terça-feira, 8 de novembro de 2011

Alexandre Cardia Machado no Fronteiras da Ciência

Editor do Jornal Abertura, Alexandre Cardia Machado, esteve no programa Fronteiras da Ciência, da TV Santa Cecília de Santos, no dia 06 de novembro. Alexandre tratou do tema Ciência Espírita, e foi grande o número de telefonemas e perguntas de telespectadores. Durante o programa, que é apresentado pelo Engenheiro Jadir Albino, foi feito convite para a participação do público no XII Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita e, claro, também foi destacado o Jornal Abertura. O programa é transmitido ao vivo, aos domingos, a partir das 19 horas, com reprise no sábado seguinte, às 21 horas. O site do programa é http://www.fronteirasdaciencia.com.br/ e os interessados podem assisti-lo no endereço http://www.mundomaior.com.br.

domingo, 23 de outubro de 2011

Programa do XII SBPE - trabalhos e horários


Vejam a programação do XII SBPE de 11 a 14 de Novembro

Inscrições para participação ainda abertas pelo telefone (13) 32842918 ou pelo email ickardecista @ terra.com.br Inscrição R$ 100,00

domingo, 16 de outubro de 2011

XII SBPE -22 anos fazendo história

Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita 22 anos de história

No momento em que estamos organizando o XII SBPE, ns ocorre relembrar um pouco de sua trajetória, Em 1989 Jaci Régis propõe um novo forum de exposição de idéias para aquele grupo que em 1986 foi expurgado do Movimento Espírita cristão. Na sua primeira edição, a única onde os expositores foram convidados a discorrer sobre temas específicos, teve a presença de muitos pensadores relativamente independentes.

A abertura provocada pelo então chamado Simpósio Nacional do Pensamento espírita acabou criando um mecanismo de geração de idéias que foi replicado em encontros, seminários e outras formas de reunião no Brasil e na Argentina.

Na histórica edição de 1989 estiveram presentes apresentando trabalhos Krishnamurti Carvalho Dias, Ciro Pirondi, Milton Medran, Aylton Paiva, Milton Felipeli, Maria Eli Paiva, Paulo Magalhães Dias, Luis Fuchs, Velentin Lorenzetti, Cristina Helena Sarraf e claro Jaci Régis. Após este primeiro outros 10 Simpósios o sucederam, mais de 1800 participantes, sempre com temas inscritos por seus próprios autores, como é praxe em congressos profissionais.

Hoje o SBPE está na Wikipédia

Você é nosso convidado, venha participar desta idéia vencedora.

Estamos programando o XIV SBPE:

XIV SBPE – Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita

Será realizarado em Santos, na antiga sede do ICKS, hoje colégio Angelus Domus, na avenida Francisco Glicério, 261, Gonzaga – antiga sede do ICKS.

Como se inscrever

Preencha a ficha abaixo e encaminhe ao ICKS pelo correio, endereço Rua Evaristo da Veiga, 211 Santos –SP  - CEP 11075-001 ou escaneie e envie por email, ao ickardecista1@terra.com.br . Ou então ligue no (13) 33247321.

Nome:............................................................................................
Cidade:..........................................................................................
Profissão: .....................................................................................
Instituição de que participa:.......................................................
Tipo de Inscrição: ( ) A vista ou ( )número de parcelas
Vai precisar de Hospedagem: ( ) Sim ou ( ) Não 
E.mail e telefone.


Entre em contato com o  ICKS  por email para ickardecista1@terra.com.br. Precisamos de seu nome, endereço, telefone, email e forma de pagamento de sua escolha, veja detalhes a seguir.


O valor da inscrição até o dia 30 de julho é de R$ 90,00 depois desta data passa para R$ 110,00 que pode ser parcelado em até 3 vezes, com a secretaria do ICKS.

sábado, 15 de outubro de 2011

Entrevista com a psicóloga Cláudia Régis Machado autora dos livros Kadu e o Espírito Imortal e do livro de passatempos Desafios do Kadu


O Jornal Abertura de Junho de 2011 traz nesta edição uma entrevista com Cláudia Régis Machado, psicóloga participante do Gabinete Psico-Mediúnico do ICKS. O Gabinete desenvolve um trabalho filantrópico destinado a pessoas com problemas emocionais, todas as segundas-feiras, às 19h30.


