
compatível, que se transformam em parâmetros de comportamento que, de modo
geral, garante-lhe uma relativa segurança.
Ou seja, a estrutura social estipulará leis,
costumes e ordenações para o relacionamento sexual, dos bens coletivos, da
adoração aos deuses. Daí fluirão os conceitos do bem e do mal, a recompensa e o
castigo, os tabus, os totens, enfirm todas as formas de canalizar ou reprimir os impulsos
agressivos e sexuais.
Atendendo às necessidades
básicas da afetividade, surgirá a família, iniciando o amadurecimento afetivo e
prenunciando uma forma ainda bruta de relacionamento e ternura entre as
pessoas.
O egoismo e a sede de poder,
determinarão a divisão da terra,
estabelecendo os princípios da propriedade que terá como consequência, de um
lado,o isolamento da vida coletiva ancestral e de outro, o individualismo,
consoante o egoismo natural, uma espécie de valorização do ego, posteriormente
pervertido no egoismo social.
O caráter do Espírito
iniciante, ao longo de sua vivência, terá fundamento nos padrões geralmente
aceitos pela sociedade e que de uma forma ou de outra sujeitam-lhe a um tipo de
comportamento. Ir contra esses padrões, conforme a natureza do padrão, pode
resultar em culpa moral ou condenação civil. Todavia, ele será, não obstante,
um ser único e isolado do meio, embora dele participante.
Aí temos uma das mais
intrigantes constatações da sabedoria divina, ao criar condições elasticidade
de percepção, para que o Espírito, embora influenciado pelo meio, estabeleça,
um sentido de perpetuidade, de
identidade e de consciência de si mesmo. Trata-se, em tese, do livre
arbítrio, instrumento que a Lei Natural outorga ao ser para que ele crie seu
destino.
Cada segmento encarnatório
exige ajustamentos do sistema mental do
indivíduo à dinâmica da vida de relação.
Isto é, ele cria um tipo de personalidade específica temporária., ajustada às
condições do ambiente onde se localiza.
Não se trata, todavia, de uma personalidade
totalmente nova. A personalidade que surge é uma reconstituição, uma remodelagem da
personalidade existente no monento da reencarnação mas a construção de uma
personalidade calcada sua auto-consciência, que o identifique dentro das novas
condições em que se encontra.
Embora seja uma pessoa
diferente em cada encarnação, pela sinergia entre os fatores componentes da
personalidade, o Espírito guarda uma
identidade essencial, uma expressão de sua auto
consciência. Pois o processo evolutivo a que se submete representa a
estruturação uma personalidade que o
identifique e que será, no grande futuro, estabilizada.
Ou seja, conforme evolui, sua
personalidade será cada vez mais igual nas sucessivas encarnações.
Essa conclusão nos permite afirmar que a
maioria das pessoas não possue uma identidade consciente de si mesma, o que
justifica a instabilidade que caracteriza o comportamento da humanidade.
Convivem na estrutura da personsalidade humana fatores conflitantes, angústias
e pressões internas, que podem variar em proporções extremas.
EFEITOS MUTANTES DO
PROCESSO REENCARNATÓRIO
A tendência do indivíduo é a
acomodação. Por isso, a personalidade que num determinado momento caracteriza a
individualidade, seja no plano físico ou no extrafísico, . teria a tendência a manter-se estática, dentro da lei
da inércia. Existem pelo menos, duas formas básicas para proporcionar
alterações substanciais das estrutura mentais. Uma é o trauma e a outra é o
insight.
O trauma se caracteriza por estabelecer uma situação de conflito, de
rutpura abrupta de um determinado estadio mental ou físico. O insight representa uma ruptura de uma
condição mental, pela abertura de uma nova perspectiva ou entedimento da razão
ou causa da condição.
A reencarnação é, por
natureza, um trauma, destinado a promover uma ruptura das condições ambientais
provocando um conflito existencial que pode ou não resultar numa modificação
estrutural da personalidade existente.
Em síntese, se considerarmos
os efeitos que o processo reencarnatório provoca na estrutura da
personalidade construida antes do
nascimento, teremos um quadro bastante elucidativo. Dividamos o processo em
três etapas, a partir do momento da concepção até a consolidação da encarnação,
provavelmente aos 7 anos de idade física.
1a.etapa
- período de desestruturação
Este período se caracteriza
pela desestruturação da personalidade existente, isto é, aquela que o
reencarnante construiu na encarnação anterior, com possíveis modificações no
plano extrafísico .
