Mostrando postagens com marcador CEPA Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador CEPA Brasil. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 12 de maio de 2017

O Laço Mental - Alexandre Cardia Machado

O Laço Mental




Krisnamurti de Carvalho Dias no seu livro O Laço e o Culto fala sobre a religião como um laço, uma união entre pessoas que comungam da mesma ideia.

Muitas vezes nos perguntam se o jornal ABERTURA tem uma pauta, uma reunião de definição de assuntos que devem ser escritos. A verdade é que isto não existe, temos sim em muitas edições um laço mental entre os articulistas.

Esta edição é uma delas, temos dois artigos que tratam profundamente do livre-pensamento, um de nosso editor Alexandre Machado e outro de Ricardo Nunes, na coluna do CPDoc. São artigos que se complementam e ajudam a propagar nossa maneira de pensar o mundo.

Reinaldo di Lucia tem seu trabalho, apresentado no SBPE em 1995 citado no editorial abaixo e também parcialmente reproduzido na coluna Espiritismo para o Século XXI.

Roberto Rufo, na coluna Fato Espírita comenta o livro Revolução Espírita de Paulo Henrique de Figueiredo, este que estará em Santos em Março no 12° Forum do Livre-Pensar da Baixada Santista, vejam os detalhes na capa do Abertura.

Creio que estas coincidências, são na verdade união de pensamento, demontra a força de nosso pensamento plural, livre-pensador. Na página 8, Roberto Rufo aborda a questão do preconceito de cor algo que ao tempo de Kardec, já haviam algumas considerações, mas que nos dias de hoje, todo este modo de ver e pensar foi atualizado e o Espiritismo não pode ficar para trás. Hoje nosso grupo enfrenta de frente todo e qualquer ataque à liberdade do ser humano.

Esta força plural, aberta, nos motivou a mudar um pouco nosso logotipo, queremos reforçar a ideia de abertura de pensamento e de pluralidade. Nosso jornal tem o subtítulo Jornal de Cultura Espírita o que nos impulsiona para a necessidade de nos abrirmos aos fatos. Tem também em sua barra azul a frase Espiritismo – Ciência da Alma, pois o que importa mais ao espiritismo são as coisas que afetam o ser humano e sua alma encarnada.

Já temos hoje um conjunto de ideias estabelecidas que cada vez mais nos aprofundamos, buscando com isto desenvolver o progresso do Espírito, foco da Ciência da Alma. O nosso movimento progressista já é um segmento separado do Espiritismo à Brasileira, somos um grupo que trabalha, dedica-se a ratificar a ideia de um Espiritismo Livre-Pensador.

NR: Artigo publicado no Jornal Abertura - Janeiro/Fevereiro de 2017


quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Entrevista com Jaci Régis - Blog Observador Espírita

Texto obtido no blog – Observador Espírita de Delmo Duque dos Santos autor do livro Nova História do Espiritismo. A ele Jaci deu uma entrevista por telefone em 2010, que aqui publicamos inteiramente.

“Para os novos simpatizantes e pesquisadores do Espiritismo, o psicólogo e escritor Jaci Régis realmente não dispensa apresentações. Ativista histórico, começou no movimento espírita liderando a mocidade Estudantes da Verdade, cuja primeira empreitada foi mudar o nome da casa que frequentavam: saiu o Centro Beneficente Evangélico e nasceu o Centro Espírita Allan Kardec, até hoje em funcionamento. Jornalista sindicalizado, editou durante muitos anos o periódico Espiritismo e Unificação, mudado nos anos 1980 para o provocativo nome “Abertura”. Criado na onda da redemocratização do País, o jornal continua ativo e sempre aberto aos novos articulistas. ... Sua trajetória jamais deixará de ser associada ao chamado Grupo de Santos, formado por pensadores de vários lugares do Brasil e da América Latina que enxergam o Espiritismo de uma forma bem diferente daquilo que é praticado pela maioria dos espíritas. É o espiritismo laico, não religioso, voltado para as questões sociais e cotidianas e não somente para os problemas espirituais. Só esses dois adjetivos são suficientes para avaliar as repercussões e o incômodo que ele causa entre os espíritas tradicionais.

Mas Jaci não é nada daquilo que pintam sobre ele, sobretudo o líder radical e intolerante desenhado pelos que se sentem inseguros e impotentes diante de suas idéias e da coragem de divergir da maioria. É uma pessoa fraterna, muito franca, bem-humorada, sensível, enfim, um típico espírita que convence mais pela forma como age do que propriamente pelo que pensa. Ele sua esposa Palmira , com a ajuda dos filhos e de alguns amigos, dirigem há muitos anos o Lar Veneranda e mais recentemente o Instituto Cultural Kardecista , dois espaços muito conhecidos em Santos. O Lar é uma típica obra social espírita, da qual Jaci sempre diz que é simples obrigação de cidadão: “Não me sinto nada caridoso fazendo isso”. Já o ICKS é trabalho de prazer e combate ideológico, espaço de cultura, de agitação e realização de eventos, principalmente o Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita.Também nos concedeu uma interessante entrevista sobre todas essas coisas a seu respeito e também sobre a sua última novidade. ”

OE - A religião continua sendo um equívoco dentro do movimento espírita? 

JR - Sem dúvida. Na medida e que o Espiritismo se torna uma religião, perde a flexibilidade evolutiva que lhe caracteriza a estrutura criada por Allan Kardec. A religião, por definição, apóia-se em verdades absolutas e por afirmações dogmáticas. 

OE- Por que os espíritas têm tanta dificuldade para romper com os laços religiosos e cultivar uma religiosidade mais natural? 

JR - Devemos ter em mente que as estruturas religiosas se sedimentaram em nossa mente através das reencarnações. Romper com elas é tarefa de reflexão, meditação, raciocínio e decisão. Isso acontece quando a pessoa consegue superar o medo de ficar desamparada pelo divino e compreende que o divino se manifesta diariamente na vida de todos. 

OE- Você acredita que Kardec estranharia o atual movimento espírita no Brasil? 

JR -Creio que sim, porque a forma como foi desenvolvido o Espiritismo no Brasil contraria a linha que ele adotou na criação da doutrina. 

OE- Queiram ou não queiram os antipáticos, o chamado Grupo de Santos formou escola e já entrou para a história do movimento espírita. Como você vê tudo isso? 