Abertura - Cláudia, o Gabinete Psico-Mediúnico está funcionando desde setembro de 2009. Quais as maiores dificuldades para a realização deste trabalho?

Cláudia -Não colocaria como dificuldades, mas como aspectos próprios de cada trabalho a ser executado. Neste trabalho específico, a busca de colaboradores comprometidos qualificados foi a primeira dificuldade, já superada. Hoje temos uma equipe muito empenhada, tanto no lado físico como no extra-físico.
É um trabalho de grande responsabilidade, pois estamos lidando com problemas psicológicos e espirituais que necessitam de orientação específica e adequada, sempre levando orientações equilibradas que conduzam a atitudes efetivas para uma melhor qualidade de vida.

Abertura -Como é formado este grupo de trabalho? O que exatamente é feito neste trabalho?

Cláudia - O trabalho tem várias etapas. A primeira é a recepção, que é cuidadosa e amigável. Depois, a anamnese, que é uma entrevista inicial onde o entrevistador observa e seleciona se as dificuldades apresentadas pelo paciente se enquadram no trabalho que desenvolvemos, para que nossa ajuda possa ser efetiva. Neste momento, também são explicados o procedimento e o que temos a oferecer. Posteriormente, a pessoa selecionada participa de uma preleção sobre Espiritismo - que consta de noção sobre os princípios básicos da doutrina, um pouco da história do Espiritismo e alguns detalhamentos dos principais temas da Doutrina Kardecista - espírito, médium, mediunidade, reencarnação. Todo este conteúdo é dividido em pequenas aulas. Passamos, em seguida, para o relaxamento físico e mental e, posteriormente, às orientações psicológicas propriamente ditas. Por último, os pacientes recebem energização magnética. A orientação espiritual é dada na primeira, na quinta e na décima reunião, de tal forma que o trabalho desempenhado por cada colaborador soma para o resultado final.

Abertura -Como você considera então os resultados finais deste trabalho? Qual é o feedback dos freqüentadores?

Cláudia - Considero um bom resultado, pois atingimos o objetivo a que nos propusemos. O feedback é positivo e observamos a melhora daqueles que terminam o tratamento, com agradecimentos pelo apoio obtido, pela atenção e força dadas para seguirem na sua jornada. Muitos mudam o seu olhar para o mundo, mudam o seu estilo de vida, assim como os valores que priorizavam. Outros reforçam seu objetivo de vida, suas atitudes e pensamentos esquecidos pelas situações ocorridas. Todos buscando um melhor equilíbrio emocional e espiritual.

Assuntos relacionados:

http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=8454870676877542008


Resposta da atividade da Coluna Brincando com Kadu


A Sobrevivência das Comunidades Espíritas no Século XXI - Junior da Costa Oliveira

Nestes últimos 30 anos, convivendo em instituições espíritas, constatamos que o modelo em vigência é o mesmo do século passado, com raras exceções. Quais as razões do modelo atual estar alicerçado em pilares que nada contribuem para o desenvolvimento da casa espírita, em pleno século 21?

Se tirarmos uma fotografia atual das entidades, encontraremos o seguinte esquema de trabalho: reuniões ao longo da semana sem interação entre seus frequentadores que, geralmente, participam de uma ou duas reuniões da casa durante o período semanal, omitindo-se das demais. Observaremos, ainda, reuniões que não privilegiam os estudos espíritas, prevalecendo a experiência prática dos elementos mais velhos para implantação de trabalhos, com resultados pouco produtivos e repetitivos ao longo dos anos. Há também a falta de comprometimento das pessoas em assumir novas tarefas objetivando o fortalecimento do grupo e da própria casa espírita. Na mediunidade, não há avaliações de pessoas e conteúdo, a fim de que o trabalho possa ter melhores resultados. Por fim, há a falta de intercâmbio entre as casas espíritas visando trabalhos em conjunto nas diversas áreas de atuação dos centros.

Pensando sobre o tema proponho estabelecer novos paradigmas na casa espírita, como aproximar todos os frequentadores com seus dirigentes, por meio da apresentação dos trabalhos desenvolvidos na semana, informando coordenação, pauta e horário. Também distribuição de questionários, com a proposta de inserir estas pessoas em algum campo da casa.

