Saiu o Abertura de julho de 2024
terça-feira, 23 de julho de 2024
Saiu o Jornal Abertura de julho de 2024
terça-feira, 16 de julho de 2024
Eugenio Lara nos deixa em junho de 2024 - da redação
Eugenio Lara nos deixa em junho de 2024
Desencarna Eugenio Lara aos 61 anos.
Difícil perder um companheiro tão inteligente, um
pesquisador de primeira linha, tão cedo, com apenas 61 anos. Eugenio faz parte
deste jornal Abertura, desde o primeiro número.
|
Cláudia e eu
fomos ao velório, conversei com o seu irmão Vicente Lara, Eugenio teve
problemas relacionados com o fígado seguido de anemia muito forte. Aos poucos
foi complicando resultando em falência múltipla dos órgãos. Alguns dias antes
da desencarnação ele falou ao irmão, já com alguma confusão mental que estava
sendo tratado pelos irmãos espirituais. Temos certeza de que sim e ele também
tinha. |
Eugenio tem uma relação profunda com o ICKS, este relacionamento é bem anterior à própria criação de nosso instituto. Eugenio era responsável pela diagramação dos jornais Espiritismo e Unificação em seus últimos anos e do sucessor Jornal de Cultura Espírita – Abertura. Onde militou por cerca de 10 anos.
|
|
Jornal
Abertura-maio de 1998 – Eugenio Lara estava no Conselho de Redação e Diagramação
e Composição Gráfica
Transcrevo aqui o que entre tantos outros que o homenagearam
no WhatsApp da CEPABrasil, o que
escreveu Ademar Chioro:
” Estou triste e muito mexido com a notícia. Eugenio Lara é
um querido amigo, com quem convivi intensamente desde a juventude. Foi um líder
desde o movimento de mocidades espíritas. Um intelectual espírita, laico,
livre-pensador, humanista (seu livro é uma pérola), progressista Arquiteto de
formação, jornalista e designer gráfico por gosto e por competência. Produziu
muito, e acho o site PENSE, em coautoria com José Rodrigues, uma das suas mais importantes
contribuições.
Escrevia muito. Polemista. Irônico e provocador. Eu o
chamava carinhosamente de o “Massaranduba” do espiritismo.
Parte muito precocemente. Vai fazer uma falta imensa. Na
primeira fila será recepcionado por Jaci Regis e José Rodrigues. Parte um
apaixonado pelo espiritismo. Um autêntico livre-pensador espírita.
Parte o primeiro dos fundadores e um dos mais ativos membros
do CPDoc, ainda que andasse meio sumido nos últimos tempos.
Meu abraço amoroso, Eugenio. Até breve!!”
SBPEs
Eugenio participou de todas as edições do Simpósio
Brasileiro do Pensamento Espírita, ele as vezes nem se inscrevia, mas aparecia
por lá, adorava uma resenha, ficar próximo ao cafezinho discutindo o
espiritismo.
Foto - Eugenio,
Ivon Régis, Nazareth e Antonio Ventura em frente à sede do ICKS
Apresentou muitos trabalhos que terminavam em livros
publicados ou em formato de ebook.
O ICKS está buscando textos publicados no Abertura e
disponibilizando no blog do ICKS - https://icksantos.blogspot.com/;
para consultar basta ir a MARCADORES e selecionar Artigos de Eugenio
Lara.
Veja abaixo:
Numa das últimas vezes que conversamos pessoalmente, Eugenio
disse que sentia falta dos artigos de folego, ou seja, aqueles artigos de duas páginas,
as centrais, ainda no tempo do Abertura em papel jornal e formato tradicional.
Bem, esta despedida ocupa duas páginas, uma homenagem a ele,
pela sua dedicação ao estudo e pesquisa do espiritismo. Ele era extremamente
Kardecista. Vamos sentir muita falta deste nosso amigo.
