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domingo, 3 de outubro de 2021

A voz do coração - por Cláudia Régis Machado

 

A voz do coração

Se perguntarmos para as pessoas o que é ouvir a voz do coração, suponho que a maioria responderia que é ouvir os sentimentos, as emoções que estão no interior de cada ser humano.



A resposta estaria certa.

Mas só temos a voz do coração? Seria incompleto, muito simplificado acreditar que sim, pois somos um espírito complexo composto por emoções, sentimentos e razão, que caminham juntos na dinâmica vivencial.

Antes de discorrermos sobre o assunto devemos colocar que emoção é diferente de sentimento, embora muitas vezes usemos no mesmo sentido. É uma simplificação.

Emoção é uma reação corporal, motora que advém do nosso cérebro que faz parecer em resposta a alguma situação. É inato. Reação emocional que compartilha toda a espécie humana.

Para o neurologista português Antônio Damásio “o sentimento é a forma como a mente vai interpretar essas reações corporais, os movimentos emocionais do corpo”.

Os sentimentos têm forte componente cognitivo. Você pensa através dele, você constrói uma percepção afetiva ou a desconstrói.

No seu livro Uma Nova Visão do Homem e do Mundo Jaci Régis coloca que: “na sua evolução o espírito assumindo as qualidades de discernimento e de escolha, característica do nível racional, começa uma nova fase quando o elemento afetivo quase todo impulso puro começa a submeter-se aos limites que a relação com o outro impõe. Estes componentes vão sendo refinados e melhorados através de milhares de anos, o que ocorre no processo reencarnátorio, onde aprende na vivência, muitas vezes de maneira forçada, as condições que tornam a vida possível tanto na sobrevivência animal quanto nas relações afetivas do homem”.

Não é possível dividir o indivíduo, olhando-o somente por um aspecto quer seja emocional ou racional.  Podemos em situações ter uma atuação mais racional e outra mais emocional. Mas no inconsciente e no consciente há toda uma elaboração, mesmo que rapidamente, dos dois modos de agir.

O estudo sobre a estrutura do cérebro avançou muito e segundo, Damásio “é preciso que o cérebro seja capaz de representar aquilo que se passa no corpo e fora dele de uma forma muito detalhada”. Coloca ainda que: “as decisões mais impulsivas e emocionas são originadas na região do cérebro chamada amigdala. Já aquelas decisões mais racionais vêm do hipotálamo até chegar ao neocortéx. Este trajeto entre hipotálamo e o neocortex é mais longo e segundo o estudioso, talvez por isso temos mais tempo para pensar”.

Muitos separam dizendo: - seu coração é duro, você não tem coração, és um insensível ou você é só razão! Isto é uma observação incompleta, pois esses não são processos excludentes. Nas diversas formas de nos expressar demonstramos esses dois aspectos de forma misturada, mesclada e unitária.

Usar a inteligência, a razão, identificar as emoções primárias e depois aprender a nomear os sentimentos, reconhecê-los em si mesmos e vive-los de forma harmônica é decorrência de muitos fatores, dois deles: a educação e os condicionamentos socioculturais.

A emoção pode moldar o raciocínio.  O raciocínio pode alterar nossas emoções. Conciliar bem a emotividade com a racionalidade demonstra equilíbrio e maturidade espiritual. A medida em que as sociedades evoluem caminhamos para uma maior harmonia entre o lado emocional e o lado racional. Ainda nem sempre é visível essa harmonia, é um trabalho a se avançar.

O estado de desequilíbrio muitas vezes ocorre e para uma melhora é importante primeiramente autoanalisar-se, refletir e verificar com grande pormenor quais as situações que nos trouxeram a este estado e encontrar soluções, sozinho ou com ajuda, para aperfeiçoar a maneira de reagir a estas e ter uma mudança de postura.

A racionalidade e os aspectos afetivos que estão presentes no nosso dia a dia. Quando pensamos em progresso do espírito pensamos sempre no equilíbrio, no meio termo do uso destes elementos. Aprender a administrar, autogerenciar estes itens e vivenciarmos estes aprendizados irão proporcionar um desempenho harmonioso, criativo, produtivo e revelarão compreensão e o entendimento da vida.

Cláudia Régis Machado é psicóloga e reside em Santos -é Vice-Presidente do ICKS.

Este artigo foi publicado originalmente no Jornal Abertura de setembro de 2021, quer ler o jornal todo?

Baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/20-jornal-abertura-2021?download=117:jornal-abertura-setembro-de-2021


terça-feira, 6 de abril de 2021

O que fazer para não perder o rumo - por Cláudia Régis Machado

 

Perder o rumo

“A sinalização muda, o vento sopra em sentido contrário, o norte de repente vira sul, o leste vira oeste. É fácil sair do prumo, perder o rumo.”

Prumo ou rumo? Aqui não faz diferença. As duas expressões são válidas aqui, pois quando esta situação ocorre, sentimo-nos à deriva, frágeis e vulneráveis, ficamos perdidos.



A vida nos surpreender muitas vezes nos empurrando para fora do prumo; fazendo-nos perder o rumo.

Quem nunca perdeu o rumo? Muitas situações podem nos levar a este estado. Perdas de entes queridos, mudança de rotina, aposentadoria, o “ninho vazio”, doenças etc., são momentos ou melhor eventos que nos tiram o chão estabelecido, balançam a nossa estabilidade costumeira.

