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quarta-feira, 11 de março de 2020

METAS por Cláudia Régis Machado


METAS

“Todo esquema evolutivo é tornar a continuidade existencial mais feliz e produtiva possível”. Jaci Régis

Podemos nos perguntar como alcançar resultados positivos que nos tragam satisfação e crescimento.
Tendo como conceitos a Evolução Contínua e a Imortalidade Dinâmica, bases da teoria espírita em nossas vidas, compreendemos que temos muito o que fazer.

Somos imortais e podemos aproveitar as oportunidades das encarnações de nos tornarmos o melhor possível dando assim passos para a construção da nossa evolução.




Em cima disso, ouvindo um stories da minha filha Bruna Machado no Instagram, na qual ela falava sobre metas a serem alcançadas “acendeu uma luzinha”: de podermos empregar as “dicas”, as orientações dadas em nosso desenvolvimento pessoal, espiritual; no crescimento do nosso ser. Fui buscar mais informações no processo de coaching sobre o tema e foi superpositivo.

Estamos vivendo mais e isto nos monstra a necessidade de que mesmo tendo realizado as orientações mestras da existência: estudo, carreira, família, situação financeira há muito que pode ser feito principalmente no desenvolvimento pessoal e no social (no servir) visto que somos espíritos eternos com a responsabilidade de desenvolver-nos.

Evitar estagnação aproveitar as oportunidades da existência. Muitas vezes não falta capacidade nem possibilidades e sim ausência de metas. Na compreensão espírita a vida pede produtividade.
As colocações dos coachs são mais usadas para o trabalho nas empresas, para direcionar uma maior produtividade, mas podem ser utilizadas como motivação, com caráter instrutivo para realizarmos nossa trajetória evolutiva com mais objetividade, comprometimento e um aproveitamento efetivo da vida.

Estamos no início de um novo ano e com ele a vontade de realizar sonhos e concretizar metas. Muitos fazem listas, anotam o que desejam efetuar no decorrer do ano, mês etc.  Para os que tem esta prática um fator básico é deixar as anotações, a lista sempre presente e não em uma gaveta, este procedimento geralmente não traz resultados positivos.

Metas são tarefas que devem ser cumpridas dentro de um prazo curto, médio ou longo, de preferência devem ser simples- que estejam alinhadas a sua realidade, devem ser objetivas e bem definidas. Devem ter um foco estabelecido. Isto para estimular e para que não nos sintamos frustrados no fato de não conseguirmos concretizar aquilo que queremos. Uma tarefa que não atende estes requisitos tende ao insucesso.

Todo este processo pode parecer engessado, mas não, as metas nos oferecem um caminho, uma direção e serão estipuladas por nós. São inúmeras as possibilidades: Cuidar de seus relacionamentos, direcionar seu tempo, desenvolver uma habilidade ou competência, comunicar-se melhor.

Ser mais caridoso, solidário, ter mais gestos carinhosos, ser afetivo muitos são os itens que podem ser elegidos. Escolha aquele que você ache importante depois de uma análise e observação pessoal.
Para que isso não fique só no desejo é necessário planejamento saber o que executar, quais as ações e medidas que devem ser tomadas. Muitas vezes os sonhos são abstratos e genéricos transforme-os em tarefas especificas e claras que façam conquistá-los. O esforço empregado seja em algo realizável.
Este movimento gera um campo de energia produtiva. Estimula buscar o autoconhecimento, poder se olhar e compreender-se. Quais os pontos fracos, fortes, que qualidades suas podem ser empregadas para atingir seus objetivos. Muitas vezes, para sair da zona de conforto, estabelecer desafios para enfrentar as crenças limitantes, “eu não consigo”, “eu não dou para isso” etc.

Assuma o controle de sua vida. Nada ocorre sem dedicação, trabalho e persistência, nosso propósito é a evolução, o desenvolvimento. Disciplina, organização, dizer não as distrações, eleger prioridades, manter-se positivo são elementos importantes para a execução das metas, que elas nos tragam satisfação e que a vida flua melhor.