Alexandre Cardia Machado
quarta-feira, 10 de julho de 2024
A AUTONOMIA FRENTE AS DETERMINAÇÕES - por Ricardo de Morais Nunes
A
AUTONOMIA FRENTE AS DETERMINAÇÕES
A
questão da autonomia e da heteronomia, muito discutida no movimento espírita da
atualidade, deve ser colocada em justos termos, sob pena de incidirmos em
análises simplistas do tema. É certo que Kardec afirma que “sem o livre-arbítrio
o homem seria máquina”, porém esse homem livre não é tão livre como parece.
O
ser humano está submetido a inúmeros condicionamentos de caráter social,
biológico, econômico, ideológico, geográfico, cultural, familiar, enfim a
inúmeros fatores que pressionam sua subjetividade, constituindo- lhe o eu, sem
que na maioria das vezes tenha percepção desse fato, pois tais fatores, em
geral, incidem em nível inconsciente. Se levarmos em conta, ainda, que nossa
individualidade espiritual reveste inúmeras personalidades históricas, no tempo
e no espaço, tal situação se agrava.
Porém,
é possível que o ser humano adquira consciência das determinações, as constate
e as supere, claro que sempre em certa medida, pois há determinações, em tese, insuperáveis.
Nesse sentido, negar que há uma esfera de
liberdade frente as determinações certamente é um exagero que deve ser evitado,
pois diferentemente dos animais o ser humano produz cultura e é dotado de perfectibilidade.
E na perfectibilidade está a possibilidade do novo, da criação, do inédito.
O
espiritismo, portanto, acerta quando afirma a perfectibilidade do espírito
humano e o livre-arbítrio. O ser humano não está preso à natureza como os
animais irracionais que repetem ao infinito os mesmos padrões de comportamento.
Não é o caso de entrar aqui, para as finalidades desse artigo, na tese aceita
por muitos estudiosos espíritas, de que um dia o princípio espiritual dos
animais também entrará na esfera da liberdade e da consciência.
Segundo o espiritismo, na medida em que
desenvolvermos nossa perfectibilidade, enquanto seres humanos, através das
reencarnações sucessivas, iremos ampliando nosso grau de liberdade ante os determinismos
mesmo que esse aperfeiçoamento demore eternidades.
O ser humano, para o espiritismo, portanto, é perfectível.
Pode, através do pensamento crítico e do autoexame de si mesmo ir, em certa
medida, além das determinações que o fazem pensar e ser de uma determinada maneira.
Nesse procedimento reside a real autonomia, como capacidade de governar-se por
si mesmo.
Nas sociedades de todos os tempos a
heteronomia, como norma exterior a induzir o comportamento humano, sempre foi
muito presente. Desde as sociedades religiosas do passado às sociedades
capitalistas de nosso tempo, sempre há aqueles que nos dizem o que pensar, o
que fazer, como viver, como agir.
O
ser humano autônomo é aquele que consegue dizer um não consciente às
influências externas indo ao encontro de si mesmo. É fácil? Claro que não.
Primeiro, porque é muito difícil constatarmos os condicionamentos que nos
aprisionam muitas vezes de forma inconsciente. Segundo, porque nadar contra a
maré das ideias e comportamentos padronizados já produziu o afogamento
existencial de muitos. Mas, não há outro jeito, a autonomia é também um fator
de libertação e de felicidade pessoal.
Claro
que a autonomia pressupõe a responsabilidade pessoal perante o outro, o ser si
mesmo autônomo leva em conta essa responsabilidade. Autonomia não é
arbitrariedade, não é individualismo, nem egocentrismo, não é fazer o que se
quer sem levar em conta os efeitos da ação praticada sobre o outro.
Como
disse no início desse artigo o tema autonomia é muito discutido hoje no
movimento espírita, o que é muito positivo. Precisamos, porém, ter cuidado para
termos uma abordagem madura sobre o tema, sem menosprezarmos a força poderosa
das inúmeras determinações que nos fazem agir, frequentemente, conforme o
padrão aceito pela maioria.