Ao se iniciar o processo da
reencarnação, ele é um ser adulto, com idéias, sexo e conceitos mais ou menos
definidos. Dentro de 9 meses, todo esse acervo se concentrará, perdendo os
delineamentos de memória para ser sintetizado num ser indefeso e impotente para
realizar os mínimos exercicios de raciocínio e percepção consciente de si
mesmo.
O chamado período de
perturbação pré-natal, caracterizado pela perda da própria consciência, é uma etapa de desestrutura essencial, mas
não completa, da personalidade existente. Segundo O Livro dos Espíritos : À medida qie o momento do nascimento se
aproxima, suas idéias se apagam, assim como as lembranças do passado do qual
não tem mais consciência. ( questão 351)
Assim, desde o início da
gestação até alguns meses após o nascimento, o Espírito está totalmente voltado
para si mesmo, caracterizando o estágio narcisista, proposto por Freud.
2a.etapa - período de incorporação
O nascimento representa o
mergulho do Espírito numa autêntica “caixa preta” saturada de emoção e
latência, pois todo o acervo anterior é submetido a um processo de compactação.
O choque do nascimento é o ponto de ruptura do antes e do agora.
O agora, é uma situação de
angústia pois, se existe uma
obscura sensação de ser, isso de modo algum pode ser objetivado. A infância, desde a criança recém-nata e por
alguns anos, é o aprendizado do recomeço. Para dar um exemplo grosseiro, é como alguém que tivesse um acidente
vascular e perdesse a voz e o caminhar e tivesse que reaprender a fazê-lo. A
integração da mente ao corpo se inicia de forma a possibilitar, no
desdobramento do crescimento, condições de
percepção, seleção e coordenação progressiva de seu estar no mundo.
3a.
etapa - período de reestruturação
Imediatamente após o
nascimento, tem início o período de reestruturação, no qual o Espírito
reencarnante começa seu efetivo relacionamento com o meio ambiente. Sua
reestrutura mental vai depender dos cuidados externos, da psicoesfera familiar,
além, evidentemente, das condições de higidez do organismo.
Nesse período, que pode ser
estimado com duração até os sete anos da idade física, o reencarnante inicia o
processo de estruturação da
personalidade adequada às novas condições que a encarnação lhe oferece.
A integração do Espírito ao seu corpo promove
o conflito, não raro caótico, dos fluxos das experiências pregressas,
estampadas na sua essência espiritual, com as exigências do presente, a partir
da matriz materna e das pressões anbientais.
Buscará uma nova identidade
e abandonará , ou reprimirá, canalizando
para o nivel de memória do corpo mental, as lembranças da antiga personalidade
que, todavia, ressurgirão posteriormente, na adolescência, matizada pela reestrutura
a que se submeteu neste período. Completada a reestruturação será instalado o
ego corporal, isto é, a consciência de estar no mundo, como um ser novo.
CARACTERÍSTICAS DAS
PERSONALIDADES
Cada pessoa apresenta uma
personalidade que combinará, entrelaçará
e exprimirá uma série de fatores principais e secundários, o que impossibilita
a fixação absoluta de um tipo puro. Essa personalidade é resultado da forma
como estabeleceu seu modo de viver, isto
é, como percebe, armazena, processa, elabora as pressões afetivas da família e
do meio ambiente.
Na vida de relação, o
indivíduo desenvolve em si mesmo, processos relativamente equilibrados ou
condições mentais auto-destrutivas, em função da forma de como,
progressivamente, recebeu e reagiu aos estímulos, desafios, decepções,
fracassos e vitórias.
Nesse jogo de pressões, ele
pode encontrar uma forma ativa, positiva ou encaminhar-se para situações
negativas, seja resistindo aos apelos da própria evolução, seja produzindo um
núcleo depressivo, maldoso, onde o sentimento, a sexualidade, a agressão
natural se transmudam em comportamentos prejudiciais, violentos e pervertidos.
Embora cada pessoa tenha um
caráter único, os diversos tipos de estrutura de caráter, podem ser classificados em categorias ou tipos de
personalidades, a partir de alguns sinais característicos semelhantes.
Trata-se de uma aproximação pois não seria possível
encontrar em todas as pessoas as mesmas
características. Além disso, ninguém é
um tipo puro, mas como vimos, cada um
apresenta combinações, em variados graus, de formas de comportazmento.
Para caracterizar um tipo ou
característica de personalidade, escolhem-se alguns fatores principais, que
tipificam cada categoria e nela se incluem as personalidade que os possuem em
grau principal.