Na maioria das vezes não sabemos lidar com as surpresas da vida, porém perder o rumo faz parte da dinâmica da vida, porque ninguém está livre destes acontecimentos. Perder o rumo, sair do prumo não dever ser uma condição de permanência e sim uma situação que nos convida a exercitar novos olhares e sentimentos.

Pede reflexão de como e o que fazer para sair dessa, como voltar ao prumo, a sensatez, o discernimento e como alinhar-nos novamente.

Esta ocorrência acontece com os espíritas? É lógico que sim somos humanos, estamos inseridos na vida, sujeitos a todos os eventos que dela ocorrem. Mesmo os que tem compreensão espírita não são perfeitos, vacilam. O que pode fazer diferença para sair desta posição é a estrutura emocional, a filosofia e estilo de vida adotado que são recursos que facilitam melhores saídas para estes eventos.

A Doutrina Espírita nos ensina a olhar o mundo de forma diferente. A Doutrina Espírita, otimista na sua visão de mundo, com o seu primordial eixo - a evolução constante, mostra-nos a importância de superar a dificuldade com positividade e entrever o futuro com perspectiva de crescimento e aprendizagem.

Quantas vezes não falamos ou pensamos que precisamos de algo novo? Talvez seja uma ocasião oportuna para traçar um roteiro que renove as nossas energias, desapegar das coisas antigas é uma boa escolha. Tornemo-nos criativos em busca de soluções para uma vida mais alegre e voltadas para o bem.

O espiritismo nos impulsiona a agir no bem e com isto nossa frequência vibratória pode se ligar a pensamentos, discursos e ações do bem. Opte por algo que te deixe feliz e que seja mais fácil de realizar.

Vislumbre mais uma vez que a vida pode nos oferecer diversas coisas incríveis, se nos permitimos. Muitas vezes quando não conseguimos sozinhos podemos buscar ajuda do grupo e dos amigos espirituais (visíveis e invisíveis) ou de uma ajuda psicológica é uma chance de equilibrar-nos.

Encare como fim de um ciclo.

A Doutrina Espírita ajuda no entendimento e aperfeiçoamento do próprio indivíduo e uma ferramenta fundamental para o sustento da nossa existência e abrir novos horizontes.

Nesta busca para entrar no rumo o espiritismo instrumento poderoso para podermos alcançar a desejada paz interna, capaz de tranquilizar nossa mente e acalmar nossos corações.

 Cláudia Régis Machado

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Afinal evoluímos? por Cláudia Régis Machado

 

 Afinal evoluímos?

A evolução constante é um importante princípio da Doutrina Espírita. Mas será que realmente conseguimos evoluir ou crescer interiormente em uma encanação? E, ainda nos perguntar como perceber essa evolução?


Cláudia Régis Machado


Acreditamos no preceito que, evoluir é possível, mas que é um processo difícil, lento e complexo, sendo, a tendência do ser humano acomodar-se na situação que lhe é confortável.

 Evoluir implica mudar, justamente sair da zona de conforto, da estabilidade que estamos acostumados. Transitar por caminhos desconhecidos tendo que enfrentar nossas crenças limitantes (eu não consigo, eu não posso) e ir para instabilidade, para incertezas. O novo traz medo e ansiedade.

Mudar além de ser uma questão psicológica é também mental, o nosso cérebro não gosta de desestabilização, tende a comportamentos automatizados e de menor gasto de energia.

Mas a vida não é linear, as experiencias vividas muitas vezes nos pedem respostas que não estão pautadas. O conhecimento, a curiosidade e as questões sociais também nos empurram a novas buscas. Os questionamentos exigem reflexões, aguçam-nos para novas ideias e expansão de horizontes. O conflito está montado e requer que seja encarado.

O quadro montado acima não deve ser motivo de desanimo; como espiritas cientes que a encarnação é uma chance de aprendermos, de agir de forma diferente. Está aí, oportunidade que temos para mudar. A mudança positiva gera inovação, crescimento, progresso.

O processo de mudança é diferente de pessoa para pessoa considerando-se estrutura mental, psicológica e espiritual de cada ser.

Jaci Régis coloca em seu trabalho: As mutações das estruturas mentais:

“As mudanças de paradigma são um processo secular enquanto a mudança dentro dos paradigmas é processo de mutação constante”

Explicando ainda que só se muda um paradigma quando se esgota a capacidade de reciclagem das ideias estando estas saturadas ou cristalizadas, de tal maneira que não possibilita nenhuma forma de questionamento. É uma questão de amadurecimento e de assumir uma nova rota quando a que se trilha se esgotou”.

Mas nesta existência não podemos deixar de dar alguns passos para nossa evolução. E esses passos vem das mudanças que realizamos.  Para isto precisamos mudar as estruturas construídas ao longo da existência e das encarnações anteriores. Daí vem a dificuldade de evoluir e quando ocorre é quase em conta gotas. A reencarnação com o processo de esquecimento e a infância nos dão a oportunidade de conquistarmos novas experiências e impressões que podem levar a desestruturação de algumas partes dos nossos padrões mentais. Podendo assim haver modificações pontuais que na somatória levam ao crescimento.

Na estrutura do nosso cérebro existe uma região, o córtex pré-frontal,  peça chave no processo de planejamento e mudanças de comportamento é ele que confere ao ser humano a capacidade de controlar os seus desejos e impulsos  Estas atividades cerebrais são exercitáveis, isto é, necessitam ser estimuladas e podem ser treinadas até que a execução se faça com mais facilidade.