Examine o seu desempenho, estou indo pelo caminho correto, tenho tido resultados, preciso adaptações, mudanças. Nada disso é fácil, mas é possível. Esteja com a mente aberta e forte para enfrentar os obstáculos diários.

O foco é estabelecer novas atitudes, novos comportamentos voltados para o bem pessoal e social.
Aprecie seu progresso torne essas atitudes em hábitos. Isto tudo para construção da melhor versão de nós mesmo nesta existência.

Cláudia Régis Machado é psicóloga e reside em Santos

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos. Janeiro de 2020. quer ver o jornal completo- baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/26-jornal-abertura-2020?download=178:jornal-abertura-janeiro-de-2020

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terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Com quantas pessoas você se comunica? por Alexandre Cardia Machado


Com quantas pessoas você se comunica?

Parece uma pergunta simples, mas nos dias de hoje é na verdade uma pergunta complexa. Alguns estudos demonstram que em média nós temos no máximo 150 pessoas que podemos chamar de amigos.

Ter amigos só traz benefícios. Quanto mais, melhor. Mas há um limite. Um estudo feito na Universidade de Oxford comparou o tamanho do cérebro humano, mais precisamente do neocórtex (área responsável pelo pensamento consciente), com o de outros primatas. Ele cruzou essas informações com dados sobre a organização social de cada uma das espécies ao longo do tempo. E chegou a uma conclusão reveladora: 150 é o máximo de amigos que uma pessoa consegue ter ao mesmo tempo.” ( Revista Superinteressante – Fevereiro 2011)

Bem, mas temos pessoas que seguimos, pessoas que fazem parte de redes socias, onde “amigos” de amigos são adicionados.

Agora outra pergunta. De quantas redes sociais você participa? Facebook, Instagram, LinkedIn, Skype, WhatsApp, blogs e tantas outras? Fiz esta contagem como não uso Facebook e Instagram cheguei ao número mágico, no dia de hoje de 1541 pessoas com quem me comunico. Estou muito longe do Bill Gates que tem, só no LinkedIn 23 milhões de seguidores.

Agora, como sou redator de um jornal, me comunico mesmo com vários amigos, no trabalho então nem dá para contar, pois não considerei em minhas contas a possibilidade de falar com mais de 100 mil pessoas de minha empresa a um toque no computador.

Mas tenho contatos próximos em quantidade dez vezes maior do que os estudos demonstram ser possível manter uma amizade produtiva. É que o mundo mudou muito nos últimos anos, após o MSN e o Orkut, que hoje nem existem mais. Hoje somos conectados, temos “amigos” de “like”!
Ainda que esta conexão seja leve entre as pessoas existe a possiblidade de multiplicarmos a influência de nossos pensamentos. É aqui que entra a possibilidade de divulgarmos o espiritismo que queremos. Quantos de nós compartilhamos os nossos pensamentos espíritas, fora da esfera de contatos mais próximos?

Este é um campo que devemos buscar influenciar, talvez com uma linguagem um pouco mais moderna, quem sabe com isto possamos trazer à compreensão de muitos do que seja a imortalidade dinâmica, mola propulsora da humanidade e tão pouco conhecida da maioria.

2020 está chegando, temos que renovar as expectativas, focar no positivo e gerar ações transformadoras.

Ainda sobrou tempo para convidar nossos verdadeiros amigos a ouvir uma música de Oswaldo Montenegro – “A Lista” pesquisem no Google. Segue a letra.