No campo doutrinário, no começo de cada ano, sugiro reuniões específicas para elaboração de temas, eleição de coordenadores, apresentação dos trabalhos e seu desenvolvimento. Importante também é a criação de contatos com outras casas espíritas, buscando interação de trabalho e, principalmente, integração de dirigentes, com visitas mútuas. Outro ponto é o marketing e o desenvolvimento de pautas para elaboração de eventos da casa espírita, sejam eles internos ou externos, além da utilização da Internet. Também o trabalho voluntário e o desenvolvimento de uma reunião que englobe Centro/Mocidade/lnfância Espírita.

Ainda neste campo, devem ser estabelecidos critérios para coordenação de trabalhos doutrinários e para ocupação de postos de direção na casa espírita. Para trabalhos de coordenação, vejo a necessidade de, pelo menos, dois anos de estudos doutrinários para que se possa assumir postos de direção.

É importante a troca de experiências (positivas ou negativas) entre as entidades espíritas, inclusive as apresentando em outros centros. Também a criação de um plano de sucessão para coordenadores e membros da diretoria, além da criação de "Planos de Gestão", a fim de qualificar pessoas para dar continuidade aos trabalhos da entidade espírita.

Este é apenas um exercício de pensar positivamente para a melhoria dos nossos centros espíritas.

sábado, 8 de outubro de 2011

Pode o Pensamento deslocar-se acima da velocidade da luz?

Por Alexandre Cardia Machado

Abrindo a Mente

Pode o pensamento se deslocar acima da velocidade da luz?
Esta afirmação é recorrente nas publicações espíritas e, mais recentemente, fui instigado a pensar sobre ela pelo meu amigo Henrique Régis, que me questionou a respeito no seu espiritbook, onde discutíamos sobre Transcomunicação Instrumental (vale conferir no endereço destacado abaixo).
Da introdução do LE retiramos: “Livres da matéria, a linguagem de que usam entre si é rápida como o pensamento, porquanto são os próprios pensamentos que se comunicam sem intermediário”. Além disto, na questão 89, a proposta é mais direta: Os Espíritos gastam algum tempo para percorrer o espaço? – “Sim, mas fazem-no com a rapidez do pensamento (...)”.
Primeiramente será preciso definir o que entendemos por pensamento, para depois avaliar as suas propriedades. Existem duas características amplamente empregadas no LE: uma é o pensamento como ato de pensar, a onde o pensamento é o resultado do ato de pensar. Exemplo: Eu estou pensando neste momento. O resultado dos milhões de pensamentos que passaram pela minha mente é o que está nesta coluna. Os Espíritos se referem, muitas vezes ao “pensei em você” e, com isto, meu Espírito como que alcança aquela pessoa, naquele momento. Este seria o resultado do ato de pensar: uma informação foi passada a outra pessoa. Isto é interessante, porque muitas vezes esta pessoa capta esta informação ou mensagem.
O ponto em discussão seria qual a velocidade que esta informação se desloca no espaço. Se esta informação for constituída de pacotes de informação decodificáveis, semelhantes ao que usamos nos meios de comunicação como rádio e TV, seria absolutamente formada por pacotes de Ondas Eletromagnéticas (OEM) e estaria limitada à velocidade da luz.
No entanto, existem outras interações entre “partículas” que não são OEM, que é o que ocorre nas chamadas partículas de interação. É o caso da famosa experiência dos spins dos elétrons, quando com relógios atômicos muito precisos, em 1982, os físicos Allain Aspect, Philipe Grangier e Gerard Roger, usando um par de fótons emitidos por uma cascata de cálcio radioativo, conseguiram uma proeza fascinante: mediram a correlação da polarização linear dos seus spins, antes e após a alteração de um deles, e verificaram a certeza da predição da mecânica quântica, ou seja, a correlação entre fótons era instantânea, ou pelo menos, com velocidade maior que a da luz. Os fótons com spins iguais a + ½, davam como resultado da sua soma o valor zero, antes e após a alteração de um deles. Estaria Einstein errado? Vamos seguir acompanhando.
Se estes estudos se mostrarem certos, um tipo de informação pode ser passada de elétron a elétron a velocidades maiores que a da luz e, considerando o pensamento um pacote de informações, extrapolando a idéia ainda que hipoteticamente, podemos “pensar” que o pensamento possa também ser transmitido acima da velocidade da luz.
Para abrir mais a sua mente, leia:
1 -http://www.espiritbook.com.br/ - procurar Abrindo a Mente – ectoplasma.
2 -ASPECT,A.; GRANGIER, P.; ROGER, G. (1982) Experimental realization of Einstein-Poldosky-RosenBohm gedankenexperiment: a new violation of Bell’s inequality.PhysicalRev.Lettersv.49,No2.
3- Quem somos nós? William Arntz, Betsy Chasse e Mark Vicente- editora Prestígio - 2005