Na
verdade, o comportamento heterônomo da massa é a regra, sendo a autonomia a exceção.
A autonomia relativa neste mundo é uma conquista, talvez seja a mais difícil
empreitada a ser realizada pelo ser humano.
E a autonomia verdadeira se reveste de um
caráter prático, que diz respeito à ação no mundo, o que dificulta ainda mais a
sua realização. Em geral, o mundo não aceita muito bem as personalidades que
afirmam sua autonomia de pensar e agir.
Baixe aqui:
sexta-feira, 5 de julho de 2024
70 anos do Lar Veneranda - por redação
70 anos do Lar Veneranda
O ICKS, desde sua criação em 1999 até 2022 esteve ligado
umbilicalmente com a Comunidade Espírita Lar Veneranda, que nesta data de 3 de
outubro de 1999, transferiu a LICESP ao recém-criado Instituto Cultural
Kardecista de Santos. Durante este período a instancia maior do ICKS era o
Conselho de Administração do Lar Veneranda.
Como o Lar Veneranda decidiu agilizar a sua gestão,
extinguindo o Conselho de Administração, tivemos, o ICKS que emancipar-nos
totalmente. Mas temos uma gratidão e uma ligação espiritual com esta casa, que
nos abriga. Mantemos uma sala no Lar Veneranda.
Nossa homenagem ao Lar, como podemos dizer é, portanto, de
coração e alma.
Não há melhor exemplo de compartilhamento do que o existente
entre a CAELV e o ICKS.
Um pouco da história desta instituição importante
Espírita da Baixada Santista
sábado, 15 de junho de 2024
Problemas humanos - Liu Xiaobo - Prêmio Nobel da Paz de outubro de 2010 - por Jaci Régis
Problemas humanos - Liu Xiaobo
O parlamento norueguês decidiu
atribuir ao chinês Liu Xiaobo o Premio
Nobel da Paz. A decisão causou revolta do governo chinês que mantém o ativista e
dissidente preso por “crime de consciência”, quando o condenado é punido por
ter idéias contrárias ao poder.
Liu Xiaobo ativista, autor de
manifesto pedindo reformas democráticas na China, cumpre pena de prisão por “incitar subversão”.
Governos
totalitários odeiam dissensões e opiniões contrárias. Totalitarismo baseado em
ideologia, como o chinês, comunista e ou teológico, como o Irã, detestam a
liberdade de modo geral, da imprensa em particular.
Todos esses
governos, como os de todas as ditaduras, são signatários da Declaração dos Direitos
Humanos, da ONU.
Mas com medo
de perder o controle rígido do poder, avançam, contra a liberdade de
consciência
O regime
chinês é repressor e ditatorial. Conseguiu, depois da Revolução Vermelha de Mão
Tse Tung, tornar-se uma das mais importantes potencias econômicas da atualidade,
com crescimento surpreendente da econômica. Isso foi conseguido pela abertura,
ainda que parcial, às empresas particulares locais e internacionais.
O
Espiritismo, temos repetido, é contra toda e qualquer idéia totalitária, as
ditaduras e regimes teológicos, que cerceiam a liberdade.
Na América
Latina houve um avanço de governos que se afirmam “socialista”, mas que atacam
a liberdade de imprensa e criam situações conflitivas. No Brasil, o atual
governo, em cujos quadros existe um grande contingente marxista ou
pró-marxista, tenta criar empecilhos à liberdade de imprensa e não tem o menos
pudor em abraçar ditadores e ditaduras.
Na Lei de Liberdade, inserta
“No pensamento
goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como por lhe peias.
Pode-se-lhe deter o vôo, porém, não aniquilá-lo.”
““. A
liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira civilização e do
progresso.”
O parlamento dinamarquês
ao consagrar o esforço e até a bravura do dissidente chinês, mostrou
independência diante das ameaças do governo chinês, que tenta apresentar uma
imagem positiva. O homenageado está em prisão e não poderá recebe o prêmio, nem
provavelmente, terá sua pena revista. Isso feriria o orgulho do governo
comunista chinês. Como todo regime totalitário quer que a China, apareça como
um paraíso, mesmo sob o sangue de torturas, prisões e cerceamento da liberdade.