“Faça uma lista de grandes amigos / 
Quem você mais via há dez anos atrás /
Quantos você ainda vê todo dia /
Quantos você já não encontra mais /
 Faça uma lista dos sonhos que tinha /
 Quantos você desistiu de sonhar / 
Quantos amores jurados pra sempre / 
Quantos você conseguiu preservar /
Onde você ainda se reconhece / 
Na foto passada ou no espelho de agora /
 Hoje é do jeito que achou que seria / 
Quantos amigos você jogou fora / 
Quantos mistérios que você sondava / 
Quantos você conseguiu entender / 
Quantos segredos que você guardava / 
Hoje são bobos ninguém quer saber /
Quantas mentiras você condenava / 
Quantas você teve que cometer /
Quantos defeitos sanados com o tempo / 
Eram o melhor que havia em você / 
Quantas canções que você não cantava / 
Hoje assobia…”

O objetivo aqui é convidá-los a usar a sua influência pessoal para mostrar-se como espírita e permitir que outros possam compartilhar de nosso espiritismo!

Alexandre Cardia Machado

Artigo publicado no Jornal Abertura de dezembro de 2019 - leia o jornal completo!


Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Refletindo sobre a Espiritualidade Laica por Cláudia Régis Machado


Refletindo sobre a Espiritualidade Laica

Este tema despertou-me maior interesse após o último Congresso Espírita da CEPA em Rosário, na Argentina, e mais ainda quando ouvi o termo, criado por Luc Ferry- Espiritualidade laica.
A noção de espiritualidade tem significados diferentes e depende do contexto em que é utilizada.
Para as religiões, é entendida como a perspectiva do ser humano em relação a um ser que é superior. Do ponto de vista filosófico, tem a ver com a oposição entre matéria e espírito ou exterioridade e interioridade. O termo designa ainda a busca do sentido da vida, da esperança e desenvolvimento pessoal.


Cláudia Régis Machado no 14° SBPE 

Para alguns, a espiritualidade é a conexão com a natureza e com cosmo, para outros pode ser expressada pela música, pelas artes, meditação, etc. Dentre os vários conceitos de espiritualidade encontrado, sintetizamos no seguinte: É uma propensão humana a buscar para a vida conceitos que transcendem o mais tangível e, que tragam um sentido de conexão com algo maior que si próprio.
Muitos espíritas pensam espiritualidade ligando ao plano maior, ao plano espiritual. A espiritualidade é considerada “as forças espirituais”, os “movimentos espirituais” que envolvem o ser humano. Também é normal ouvirmos assim: “a espiritualidade está me ajudando”; como se uma força superior, uma energia extrafísica estivesse atuando ao seu redor no seu caminho para lhe ajudar.
Ou ainda “Nossa! essa espiritualidade parece estar pesada” uma expressão utilizada pra falar de coisas e acontecimentos que são de ordem espiritual e que estão deixando a pessoa ou o ambiente carregado de energias ruins.
Todos esses pensamentos tem um fundo de verdade, no entanto vamos abordá-lo dentro da filosofia espírita, sair desses conceitos e refletir mais sobre o tema. 

 A espiritualidade espírita, dentro do novo pensar da Ciência da Alma, é espiritualidade laica, isto é, sem Deus. Deus da maneira como é entendido pelas religiões, mas o Espiritismo, diferentemente de Luc Ferry, é uma filosofia que defende a existência de Deus. O espiritismo vê a existência de Deus como: “inteligência suprema causa primária de todas as coisas”.

Jaci postula que “Um novo pensar sobre Deus nos conduz à compreensão de que a dinâmica da vida, em qualquer dos setores em que se manifesta, prima pela criação de ambientes de oportunidade, seleção e superação”.

A Espiritualidade espírita é baseada na imortalidade dinâmica que abre uma nova significação de espiritualidade sem passar pelo campo da fé. A Espiritualidade na perspectiva espírita laica, traz um arcabouço consistente, atualizado por trazer mudança e fortaleza interior para abrir um estilo de vida e uma visão de mundo amplo e modificador.

Ferry em seu livro A Revolução do Amor discute a espiritualidade laica, não ligada a Deus, mas ao homem por meio do amor. A espiritualidade baseada no amor. É o homem, saindo de si mesmo e indo em busca do outro. Saindo da sua materialidade, do seu ego. Transcendendo de si mesmo.

