Livro - Novo
Pensar Sobre Deus, Homem e Mundo:
Em 2009 no 11° Simpósio Brasileiro do
Pensamento Espírita, Jaci Régis apresentou e lançou, aquele que seria seu
último livro.
Em 2013 o grupo de estudos do ICKS que
desenvolveu um trabalho chamado: Exposição – SBPE 26 anos abrindo espaço para
novas idieas - sobre o impacto do SBPE no Movimento Espirita. Neste evento
escrevemos em nosso trabalho o seguinte: “ Como reconhecimento especial e
também como uma homenagem, destacamos os trabalhos de Jaci Régis o criador do
SBPE, pelo brilhantismo, inovação das ideias e pela incansável persistência no
trabalho de renovação e grande amor ao Espiritismo”. Jaci Régis teve a sua
desencarnação no dia13 de Dezembro de 2010.
Novo
Pensar Sobre Deus, Homem e Mundo:
Este livro que trata de pontos tão
sensíveis aos seres humanos, nas palavras do autor extraída do primeiro
capítulo assim discorre: “ Um novo
pensar sobre Deus começará por deixar de lado o Deus Jeová, as afirmativas
bíblicas e, de modo geral, as teorias que fazem dele uma pessoa.
As palavras do louco de Nietzsche sobre a
morte de Deus não devem ser tomadas como blasfêmia mas como a exclamação maior
da decepção com o amor de Deus.
Este livro também está disponível em pdf, grátis:
O Deus que Nietzsche matou é esse criado à
semelhança das pessoas e cultuado, imposto pelas teologias de todos os tempos.
Isso não significa a completa e
satisfatória resolução da questão divina. Nem elimina a crença em Deus.
O que colocar em nossa mente a respeito de
Deus. em substituição ao modelo rejeitado? É difícil fugir da realidade
sensorial. Quando pensamos criamos imagens. Atendendo a essa necessidade do ser
humano, todas as crenças criaram imagens concretas dos entes invisíveis.
Pensamos em Deus como “alguém”. Mas um
“alguém” transcendendo o delineamento corporal que nos dá o sentido das
coisas. Deus continua invisível. O silêncio é a resposta das preces e
imprecações. Há até um ditado “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Daí a
dificuldade de pensar num Deus sem face, sem corpo, sem imagem.
Mas Deus é o que é, não o que queremos que
seja.
Isso nos autoriza a pensar em Deus sem
imagem, limitações e sem ser uma pessoa.
O que seria então?
Não temos como saber, atualmente.
Todavia, a sua presença se faz na visão
macro da vida, no encaminhamento através do tempo, que resulta invariavelmente
no benefício da pessoa. Tudo começa no nível microscópico num desenrolar
dinâmico, atemporal dos elementos envolvidos para surgir, depois, um corpo, um
animal, um primata, um homem, como conseqüência da seleção das espécies, da
sobrevivência dos modelos mais resistentes transmitindo DNA que cria a cadeia
genética.
O novo pensar vê nesse extraordinário
poder de desenvolvimento seqüencial dos seres a presença da inteligência
divina. Na semente, como no embrião, existem códigos perfeitos que no ambiente
adequado produzem a árvore e os frutos, o feto, a criança, a pessoa humana.
Assim como a ciência não sabe como esses
fatores começaram a interagir, assim também não sabemos como a inteligência
divina intervém para dotar a natureza de princípios básicos, genéticos,
que redundaram no panorama atual da Terra.
Entretanto, o novo pensar sobre Deus refaz
o entendimento da relação divina com o ser humano.
Liberta-nos das cadeias de pecado,
punição, morte e castigo que definem o Deus Jeová travestido no Deus cristão de
amor, misericórdia e justiça.
O crente pergunta, onde está o Deus
onipotente que não atua para eliminar o mal, punir os que praticam crimes e não
salva e cura livrando-nos da morte?
A decepção provém do que se fala e diz sobre
o amor de Deus.
A natureza não é lírica, mas objetiva,
eficiente. Todavia não é perfeita. Esse paradoxo precisa ser
entendido: a imperfeição dentro da perfeição.
Ou seja, a perfeição absoluta
atribuída à divindade comporta a imperfeição dinâmica dos processos evolutivos.
Um novo pensar sobre Deus nos conduz à
compreensão de que a dinâmica da vida, em qualquer dos setores em que se
manifesta, prima pela criação de ambientes de oportunidade, seleção e
superação.
Podemos questionar porque as coisas são
assim. Todavia elas são assim.
O novo pensar sobre Deus pensa que o
objetivo da vida é a felicidade.
A inteligência divina proporciona meios
para isso, no tempo, através da lei da evolução.
A singularidade individual se envolve no
processo para adquirir a sua própria identidade como ser único, imortal,
progressivo, atemporal. O novo pensar sobre Deus tenta harmonizar a presença
divina com as necessidades do ser humano, oferecendo um conjunto de leis
e sistemas vivenciais que abrem oportunidade de resolução dos problemas.
Dar atributos morais a Deus e sua
transformação numa pessoa é fruto da criação da divindade à nossa imagem. Neste
modelo não existe espaço para a personalização do Ser Supremo, nem cabe o
estabelecimento de atributos, que o humanizariam, porque o paradigma disponível
para pensar as virtudes é o humano.
O novo pensar começará por estabelecer que
o universo não é estruturado, mas delineado. Seria, metaforicamente talvez, uma
projeção da intenção divina, inteligência suprema e causa primária, centro
ordenador e controlador, manifestado através da Lei Natural. Porque onde há Lei
existe necessariamente controle.
A Lei Divina ou Natural está na base do
universo, regulando a vida. Ela exprime a sabedoria divina na condução da
humanidade, só apreciada ao longo do tempo.
A Lei divina ou natural, não cogita de
julgar, condenar. Ou seja, Lei Natural não é uma lei moral. Ela controla a vida
universal estabelecendo uma diretriz positiva que sobrevive e se impõe no
aparente caos e nos limites do livre arbítrio.
E a Lei Natural está inscrita no Espírito
através do processo evolutivo.
A existência da Lei Natural como centro
irradiador do pensamento divino, é fundamental para compreender como o universo
pode ser simultaneamente controlador e caótico. Para argumentar sobre essa
polarização, poderíamos aplicar a definição do elétron que pode ser
substância e onda, sem alterar a estabilidade universal.
A Lei Natural exprime a sabedoria divina,
com mecanismos extremamente competentes, estabelecendo o ritmo e a sucessão dos
fatores com o fim de equacionar, no universo energético, tanto quanto no
universo inteligente, o princípio do equilíbrio. Atuando através da lei de
causa e efeito ou ação e reação, ferramenta de busca do equilíbrio, pela
reciprocidade dos fatores.
Reside no campo moral, no campo das
inteligências menores que somos nós, nos nossos anseios e esperanças, medos e
expectativas, o principal problema.
Quem somos e porque somos. Eis a questão.
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