Apesar do cérebro começar a se solidificar com a idade de 21 anos, ele continua se modificando ao longo da vida. Essa adaptabilidade do cérebro é chamada neuroplasticidade que nos mostra que é possível mudar o nosso comportamento por meio das alterações que fazemos em nossos hábitos e ações. Em interação com o espírito é possível criar continuidade, novos caminhos e conexões neurais, o que auxilia o processo de mudanças de comportamento.

Mudar é um verbo que exige ânimos e rompimentos; ter mente aberta, ser mais receptivas à novas ideias, fazer questionamentos e reflexões sobre os acontecimentos da vida. Sair da zona de conforto para não perder boa parte das experiências e aprendizados. Pensando em evoluir e aproveitar a encarnação.

Encontrar uma motivação está no processo de crescimento. Estar consciente da imortalidade, ficar induzido a abraçar a sua responsabilidade humana fundamental de construir uma autêntica vida de compromissos, conectividade, e satisfação consigo mesmo podem estimular e propiciar mudanças significativas.

Aprendizado-crescimento-evolução. Não espere as encruzilhadas da vida, provoque mudanças, seja autora, protagonista. Não fique no banco de passageiro

Mas a dor-crescimento termo usado por Jaci Régis e as experiencias transformadoras - termo usado por Yalow, podem também ser um catalizador extremamente útil para grandes mudanças na vida.

As experiencias reveladoras ou transformadoras são uma terapia existencial de choque assim como a dor que pode ser um despertar, com potencial de fazer com que apreciemos mais a vida.

Na prática todo este processo não é fácil:  necessita novos hábitos, novas ações; aceitação da nova ideia; tempo para maturação; determinação; planejamento; força de vontade; prática; repetição e esforço.

Parece receita de bolo, mas estas etapas ajudam a implantar as mudanças em nossas vidas. Necessário ainda manutenção para continuar a trabalhar para obter ganhos visíveis.

Mudar faz bem para o cérebro e para alma. Mudar para ser melhor do que antes.

A percepção da nossa evolução vem da conduta que podemos ter nesta existência e usar sempre da vontade, da abertura mental. De querermos estar melhor, de buscar crescimento e consciência de podermos e devemos almejar mais.

 Cláudia Régis Machado

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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quarta-feira, 11 de março de 2020

METAS por Cláudia Régis Machado


METAS

“Todo esquema evolutivo é tornar a continuidade existencial mais feliz e produtiva possível”. Jaci Régis

Podemos nos perguntar como alcançar resultados positivos que nos tragam satisfação e crescimento.
Tendo como conceitos a Evolução Contínua e a Imortalidade Dinâmica, bases da teoria espírita em nossas vidas, compreendemos que temos muito o que fazer.

Somos imortais e podemos aproveitar as oportunidades das encarnações de nos tornarmos o melhor possível dando assim passos para a construção da nossa evolução.




Em cima disso, ouvindo um stories da minha filha Bruna Machado no Instagram, na qual ela falava sobre metas a serem alcançadas “acendeu uma luzinha”: de podermos empregar as “dicas”, as orientações dadas em nosso desenvolvimento pessoal, espiritual; no crescimento do nosso ser. Fui buscar mais informações no processo de coaching sobre o tema e foi superpositivo.

Estamos vivendo mais e isto nos monstra a necessidade de que mesmo tendo realizado as orientações mestras da existência: estudo, carreira, família, situação financeira há muito que pode ser feito principalmente no desenvolvimento pessoal e no social (no servir) visto que somos espíritos eternos com a responsabilidade de desenvolver-nos.

Evitar estagnação aproveitar as oportunidades da existência. Muitas vezes não falta capacidade nem possibilidades e sim ausência de metas. Na compreensão espírita a vida pede produtividade.
As colocações dos coachs são mais usadas para o trabalho nas empresas, para direcionar uma maior produtividade, mas podem ser utilizadas como motivação, com caráter instrutivo para realizarmos nossa trajetória evolutiva com mais objetividade, comprometimento e um aproveitamento efetivo da vida.

Estamos no início de um novo ano e com ele a vontade de realizar sonhos e concretizar metas. Muitos fazem listas, anotam o que desejam efetuar no decorrer do ano, mês etc.  Para os que tem esta prática um fator básico é deixar as anotações, a lista sempre presente e não em uma gaveta, este procedimento geralmente não traz resultados positivos.

Metas são tarefas que devem ser cumpridas dentro de um prazo curto, médio ou longo, de preferência devem ser simples- que estejam alinhadas a sua realidade, devem ser objetivas e bem definidas. Devem ter um foco estabelecido. Isto para estimular e para que não nos sintamos frustrados no fato de não conseguirmos concretizar aquilo que queremos. Uma tarefa que não atende estes requisitos tende ao insucesso.

Todo este processo pode parecer engessado, mas não, as metas nos oferecem um caminho, uma direção e serão estipuladas por nós. São inúmeras as possibilidades: Cuidar de seus relacionamentos, direcionar seu tempo, desenvolver uma habilidade ou competência, comunicar-se melhor.

Ser mais caridoso, solidário, ter mais gestos carinhosos, ser afetivo muitos são os itens que podem ser elegidos. Escolha aquele que você ache importante depois de uma análise e observação pessoal.
Para que isso não fique só no desejo é necessário planejamento saber o que executar, quais as ações e medidas que devem ser tomadas. Muitas vezes os sonhos são abstratos e genéricos transforme-os em tarefas especificas e claras que façam conquistá-los. O esforço empregado seja em algo realizável.
Este movimento gera um campo de energia produtiva. Estimula buscar o autoconhecimento, poder se olhar e compreender-se. Quais os pontos fracos, fortes, que qualidades suas podem ser empregadas para atingir seus objetivos. Muitas vezes, para sair da zona de conforto, estabelecer desafios para enfrentar as crenças limitantes, “eu não consigo”, “eu não dou para isso” etc.