Não é um amor idealizado, necessita de pés no chão. A revolução do amor que se instalou em nossas vidas “Eu faço porque eu amo”. Ferry não acredita na imortalidade de alma, e diz: “Mesmo que a nossa existência seja limitada no tempo e no espaço, não muda o fato de que podemos a cada dia que Deus nos dá, estabelecer laços com outrem”. O amor produz sentido em nossas vidas, mobiliza novas formas de sabedorias e de espiritualidade laica.

Objetivo ou finalidade da Ciência da Alma é desenvolver a Espiritualidade no ser humano. Por espiritualidade nesta visão entendemos o desenvolvimento integrado da alma humana, reconhecendo sua essência sensível e o uso equilibrado dos fatores presentes na vida de relação e consigo mesmo. Nos ensina Jaci Regis que “agora, é necessário que o homem assuma sua natureza espiritual, a sua espiritualidade e desenvolva, no plano da vida terrena, novas formas de relacionamento e revolucione seu projeto de vida, a partir das premissas espirituais dinâmicas".

Luc Ferry explica que essa nova “espiritualidade laica”, significa uma concepção de filosofia que atribui ao homem uma tarefa essencial de refletir sobre o que seria uma via boa sem passar por um Deus  ou pela fé, mas com os meios disponíveis, os de um ser humano que se sabe mortal, entregue a si mesmo e às exigências de sua lucidez, da razão.

O problema é que a expressão – espiritualidade - está corrompida na cultura porque sempre foi colocada como oposição a vida corpórea, chamada de “material”. Todavia a espiritualidade não se opõe,mas compõe a vida corpórea, porque nela a alma se exprime na totalidade de suas ansiedades, esperanças e evolução.

 A alma espiritualizada não desdenha viver as emoções saudáveis da vida corpórea, sem apegar-se a elas porque não pertence aos fatores externos mais a si mesma”. A espiritualidade se exercita e desenvolve no espaço interior de cada um. Não se relaciona com a morte e o além-túmulo pois muitos mortos não são propriamente espiritualizados.

Espiritualidade não é do plano espiritual é do aqui e agora com base na filosofia espírita, que vê o homem um ser imortal que tem como objetivo desenvolver-se em toda a sua essência intelectual e moralmente. A prática da nossa espiritualidade é desenvolver estes conceitos na estrutura da pessoa humana. E mostrar que é uma realidade natural, é a sua essência.

Essa visão espiritual correspondendo a espiritualização da vida será produto do amadurecimento e das pesquisas. Na verdade, será ponto decisivo e moldara o pensamento humano de maneira a transformar relações entre as pessoas.

Luc Ferry faz uma distinção entre valores espirituais e morais, atribuindo que há muita confusão no setor público como na filosofia. Exemplifica para explicar isto: “ Comporto-me moralmente com os meus vizinhos, parentes e próximos quando tenho respeito e os ajudo; quando reconheço seus direitos imprescritíveis de pensar diferente de mim e mesmo nessa hipótese faço o que posso para tornar-lhes a vida mais suave e fácil”. A vontade agir corretamente de ajudar ativamente os outros - benevolência ou generosidade, bondade, respeito pelo outro mais a preocupação com o outro - aí está a moral comum na qual se encontra idealmente hoje a maioria dos nossos concidadãos. O que não significa que estejam no nível ideal.

Continuando Ferry contrapõe que mesmo tendo valores morais ou não, não deixaríamos de envelhecer, nem de morrer, nem de perder um ente querido nem mesmo ser infeliz no amor. De nos apaixonar por quem nos ama e se entediar ao longo da vida cotidiana atolada em banalidades e à doença.

Estas são questões que ele chama de existenciais ou espirituais porque se relacionam com a vida do espírito. Daí chamar de espiritualidade laica. Esses sentimentos não têm nada ver com a moral. Os valores espirituais não se reduzem absolutamente a valores morais.