JR -O “grupo de Santos” do qual eu fui o principal articulador, teve a coragem, no seu tempo, de apresentar uma visão dinâmica da doutrina em contraposição ao esquema montado por pessoas e Espíritos ligados umbilicalmente ao sentido cristão da vida. 

OE- Você sempre foi muito crítico ao perfil doutrinário da FEB e de outras entidades federativas. Houve alguma mudança na sua opinião? 

JR -A FEB é uma instituição respeitável e lidera a maior parte do movimento espírita. A ela estão ligados os representantes dos centros e federações. Entretanto, desde sua fundação ela seguiu um caminho próprio, diferente do preconizado por Kardec. Esse caminho compreendeu um extremo sentido religioso, místico e até aceitando as teses de Roustaing. Ultimamente se tornou menos inflexível, mas prossegue na sua intenção de liderar o movimento espírita mundial, na feição de corrente evangélico-mediúnica. 

OE- A CEPA é realmente uma alternativa crescente no movimento espírita? 

JR- A CEPA pode se tornar uma alternativa positiva ao Espiritismo mundial, na media que se espalha não apenas na América, mas também na Europa. É numericamente pequena, mas reúne um grupo de espíritas que possui gabarito intelectual para disseminar uma forma de entender o Espiritismo adequado ao progresso e à realidade social. Para isso, contudo, é necessário definir claramente seus objetivos e trabalhar por eles. 

OE- E sobre as práticas espíritas, você considera o passe uma autêntica atividade espírita? 

JR - Hoje em dia se diz aplicação ou transmissão energética, por ser mais adequada ao processo de transmissão de energia humana e magnética. Não se trata de uma prática genuinamente espírita, mas oriunda do magnetismo. Penso que é útil e efetiva quando aplicada de forma consciente e fraterna, sem considerá-la uma panacéia. 

OE- Por que você passou a utilizara expressão “kardecista”, não bastava apenas “espírita”?
JR -Entre as muitas deturpações a que o Espiritismo tem sofrido, incluímos a apropriação de desvio do significado dos termos “espiritismo” e “espírita”. Correntes esotéricas e de base dos cultos africanos se auto denominaram espíritas e as ousadias de dirigentes de centros que se intitulam espíritas criando “doutrinas próprias”, tornou o ambiente confuso, de modo que a palavra “espírita” não significa necessariamente o que Allan Kardec criou. Por isso, acreditamos que a palavra “kardecista” oferece uma apropriada denominação ao esforço que temos feito de reescrever o pensamento de Allan Kardec, adequando-o ao processo evolutivo das idéias e da humanidade. Daí crermos que “kardecista” refere-se mais especificamente ao trabalho original de Allan Kardec, delimitando nosso espaço e definindo nossos propósitos. Certamente jamais a palavra “espírita” será substituída por ter sido criada por Kardec, mas “kardecista” está diretamente ligada ao criador da doutrina. 





OE- Ser kardecista hoje significa ser fiel, sectário e até fanático em algumas situações e agremiações espíritas. O que está acontecendo? 

JR - Ser kardecista é ter conseguido livrar-se dos condicionamentos sectários e ter um novo pensar, dinâmico e reflexivo sobre os problemas humanos, a partir dos enunciados iniciais de Allan Kardec.
OE- Finalmente, o que está desatualizado: Kardec ou o Espiritismo? Kardec é necessariamente sempre sinônimo de Espiritismo? 

JR - Kardec é o criador do Espiritismo. Daí ser a raiz do pensamento espírita agora e sempre. Mas ele deixou claro um caminho de evolução e aperfeiçoamento do corpo doutrinário. Sendo como foi um homem atual, moderno e um pensador sábio, ao constatar que o Espiritismo seria ultrapassado se fosse uma religião ou tentasse ter as respostas absolutas para os problemas da pessoa humana com os conhecimentos de sua época. Por isso, deixou claro que o Espiritismo evoluiria ou morreria. A “morte” do Espiritismo não se dará por desaparecer, mas por perder seu significado progressivo e progressista e quando não puder oferecer ao ser humano uma reflexão cabível e atual sobre si mesmo e seu futuro”.

NR1: Para conhecer o blog Observador Espírita digite: http://observadorespirita.blogspot.com.br/

NR2: Se você quiser conhecer quem foi Jaci Régis: http://icksantos.blogspot.com.br/2011/10/jaci-regis-bibliografia.html?_sm_au_=iMH10HsW67SnZngR 


sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Boa Onda - Espiritismo Livre-Pensador - por Alexandre Cardia Machado

Vivemos um ótimo momento no Espiritismo laico e livre pensador brasileiro e internacional. A presidência da CEPA depois de 8 anos retorna ao Brasil, agora sob a égide de Jacira Jacinto da Silva. Já é possível perceber que uma nova equipe de divulgação muito animada começa a por em prática grandes planos de fazer com que as ideias de nosso grupo passem a ser conhecidas pela sociedade. Este grupo se reune desde o Congresso em Rosário, físicamente e virtualmente buscando ferramentas mais modernas de divulgação. Publicaremos os avanços conforme vão se desenvolvendo.



A CEPABrasil e o CPDoc estão divulgando o  lançamento do livro - Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação - uma coleção de textos apresentados no XXI Congresso Espírita Pan-Americano de Santos, promovido pela CEPA em 2012, selecionados e coordenados por Ademar Arthur Chioro dos Reis e Ricardo de Morais Nunes e com projeto gráfico de Eugenio Lara. Livro este que fez o seu pré lançamento no XXII Congresso Espírita Pan-Americano de Rosário na Argentina e que agora está sendo lançado em vários eventos no Brasil, o próximo será em Santos, como pode ser visto em detalhes nesta edição do Abertura. Devemos comemorar cada nova iniciativa editorial, pois permite a divulgação e a penetração das raízes espíritas na sociedade.

 Em 2014 tivemos a publicação em espanhol do livro de Jaci Régis - Uma Nova Visão do Homem e do Mundo. Publicado e traduzido em Porto Rico  por José Arroyo, fazendo com que mais ideias brasileiras kardecistas e livre-pensadoras penetrem na América Latina e Espanha.
Neste mês de setembro, estará sendo realizado em Madrid, Espanha o II Congresso Espírita Internacional, organizado pela AIPE – instituição espanhola que está em processo de adesão  à CEPA, estarão participando vários brasileiros e parte da direção da CEPA estará presente. A globalização da CEPA segue a passos largos.  Cabe mensionar o fato de que o XXIII Congresso Espírita-Panamericano deverá ser realizado também na Espanha em 2020.