Rosana Régis de Oliveira -Presidente do ICKS

Entrevista com Rosana Régis e Oliveira – Presidente do ICKS

Rosana Régis e Oliveira é casada com Junior da Costa e Oliveira, segunda filha de Jaci e Palmyra Régis, tem 3 filhos, Fernanda, Juliana e Felipe e uma netinha Maria Clara. É Assistente Social tendo trabalhado 25 anos no Lar Veneranda, foi vice-presidente do ICKS desde a sua fundação e com o desencarne de Jaci Régis em dezembro de 2010, após aprovação por unanimidade do Conselho Deliberativo do Lar Veneranda em fevereiro de 2011, passa a dirigir o ICKS.

O jornal Abertura esteve em sua residência com o objetivo de entrevistá-la.

Abertura: Com você se sente dirigindo o ICKS?
Rosana: No momento eu ainda estou me apropriando do que é dirigir o ICKS. Estou aprendendo muito sobre os detalhes, estou começando mas me sinto muito bem por que eu já vinha trabalhando como vice –presidente do Instituto desde a sua fundação.

Abertura: Qual a maior dificuldade para substituir o Jaci Régis?
Rosana: É a grande responsabilidade, porque ele tinha o poder de gerenciar, administrar, ter as idéias e colocá-las em prática. Sei que tenho agora uma responsabilidade muito grande de assumir e fazer o que ele fazia.

Abertura: Quais os planos para 2011?
Rosana: A gente pretende manter o que fizemos em 2010, sem grandes mudanças por que estamos querendo manter o projeto. Uma grande modificação administrativa foi a divisão de tarefas que a diretoria e os colaboradores tiveram que assumir. Com bons resultados até o momento, por que todas as atividades estão mantidas. Agora nosso maior evento em 2011 será o XII Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita em novembro

Abertura:Quais foram as boas experiências que você já passou neste dois primeiros meses ?
Rosana: A experiência melhor foi a continuação do Abertura que segue em boas mãos e que já nos trás uma grande tranquilidade por que mantemos a divulgação das idéias e do trabalho do Instituto. Outra coisa muito boa foi a união da diretoria e dos colaboradores, na manutenção do andamento do ICKS.

Abertura : Como você vê o futuro do ICKS em digamos cinco anos?
Rosana: Não sei se permaneceremos no atual prédio que pertence ao Lar Veneranda, é muito grande, o custo é muito alto, meu pai deixou isto encaminhado com um imóvel que ele e minha mãe, D. Palmyra doaram ao ICKS, claro que se conseguirmos manter as atividades e as receitas em níveis adequados, continuaremos no Prédio Jaci Régis divulgando e defendendo uma idéia renovadora do pensamento espírita.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Humanismo Espírita - Eugenio Lara

O Humanismo Espírita

Eugenio Lara

“O homem é a medida de todas as coisas, das que são e das que não são.”
(Frase atribuída ao filósofo grego Protágoras)

Você pode adquirir este livro pelo ickardecista1@terra.com.br - valor R$ 25,00 entregue em sua residência