Agressividade, inibições,
sexualidade, exibicionismos entram no cômputo como características, entre
tantos outras, que compõem uma
classificação.
Para estabelecer um quadro
típico de personsalidades comuns, partimos do princípio de que cada um exprime
suas características de agressividade, pela aplicação potencial de sua
força interior.
Nesse sentido, o grau de
maturidade será medido conforme a aplicação dessa força interior é mais
equilibrada, isto é, tem uma distribuição abrangente ou setorizada, de acordo
com uma escala de variada intensidade, conforme as decisões do Espírito.
Para efeito de estudo e de
reflexão, as características genéricas das personaldiades serão agrupadas em
tipos, de acordo com o grau de maturidade alcançado.
De maneira nenhuma essas
categorias sintetizam o grande mapa de caracteres humanos. Nelas, contudo,
introduzi tipos de personalidades: as que têm relativa independência e as que
estão, de uma ou de outra forma, dependentes das energias alheias. Como é
compreensivel, é apenas um esboço, bastante imperfeito, mas que serve para a
reflexão adequada ao presente trabalho.
PERSONALIDADES AFIRMATIVAS
Catalogamos como personalidades afirmativas, aquelas
que, de maneira geral, possuem um grau de afirmação energética, que as faz agir
de forma ativa e provocativa. Essas personalidades, entretanto, não possuem uma
ação positiva, necessariamente. Podem ter
carisma, em variados níveis, e possuir faculdade de seduzir,
inclusive uma atmosfera magnética que
atrai, aglutina e estabelece um laço de subordinação positiva ou negativa.
O fato de possuir
uma personalidade afirmativa, significa
apenas que a pessoa exerce uma ação de saliência sem que, necessariamente, tenha alcançado um grau de maturidade adequada,
nem construído o “si mesmo”.
Em virtude disso,
divideremos esse tipo, em dois subtipos: a personalidade afirmativa madura, e a personalidade
afirmativa imatura .
PERSONALIDADE
AFIRMATIVA MADURA -A personalidade afirmativa madura, possui um eixo psicológico relativamente
construido. Na estrutura mental, tem uma
zona da sabedoria expressiva, pois
combina equilíbrio com ação Se possuír uma cota de equilíbrio razoável,
exercerá uma ação positiva e mostrará acentuada tendência à liderança. A
sexualidade é forte, mas canalizada produtivamente, em busca da ternura.
Essas pessoas
têm grande poder prático, combinando
certa ansiedade e tensão que as impulsiona para resolução de problemas.. Muitas
delas, combinam tudo isso com uma especial intuição ou percepção. Não significa
que não possuam sua zona problemática. Mas esta
é canalizada pelo seu empenho, trabalho e dedicação às causas que abraçam,
tornando seu desempenho menos dificil.
Exercem o poder que
lhes é conferido com relativa parcimônia
e serenidade. Se possuirem também empatia,
a capacidade de sintonizar ou criar
um elo espontâneo com os interlocutores,
poderão influir decididamente na vida dos outros.
Quando missionários
usam esse carisma para conduzir pessoas
a caminhos de elevação. Se políticos transformam-se em estadistas ou lutadores
pelo bem geral, da mesma forma quando se tornam líderes de classes. Eles transmitem essa sensação de certeza e
confiança.
. .
.PERSONALIDADE
AFIRMATIVA IMATURA - A personalidade afirmativa negativa, possue, da mesma
forma, grande poder prático, combinando certa ansiedade e tensão que as
impulsiona para resolução de problemas. Tem, igualmente, acentuada tendência à
liderança e um certo poder sedutor e se
vale dele conscientemente. Como a zona
da sabedoria é pouco expressiva, não alcançou a serenidade e a ansiedade é
impulso para grangear o poder, sob
variadas formas.
A zona
problemática é bastante acentuada,
promovendo condutas individualistas, egoistas, quase sempre camufladas,
contudo. Em virtude desse conflito,
podem cair no crime ou na corrupção de si mesmos. A sexualidade é usada como
instrumento sensual, mais para seduzir do que para a busca do orgasmo ou da
ternura.
Geralmente são
pessoas de boa energia, decididas e
persistentes. Mas de um baixo nível
ético, que podem facilmente manipular
pessoas e coletividades, tudo sacrificando para alcançar seus objetivos
pessoais.
Podem possuir
carisma e empatia., o que os
tornam ídolos, de variada importância. São dessa categoria os fanáticos
religiosos, líderes carismáticos e missionários ilegítimos, políticos inescrupolosos,
líderes de várias classes. Dependendo de seus critérios, valores e evolução,
podem descer a labirintos afetivos, conflitivos, de grande impacto sobre
sentimentos de pessoas inseguras, que circundam em torno delas e que aspiram
serem seduzidas por pessoas que se elegem ou são eleitas, para tarefas
públicas, religiosas, sublimes ou crueis, de superação ou redenção.