Texto originalmente publicado no Jornal Abertura de outubro de 2010, página 4.
Este foi o último artigo escrito e publicado no Abertura por Jaci Régis, não tem a sua assinatura, mas a Coluna Problemas sociais e Políticos eram sempre escritas por ele. Jaci desencarnou em novembro de 2010.
O PAPEL DO ESPIRITISMO NO PROGRESSO- por Jaci Régis
O PAPEL DO
ESPIRITISMO NO PROGRESSO
Na primeira parte de A Gênese, após dedicar grande espaço para explicar os vários
significados para a palavra revelação,
ele caracteriza o Espiritismo como uma
revelação cientifica, talvez porque insista que a doutrina baseia-se na
observação dos fatos como fazem “as ciências positivas”.
Apesar disso, o Espiritismo é uma verdade revelada, tem
inspiração divina “pois provem dos Espíritos”
como porta vozes de :Deus.
Em conseqüência, estabelece o Espiritismo como a 3ª revelação, sucessora
e reformadora do cristianismo, do evangelho, o Consolador Prometido, no sentido
profético dado à missão de Jesus de Nazaré, dentro dos padrões criados pelo
catolicismo.
Entretanto, na última parte do livro, tratando das
mutações sociais que seriam promovidas no futuro, ele coloca o Espiritismo como coadjuvante do processo
evolutivo, no que, aliás, estava muito certo.
“O Espiritismo não cria a renovação social”, afirma. Porque nenhuma instituição, movimento, ou
pessoa, por si só, cria a renovação social. Ela se realiza em velocidades
diferenciadas, acelerada, e forma desigual nas várias partes e civilizações, a
partir da ruptura de algumas idéias cristalizadas, resultado complexo de
ansiedades, decepções, sofrimentos e desilusões. Pois são esses
fatores que mobilizam as mudanças, a busca de um novo sentido, um novo
paradigma para a vida, nem sempre encontrado imediata ou mediatamente,
demandando tempo de correção, reajuste e sofrendo o império de forças obscuras,
desequilibradas, que se apresentam como escoadouro de frustrações apelando para
a liberação sensual e egoísta das pessoas.
“Quando,
por conseguinte, a Humanidade está madura para subir um degrau, pode dizer-se
que são chegados os temos marcados por Deus, como se pode dizer também que, em
tal estação, eles chegam para a maturação dos frutos e sua colheita.” afirma
Kardec..
É difícil, na atualidade, caracterizar essa
“humanidade”, pois as diferenças entre
os povos, religiões e regiões, descompassadas, desniveladas, não estabelece uma
unidade para o amadurecimento indicado. O que temos são etapas desiguais na
apreensão e necessidade do progresso, embora a globalização dos meios de
comunicação, a tecnologia e as interelações
entre povos tenda a acelerar, ao longo do tempo, uma mistura de aspirações a caminho de uma certa nivelação
do progresso
Tudo isso nos leva a revisar os conceitos revelados
atribuindo a decisão divina para as
etapas do progresso e fazendo-as acontecer através de mecanismos
extraordinários ou formas puramente externas que promoveriam, talvez pelo medo,
a renovação das coisas..
Na realidade geralmente o progresso se faz e as coisas
vão mudando sem o aparato espetacular que se propagava. Processa-se a evolução
natural, etapas por etapas, com mutações progressivas. As mutações são feitas
numa lenta engrenagem que demanda paciência e apresenta surpresas, a despeito
das contradições e resistências..
. No jogo de xadrez da
evolução, a partir da premissa de que há um planejamento em longo prazo para a
evolução da humanidade, os mentores cristãos e, possivelmente o próprio Jesus,
sabiam que ressuscitar a igreja era impossível porque a transição que viria no
século vinte abriria outras portas para o entendimento humano, com o surgimento
da verdade
investigada, libertando do jugo da verdade revelada como única via da
verdade.