No final da Idade Média e início do Renascimento, falar e pensar sobre o ser humano, sua consciência, valores, o sentido e a origem, sua ontologia, era algo subversivo, uma atitude de vanguarda frente a um pensamento quase que completamente dominado pelo dogmatismo religioso. Pensar o homem sem a rigidez e os cânones do pensamento cristão era algo descabido para a época. Por sua vez, hoje, ser humanista parece uma atitude reacionária, retrógrada, em meio à vigência do culto ao individualismo, do hedonismo. É como se o ser humano estivesse fora de moda, junto com o Humanismo.
Agir sob a égide de uma postura humanista significa agir em rota de colisão com o culto do ego, do eu sozinho, do culto às celebridades, do espetáculo social, em aparente contradição com os princípios de uma modernidade supostamente ultrapassada, arcaica, anacrônica. E seu contraponto, a chamada pós-modernidade, algo ainda difícil de se definir e de se localizar historicamente de modo claro, é muito mais do que a expressão do individualismo e, longe de legitimá-lo, ela extrapola o hedonismo exacerbado ao questionar as bases da modernidade e, indiretamente, o Humanismo, um de seus filhos mais diletos.
Além da ditadura do dogmatismo egocentrista, observamos hoje a ditadura do cientificismo, do que supostamente a ciência prova, a ponto de identificarmos um certo exagero em seu uso como oposição à religião. Fato observável, por exemplo, na propaganda de bens de consumo onde, amiúde, aparece um sujeito de jaleco no laboratório, com sotaque estrangeiro, numa imagem que serviria para expor a demonstração científica de que o produto “é bom, testado e aprovado”. Isso quando não vemos as práticas mais pseudocientíficas serem legitimadas sob a chancela de adjetivos pomposos, como o termo quântico, que serve para qualificar as práticas mais absurdas e destoantes de um pensar filosófico e científico.
Enquanto isso, o ser humano parece esquecido. Ao mesmo tempo em que nunca se valorizou tanto o individualismo na história da Humanidade, também é difícil crer que essa mesma Humanidade possa se desumanizar ainda mais do que a temos visto fazê-lo, desde o Holocausto e o Apartheid. O individualismo exacerbado desumaniza o ser humano. A espiritualidade, então, torna-se opaca, sem sentido, inútil, incômoda, quando não vira, com frequência, mais um bem de consumo ou uma desprezível fonte de renda. Desumanizado e desalmado, assim parece ser a condição do ser humano de nosso tempo, numa moldura exageradamente tétrica, imersa num “eterno” suplício, mas prenhe de significado.

Laicismo e Humanismo

Normalmente, aqueles que se opõem à ideia de um Espiritismo de conotação laica associam, de modo ingênuo e equivocado, a laicidade ao antirreligiosismo, ao ateísmo, a ponto de imaginarem uma forma ateia de se pensar/praticar a Doutrina Espírita. Haveria, portanto, um paradoxo curioso: o surgimento de um Espiritismo ateu ou, talvez, um Espiritismo iconoclasta, anticristão, comunista, como se fosse possível conceber a existência de um pensar espírita que não seja deísta. A fim de se evitar esse tipo de equívoco tão comum, é imprescindível compreender que a laicidade no Espiritismo não está exclusivamente associada à separação entre o Estado e a Religião. Mas sim, fundamentalmente, ao seu caráter humanista, ao Humanismo enquanto concepção de mundo, do qual o pensamento espírita é um lídimo representante.
A palavra Humanismo possui dupla acepção. Expressa dois sentidos que não se opõem, mas se complementam. O primeiro caracteriza-se pela extrema valorização do ser humano, situando-o como o centro das atenções, o sentido e a finalidade do conhecimento na construção do que se convencionou chamar de antropocentrismo, em oposição ao teocentrismo medieval. E o segundo sentido, pela formação intelecto-moral fundamentada nos clássicos latinos, nos autores gregos e romanos da Antiguidade, responsáveis pelo desenvolvimento da filosofia, da literatura, da cultura ocidental, das chamadas ciências humanas.
O Humanismo é fruto de uma conquista histórica, filosófica, ética, em todos os sentidos, tanto na preocupação com a humanidade como na formação obtida pelo estudo da cultura greco-romana, latina, na construção de uma paidéia, de um ideal de beleza e sabedoria. Ele representa uma dramática, trágica e longa luta dos intelectuais pela liberdade de pensamento, pelo conhecimento científico, obscurecido pelo dogmatismo religioso, pelo poderio eclesiástico e os poderes firmados no período medieval.