Assuma o controle de sua vida. Nada ocorre sem dedicação, trabalho e persistência, nosso propósito é a evolução, o desenvolvimento. Disciplina, organização, dizer não as distrações, eleger prioridades, manter-se positivo são elementos importantes para a execução das metas, que elas nos tragam satisfação e que a vida flua melhor.

Examine o seu desempenho, estou indo pelo caminho correto, tenho tido resultados, preciso adaptações, mudanças. Nada disso é fácil, mas é possível. Esteja com a mente aberta e forte para enfrentar os obstáculos diários.

O foco é estabelecer novas atitudes, novos comportamentos voltados para o bem pessoal e social.
Aprecie seu progresso torne essas atitudes em hábitos. Isto tudo para construção da melhor versão de nós mesmo nesta existência.

Cláudia Régis Machado é psicóloga e reside em Santos

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos. Janeiro de 2020. quer ver o jornal completo- baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/26-jornal-abertura-2020?download=178:jornal-abertura-janeiro-de-2020

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terça-feira, 8 de outubro de 2019

O Espiritismo que Queremos e a Ciência da Alma por Cláudia Régis Machado


Espiritismo que queremos e a Ciência da Alma
Cláudia Régis Machado

Nos baseamos para falar sobre o espiritismo que queremos no trabalho do ICKS apresentado no 14° SBPE. O trabalho organiza as ideias desenvolvidas sobre a Ciência da Alma, para melhor entendimento da proposta do pensador Jaci Régis.

A ideia que o espiritismo possa ser uma ciência da alma que tenha como propósito  alcançar uma maior compreensão de seu objetivo principal seja entendido:  que do espirito imortal esteja presente no nosso dia a dia, que a imortalidade dinâmica esteja presente no processo de aprendizado e consequentemente de evolução, que a mediunidade seja encarada com um sistema integrado à vida em contribuição ou reforço que a vida continua assim como o espírito. Que os espíritos desencarnados junto com os encarnados trabalhem juntos para um mundo e uma compreensão do mundo melhor.

O Espiritismo que queremos em muitos aspectos é pós-kardecista, isto é, evolui e se amplia através de novos conhecimentos; que Kardec seja a base, mas não estanque o crescimento.

Queremos um Espiritismo com uma identidade renovada, mais adequada ao tempo e compatível com as mudanças do mundo contemporâneo. Alcançando e atendendo os anseios dos que buscam no Espiritismo uma compreensão maior e mais profunda da vida e sua relação com o Ser Inteligente. Nas palavras de Jaci Régis “a reflexão se impõe para que possamos avançar tanto quanto possível, para uma forma mais sustentável de compreensão da razão do viver”.[1]


O espiritismo que queremos tem que levar em conta esses princípios os PRINCÍPIOS DA CIÊNCIA DA ALMA:

É Kardecista - Kardec é o fundador do Espiritismo.
É progressista.
Não é uma revelação divina.
É Pós-cristã.
É uma Ciência humana específica e sui generis.
É o ser humano uma alma atemporal, imortal e em crescimento.
Entende a vida de forma ativa e sadia.
A Imortalidade é Dinâmica.
Reencarnação não é punitiva.
Mediunidade é uma comunicação natural entre almas.

Semelhante ao Princípio Metodológico da Ciência da Alma - O espiritismo que queremos terá o rigor científico e a expressão da sensibilidade e do sentimento na análise da realidade da alma humana.
Objetivo ou finalidade da Ciência da Alma é desenvolver a espiritualidade na estrutura da pessoa humana.

A construção do trabalho baseou-se nos textos de Jaci Régis os princípios acima definidos, assim como em outras obras do autor com o objetivo de aprofundar o entendimento.

Está gostando, quer ler o Jornal Abertura de setembro de 2019?



É Kardecista

A Ciência da Alma parte das ideias de Kardec quando o vê como o fundador do Espiritismo, mas não se fixa nele, tende a atualizá-la e desenvolvê-la para que possa melhor compreender o homem e ajudá-lo em suas relações interpessoais, sociais e espirituais.

É progressista

A Ciência da alma é progressista porque atendendo os anseios da alma que está em evolução acompanhará as mudanças e crescimento para atender os seus conflitos, ajudando a resolver problemas e respondendo as suas inquietações.

Porque terá que estar alinhada ao desenvolvimento das ideias que contribuem para o melhor entendimento do homem.

As regras de moralidade e as relações sociais e interpessoais progridem e a ciência da alma terá que interagir com estas mudanças- influindo e sendo influenciada para que siga progredindo. Jamais se imobilizando no presente, apoiada somente no que for provado.

Jaci assim reafirma o que está posto por Kardec no livro A Gênese e que sustenta a seu princípio  “Um último caráter da revelação espírita, a ressaltar das condições mesmas em que ela se produz, é que se apoiando em fatos, tem que ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação...”  ou ainda “Assimilará as ideias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam físicas ou metafísicas. Pois não quer ser jamais ultrapassada, constituindo isso uma das principais garantias de credibilidade”.

 O espiritismo que queremos abandona a ilusão de ser uma revelação divina, para ombrear-se com o esforço das ciências humanas que surgiram para entender o ser humano, suas limitações, problemas e futuro, fora dos limites das ciências duras, físicas.
Isto é, uma ciência humana cujo objeto é explicar o ser humano, como uma alma, sua estrutura, sua atuação e sua evolução”.