Ao mesmo tenpo a consistência do grupo de Santos se torna cada vez mais efetiva, nosso grupo já organizou , 14 Simpósios Brasileiros do Pensamento Espírita e  11 Fóruns Espíritas do Livre-Pensar da Baixada Santista. Sendo um núcleo de suporte importante para todo este movimento de expansão de penetração de ideias.

 Ademar Chioro, ex-Ministro da Saúde tem se tornado um importante porta-voz, conseguindo espaços importantes na mídia para a divulgação do Espiritismo. Como, ocorreu, no dia 25 de agosto ao ser entrevistado, pelo surpreendentemente empolgado pelo tema Amaury Jr, na emissora Rede TV.
 A CepaBrasil, além de seu já tradicional blog:  http://cepabrasil.blogspot.com.br/  lançou uma página na internet:  http://www.cepabrasil.org.br/portal/ administrada por  seu Vice Presidente Neventon Vargas com uma gama maior de material disponível, onde destacamos a loja virtual, projeto em desenvolvimento, mas que já conta, neste momento com 24 livros expostos para venda.

Como dizem os nossos “hermanos” – “Una buena onda!” ( Uma boa onda!)

terça-feira, 26 de julho de 2016

O sorriso de Diegues - por Mauro Spinola

Coluna do CPDoc julho 2016 - Jornal Abertura - Julho 2016

O sorriso de Diegues

Havia pessoas maduras e jovens naquele grupo, todos espíritas e apaixonados pelo espiritismo. Em suas respectivas cidades, cada um militava pelo aprimoramento do movimento espírita. Antigas e novas batalhas os uniam: por menos igrejismo e evangelização, por mais pesquisa e espiritização, por menos sincretismo, por maior abertura de ideias.  Representavam um grupo pequeno, mas muito ativo, espalhado por todo o Estado de São Paulo e por outros pontos do Brasil. Possuíam conexão com espíritas de outras nações, com visões também libertárias, desvinculadas das amarras do religiosismo dominante no Brasil.

Henrique Diegues aos 89 anos na reinauguração da praça Allan Kardec em Santos, 2012 durante o XXII Congresso Espírita Pan-americano.


Realizavam no início de 1986 várias reuniões, todas muito animadas – ora em São Paulo, ora em Santos – para preparação de uma proposta inovadora para a USE (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo), da qual todos participavam. As ideias borbulhavam. Era sim possível construir um movimento mais dinâmico, calcado no conhecimento e no debate de ideias, alinhado com o desenvolvimento das ciências e da própria sociedade. Foram desenhados projetos arrojados de transformação: congressos com apresentação de pesquisas e livre expressão do pensamento, cursos centrados na obra completa de Allan Kardec (não só em O Evangelho Segundo o Espiritismo), atividades para a infância baseadas na cultura geral e no espiritismo (não limitadas pelo discurso da evangelização infantil), seminários para análise profunda das questões morais e sociais, livres do moralismo vigente. Uma busca essencial: o foco no ser humano, na existência humana, na liberdade de pensamento e ação, na vida intensamente vivida e não na vida após a morte.

Praça Allan Kardec -Em Santos -iniciativa de Henrique Diegues


O grupo decidiu montar a chapa "Unificação, hoje! Para os novos tempos uma nova USE” e concorrer às eleições da USE, que se aproximavam. Haveria, certamente, muitos questionamentos, pois as ideias que ali se discutiam de forma alguma representavam o pensamento hegemônico entre os que dirigiam o movimento espírita no Estado de São Paulo ou do Brasil. Pelo contrário, algumas das antigas batalhas – como a que propunha a substituição da evangelização infantil por atividades educacionais centradas no espiritismo – já haviam causado anteriormente grande tensão. Não havia faltado acusações de que aquelas pessoas eram contra Jesus e Deus, que pretendiam destruir o espiritismo, e assim por diante.

Ciente das dificuldades que enfrentaria, o grupo se deparou com uma questão delicada. Quem seria o candidato a presidente? Poderia ser o jornalista editor do mais autêntico, polêmico e atacado periódico espírita? Seria melhor que assumisse o arquiteto que articulou a chapa em formação? Teria melhor resultado colocar um dos jovens que participavam do grupo ou mesmo um dos experientes e respeitados dirigentes espíritas de São Paulo? Em meio às várias opções aventadas, alguém propôs o nome de Henrique Diegues, o veterano participante daquele grupo e do Centro Espírita Beneficiente Ângelo Prado, de Santos. Os olhos de todos brilharam. Não poderia haver melhor proposta.
Henrique Diegues estava presente, junto com sua amada e amável Nair, em todas as reuniões. Seu sorriso se destacava (e contrastava) nos momentos de maior preocupação. Suas palavras sóbrias davam cor diferenciada às angústias e dúvidas que apareciam naquele ambiente de grande agitação. Ele aceitou de imediato a indicação.

Começou a campanha e nem tudo foi flores. A chapa concorrente, denominada “Tríplice Aspecto”, que se apresentou depois, colocava-se claramente como o antídoto contra a destruição da religião espírita. A chapa “Unificação, hoje!” viajou por todo o Estado, levando a sua proposta. Hospedagem no local nem sempre havia. Muitas foram as vezes que o grupo se apresentou com exíguo espaço de tempo e depois ouviu do dirigente local que ele e toda a cidade apoiavam a outra chapa. Como numa guerra santa, não faltaram ataques e insinuações sobre as intenções e o caráter dos colegas da chapa inovadora. Henrique Diegues deixou claro em entrevista dada ao jornal "Espiritismo e Unificação" que "o nosso propósito é sobretudo servir à Doutrina, como temos feito ao longo de mais de trinta anos". Esclareceu que não havia nenhuma intenção ideológica, pois as diretrizes para a USE eram estabelecidas pelo Conselho Deliberativo Estadual.

Nos momentos de maior cansaço ou indignação, a palavra madura de Diegues constituía a paz que o grupo necessitava. Ela foi essencial para que não faltasse energia até a reta final.
Chegou o dia da Assembleia e os representantes de todo o Estado se reuniram em São Paulo para a grande decisão. Alguns participantes do grupo diziam que havia chance para uma (improvável) surpresa e a chapa poderia ganhar. Henrique Diegues não se aventurou em prognósticos, mas manteve seu sorriso sóbrio. No momento da apresentação da chapa, ele representou o grupo, sintetizando as principais ideias. Mostrou que nenhum perigo havia, que o progresso proposto se construiria com união e integração.