Allan Kardec e o Humanismo

Ao conceber o ser humano como um espírito imortal, livre, perfectível, o Humanismo Espírita situa-se numa via alternativa entre o niilismo da concepção materialista e o dogmatismo da ideologia judaico-cristã. Trata-se de uma visão otimista, enobrecedora, emancipadora, que valoriza e engrandece o ser humano sob um enfoque espiritualista e deísta, não-fatalista, sem os prejuízos do espírito de sistema, do fundamentalismo e do sectarismo religioso, e avesso a qualquer tipo de autoindulgência.
O pensar humanista e a ação humanitária são o apanágio da práxis espírita, cujos atributos e características peculiares acham-se determinados pela liberdade e a alteridade. O Espiritismo é, ao mesmo tempo, humanista e humanitário. Humanista, pelo resgate da dignidade humana, no aqui e agora, sem fixar os olhos no passado palingenético e sem se perder numa visionária e alienante idealização do além-túmulo. E humanitário por tomar a caridade em seu sentido mais amplo, como o componente motivador de sua práxis.
O Espiritismo não admite que o ser humano seja tratado como um objeto, como uma coisa desprovida de humanidade, de dignidade. Essa visão não é propriedade do cristianismo e não se inicia com ele, mas sim na Antiguidade. Todavia, será em Jesus de Nazaré que a natureza humana terá o seu momento maior de compreensão ética e valorativa. Daí que, apesar de não ser cristão, o Espiritismo incorpora em seu ideário humanista os princípios morais ensinados por Jesus de Nazaré. Portanto, não foi à-toa que Allan Kardec afirmou que a moral espírita e a moral cristã são essencialmente semelhantes.
A filosofia espírita se insere no contexto do Humanismo Espiritualista do século 19, anticlerical, secular e de inspiração iluminista, fatores presentes na ação e no pensamento dos socialistas utópicos Robert Owen, Conde de Saint-Simon e Charles Fourier. No entanto, a maior influência no pensamento humanista de Kardec vem do Iluminismo, especialmente Jean-Jacques Rousseau.
Allan Kardec conhecia os clássicos e traduziu obras da literatura clássica francesa para o alemão, como Telêmaco, de Fénelon. Dominava fluentemente o latim, grego, italiano, holandês, inglês, gaulês e o castelhano. Foi um profundo estudioso da filosofia grega, como pode ser observado em sua análise do pensamento filosófico de Sócrates e Platão, os quais considerou, ao lado de Jesus de Nazaré, como precursores do Espiritismo, na magistral introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Educado no Humanismo pestalozziano, de nítida influência do pensamento ético e pedagógico de Rousseau, o fundador do Espiritismo possuía uma formação clássica, enciclopédica, típica dos humanistas de seu tempo. Segundo Deolindo Amorim “é considerado humanista, no sentido antigo, aquele que tem uma cultura geral muito sólida, com fundamentos mais profundos nas ciências básicas, na história, nas línguas. Allan Kardec, por exemplo. Podemos considerá-lo pedagogo, moralista, pensador entre os mais autênticos, mas é bom não esquecer que sua formação, antes de tudo, era de humanista. Pelas questões que levantou, pela segurança com que formulou as teses fundamentais da Doutrina em seus diálogos com os espíritos instrutores e pelas próprias linhas mestras de sua estrutura intelectual, vê-se logo que havia, nele, os recursos culturais de humanista completo”. (Ideias e Reminiscências Espíritas, p. 78. Grifo meu).


Demasiadamente Humano...

A visão do Espiritismo como uma forma de Humanismo entrará inevitavelmente em choque com o “Espiritismo Evangélico”, com o dogmatismo doutrinário, o religiosismo, com a mentalidade cristã e cristrólatra. O caráter humanista do Espiritismo é absolutamente inegável.
Em um simples exercício estatístico, podemos observar que a palavra homem, no sentido de representante do reino hominal, aparece em O Livro dos Espíritos (2ª edição) 679 vezes. A palavra humanidade tem 81 ocorrências e humano, 50. Esses números são suficientes para demonstrar, ao menos em termos quantitativos, que a filosofia espírita tem no homem, no ser humano, o objeto primordial de suas reflexões, conceituações e ensinamentos. O caráter humanista do Espiritismo é parte integrante de sua natureza. Sua filosofia é humanista, assim como sua antropologia, sociologia e psicologia, tanto quanto sua pedagogia, todas elas ciências aplicáveis em estado embrionário, em estado de potência ainda por ser desenvolvido.
O pensamento humanista espírita se expressa não somente pela via filosófica, mas também pela via cultural, na valorização dos clássicos e da cultura humanista de todas as épocas. Mas, sobretudo, pela tomada de posição manifesta em relação ao ser humano, como elemento primordial de qualquer processo de transformação moral, social e política. O Espiritismo, apesar de sua aparência supostamente religiosa, cristã, transcendental, é essencialmente humano, demasiadamente humano...