Nesse jogo, o Espiritismo tem seu papel. O que se
reservava, sobretudo, ao Espiritismo era o uso da mediunidade, a exploração do
fenômeno mediúnico para a prova da imortalidade. “Iniciando a humanidade no mundo
invisível, (o Espiritismo) mostra-lhe o seu verdadeiro papel espiritual, como
no estado corporal. O homem já não caminha às cegas: sabe de onde vem, para
onde vai e por que está na Terra. O futuro se lhe revela em sua realidade
despojado dos prejuízos da ignorância e da superstição” afirma o
fundador do Espiritismo.
Entretanto, a análise que o Espiritismo faz desses
fenômenos têm critérios diferenciados do cristianismo e
outras denominações religiosas, como o islamismo,, budismo, hinduismo, todas
comprometidas com a visão mística e contraditória, sobre o ser humano, a
divindade e o objetivo da existência.
A visão espírita é específica e contrária,
na essência, aos conceitos dessas religiões que dominam o cenário mundial,
formatando a mente de milhões de pessoas, ao
longo de milênios.. Espiritismo poderia ter desempenhando esse novo
papel, mas o próprio Kardec teve
dificuldades em definir uma linha independente ao pensamento católico na
análise das realidades psicológicas e, evolutivas das pessoas.
Seguiu a regra de que a vontade e a
determinação tudo resolvem e que as verdades estavam a disposição de todos e
que a humanidade não seguiu porque as pessoas eram desobedientes, preguiçosas e
más.
Na sociedade atual, há um espaço cada vez maior para a
fenomenologia mediúnica, dramatizada e estilizada em filmes, séries de tv e
livros, com o surgimento de gurus, seitas e
movimentos pessoais, fora dos limites doutrinário do Espiritismo e se
afirma como uma atividade cada vez mais urgente, isto é, a definição da
dimensão extra corpórea do ser humano.
Infelizmente, esses fatos têm sido analisados dentro da visão da verdade
revelada das igrejas, religiões, de cunho cristão ou não. Então, usa-se
o fenômeno para ressuscitar o velho paradigma do catolicismo do bem e do mal, do demônio e dos anjos, da
culpa e do castigo, da impotência do ser humano, da ascendência irracional do
divino sobre a pessoa e a aplicação de forças ocultas determinando o destino de
cada um.
Essa é uma etapa que ainda deverá ser
vencida para que a compreensão mais clara do porquê da vida, da intervenção
divina, nos permita vislumbrar o prazer e a felicidade a ser construída, sem
apelos à regeneração, á salvação, mas como afirma Kardec que o ser humano
reconheça que “do que ele é hoje, qual se fez a si mesmo, poderá deduzir o que virá a
ser um dia
segunda-feira, 10 de junho de 2024
Fato Espíria - Inteligência e Simplicidade por Eugenio Lara
Fato
Espíria - Inteligência e Simplicidade
Eugenio
Lara
NR: uma homenagem a Eugenio Lara
Há pessoas que são espíritas sem que tenham
consciência disso. Pensam, sentem e vivenciam ideias e valores que muitos
militantes espíritas “velhos de guerra” nem imaginam como fazê-lo, mergulhados
que estão em seu próprio egoísmo. Normalmente, esse fenômeno acontece e
mostra-se com mais evidência em pessoas que não tiveram, na atual existência, a
oportunidade de se instruir, de aprimorar a inteligência através do estudo.
No processo evolutivo, o homem humilde, mas de bom
coração, que não teve acesso ao estudo nessa vida, pode estar bem mais perto da
perfeição relativa do que o sujeito extremamente intelectualizado, com um quociente
de inteligência (Q.I.) altíssimo, mas que se mostra insensível e fechado em si
mesmo, quando se trata de abrir seu coração para o outro.