Com esse caráter pode desenvolver um espírito critico e explorar a realidade essencial do ser humano dentro da lei natural, da naturalidade dos processos evolutivos, através da reencaranção, como uma alma atemporal, imortal e em crescimento, seja no campo íntimo seja no campo social.

Visto desta forma o espiritismo - ciência da alma rompe com o Caráter da Revelação Espírita capítulo I de A Gênese, pois vê o espiritismo como uma parceria entre mortos e vivos. Sem subordinação, mas reciprocamente contribuindo para o estabelecimento de ideias que levassem uma nova visão do homem e do mundo. O Espiritismo proposto ilumina antigas e ancestrais suposições, anseios, aspirações do homem. (página 26 IDK). não considera divina a participação dos Espíritos, mas sim uma contribuição eminentemente espiritual dos mesmos utilizando-se do atributo da Mediunidade e do Livre-arbítrio.


É Pós-cristã.

O espiritismo que queremos precisa alcançar sua originalidade e oferecer uma contribuição genuína para a sociedade necessita tirar o enfoque teológico da Igreja.
Isto é, ser um Espiritismo pós-cristão.

Esse Espiritismo pós-cristão não apenas abandonará a retórica e a teologia católica, como se organizará sugestivamente como uma ciência humana.

Por que pós cristãos?

O cristianismo é uma religião baseada na teologia desenvolvida pela Igreja católica sob o peso da autoridade e da força.

As invenções históricas mostram que o cristianismo de modo algum é uma construção natural, aperfeiçoada pelo tempo. Mas um constructo montado pelas conveniências, acrescentando e, sob certa forma, deformando as ideias.

A Doutrina Kardecista não tem essa relação de continuidade com a doutrina do cristianismo. Na verdade, em seus fundamentos, a filosofia espírita rejeita, colide, defronta-se com a doutrina filosófica do cristianismo.

É uma ciência humana específica e sui generis.

O espiritismo que queremos- deve abandonar sua pretensão autárquica de se abranger todos os problemas da humanidade, mas apoia-se nos esforços das demais ciências humanas que compõem o leque das realidades e comportamentos das pessoas.

O objetivo maior será influenciar a cultura no sentido sério, basicamente defensável aos postulados puros do Espiritismo.

Por isso a Ciência da Alma, deve desenvolver uma linguagem própria de modo, que seus conceitos exprimam uma concepção dinâmica, evitando as que possam confundir com as usadas pelas crenças em geral. Consideramos isto uma necessidade para que a mesma se relacione com as outras ciências humanas.

É oportuno lembrar que Kardec afirmou “para novas ideias, novas palavras”, embora não tenha podido criar todos os termos novos que necessitava, a não ser algumas novas palavras Espiritismo, espírita, espiritista, períspirito.

O ser humano - uma alma atemporal, imortal e em crescimento.

Assim, o Espiritismo se caracteriza como ciência da alma porque pretende equacionar o ser humano essencialmente como uma alma, definindo sua natureza, sua evolução, seu destino, dentro de um conjunto metodológico de reflexão, observação e pesquisa. Que acreditamos não seja diferente do conjunto metodológico de outras ciências.

A ciência espírita elabora seus princípios a partir de um espaço inter existencial, onde a alma desenvolve sua vida atemporal. Nesse espaço, sem fronteiras definidas, coexistem tanto a matéria concreta quanto as energias que constituem o universo. Ali interagem o mundo corporal e um plano extra físico.

 Na verdade, o corporal se insere nesse espaço Inter existencial como um hiato onde a alma se exterioriza na sociedade organizada como humanidade em transição permanente, isto é, vida e morte.
Por isso, liminarmente, a ciência da alma, o Espiritismo, não pode ocupar-se precipitadamente com a qualidade moral do ser, mas como a estrutura mental e afetiva da alma, numa feição atemporal e observável, que resultará inevitavelmente numa ética.

Homem- se definirá essencialmente como um ser inteligente- um espírito- atemporal temporariamente ligado a um organismo físico.

Essa atemporalidade sugere que o ser inteligente é permanentemente atual. Ele não é de ontem, nem do amanhã é de hoje. Atemporalidade o define como o ser que vive sua atualidade constante.

A imortalidade sinaliza a natureza espiritual do ser inteligente. Ela o define como um ente que permanece. Este ser atemporal não depende de um organismo para ser. Ontologicamente ele é. E vive a sua experiência no nível mental na expectativa de desenvolver potencialidades que lhe são inerentes.

O ser humano é uma expressão passageira do espírito no mundo corpóreo. Nesse novo pensar, o homem é um componente ativo da natureza.

Sua doutrina evolucionista sobre a natureza e evolução do Espírito é o seu ponto revolucionário.

Ao propor que os Espíritos são criados “simples e ignorantes”, pressupõe uma visão atemporal e não espacial para a criação e desenvolvimento do Espírito. Isto é, existe um início para o Espírito e esse começo é embrionário, potencial, de conformidade com os mecanismos evolutivos dinâmicos, expansivos, que marcam nosso entendimento da vida Universal. (IDK página 34 e 35).

Entende a vida de forma ativa e sadia

A alma espiritualizada não desdenha viver as emoções saudáveis da vida corpórea, sem apegar-se a elas porque não  pertence aos fatores externos mais a si mesma.

Não verá o homem, como o réprobo pagador de dívidas. Mas o Espírito atemporal em luta por se afirmar e compreender a si mesmo e ao próximo.