A Assembleia foi tensa. Calúnias e ataques continuaram correndo nas articulações. O representante de uma cidade do oeste do Estado, que havia viajado de ônibus por mais de 500 Km, foi desautorizado por seus pares no momento que se levantou para votar. Com uma nova e surpreendente procuração, um outro representante votou em favor da outra chapa. A derrota, ao final, foi massacrante: 63 votos a 13 para a chapa concorrente.

Ao término do dia, o grupo avaliou que havia dois legados essenciais. O primeiro foi a oportunidade de debater e dialogar: a discussão e a reavaliação de conceitos que a chapa promoveu deixava marcas para todos os debates que viriam pela frente. O segundo e mais delicioso legado foi a lembrança do sorriso sóbrio de Henrique Diegues. A chapa cumpriu o seu papel e ele estava satisfeito. Fomos para casa com esse presente e a certeza de que aquela caminhada estava apenas começando.

No mês de março de 2016 morreu, aos 93 anos, o amigo, militante e dirigente espírita Henrique Diegues. A lembrança e o registro de seu papel no episódio da eleição de 1986 fica como uma singela, porém muito grata e justa homenagem a esse grande espírita.

A seguir publicamos a proposta da Chapa Unificação:








terça-feira, 23 de junho de 2015

Corrupção: Doença com residência na alma - Por Jacira Jacinto da Rocha

Corrupção: Doença com residência na alma.
19/3/15: Operação Implante
19/3/15: Operação Boneco

Jacira Jacinto da Silva

Não se alcança fácil a corrupção para extirpá-la da sociedade. Em se tratando de doença com residência na alma, pertencente ao conjunto de valores imateriais do ser humano, que não se modifica, tampouco se burila por meras deliberações, haveremos de construir um novo padrão de educação, em que as ações de pais, educadores, políticos e formadores de opinião, reflitam lições! Conversa fiada não serve.



Vivemos tempos difíceis, ou tempos melhores? O mundo está progredindo, ou estaria regredindo? É natural que muitas vezes nos bata um desânimo danado e que em muitas ocasiões cheguemos a pensar que a lei de evolução não se confirma, ou que Kardec se equivocou ao negar a possibilidade de regressão da evolução espiritual.
O cenário político nacional é espantoso, chocante, assustador, diríamos! Quando poderíamos imaginar assistir ao vivo e a cores nossos representantes políticos fazerem suas negociações e barganhas às escâncaras, na frente das câmeras de TV, diante de jornalistas, declarando sem pudor as razões dos seus ardis mais desprezíveis, sob a capa do interesse público? Pois estamos vendo, diariamente. Basta ligarmos a televisão, abrirmos a revista ou o jornal e nos deparamos com essas possibilidades.
O mundo virou pelo avesso? Parece que não; ao meu ver, com o máximo de respeito a quem pensa diferente, estamos sendo mais transparentes, desenvolvemos mais mecanismos de acessar informações, a vida dos representantes políticos está menos obscura, já não permitimos mais tanto autoritarismo, temos sede de informações sobre tudo; enfim, estamos evoluindo!
O mundo está melhor hoje do que já foi no passado, sem dúvida, e a lei do progresso se confirma, na minha limitada visão. Mas, claro, nós estamos bem devagar; atrasados, cheios de egoísmo e dificuldades para superar.
Propõe-se trocar a Presidente da República, e seria maravilhoso se com esse gesto baníssemos a corrupção do nosso país, mas, lamentavelmente não atingiremos esse patamar com tal gesto. E se numa só tacada trocássemos também todos os representantes das Casas Legislativas, Senado e Câmara dos Deputados? Ainda assim não daria. Mas poderíamos, então, substituir os nossos representantes dos três poderes, do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Hum! Que pena, ainda não daria certo. Mas, e se nós mudássemos os representantes políticos do Executivo, do Legislativo e do Judiciário das esferas Federal, Estadual e Municipal, em todos os Estados e todos os Municípios? A razão nos diz que não adiantaria e que a corrupção seguiria sendo um câncer da nossa sociedade.
É possível fazer essa afirmação com facilidade, pois num só dia, 19/3/2015, enquanto o noticiário se dividia entre as várias novidades do cenário nacional, a Polícia Federal efetuava inúmeras prisões decorrentes de duas operações, denominadas “Implante” e “Boneco”, envolvendo pessoas outras, que não pertencem aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Segue um resumo:

Implante: Caxias do Sul/RS – A Polícia Federal, em parceria com a Receita Federal, deflagrou nesta manhã (19/3/2015) a Operação Implante com objetivo de combater um esquema de fraudes no Imposto de Renda da Pessoa Física. Investigações apontaram o funcionamento de um esquema de fraudes, no qual despesas médicas fictícias eram inseridas na Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física – DIRPF, com a finalidade de reduzir o imposto a pagar e obter restituições indevidas. Apenas em despesas odontológicas e médicas, estima-se que a fraude ultrapassa R$ 1,5 milhão.

Boneco: Rio de Janeiro/RJ – A Polícia Federal, o Ministério da Previdência Social-MPS e o Ministério Público Federal deflagraram hoje (19/3/2015) a Operação Boneco para desarticular uma quadrilha que fraudou o INSS em mais de R$ 7 milhões. Numa primeira etapa, os servidores envolvidos da Previdência Social concediam benefícios fictícios, ou irregulares para pessoas que não faziam jus. Algumas vezes, o LOAS era concedido a pessoas inexistentes utilizando-se documentação falsa.
A segunda célula era responsável pelos saques dos benefícios previdenciários irregulares. Idosos eram recrutados e se faziam passar pelos verdadeiros beneficiários para fazer o saque nas instituições financeiras. Cada idoso assumia até mais de dez identidades diferentes, recebendo uma quantia fixa para cada saque efetuado. Os idosos eram tratados pela alcunha de “boneco”, daí a origem do nome da operação. O prejuízo, apenas dos mais de 350 benefícios identificados, chegava a superar o valor mensal de R$ 200 mil. A PF estima que a quadrilha lesou o INSS em mais de R$ 7 milhões.