Realmente, o Espiritismo é bem esclarecedor nesse
aspecto. Afirmam os espíritos que “o homem simples, mas sincero, está mais
adiantado no caminho de Deus do que aquele que aparenta o que não é.” (Allan
Kardec, O Livro dos Espíritos, q.
828-a). A arrogância, o despeito e a vaidade tomam conta de suas atitudes, de
seu comportamento que, visto sob o ponto de vista moral, mostra-se ridículo e
patético. É o que Deolindo Amorim (1906-1984) chama de falsa cultura: “é
exibicionista, mas a verdadeira cultura é temperada pela humildade, sem
exagero, sem atitudes impressionantes.” (Evangelho e Cultura, em Ideias e Reminiscências Espíritas, Ed.
Inst. Maria)
Todas as pompas e trejeitos sofisticados não fazem do
homem culto e intelectualizado um verdadeiro homem de bem. Isso não significa,
contudo, que devido a esse fato, tenhamos de valorizar a ignorância em
detrimento do desenvolvimento intelectual. Como diz Deolindo Amorim no mesmo
artigo citado: “ao invés de provocar o orgulho ou a empáfia, como tantas e
tantas vezes se diz, a verdadeira cultura cria condições íntimas para a
humildade, mas a humildade raciocinada e não a humildade convencional, que
encobre a presunção recalcada”.
O Espiritismo nos ensina que o progresso intelectual é
incessante, permanente e antecede ao progresso moral. É que o desenvolvimento
da inteligência, da razão, abre portas para o desenvolvimento moral. Através do
livre-arbítrio o ser humano delibera, exercita seu intelecto e cria situações,
dilemas, promove conflitos que exigem decisões, definindo assim caminhos e
escolhas morais.
Sem inteligência não há razão. E sem raciocínio não há
livre-arbítrio. Não dá para pensar em ética, moral e valores sem a existência
do livre-arbítrio. Não há o bem, nem o mal. Haveria apenas um ser que age sem
consciência moral, ou o que é pior, age imaginando que está agindo com
consciência, mas que, na prática, age como um animal, ainda mergulhado no
estado natural.
Na verdade, os maiores obstáculos ao pleno
desenvolvimento intelecto-moral são o egoísmo e a vaidade. Enquanto o sujeito
permanecer bem no alto do pedestal de sua arrogância, não perceberá o quanto
ainda tem que aprender. A sensação de superioridade intelectual ofusca a
necessidade interna de progresso. É o sabe-tudo, o metido a sabichão, que não
percebe o quanto ainda terá de caminhar para ser considerado um homem sábio.
A propósito, o exemplo do grande filósofo grego
Sócrates (469 a.C. - 399 a.C) vem bem a calhar. Quando seu amigo Querefonte
disse-lhe que para o Oráculo de Delfos, ele era o homem mais sábio de Atenas, mostrou-se
surpreso: “Como posso ser o homem mais sábio de Atenas quando sei tão pouco?” Ao
invés de se sentir o “special man”, o “number one” e tirar proveito disso,
apenas dizia: “só sei que nada sei”. Essa atitude de humildade, oriunda do
autoconhecimento, levou o grande filósofo a um permanente questionamento, à
incessante busca da verdade, a se colocar sempre à disposição para debater suas
ideias.
Deolindo Amorim tem, portanto, toda a razão quando
afirma que “quanto mais culta é a criatura humana, mais humilde ela se torna,
porque sabe, e não é mais necessário que alguém lhe diga, que o legítimo
conhecimento só tem proveito para o espírito quando não se deixa influenciar
pela vaidade, pela arrogância, pelo egoísmo”.
Eugenio Lara, arquiteto e designer gráfico e autor do livro Breve Ensaio Sobre o Humanismo Espírita.
Artigo publicado em setembro de 2013 no Jornal Abertura
domingo, 9 de junho de 2024
Jornal ABERTURA de junho 2024 online
Jornal ABERTURA de junho 2024 online
Jornal ABERTURA de junho 2024 online
Esta edição com 11 páginas, cobre três pontos importantes: 24° Congresso da CEPA em Porto Rico, os 70 anos da Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda e a tragédia no Rio Grande do Sul. E um jornal que está muito bonito!