Não dirá que este mundo é de provas e expiações, mas nossa morada maravilhosa que nos dá oportunidade de crescimento e ser feliz.

Um Espiritismo que compreende o presente e luta para que a espiritualidade seja inserida como natural no comportamento humano.

Pelo novo entendimento a vida corpórea é um componente natural, desejado e necessário a evolução do Espírito.

Todo o esquema evolutivo é tornar essa continuidade existencial, a mais feliz e produtiva possivel. Fazemos parte do conjunto vibratil e, sob certo aspecto, misterioso do universo.

Sabemos que viver é a construção do carater e da personalidade saudável, equilibrada, com interação e integração gradualmente compensatoria consigo e com os outros. Há um dinamismo continuo, uma reciclagem permanente, apontando sempre um horizonte melhor.

Significa pleno desenvolvimento de si mesmo alçancando a sabedoria para a apreensão dos fundamentos universais e liberando o potencial afetivo a niveis produtivos e recíprocos na relação com os outros e com o meio ambiente, que são base para felicidade.

 O objetivo da vida, para o espírito é a plena felicidade.

A felicidade é extremamente flexivel, variavel no sentir e no tempo.

O amor entre as pessoas é um polo de felicidade desejado e pouco alcançado, dada a variedade dos sentimentos , dos caracteres.

A felicidade trazida pelo servir, pode ser mais ampla e duradoura por representar o momento de mais doação, de sair de si mesmo, sem objeto de reciprocidade.

O equilíbrio é a felicidade ou a condição de satisfação e compensação do ser.

Ou seja, a vida oferece ao ser inteligente a oportunidade de ser feliz.
A felicidade do ser inteligente é a única forma de compreender os mecanismos da vida universal.

Artigo publicado no jornal Abertura de agosto de 2019, quer ver o exemplar?



Imortalidade Dinâmica.

“A Lei Natural estabelece uma sequência fundamental para o desenvolvimento dos seres: sobrevivência, convivência e produtividade. É por essa sequência fundamental que os seres, numa sucessão contínua e aperfeiçoada realizam seu autodesenvolvimento. ... Esse esquema não apenas solidifica o entendimento evolutivo, que é a base teórica espírita, como derruba, desfaz, qualquer ligação com a teologia cristã sobre a queda, o pecado original e o esquema punitivo do universo”.
 “Numa visão dinâmica, contudo, concebemos a vida humana como um continuum existencial, através da vivência no plano extra físico e no plano corpóreo, intermitentemente. Isso explica a realidade evolutiva das pessoas, em seguimentos reencarnatório. A pessoa humana possui uma biografia atemporal, em que experimenta uma extraordinária aventura de erro e acerto. Permanentemente inquietante, sem correlação estrita com o tempo, mas desenvolvendo-se em seu próprio tempo”.

“Além disso, os fatos espíritas, as comunicações dos Espíritos, a lei da reencarnação, o projeto evolutivo que a Doutrina descobriu, são fatores de grande emoção. Saber que a vida prossegue, que a bondade divina nos oferece oportunidades de progresso e que alcançaremos, certamente, a felicidade, toca o coração e quando isso acontece, a vida ganha novas dimensões e os projetos do viver dirigem-se ao bem”.

“(sic) a Lei Natural não é moral. O universo não tem propósitos restritos ou punitivos. Embora não haja possibilidade de entender todas as nuances da vida, nada na natureza autoriza o modelo de pecado e punição secular”.

O Novo modelo identifica o ser humano, prioritariamente, como um Espírito imortal, evoluindo através de sucessivas encarnações. Embora a extraordinária e fundamental importância da vida corpórea para o Espírito, o nascimento, a existência e a morte no campo corpóreo são apenas um segmento da vida, na sua expressão imorredoura, progressiva e dinâmica.”

O Espiritismo, dentro de sua visão evolucionista, percebe que a imortalidade não teria sentido se ficasse estável. E que analisando a dinâmica universal, não pode condenar a alma humana ao ostracismo eterno.[2](IDK página 42).

Reencarnação não é punitiva.

Na Ciência da alma, Jaci Régis irá dizer que “ nesse novo dicionário de entendimento, não haverá espaço para pecado, nem para a visão dolorosa da vida e reconhecerá que a alma humana caminha, com altos e baixos, para o seu destino de superação, apreensão do conhecimento e desenvolvimento das virtudes, pelo fato de viver, de reciclar, de morrer, viver, reencarnar.

As vicissitudes da alma, expressão de seus conhecimentos e, sobretudo, na expressão de seus sentimentos serão analisadas num amplo sentido de reparação e renovação, no qual o sofrimento vem como resposta e até uma solução, mas de modo algum como ação divina de revanche, vingança ou punição.

A questão da culpa será entendida como reação natural da violação dos valores individuais e sociais”.
A ideia de que a reencarnação é planejada para pagar dívidas é falsa e absurda e decorre da tradição judaico-cristã, do pecado e do castigo de Deus.

O espírito reencarna porque vive e não porque tem culpa.

Logo, a reencarnação é um fato não apenas inerente ao processo evolutivo, mas necessário para sua realização.

Mediunidade é uma comunicação natural entre almas.

A existência de inteligências em dois planos de vida, produzindo a necessidade de comunicação ampliou o significado da vida e da morte. E o fenômeno mediúnico é a porta que possibilita esse intercambio.