Vi com certa surpresa pessoas reagirem agressivamente contra Marina Silva pelo fato de ela ter declarado que a corrupção não é um problema desse ou daquele político, mas de todos nós. Houve quem dissesse, até com manifestação odiosa, que não tinha nada a ver com isso.
Ouso dizer que a corrupção é sim problema de todos nós, pois se trata de doença crônica, com sede na alma, vulnerável a pequenas oscilações das “condições ambientais”. Dizem que ninguém tem imunidade absoluta, mas é certo que a filosofia espírita oferece muito bons antídotos. Particularmente, penso que a primeira lição espírita, sobre a qual deveríamos refletir diariamente, está na questão n. 913 de OLE. Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical? “Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo”.
É pelo nosso egoísmo e por nenhum outro motivo que aceitamos acessar todos os canais de TV por assinatura sem pagar nada, fazendo um simples “gato”; que reduzimos a conta de água ou de luz, colocando um desvio no relógio; que compramos um recibo de dentista ou de médico para reduzir o IR; que colocamos o valor do imóvel adquirido abaixo do valor real na escritura para sonegar o ITBI; que compramos produtos piratas; que fazemos caixa dois em nossa empresa; que registramos a empregada com valor menor do que pagamos; que furamos fila; que tentamos subornar guarda para evitar multa; que apresentamos atestado médico falso; que batemos ponto pelo colega de trabalho etc.
Sempre atenta ao direito do outro de pensar diferente, entendo ser sagrado o direito de contestar contra os abusos, mas precisamos nos educar antes de tudo. Quem pratica ato de corrupção (pequeno pode?) não tem o direito de exigir lisura do outro, nem mesmo dos seus representantes políticos. Presenciei pessoa que não paga seus impostos – eu sei, pois tem uma empresa e já me confessou o uso do caixa dois – participando do panelaço. Não tem moral.
A palavra, no meu entender, está com Leon Denis:

O estado social não sendo, em seu conjunto, senão o resultado dos valores individuais; importa antes de tudo de obstinar-nos nessa luta contra nossos defeitos, nossas paixões, nossos interesses egoístas.
O estudo do ser humano nos leva, pois, a reconhecer que as instituições, as leis de um povo, são a reprodução, a imagem fiel de seu estado de espírito e de consciência e demonstram o grau de civilização ao qual ele chegou. Em todas as tentativas de reformas sociais é preciso falar ao coração do povo ao mesmo tempo que à sua inteligência e à sua razão.
A sociedade não é senão um agrupamento de almas. Para melhorar o todo, é preciso melhorar cada célula social, isto é, cada indivíduo (o grifo é meu).
  
Um grande educador escreve para a eternidade.
Faço minhas as suas palavras, Eminente Professor.



Jacira Jacinto da Silva, juíza de Direito em São Paulo, membro do CPDoc, da CEPABrasil e cofundadora da Fundação Porta Aberta. É autora do livro Criminalidade: Educar ou Punir? que você pode adiquirir aqui no ICKS, através do email: ickardecista1@terra.com.br


quarta-feira, 20 de maio de 2015

A importância dos eventos livres pensadores por Alexandre Cardia Machado


Ainda retumba em nossa mente as interessantes palestras do 10° Fórum do Livre Pensar da CEPA – Baixada Santista, realizado em abril de 2015. Sempre um momento de reflexão sobre um determinado tema central, explorado sobre diversos ângulos. Nesta oportunidade foi o debate à respeito da intolerância.

No fim deste mês de maio, novamente outro grupo de espíritas laicos estarão juntos no Espírito Santo, no VII Fórum do Livre-pensar Espírita, sem adjetivo pois trata-se de evento nacional já realizado em várias cidades brasileiras, organizado pela CEPA-Brasil. Mais no fim do ano, de 29 de outubro a 1° de novembro, realizaremos a 14ª  edição do tradicional Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita - SBPE.

Alguns podem pensar, todos estes eventos não competem entre eles mesmos? A resposta pode ser, tanto sim como não, pois claro há uma influência ou interferência entre eles. Mas também amplia a oportunidade de divulgação do evento seguinte, mas sobretudo temos mais gente expondo, mais gente ouvindo e com isto as ideias renovadoras vão se multiplicando.

Os Fóruns são mais leves, não existe a obrigatoriedade de apresentação de um trabalho escrito, já o Simpósio, assim como nos Congressos da CEPA, existe um maior rigor com respeito à produção dos trabalhos.

Mas todos eles tem seu papél importantíssimo na consolidação e expansão do pensamento livre-pensador espírita.

O SBPE tem como maior legado a produção escrita de 196 trabalhos, nas 13 edições já realizadas, ultrapassaremos a barreira de 200 trabalhos este ano. Muitos trabalhos apresentados, defendidos e comentados pelos participantes, levaram seus autores a aperfeiçoá-los gerando muitos livros já publicados.


Assim que o melhor conselho é participe o máximo que possas, pois sempre há muito que discutir e consequentemente contribuir para o nosso aprimoramento, crescimento cultural e espiritual. Eles fazem bem ao cérebro, ao coração pois, permitem encontrar amigos queridos e, claro ao espírito.

Inscreva-se pelo email ickardecista1@terra.com.br no XIV SBPE

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Sobre a Morte por Ricardo Nunes

SOBRE A MORTE.



“Um desses a quem amais vai morrer. Inclinado para ele, com o coração opresso, vedes estender-se lentamente, sobre suas feições, a sombra da morte. O foco interior nada mais dá que pálidos e trêmulos lampejos; ei-lo que se enfraquece ainda, depois se extingue. E agora, tudo o que nesse ser atestava a vida, esses olhos que brilhavam, essa boca que proferia sons, esses membros que se agitavam, tudo está velado, silencioso, inerte. Nesse leito fúnebre mais não há que um cadáver! Qual o homem que a si mesmo não pediu a explicação desse mistério?” Léon Denis 


O maior problema do ser humano de todas as latitudes geográficas e de todos os tempos é o problema da morte. O homem, entre todos os animais, é o único que consegue antecipar em pensamento o seu fim, é o único que possui consciência de que vai morrer.  Esta autoconsciência de sua própria finitude, fez com que o homem procurasse respostas para esta angustiante questão. Como resultado desta procura, surgiram as religiões que pretenderam responder ao grande enigma e, ao mesmo tempo, trazer conforto diante da precariedade e brevidade da existência humana.

Não apenas as religiões procuraram respostas sobre este tormentoso tema, a filosofia, por sua vez, tentou, desde seus primórdios, elucidar racionalmente esta questão. Grandes pensadores da humanidade, de Sócrates a Heidegger, refletiram sobre o tema, sendo que obtiveram respostas distintas, às vezes, contraditórias.