A busca da Espiritualidade não deve ser delineada por um roteiro proposto por alguma religião. Acredita que realmente existe longe da religião e da moral, uma espiritualidade sem deus e que essa esfera do pensamento, que ele identifica à mais alta filosofia.

Para Ciência da Alma a nossa espiritualidade deve ser conduzida para nossas ações, para o nosso comportamento levando-nos a uma vida boa, a uma vida feliz. Se inicia no intelecto e se estende para a vivência. É bom viver a espiritualidade pela janela do Espiritismo. O Espiritismo é uma filosofia que nos oferece uma matriz para vida boa.

A filosofia espírita nos auxilia e nos ajuda a viver melhor, na medida em que valoriza a vida terrena como oportunidade imprescindível de aperfeiçoamento do espírito.

Na prática, uma vida boa é quando vivemos com lucidez- A “lucidez” pretendida pelo espiritismo é de tal ordem que a filosofia espírita pretende abolir de vez o conceito de maravilhoso e sobrenatural nas chamadas questões da alma, as quais foram tradicionalmente tratadas pelas religiões sob uma aura de mistério.

Ser livre em pensamentos, é impossível ser livre em pensamento se estiver bloqueado pelos medos.
Sem poder estar livre afundamos num egocentrismo que nos torna imediatamente incapazes de amar e de pensar serenamente. “Praticar amizade. Doar-se é a atitude-chave para qualquer programa de vida que pretenda desenvolver os potenciais do Espírito” (Jaci Regis).

A felicidade trazida pelo servir, pode ser mais ampla e duradoura por representar o momento de mais doação, de sair de si mesmo, sem objeto de reciprocidade.

Capacidade de dar depende do desenvolvimento do caráter da pessoa.

Para uma vida boa é importante que objetivo da vida, para o espírito, seja a plena felicidade. A vida não pode ser boa sem felicidade, autonomia, auto expressão, moralidade e progresso.

Cláudia Régis Machado é psicóloga, Vice-Presidente do ICKS e Reside em Santos

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos em abril de 2019. Baixe aqui!

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/28-jornal-abertura-2019?download=214:jornal-abertura-abril-de-2019


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quarta-feira, 28 de agosto de 2019

O maior desafio do Espiritismo é o próprio Espírita por Carol e Reinaldo di Lucia


O maior desafio do Espiritismo é o próprio Espírita - por Carol Regis di Lucia



Rodando pelos posts do Facebook pouco antes de dormir, apareceu uma atualização do perfil da Associação Espirita Mensageiros da Luz que não pude ignorar: era a escultura de um homem puxando uma carroça com dificuldade, tendo em cima sua própria cabeça, desproporcionalmente imensa. A legenda dizia: Nosso Ego é Nosso Fardo.



Fiquei pensando em tudo o que aquilo significava, especialmente vindo de um meio de comunicação Espírita. Me veio a sentença: o maior desafio do Espiritismo atual é o próprio Espirita e suas questões consigo mesmo. Antes de pensarmos em como resolver a falta de quórum, a questão da sucessão nas casas, os temas a abordar em grades de estudos (atualizar ou não), os modelos de comunicação para as novas gerações, precisamos re-conhecer os Espíritas.

Que algo aconteceu, e continua acontecendo, não há como negar. São depoimentos, observações, textos, impressões de diversos locais e culturas diferentes, no sentido de que o Espírita e a dinâmica doutrinária aplicada à prática já não é mais a mesma de antigamente. Obviamente, e não poderia ser uma vez que tudo muda, os tempos são outros, o mundo é absolutamente diferente da geração dos pais e avós Espíritas que fundaram os centros. O preocupante é que a conclusão de que essas mudanças não foram as ideais, como eram esperadas, não geraram os frutos pretendidos pelas gerações anteriores, reflete uma angústia quase paralisante nos frequentadores e dirigentes.