O liame desse espaço Inter existencial é a mediunidade, fenômeno natural da alma humana, uma vez que seu fundamento é justamente a comunicação das almas, quando estagiando no plano extra físico e no campo corporal.

O intercambio confirma a continuidade da vida sem traumas.

 A mediunidade é um fenômeno que repousa na transmissão do pensamento. Por isso sua base é mental.

Na prática, realiza a sintonia, a intercomunicação entre duas mentes, dos espíritos em condições espaciais e vibracionais diferentes. Essas condições possuem energias idênticas, porém diferenciadas pelo potencial.

A mediunidade genérica põe vivos e mortos em constante relação. É uma nova visão da vida. O oculto se torna visível, simbolicamente.

 Semelhante ao Princípio Metodológico da Ciência da Alma - O espiritismo que queremos terá o rigor científico e a expressão da sensibilidade e do sentimento na análise da realidade da alma humana.
Terá que dispor de recursos e meios para provar, insofismavelmente, a imortalidade. O que implicará na renovação do exercício e objetivos da mediunidade, superando a fase meramente moralista e religiosa em que se situa atualmente.

A Ciência da Alma buscará por todos os modos oferecer um tipo de entendimento do ser humano que sempre foi o objeto do Espiritismo, de forma atualizada, dentro de um aspecto que integrará o rigor científico e a expressão da sensibilidade e do sentimento na análise da realidade da alma humana.

O objetivo da Ciencia da alma é desenvolver a espiritualidade na estrutura da pessoa humana.
Um Espiritismo que compreende o presente e luta para que a espiritualidade seja inserida como natural no comportamento humano.
A vida é dinâmica e inclui dor, alegrias, lágrimas e sorriso. Somente a persistências do ser que cada um é além da morte e antes do tumulo será sinal para uma nova etapa da humanidade.

 Artigo publicado no jornal Abertura, nos meses de agosto e setembro de 2019

Jornal Abertura agosto de 2019 - baixe aqui:


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Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Refletindo sobre a Espiritualidade Laica por Cláudia Régis Machado


Refletindo sobre a Espiritualidade Laica

Este tema despertou-me maior interesse após o último Congresso Espírita da CEPA em Rosário, na Argentina, e mais ainda quando ouvi o termo, criado por Luc Ferry- Espiritualidade laica.
A noção de espiritualidade tem significados diferentes e depende do contexto em que é utilizada.
Para as religiões, é entendida como a perspectiva do ser humano em relação a um ser que é superior. Do ponto de vista filosófico, tem a ver com a oposição entre matéria e espírito ou exterioridade e interioridade. O termo designa ainda a busca do sentido da vida, da esperança e desenvolvimento pessoal.


Cláudia Régis Machado no 14° SBPE 

Para alguns, a espiritualidade é a conexão com a natureza e com cosmo, para outros pode ser expressada pela música, pelas artes, meditação, etc. Dentre os vários conceitos de espiritualidade encontrado, sintetizamos no seguinte: É uma propensão humana a buscar para a vida conceitos que transcendem o mais tangível e, que tragam um sentido de conexão com algo maior que si próprio.
Muitos espíritas pensam espiritualidade ligando ao plano maior, ao plano espiritual. A espiritualidade é considerada “as forças espirituais”, os “movimentos espirituais” que envolvem o ser humano. Também é normal ouvirmos assim: “a espiritualidade está me ajudando”; como se uma força superior, uma energia extrafísica estivesse atuando ao seu redor no seu caminho para lhe ajudar.
Ou ainda “Nossa! essa espiritualidade parece estar pesada” uma expressão utilizada pra falar de coisas e acontecimentos que são de ordem espiritual e que estão deixando a pessoa ou o ambiente carregado de energias ruins.
Todos esses pensamentos tem um fundo de verdade, no entanto vamos abordá-lo dentro da filosofia espírita, sair desses conceitos e refletir mais sobre o tema. 

 A espiritualidade espírita, dentro do novo pensar da Ciência da Alma, é espiritualidade laica, isto é, sem Deus. Deus da maneira como é entendido pelas religiões, mas o Espiritismo, diferentemente de Luc Ferry, é uma filosofia que defende a existência de Deus. O espiritismo vê a existência de Deus como: “inteligência suprema causa primária de todas as coisas”.

Jaci postula que “Um novo pensar sobre Deus nos conduz à compreensão de que a dinâmica da vida, em qualquer dos setores em que se manifesta, prima pela criação de ambientes de oportunidade, seleção e superação”.

A Espiritualidade espírita é baseada na imortalidade dinâmica que abre uma nova significação de espiritualidade sem passar pelo campo da fé. A Espiritualidade na perspectiva espírita laica, traz um arcabouço consistente, atualizado por trazer mudança e fortaleza interior para abrir um estilo de vida e uma visão de mundo amplo e modificador.

Ferry em seu livro A Revolução do Amor discute a espiritualidade laica, não ligada a Deus, mas ao homem por meio do amor. A espiritualidade baseada no amor. É o homem, saindo de si mesmo e indo em busca do outro. Saindo da sua materialidade, do seu ego. Transcendendo de si mesmo.

Não é um amor idealizado, necessita de pés no chão. A revolução do amor que se instalou em nossas vidas “Eu faço porque eu amo”. Ferry não acredita na imortalidade de alma, e diz: “Mesmo que a nossa existência seja limitada no tempo e no espaço, não muda o fato de que podemos a cada dia que Deus nos dá, estabelecer laços com outrem”. O amor produz sentido em nossas vidas, mobiliza novas formas de sabedorias e de espiritualidade laica.