O espiritismo de Allan Kardec também refletiu sobre o significado da morte e ofereceu ao mundo respostas consistentes. Infelizmente, o espiritismo ainda não foi devidamente valorado nas perspectivas que abre para o conhecimento científico e filosófico de nosso tempo.

 Para o homem contemporâneo, a morte ainda é o grande tabu a ser enfrentado. Vivemos em sociedades materialistas e de consumo, nas quais o brilho da vida está ligado indissoluvelmente a ideia do prazer sensorial e da posse de bens. Vivemos em sociedades hedonistas do culto ao corpo, das cirurgias plásticas e dos silicones.

Nestas sociedades do século XXI, reflexões mais profundas sobre a morte e o morrer são frequentemente descartadas, ignoradas e rejeitadas pela grande maioria das pessoas.  Neste sentido, já dizia o grande compositor brasileiro Gonzaguinha: “ninguém quer a morte, só saúde e sorte”. No entanto, se é natural que a morte não seja uma aspiração ou anseio humano, talvez devamos repensar o extremo pavor que ela nos causa, pois na verdade ainda não sabemos  encarara-la com naturalidade e serenidade.

   A Dra. Elizabeth Kubler Ross, uma das maiores estudiosas da morte e do morrer, diz, em um dos seus preciosos livros: “a morte constitui ainda um acontecimento medonho, pavoroso, um medo universal”. De fato, desde épocas imemoriais o homem assimilou ao fim da vida as ideias de culpa e castigo, daí as oferendas, os sacrifícios, na busca de aplacar a ira divina.

Já Kardec dizia no século  XIX, que associamos  à morte as piores ideias, como aquela de uma caveira com um capuz e uma foice ou então ideias da decomposição pútrida do corpo.  Luc Ferry, filósofo francês contemporâneo, afirma que nossas sociedades laicas se calam à beira dos túmulos, pois as questões de sentido do ser e da vida  ainda estão para serem respondidas. 

 A morte, para o espiritismo, não é o fim. A essência do ser humano, sua alma, seu espírito, consciente e individualizado, sobrevive ao túmulo. A doutrina de Allan Kardec nos ensinou, inclusive, que podemos ter evidências desta realidade através do estudo da mediunidade. Com o espiritismo, conseguimos ir além da fé, e nos direcionamos rumo a uma convicção racional, rigorosamente fundamentada no estudo de uma ampla variedade de fenômenos.

 Quando observamos a lagarta se transformar em um casulo, nossos sentidos dizem que é o fim de tudo, que não há esperança. No entanto, a partir de  um processo de metamorfose invisível e surpreendente, nasce uma  linda borboleta, que ganha livremente os ares colorindo e embelezando a vida. Assim é a morte para o espírita, o ingresso em uma nova fase da existência.

Nota do moderador: ERRATA – artigo Sobre a morte
Infelizmente o Artigo  - Sobre a Morte, saíu na edição de Abril do Jornal ABERTURA como de autoria de Roberto Rufo e na verdade seu autor é Ricardo de Moraes Nunes. O ICKS e o Jornal ABERTURA lamentam o erro e publicam o artigo no Blog com seu verdadeiro autor como pedido de desculpas.


terça-feira, 14 de abril de 2015

10 Fórum do Livre Pensar da Baixada Santista - por Ricardo Nunes (texto) e Alexandre Machado ( fotos)

NOTÍCIAS DO 10º FÓRUM ESPÍRITA DO LIVRE-PENSAR DA BAIXADA SANTISTA.
Relato de Ricardo de Morais Nunes.

“Podemos analisar, refletir e denunciar a intolerância, onde quer que se manifeste. Podemos sugerir regramentos legislativos e jurídicos, além dos já existentes. Podemos realizar debates nos meios de comunicação de nossas cidades, nas escolas, nas universidades, nos centros espíritas, nas ruas, escrever artigos para publicação nos jornais, ou nas redes sociais, etc. Só não devemos nos acomodar e silenciar, pois este é o caminho mais curto para que a intolerância e o mal que ela representa sejam banalizados, e se convertam em normalidade...”
(Trecho da carta enviada pelo presidente da CepaBrasil Homero Ward da Rosa à comissão organizadora do 10º Fórum Espírita do Livre-Pensar da Baixada Santista, que foi lida na primeira noite do evento)

Foi realizado, na cidade de Santos, no período de 08 a 10 de abril de 2015, o já tradicional Fórum Espírita do Livre-Pensar da Baixada Santista. O fórum foi promovido pelas seguintes instituições: Centro Espírita Allan Kardec, Centro Espírita Beneficente Ângelo Prado, Instituto Cultural Kardecista de Santos, Fraternidade Espírita, Grupo Espírita Léon Denis, Centro Espírita Missionários da Luz e Centro Espírita Amor Fraterno Universal, com o apoio da CEPABrasil.

Foram três noites destinadas à discussão do fenômeno da intolerância, sob três aspectos: político, religioso e científico.

Na primeira noite, Alexandre Cardia Machado e Ricardo de Morais Nunes trataram do aspecto político. Alexandre resgatou a perspectiva histórica do problema, lembrando a todos que desde as mais remotas civilizações o homem construiu muros para se proteger e separar dos outros homens. Destacou, ainda, a sede de poder e domínio que atravessa toda a história da humanidade, desde os grandes impérios do passado até a contemporaneidade.



 Já o foco de Ricardo, foi o século XX, com os seus totalitarismos, imperialismos e regimes autoritários. Refletiu, igualmente, sobre o sectarismo político dos últimos tempos em nosso país, o qual tem invadido as ruas e as redes sociais.

Alexandre e Ricardo destacaram, finalmente, que o espiritismo propõe uma cultura de paz e respeito à alteridade, com vistas à resolução dos problemas sociais e políticos.

Na segunda noite, foi a vez de Jailson Lima de Mendonça e Mauro de Mesquita Spínola, os quais trataram do problema da intolerância religiosa. Jailson lembrou a multiplicidade de religiões existentes no planeta, e ressaltou que cada uma delas representa um ponto de vista bem específico sobre as questões do ser e da vida. Acentuou que esta diferença interpretativa se dá, justamente, em razão da liberdade de consciência que o homem possui em seu foro íntimo. Recordou, ainda, os conflitos ocorridos ao longo da história entre os vários grupos religiosos, e destacou o movimento ecumênico como tentativa de superação deste estado de coisas.