(*) Eugenio Lara, arquiteto e jornalista, é editor do site PENSE - Pensamento Social Espírita [www.viasantos.com/pense] e membro-fundador do CPDoc - Centro de Pesquisa e Documentação Espírita. E-mail: eugenlara@hotmail.com

Posteriormente à elaboração deste artigo, em 2012, Eugenio Lara publicou um livro denominado " Breve Ensaio sobre o Humanismo Espírita - publicado pelo CPDoc - Santos -SP, 102 páginas. Disponível para venda aqui no nosso site, basta entrar em contato pelo email: ickardecista1@terra.com.br .


sábado, 1 de outubro de 2011

Do Jesus Pré-cristão ao Jesus Cristão - Jaci Régis

DO JESUS PRÉ-CRISTÃO AO JESUS CRISTÃO


Jaci Regis


JESUS DE NAZARÉ
Quando começou sua pregação, Jesus era um homem de 30 anos. Na sua época, um homem de 30 anos era uma pessoa de idade bastante expressiva, diante da expectativa de vida.
Por isso, é natural que fosse casado e que tivesse até filhos. Essa humanização dele foi repelida e continua sendo repelida pois, desde sua morte, seus seguidores dividiram-se sobre a sua natureza.
Jesus baseou-se na Lei Mosaica e não apenas a reformulou, como criou uma revolucionária forma de relacionamento humano, extraordinariamente acima dos preconceitos judaicos.
Na verdade, apenas se apoiou nas bases bíblicas e descortinou um novo cenário para entendimento do ser humano. Esse novo cenário baseou-se no amor e na reciprocidade entre as pessoas, subvertendo o entendimento, fazendo daquele que serve o maior. Usou expressões comuns, parábolas e ensinamentos tirados do dia a dia, criando uma compreensão fácil e concreta da existência humana.
Em apenas três anos ele criou a base para uma revolução moral em meio à mediocridade geral dos fariseus e saduceus.
Os judeus viviam sob o Império Romano e a população desejava a libertação política, e não via qualquer relação histórica entre Jesus de Nazaré e o esperado Messias. Ele não possuía nenhum perfil compatível com a esperança desse Messias libertador e promotor do esplendor de Israel.
Por isso, preferiu-se Barrabás, o revolucionário político, a Jesus de Nazaré, com sua doutrina renovadora e revolucionária.
Podemos dizer, rigorosamente, que Jesus de Nazaré foi uma pessoa pré-cristã.
Não fundou uma religião, nem escreveu seu testamento.
Seus discípulos e primeiros apóstolos eram todos judeus, geralmente de nível social mais elementar.
Criaram a igreja do caminho e teriam levado suas palavras ao esquecimento e se reduzido a uma seita judaica, não fosse a adesão de um intelectual: Saulo de Tarso.
Saulo de Tarso, ao se converter às idéias do Nazareno, iniciou um grande programa de divulgação entre as comunidades judaicas dispersas no Império Romano, até chegar à Roma. Ele foi morto em 64 D.C. e sua pregação indica claramente que acreditava e esperava o retorno do Nazareno, ainda em sua existência, para instalar o Reino de Deus na Terra.

JESUS CRISTO
O cristianismo foi fundado no Concílio de Nicéia, no ano 385 da Era Cristã, sob a firme determinação do Imperador Constantino.
Até ali, várias correntes ou seitas se digladiavam sobre a figura de Jesus, criando divisões, as quais o Imperador determinou o fim.
O Concilio, por ele convocado, decidiu pelo domínio da Igreja de Roma e estabeleceu o credo da Igreja Católica, a divindade de Jesus, englobando todas as correntes existentes de modo esparso e conflitante.
Esse emaranhado de seitas produziu 315 evangelhos que o mesmo Concílio baniu, fixando-se nos quatro evangelhos canônicos.
Segundo J. Herculano Pires, “há um abismo entre o Cristo e o Cristianismo tão grande quanto o abismo existente entre Jesus de Nazaré, filho de José e Maria, nascido em Nazaré, na Galileia, e Jesus Cristo, nascido da Constelação da Virgem, na Cidade do Rei Davi, em Belém da Judéia, segundo mito hebraico do Messias” (Revisão do Cristianismo).
Como o cristianismo, Jesus Cristo nasceu em Nicéia. Nele, Jesus de Nazaré foi transformado em Jesus Cristo, dissolvido na Santíssima Trindade e tornou-se prisioneiro da retórica e da escolástica.
Legitimamente, o Jesus pré-cristão perdeu-se no Jesus cristão, Jesus Cristo, Messias, um judeu rejeitado pelos judeus, mas adorado pelos cristãos.
Com o cristianismo foi iniciado um longo período de negação da verdade, pela imposição de uma verdade final, desmentida ao longo dos séculos.
O cristianismo começou a se desfazer com a renascença.
Quando e Espiritismo surgiu, o cristianismo já estava em decadência. Nos novos tempos, uma consciência pós-cristã recupera da proposta de Jesus de Nazaré sua essência, sob uma linguagem positiva. Esta é a proposta do Espiritismo como a Ciência da Alma, não de um povo, não de uma região, mas de todos os espíritos.