PERSONALIDADES
DEPENDENTES
Sob a designação de
personalidades dependentes, reunimos os que, de uma ou de outra forma, não
realizaram um amadurecimento próprio, permanecendo indecisos. inibidos ou sem
desenhar um projeto pessoal. Devido a não existência de um “si mesmo” , de eixo psicológico na personalidade que garanta
a própria identidade, sua energia psíquica, a força interior, é aplicada de
forma inadequada, setorizada, diluida. Não se concentram prioritáriamente em
uma forma abrangente.
Incluem-se nessa categoria, as personalidades
cuja zona da sabedoria é pobre , sem
conteúdos sedimentados. Por isso, a zona problemática está repleta de
condições indecisas, mistura de vaidades, vacuidade e sexualidade pouco
resolvida.
Devido a essas
deficiências, as personalidades dependentes, têm dificuldade de estabelecer uma
identidade própria. Ou permanecem numa espécie de limbo existencial ou tendem a
absorver personalidades alheias tentando
não apenas imitá-la, mas vivenciá-las,
incorporá-las alienadamente, com a renúncia da própria identidade, numa espécie
de simbiose fantasiosa a distância, em que a pessoa passa a nutri-se
psiquicamente da imagem do ídolo.
Vamos dividí-las em
dois grupos. A personalidade susceptível
e a personalidade “mariposa”.
PERSONALIDADE
SUSCEPTÍVEL - Essa personalidade, é tipificada por converter a
sensibilidade em susceptibilidade,
transformando-se em personalidade
doentia, disposta a aderir às formas de comportamento improdutivo. Essas
pessoas, exigem, geralmente, grande atenção dos outros, exibindo problemas e
ansiedades, Podem, também, quando possuem algum carisma ou empatia, tornarem-se
simpáticas, pretendendo “entender “o problema do outro, sem ter, todavia,
conteúdos sensiveis equilibrados. A sexualidade é, geralmente, pervertida, uma
vez que a energia erótica é usada para mascarar a sensibilidade doentia.
Também são pessoas
de grande insegurança, mas que exprimem, perante os outros, um caráter de
bondade e aceitação, sem coragem para negar ou decidir ao contrário aos
interesses alheios, na espectativa de serem amadas e aceitas. Por isso se
envolvem em processos afetivos, em que
se desgastam e adoecem.
Possuindo um caráter
susceptível, quando guindadas a posições de destaque nas artes, no esporte ou
na vida comum, pelo talento, pelas
circunstâncias ou pelo próprio desejo de destaque pessoal, podem
absorver como verdadeira, a idolatria dos outros, das massas ou que seja,
superestimando sua realidade espiritual, psicológica, humana.
Usufruindo do poder
ou da glória por tempo limitado, sofrem horrivelmente e caem em depressão, se
drogam e chegam a suicidar-se, quando perdem os cargos, são deixadas de lado,
já não atraem admiradores, contratos, envelhecem e deixam de receber
considerações.
PERSONALIDADE
“MARIPOSA”. Esse tipo se caracteriza por possuir uma baixa definição da própria identidade. Isso significa que vive
mais ou menos como apêndice de outras personalidades que, para elas,
representam um ponto de irresistível atração. A sexualidade é difusa e não raro
pervertida.
Possuem o “complexo de mariposa”. Não tendo encontrado,
ainda, seu próprio caminho, temerosas talvez de exercitar a própria
independência, voejam, como as mariposas, em torno dos que brilham. São
atraídas pelo sucesso dos outros, tentando compensar a inveja e projetar
fantasias sobre quem estiver no momento no topo da fama ou do prestígio.
Na vida profissional
, política, social e econômica se tornam os conhecidos puxa-sacos, os
subservientes, que odeiam os superiores, mas que os servem como condição de
falsa auto-estima. Na vida comum, são os que criam fãs-clubes, colecionam fotos
e relíquias de artistas famosos, identificam-se com eles, tomando-os como membros de sua família e se
considerando como tal em relação a eles, o que lhes garante gratificação
íntima, disfarçando o tédio e o vazio existencial.
De
modo geral são personalidades doentias, insatisfeitas, minadas pela inveja,
pelo medo e pelo ódio, uma vez que escoam sua energia interior sem
contrapartida satisfatória.