Mauro, por sua vez, lembrou que só é possível dialogar com quem deseja dialogar. Defendeu o que chamou de “intolerância contra a intolerância”, tendo argumentado que, às vezes, é necessário deixarmos evidente nossa discordância em relação àqueles que se apresentam na sociedade como donos da verdade, e desejam impor suas convicções aos outros, sem nenhum respeito ao pensamento alheio. Segundo Mauro, existem ocasiões em que devemos dizer claramente “não concordo com você”.

Jailson e Mauro salientaram, ao final de suas exposições, a importância do respeito à liberdade de consciência e crença. Recordaram ambos que tal liberdade, além de ser uma proposta espírita, possui amparo na  Constituição Federal do Brasil.

 Na última noite, tivemos o encerramento com Ademar Arthur Chioro dos Reis e Reinaldo Di Lucia, que trataram da intolerância nos meios científicos. Reinaldo destacou que o cientista contemporâneo é muito diferente do cientista do passado. O cientista do passado ainda era alguém motivado por certo idealismo da descoberta, a qual podia ser feita, inclusive, em seu próprio laboratório, coisa impensável nos dias atuais. Afirmou que a atividade científica, na contemporaneidade, é extremamente profissional e custa muito dinheiro. Segundo Reinaldo, as questões do espírito não estão na pauta dos cientistas de hoje, os quais possuem reputações e vidas construídas em suas áreas de pesquisa, a partir do paradigma materialista vigente na atualidade.



 Ademar refletiu sobre a realidade da ciência no universo dos interesses econômicos do sistema capitalista de produção. Defendeu a ideia de que a pesquisa científica sobre o tema espiritismo, na atualidade, tem tido maiores oportunidades no campo das ciências sociais. Quanto ao campo das chamadas ciências naturais, Ademar entende que ainda há grande rejeição e desinteresse a este tipo de pesquisa nesta área.

Reinaldo e Ademar afirmaram, no entanto, que o espiritismo tem seu caminho próprio enquanto filosofia, podendo dialogar e contribuir com o pensamento contemporâneo, pois a ciência não é a única forma de produção de conhecimento.

 Tivemos um público médio de 80 pessoas, as quais ficaram encantadas em presenciar uma reflexão espírita tão aberta e atualizada com os nossos tempos. No espaço destinado a perguntas, foram feitas questões interessantíssimas que contribuíram para o aprofundamento dos temas tratados.

 A comissão organizadora do 10º Fórum Espírita do Livre-Pensar da Baixada Santista, sob a coordenação de Jailson Lima de Mendonça, se sente feliz por ter realizado mais este evento, que propõe à sociedade uma reflexão espírita progressista e livre-pensadora.



Ainda para este ano de 2015 estão programados dois importantes eventos com o apoio da CepaBrasil: o VII Fórum do Livre-Pensar Espírita, que será realizado no estado do Espírito Santo, no período de 29 a 31 de maio de 2015, e o tradicionalíssimo XIV Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita,  que irá se realizar na cidade de Santos, no período de 30 de outubro a 1º de novembro de 2015.Finalmente, no primeiro semestre de 2016, teremos a realização do XXII Congresso Espírita Pan-Americano, que será realizado na Argentina.


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Liberdade de Imprensa - Jaci Régis. Pode-se também ver o mesmo texto em espanhol na tradução de Jon Aizpúrua

Jaci Régis desencarnou em Dezembro 2010, buscamos suas sábias considerações para abrilhantar a discussão sobre este tão importante tema para a sociedade. Deixe o seu comentário em nosso blog.

Liberdade de Imprensa


Volta e meia políticos de tendência totalitária, tentam cercear a liberdade de imprensa no Brasil. Durante a ditadura Vargas, durante a ditadura militar, a imprensa foi censurada, perseguida.

Como a história nos ensinou e em tempo bem curto, os regimes totalitários de qualquer tendência primam por amordaçar qualquer oposição, tem aversão à crítica. A palavra democracia que tanto pronunciam tem o sentido de escárnio em suas bocas.

Quando da experiência da União Soviética e dos países da cortina de ferro vimos que “povo” é palavra que eles usurpam e nunca esteve no poder, mesmo que as repúblicas fossem designadas como populares. Como foi denunciado por dirigentes o que houve foi a instalação de uma oligarquia composta de indivíduos que se perpetuam no poder e não titubeiam em matar, prender, expulsar quem seja contra seu domínio. Os registros históricos são recentes.

Aqui no Brasil, um grupo remanscente das lutas armadas que pretendia instalar uma ditadura socialista no páis e que se agruparam em partidos legais, usufruindo da democracia real, assumiram a direção de órgãos que podem propor e mobilizar em favor da censura à imprensa.

Não devemos esquecer que em todos os países ditatoriais de esquerda, a imprensa foi simplesmente liquidada restando jornais oficiais, como atualmente em Cuba, China, Coréia do Norte e em parte na Venezuela.

A imprensa nesses regimes é meio de manipulação dos fatos. Tratam de dar sempre a versão do governo e das ideologias que defendem. Nunca publicam fatos e acontecimentos que não interessam ao poder central. E muio menos fazem críticas.

O argumento é conhecido.

De um lado estão eles, em nome do povo, dos pobres, dos excluídos. No meio a população que pretendem “preservar” das idéias liberais, democráticas. De outro, os tubarões, no caso, os donos dos meios de comunicação que são alicerces da democracias.

Como são postulantes da ditadura proletária, odeiam o capitalismo, que não foi derrotado, acusando, contudo, que o regime é dominado por burgueses e pequenos burgueses, obstáculo a serem derrubados no juízo marxista. Embora os que estão em altos postos sejam burgueses bem situados. Não titubeiam em usufruir os benefícios do capital.

Po que estamos tratando deste assunto?

Porque o Espiritismo é totalmente contrário à ditadura. A liberdade é um dos seus alicerces e não fora a França, na época de Kardec, um país liberal e o Espiritismo não teria chance porque também a Igreja exerceu a censura, amordaçou enquanto pode. E o fez no Brasil, onde o Espiritismo foi perseguido por cerca de 100 anos.

As bandeiras da esquerda são, intencionalmente, generosas, falam da igualdade, da fraternidade. Todavia, não podemos confundir nossa generosidade, nosso igualdade, nosso fraternidade com o materialismo e com grupos que representam a tradição de sangue e morte.