Cabem aqui as questões há tempos levantadas: evasão de frequentadores, politização do movimento, temas esgotados pela não atualização, ausência de núcleos jovens e infantis, baixo quórum de trabalhadores, sobrecarga dos atuais gestores, entre outras. Planos de melhoria, discussões, boas intenções não faltam no sentido de sanar grande parte desses entraves. Porém, todos se originam de análises externas, olhos que veem para fora e enxergam no outro e em ações programadas a solução do futuro do Espiritismo que queremos. Mas qual é o Espiritismo que queremos?  Quem são os Espiritas que queremos? Quem somos como Espiritas em 2019?
Filosofia que cuida do Ser, da alma, do Ente, o Espiritismo tem como ponto focal o Espírita. E este não sabe quem ele é. Está perdido na rotina do trabalho, do dia a dia, dos afazeres infinitos.

O Espirita não está conseguindo posicionar-se, encontrar o meio para ser Espirita e tudo o que isso implica: estudo, participação, dedicação, tempo. E o cenário onde ele vive impacta diretamente nessa condição indefinida em que se encontra, especialmente aqui no Brasil.

O país vive à flor da pele, uma epidemia de malemolência ética, onde hoje tudo pode, amanhã tudo é vetado. Os brasileiros sofrem de uma frouxidão moral momentânea, resultado de uma tomada de consciência politica e social inédita em um país historicamente paternalista. E como adolescentes no auge das mudanças, não sabem exatamente como agir, burlam regras, falam o que querem, experimentam novidades inconsequentemente. E nesse momento aparecem as fragilidades de cada um: falta de respeito ao próximo, ausência de sentimento de pertencimento, individualização exacerbada, busca pelo sucesso social atrelada à paradoxal falta de comprometimento geral. Impossível estar imerso nessa realidade e não ser abalado de alguma forma.  E o grande desafio é esse: tocar as pessoas de forma que elas reencontrem a si mesmas, refaçam o link da importância do Espiritismo em suas vidas.
E é nesse momento que o Espiritismo e os centros devem focar no retorno ao objeto principal: o Espírita. É papel deles trazer as origens de volta, de forma adaptada à cultura atual. Olhar para cada um, envolver-se genuinamente com cada participante, ajudar ao outro efetivamente, essencialmente. Talvez por isso as casas com cunho assistencialista ou com atividades relacionadas ao tratamento físico/espiritual tenham muito mais gente engajada, doando seu tempo à causa, ao estudo, ao próximo.  O grande desafio é ajudar os Espiritas a reposicionarem a cabeça no corpo, tirarem o ego da carroça, retomarem e inserirem a doutrina em suas rotinas, para que efetivamente torne-se prática nas demais instâncias do Ser.

Se o ego é nosso fardo, o Espiritismo deve ser nossa bússola. O Espirita precisa ver na doutrina o instrumento orientador nesse tumulto existencial momentâneo. E será a partir desse guia que poderemos retomar o curso, aprofundar os ensinamentos, retornar às origens repaginados.

Artigo publicado no Jornal Abertura de Julho de 2019 

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Refletindo sobre: o maior desafio do espírita é o próprio Espiritismo - por Reinaldo di Lucia

Na coluna do mês passado, Carol lançou-nos um desafio: como ressignificar o Espiritismo de modo a torná-lo, em suas palavras, “o instrumento orientador nesse tumulto existencial momentâneo”.
O grande desafio é como fazer isso, isto é, como, a partir de uma doutrina cuidadosamente construída há 150 anos, transformá-la para atender aos anseios e necessidades de uma sociedade que já se diferencia bastante daquela na qual o Espiritismo surgiu.

Ao analisarmos a história do surgimento dessa filosofia que vem, por todo este tempo, ajudando as pessoas com uma concepção de Universo positiva, humanista e progressista, percebemos que ela surgiu devido a uma necessidade social ou, pelo menos, de uma parte daquela sociedade. Naquele tempo, a Igreja desmoronava com os estertores da Inquisição e, assim, perdia cada vez mais tanto o poder temporal  quanto o religioso, já não conseguindo ser a bússola que as pessoas necessitavam. Por outro lado, a ciência, fonte legítima do conhecimento, não se preocupava com problemas que escapassem de suas rígidas limitações de objeto e método. Havia uma lacuna, bem grande por sinal.