Nota da Redação: Este texto foi encontrado entre os arquivos deixados por Jaci Regis. Talvez tenha sido o último esforço intelectual desse grande pensador, escrito cinco dias antes de sua internação.

Abrindo a Mente - Uma entrevista com Hernani Guimarães de Andrade

Entrevista com Hernani Guimarães de Andrade

Alexandre Cardia Machado

Em 1971 O Clarin publicou um livro de 80 páginas chamada A Matéria Psi, o livro na verdade é uma entrevista com Hernani G. Andrade (HGA), seguido de uma palaestra do autor.

Selecionei algumas perguntas e respostas muito interessantes e atuais referentes ao principal foco de pesquisas deste eminente cientista Brasileiro.

Sobre a “teoria corpuscular do espírito” – HGA - “ Penso que tudo o que existe deve ter um fundamento físico natural . Considero a matérial como um caso particularíssimo de algo substancial e energético muito mais amplo” referindo-se aos limites do conhecimento ele diz “ as barreiras conceituais discriminatórias vem caindo uma a uma. Assim, a barreira entre energia e massa caiu com a Teoria da Relatividade de Einstein.as fronteiras entre vivos e o inanimado praticamente caíram com as experiências de Fraenkel – Conrat e Robbley Willians quando estes sintetizaram o virus mosaico do tabaco”.

Estas expriências foram realizadas em 1955 na Universidade de Berkley na Califórnia – os citados cientistas à partir de proteínas básicas, conseguiram construir um virus sintético – ou seja criaram o tipo de vida mais simples existente à partir do RNA. Em 1960 conseguiram descreve a sequencia completa de 158 aminoácidos que compõe a capa deste virus

Quando perguntado sobre adescoberta da “anti-matéria” – grande xodó dos espiritas atuais vejam a resposta de Hernani. “ A anti-matéria interessa, praticamente, só à Física. Crei que pouca ou nenhuma implicação poderia ter com o Espiritismo.”

Sobre a materialização de espíritos o professor emite a opinião de que materializações de fato não ocorrem, não é um processo energético ou seja que envolva – desmaterializar e rematerializar, pois as energias envolvidas seriam astronômicas, mas sim de ideoplastia, ou seja o corpo energético dos espíritos - comunicante e médium - plasmariam o ectoplasma produzindo o fenômeno com muito menos energia.

Hernani é certamente a maior refência brasileira no campo do estudo do espírito, desenvolvendo um vasto material disponível no IBBP. Sobre a sua importância recorro a Nas palavras de Hermínio de Miranda “Engenheiro Hernani Andrade, especialmente a sua proposta "matéria psi", apoiada basicamente na sua "Teoria Corpuscular do Espírito", lançada em 1958. Este livro propunha "uma extensão dos conceitos quânticos a atômicos à idéia do espírito", imaginando um átomo tetradimensional capaz de aceitar os "encaixes" da matéria física de forma a possibilitar a interação espírito/matéria.
As dificuldades de convencer os céticos e os acomodados de uma realidade espiritual, que salta aos olhos e grita, não é minimizada pelo autor. Até mesmo os mais bem intencionados pesquisadores freqüentemente se perdem pelos caminhos, dado que, por excesso de cautelas, parecem "paralisados de medo ante a idéia de descobrir realmente algo novo"
Pensar sobre o novo – abrir a mente este é o nosso objetivo, assim fica o convite à pesquisa.

Para abrir mais a sua mente leia: A Matéria Psi – Hernani Guimarães Andrade – O Clarim; Uma avaliação do Espiritismo no Brasil -