Jaci Régis


Nota da redação: Artigo publicado no Abertura de julho de 2010 e repetido em abril de 2014.

Com muito gosto acrescentamos esta tradução ao Espanhol  e nota de Jon Aizpúrua, referente a este texto.


COMPAÑEROS DE C.E.P.A.  :   me permito traducir un artículo escrito por nuestro inolvidable amigo Jaci Regis (Santos, SP, Brasil) notable pensador espírita, y que fuera publicado en  “Abertura”, el periódico por él fundado y dirigido hasta el momento de su desencarnación, y que hoy continúa publicándose en la ciudad de Santos, como órgano del Instituto Cultural Kardecista, bajo la dirección de Alexandre Cardia y contando con el respaldo intelectual de un selecto grupo de estudiosos del Espiritismo que siguen divulgando y profundizando una visión espírita, nítidamente kardecista, laica, librepensadora, humanista, progresista.

En este breve artículo Jaci expresa sin rodeos su postura contraria a los sistemas totalitarios de cualquier signo y en especial a las dictaduras de izquierda que son especialistas en manipulación propagandística y que en nombre de la justicia social acaban empobreciendo a los pueblos que sojuzgan y les niegan los más elementales derechos a la libertad de expresión, de organización y de conciencia.
Creo que vale la pena leerlo, estudiarlo y difundirlo.

Jon  Aizpúrua 

LIBERTAD  DE  PRENSA

Por  JACI  REGIS


Están a la vuelta políticos de tendencia totalitaria que intentan cercenar la libertad de prensa en Brasil. Durante la dictadura de Getulio Vargas, la prensa fue censura y perseguida.

Como la historia nos ha enseñado, y en tiempo muy corto, los regímenes totalitarios de cualquier tendencia se empeñan en amordazar cualquier oposición, puesto que tienen aversión a la crítica. La palabra democracia que tanto pronuncian tiene el significado de escarnio en sus bocas.

Durante la experiencia de la Unión Soviética y de los países de la cortina de hierro, vimos que “pueblo” es la palabra que ellos usurpan y sin embargo nunca estuvo el pueblo en el poder y eso que las repúblicas se designaban como “populares”. Como ya fue denunciado por dirigentes lo que sucedió fue la instalación de una oligarquía formada por individuos que se perpetúan en el poder y no titubean en matar, encarcelar o expulsar a cualquiera que esté contra su dominio. Los registros históricos son recientes.

Aquí en Brasil, grupos remanentes de las luchas armadas que pretendían instalar una dictadura socialista en el país y que se agruparon en partidos legales, usufructuando la democracia real, asumieron la dirección de organismos que podían proponer y movilizar a favor de la censura a la prensa.

No debemos olvidar que en todas las dictaduras de izquierda, la prensa fue simplemente liquidada, quedando solamente órganos oficiales como sucede actualmente en Cuba, China, Corea del Norte, y en parte en Venezuela. La prensa en estos regímenes es un instrumento de manipulación de los hechos en el que siempre se da la versión del gobierno y de las ideologías que defienden. Nunca publican hechos o acontecimientos que no interesen al poder central y mucho menos hacen críticas.
El argumento es conocido: de un lado están aquellos que hablan en nombre del pueblo, de los pobres o de los excluidos. En el medio se halla la población a la que pretenden “preservar” de las ideas liberales y democráticas. Del otro lado, están los “tiburones”, es decir, los dueños de los medios de comunicación que constituyen las bases de la democracia.

Los primeros son promotores de la dictadura proletaria, odian el capitalismo, régimen dominado por burgueses y pequeñoburgueses que deberán ser derrumbados en el juicio marxista. Sin embargo, no titubean cuando se trata de disfrutar de los beneficios del capital.

¿Por qué estamos tratando de este asunto?

Porque el Espiritismo es totalmente contrario a la dictadura. La libertad es uno de sus pilares, y si Francia, en la época de Kardec, no hubiese sido un país liberal el Espiritismo no hubiera tenido oportunidad, ya que también la Iglesia ejercía la censura y lo amordazó cuanto pudo. Y lo hizo en Brasil, donde el Espiritismo fue perseguido durante cerca de cien años.


Las banderas de la izquierda son aparentemente generosas ya que hablan de igualdad y de fraternidad. Sin embargo, no debemos confundir nuestra generosidad, nuestra igualdad o nuestra fraternidad con el materialismo y con agrupaciones que representan la tradición de la sangre y de la muerte.  

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

XXI Congresso Espírita Pan-americano: Santos se torna a capital do Espiritismo por cinco dias

Uma característica marcante durante todo o transcorrer do XXI Congresso Espírita Pan-americano foi a perfeição de organização, a alegria da Comissão Organizadora e de Apoio, as apresentações artísticas por parte de grupos de música e de teatro santistas além, claro, de palestras de alto nível.




Ademar Arthur Chioro dos Reis, presidente da comissão organizadora do evento, e sua equipe conseguiram o apoio importantíssimo da Prefeitura de Santos, da Universidade Santa Cecília, do Santos e Região Convention & Visitors Bureau, e de patrocinadores locais anônimos. Ocorreram Mesas Redondas com os assuntos explorando as diversas facetas do tema central: “Perspectivas contemporâneas da Teoria Espírita da Reencarnação”. Fóruns de Temas livres, predominantemente sobre a Reencarnação, agigantaram na parte doutrinária do evento.



O Congresso interagiu com a cidade ao fazer uma caminhada de dois quilômetros e meio pela orla de praia, até a praça Allan Kardec, que foi reformada pela Prefeitura como um pedido especial da organização do congresso e inaugurada exatamente no dia 7 de setembro, data máxima do Brasil. No dia 8, à noite, um Jantar Dançante no Clube dos Ingleses reuniu mais uma vez os congressistas.



O encontro contou com 38 trabalhos inscritos por iniciativa própria dos autores, que foram apresentados durante cinco sessões, onde até oito trabalhos eram apresentados simultaneamente. E havia trabalhos para todos os gostos.




O Congresso foi bastante rico e contou ainda com exposições em painéis, vendas de livros e artesanato produzidos por voluntárias de casas espíritas organizadoras do evento, além da merecida homenagem especial a dois eminentes espíritas santistas: Jaci Régis e José Rodrigues.



Santos foi a capital espírita por cinco intensos dias, num Congresso que, em resumo, foi um sucesso absoluto.