Nesse campo, fértil de oportunidades, surgiu uma filosofia que se propunha a oferecer uma nova visão de homem e de mundo. Cresceu porque respondia àquelas necessidades humanas de conhecimento e consolação. Naquele tempo, o futuro parecia promissor, e a filosofia positivista, tanto quanto a espírita, previam que a evolução traria ao homem a felicidade e tranquilidade tão desejadas.
Infelizmente, isto não ocorreu. De lá para cá, tivemos duas guerras mundiais, vários conflitos locais e o retorno, 150 anos depois, de ideologias extremistas, como o neofascismo. A sociedade está cada vez mais polarizada, maniqueísta. Vivemos a época do “nós contra eles”, do 8 ou 80. Parecemos crianças que perguntam se tal pessoa é “do bem ou do mal”, ignorando a enorme complexidade e as múltiplas gradações que existem. Pensamos no preto ou branco, fechando os olhos ao fato que a vida é um composto de inumeráveis tons de cinza.

O que se observa na sociedade em geral repete-se no meio espírita. É triste vermos que, mesmo em nosso meio laico, livre pensador e humanista, não conseguimos nos livrar desta polarização. Não seguimos pelo caminho do meio, não primamos pelo equilíbrio, não praticamos a alteridade – seguramente um dos maiores pilares da ética espírita. Ao contrário, nos atacamos mutuamente, com uma dose de violência absolutamente contrária aos princípios espíritas.

Temos agora que realizar o processo inverso da época da criação da Doutrina Espírita, isto é, partir de uma visão de mundo já consolidada, visão esta que nos mostra o caminho de uma atuação ética no mundo em que vivemos, para retomarmos a importância do Espiritismo em nossas vidas. E isto numa sociedade em que a valorização do capital é maior que a do homem, em que o consumismo alcança patamares estratosféricos (mas em consonância com o estilo neoliberalista de viver), enfim, uma sociedade que valoriza muito mais a informação rasa das redes sociais ao conhecimento aprofundado do estudo sério e consistente.

O Espiritismo precisa voltar a ser a bússola ética do espírita. É imprescindível que nós espíritas compreendamos que precisamos viver como espíritas, praticando a alteridade, compreendendo as nuances do nosso cotidiano e nunca esquecermos que não somos donos da verdade, que podemos estar errados e que só crescemos no confronto respeitoso de ideias.

Artigo publicado no Jornal Abertura de agosto de 2019

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Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

A igualdade natural e a farsa do coletivo por Roberto Rufo


A igualdade  natural e a farsa do coletivo

"O perigo de uma meia verdade é você dizer exatamente a metade que é mentira" (Millôr Fernandes).
"Em todo ser humano existe algo de sagrado. Mas sagrada não é sua pessoa. Tampouco a pessoa humana. Sagrado é apenas ele, ser humano" (Simone Weil).

Allan Kardec complementando a resposta dos espíritos à pergunta 803 do Livro dos Espíritos afirma que "todos os homens serão submetidos às mesmas leis da Natureza. Todos nascem com a mesma fraqueza, estão sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destroi como o do pobre. Portanto, Deus não deu, a nenhum homem, superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte. Diante dele, todos são iguais".

Se é verdade como dizem os espíritos que os homens procuram a sociedade por instinto e que devem concorrer para o progresso ajudando-se mutuamente, não é menos verdade que o espírito individualmente tomará as decisões por aquilo que se convenciou chamar de livre escolha. Aqui reside o perigo. De qual perigo estou falando? De que essa escolha esteja subordinada a uma obediência cega ao coletivo.