Leiam também:
Roberto Rufo - O momento de servir e o momento de pensar.
Milton Medran - A sensação de impotência ante a dor alheia.
Alexandre C. Machado - Abrindo a Mente - voltando às Teorias Cosmológicas.
Ricardo de Morais Nunes - Parabéns Jacira.
Memórias Inesquecíveis - Mauricy Silva.
Livraria Física e Virtual (livros em pdf grátis) do ICKS
Cláudia Régis Machado - Outono da Vida.
Todos os links no jornal são ativos.
Baixe o jornal aqui:
sexta-feira, 7 de junho de 2024
Encanto, Desencanto e Inquietude - por Eugenio Lara
Encanto, Desencanto e Inquietude
Eugenio Lara
Nota da redação: Eugenio volta ao mundo dos Espíritos neste 7 de junho de 2024
De vez em quando surge em mim, de modo insidioso, um certo sentimento
de desinteresse pelo Espiritismo, dentre outras coisas da vida. E sempre fico a
me perguntar se é algo passageiro ou permanente, ainda que, no caso, tal
sentimento carregue consigo uma razoável dose de desencanto.
Sim, desencanto,
talvez seja essa a palavra mais exata, no momento, para definir o que há muito
tempo sinto em relação ao Espiritismo. Não chega a ser decepção. Mas, do
desencantamento à desilusão, à decepção é um pulo, um mero suspiro.
Todavia, a decepção pode permear os sentidos, o pensamento.
Fico então a me perguntar, de modo metafórico: eu falhei com o Espiritismo ou
foi o Espiritismo que falhou comigo?
Falsa questão, mas que, em termos poéticos, simbólicos, traduz
um certo sentido.
Afinal, que é o Espiritismo senão um movimento social
formado por pessoas, por seres humanos encarnados e desencarnados que te inserem
numa situação natural de (con)vivência e vicissitude moral, interpessoal?
Por melhor que seja, nenhum ideário jamais será o
suficiente para se moldar um laço duradouro, um elo, unir determinado grupo apenas
pela comunhão de princípios e objetivos. Há fatores emocionais envolvidos que sempre
devem ser considerados. Boas ideias com pessoas sem boa vontade, ambiciosas e de
mau caráter não dão certo, não florescem, ainda que estas pessoas sejam aparentemente
eficientes no que fazem. É a tal da figueira estéril da parábola evangélica.
Por conta disso, a decepção pode estar sempre presente,
como a Espada de Dâmocles sobre nossa cabeça. Porém, há algo que se sobrepõe a
tal circunstância: a ternura e a convicção.
Minha inserção no Espiritismo não perdura por fatores
interpessoais, mas, sobretudo, por uma forte convicção filosófica, firmada em
um tempo de estudo, experiência e leitura, difícil de se mensurar. Não foi da
noite pro dia. Isso não significa que não possa sofrer turbulências e abalos
sísmicos. Enquanto que a ternura pelo Espiritismo ainda é a mesma, desde o
início, como aquele amor à primeira vista, sincero e inocente, que nunca será
esquecido, mas que um dia pode acabar, como a paixão fugaz, passageira.
O desencanto é passageiro, fugidio, tanto quanto o próprio
encanto, que se não for controlado, trabalhado pode redundar no fanatismo, em
posturas fundamentalistas, dogmáticas e sectárias. O encanto desmedido, quando
desmorona e se desvanece, quase sempre vira desilusão.
Porque o que sobra mesmo é o senso de dever, o profundo
sentir, a paixão permanente, mesmo que adormecida. Pelas ideias. Por um ideal.
Por uma forma de ser e estar no mundo que seja ao mesmo tempo livre e sensata,
na busca da plenitude inalcançável, ainda que possível, porque o Espiritismo é
também uma utopia.