Objetivo ou finalidade da Ciência da Alma é desenvolver a Espiritualidade no ser humano. Por espiritualidade nesta visão entendemos o desenvolvimento integrado da alma humana, reconhecendo sua essência sensível e o uso equilibrado dos fatores presentes na vida de relação e consigo mesmo. Nos ensina Jaci Regis que “agora, é necessário que o homem assuma sua natureza espiritual, a sua espiritualidade e desenvolva, no plano da vida terrena, novas formas de relacionamento e revolucione seu projeto de vida, a partir das premissas espirituais dinâmicas".

Luc Ferry explica que essa nova “espiritualidade laica”, significa uma concepção de filosofia que atribui ao homem uma tarefa essencial de refletir sobre o que seria uma via boa sem passar por um Deus  ou pela fé, mas com os meios disponíveis, os de um ser humano que se sabe mortal, entregue a si mesmo e às exigências de sua lucidez, da razão.

O problema é que a expressão – espiritualidade - está corrompida na cultura porque sempre foi colocada como oposição a vida corpórea, chamada de “material”. Todavia a espiritualidade não se opõe,mas compõe a vida corpórea, porque nela a alma se exprime na totalidade de suas ansiedades, esperanças e evolução.

 A alma espiritualizada não desdenha viver as emoções saudáveis da vida corpórea, sem apegar-se a elas porque não pertence aos fatores externos mais a si mesma”. A espiritualidade se exercita e desenvolve no espaço interior de cada um. Não se relaciona com a morte e o além-túmulo pois muitos mortos não são propriamente espiritualizados.

Espiritualidade não é do plano espiritual é do aqui e agora com base na filosofia espírita, que vê o homem um ser imortal que tem como objetivo desenvolver-se em toda a sua essência intelectual e moralmente. A prática da nossa espiritualidade é desenvolver estes conceitos na estrutura da pessoa humana. E mostrar que é uma realidade natural, é a sua essência.

Essa visão espiritual correspondendo a espiritualização da vida será produto do amadurecimento e das pesquisas. Na verdade, será ponto decisivo e moldara o pensamento humano de maneira a transformar relações entre as pessoas.

Luc Ferry faz uma distinção entre valores espirituais e morais, atribuindo que há muita confusão no setor público como na filosofia. Exemplifica para explicar isto: “ Comporto-me moralmente com os meus vizinhos, parentes e próximos quando tenho respeito e os ajudo; quando reconheço seus direitos imprescritíveis de pensar diferente de mim e mesmo nessa hipótese faço o que posso para tornar-lhes a vida mais suave e fácil”. A vontade agir corretamente de ajudar ativamente os outros - benevolência ou generosidade, bondade, respeito pelo outro mais a preocupação com o outro - aí está a moral comum na qual se encontra idealmente hoje a maioria dos nossos concidadãos. O que não significa que estejam no nível ideal.

Continuando Ferry contrapõe que mesmo tendo valores morais ou não, não deixaríamos de envelhecer, nem de morrer, nem de perder um ente querido nem mesmo ser infeliz no amor. De nos apaixonar por quem nos ama e se entediar ao longo da vida cotidiana atolada em banalidades e à doença.

Estas são questões que ele chama de existenciais ou espirituais porque se relacionam com a vida do espírito. Daí chamar de espiritualidade laica. Esses sentimentos não têm nada ver com a moral. Os valores espirituais não se reduzem absolutamente a valores morais.

A busca da Espiritualidade não deve ser delineada por um roteiro proposto por alguma religião. Acredita que realmente existe longe da religião e da moral, uma espiritualidade sem deus e que essa esfera do pensamento, que ele identifica à mais alta filosofia.

Para Ciência da Alma a nossa espiritualidade deve ser conduzida para nossas ações, para o nosso comportamento levando-nos a uma vida boa, a uma vida feliz. Se inicia no intelecto e se estende para a vivência. É bom viver a espiritualidade pela janela do Espiritismo. O Espiritismo é uma filosofia que nos oferece uma matriz para vida boa.

A filosofia espírita nos auxilia e nos ajuda a viver melhor, na medida em que valoriza a vida terrena como oportunidade imprescindível de aperfeiçoamento do espírito.

Na prática, uma vida boa é quando vivemos com lucidez- A “lucidez” pretendida pelo espiritismo é de tal ordem que a filosofia espírita pretende abolir de vez o conceito de maravilhoso e sobrenatural nas chamadas questões da alma, as quais foram tradicionalmente tratadas pelas religiões sob uma aura de mistério.

Ser livre em pensamentos, é impossível ser livre em pensamento se estiver bloqueado pelos medos.
Sem poder estar livre afundamos num egocentrismo que nos torna imediatamente incapazes de amar e de pensar serenamente. “Praticar amizade. Doar-se é a atitude-chave para qualquer programa de vida que pretenda desenvolver os potenciais do Espírito” (Jaci Regis).

A felicidade trazida pelo servir, pode ser mais ampla e duradoura por representar o momento de mais doação, de sair de si mesmo, sem objeto de reciprocidade.

Capacidade de dar depende do desenvolvimento do caráter da pessoa.

Para uma vida boa é importante que objetivo da vida, para o espírito, seja a plena felicidade. A vida não pode ser boa sem felicidade, autonomia, auto expressão, moralidade e progresso.

Cláudia Régis Machado é psicóloga, Vice-Presidente do ICKS e Reside em Santos

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos em abril de 2019. Baixe aqui!

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/28-jornal-abertura-2019?download=214:jornal-abertura-abril-de-2019


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