“Lógica, razão e bom senso”, o pálio trinário de Allan
Kardec, era sua bússola, a Pedra de Toque. Como os povos celtas, ele gostava do
número três: “Trabalho, Solidariedade e Tolerância” também foi seu lema. Sob o
ponto de vista intelectual e ético, a referência kardequiana ainda é o melhor antídoto
contra qualquer tipo de desencanto, desânimo, de distorção doutrinária ou
traição aos princípios nucleares da Filosofia Espírita.
Raramente escrevo em primeira pessoa, no entanto, creio que
o momento exige, por isso compartilho com os leitores deste Opinião minha relação aparentemente
conflitante e angustiada com a filosofia espírita. A angústia aí é aquele
sentimento de algo inacabado, não conhecido. Não se trata daquela ansiedade pueril,
incômoda e desagradável, mas, antes de tudo, de uma sinistra inquietude, que o
Espiritismo provoca em nós de modo permanente, na medida em que nele adentramos.
Essa inquietude pode e deve ser o motor de propulsão, o
estímulo permanente no manejo da ideia espírita, nem sempre tratada pelos
próprios espíritas com o devido respeito, seriedade e profundidade que ela
exige e merece.
Olho: O que sobra mesmo é o senso de dever, o
profundo sentir, a paixão permanente, mesmo que adormecida. Pelas ideias. Por
um ideal. Por uma forma de ser e estar no mundo. O Espiritismo é também uma
utopia.
Eugenio Lara, arquiteto e designer gráfico, é membro-fundador do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita (CPDoc) e autor, dentre outros livros, de Breve Ensaio Sobre o Humanismo Espírita - este artigo foi enviado em 2018 aoRedator do jornal Opiniãodo CCEPA e não foi publicado. Milton Medran disonibilizou nesta data 7/06/2024.
segunda-feira, 3 de junho de 2024
18° Fórum Espírita Livre Pensar da Baixada Santista - abril 2024
18° Fórum Espírita Livre Pensar da Baixada Santista
Ocorreu com bastante participação das casas espíritas ligada
à CEPA a décima oitava edição, no sábado 20 de abril, com o tema: Reflexões
Sobre a Paz. Nossos Fóruns sempre são realizados próximo do dia 18 de abril.
Este ano estamos comemorando 167 anos do lançamento da primeira edição do Livro
dos Espíritos, que ocorreu em Paris no dia 18 de abril de 1857.
Assista em video um resumo:
https://youtu.be/AVYWhfozIyE?si=oLObyaVkpzJi7rhA
Nos reunimos nas dependências do CEBAP – Centro Espírita Beneficente
Ângelo Prado. Estiveram presentes mais de 80 pessoas.
O evento constou de uma abertura feita pelo presidente do CEBAP
Jaílson Mendonça e também coordenador do evento que convidou a nos brindar com
algumas palavras a Presidente da CEPA – Associação Espírita Internacional –
Jacira Jacinto da Silva e também o Presidente da CEPABrasil Ricardo de Moraes
Nunes.
Ricardo Nunes, Jaílson Mendonça, Jacira Jacinto da Silva e Mauro Spinola
A seguir tivemos a apresentação
da Camerata Violões Manzione.
Camerata Violões Manzione
Inicialmente os participantes foram divididos em grupos, em
oficinas, para refletir sobre a paz sobre a ótica espírita, quatro grupos
receberam duas pergunta em comum e uma distintas. Foram 30 minutos de
discussão, seguido das apresentações no auditório.
Na segunda parte, tivemos a presença de um convidado,
Eduardo Valério que veio especialmente de São Paulo para conversar e refletir
conosco sobre este tema.
Eduardo Valério
Ao término foi oferecido um lanche a todos, com muita
confraternização entre os presentes. Em paralelo havia duas bancadas, uma para
venda de artesanato pelo CEBAP e outra para venda de livros espíritas pelo
ICKS.
Cláudia Régis Machado