Neste ano de 2018 completou-se 75 anos da desencarnação da pensadora francesa Simone Weil. Morreu jovem aos 34 anos de idade. Recomendo a leitura do livro de sua autoria "Sobre a supressão geral dos Partidos Políticos" da Editora Iluminuras onde aparece também um texto muito instigante denominado "A Pessoa e o Sagrado" abordando a questão do coletivo, da pessoa, o impessoal, o direito e a justiça.

 Concordo plenamente com ela ao afirmar que "a paixão coletiva é uma compulsão para o crime e a mentira infinitivamente mais poderosa que qualquer paixão individual". O nazismo, o fascismo e o comunismo estão aí para comprovar tal afirmação. Segue daí que se uma paixão coletiva toma conta de um país inteiro, o país todo é unânime no crime. Daí a critica feita por Simone Weil aos partidos polítcos, que à sua época teriam se transformado numa máquina de fabricar paixões coletivas. E não seria semelhante  nos dias de hoje?

Para Jesus de Nazaré só o bem é o fim a ser alcançado, quando diz que quem quiser ser o maior que sirva a todos. Isso só é possível pela decisão individual de me construir num homem de bem. Pode e deve influenciar a sociedade ou ser influenciado por ela, mas sua afirmação como espírito livre só existe se não estiver subordinado a nenhuma teoria de cunho coletivo. O problema neste é que inexiste  uma procura do que poderíamos chamar de impessoal a nos ajudar na caminhada da encarnação, algo que a doutrina espírita nos fornece numa dimensão acima do coletivo, o dirigir-se para a verdade.

É uma construção basicamente individual. O que nos garante que teremos sucesso? A existência de uma inteligência suprema e causa primária de todas as coisas. E a lei natural existente na consciência de cada um.

Afirmações tais como a dos espíritos à pergunta 812 "É possível os homens se entenderem"? Falando que os homens se entenderão quando praticarem a lei de justiça, só se concretizará segundo Simone Weil ao se acentuar a primazia da pessoa sobre o coletivo. O bem é o sagrado (não no sentido religioso) e qual seria sua medida: a verdade, a justiça e apenas em terceiro lugar a utilidade pública, ou como se fala na linguagem política dos partidos o "bem públivo" que obviamente no caso dos partidos políticos não é nem um bem, muito menos público, porque é deles partidos. O modo de caminhar baseado no coletivo enquadra-se para mim na resposta à pergunta 781 de que só serviram para entravar a marcha do progresso. 

Precisamos nos "treinar" mais em comportamentos baseados na pessoa humana, naquilo que todos nós temos de reserva impessoal, termo esse que designa algo além dos pensamentos "unificadores". É difícil acostumados que estamos a nos fornecerem as respostas prontas por aqueles que julgam possuir o discurso competente.

O Brasil passou 13 anos sob um regime doutrinador de esquerda e vamos agora, tudo leva a crer, para um regime doutrinador de direita (vide influência das igrejas evangélicas na escolha do Ministro da Educação). Se o coletivo do partido for substituído pelo coletivo religioso, o impessoal de cada ser humano ficará tolhido de manifestar-se, e os "donos do poder " não aceitarão críticas que coloquem em dúvida decisões coletivas. Isso é péssimo, pois passam a aceitar placidamente a corrupção do partido como natural ou necessária e a intolerância religiosa como destino divino.

Tomara eu esteja errado. Oremos.


Roberto Rufo.


quinta-feira, 4 de outubro de 2018

DO DISCURSO À AÇÃO E O COMPORTAMENTO ESPÍRITA - por Jailson Lima de Mendonça


15º SIMPÓSIO BRASILEIRO DO PENSAMENTO ESPÍRITA
De 02 a 04 de novembro/2017

TEMA: DO DISCURSO À AÇÃO E O COMPORTAMENTO ESPÍRITA
Jailson Lima de Mendonça
Santos/SP


Esse trabalho tem como motivação alguns questionamentos e reflexões sobre nosso comportamento, em especial como espíritas, a responsabilidade do exemplo e também do distanciamento entre o discurso e a ação no contexto que vivemos.

Consideramos interessante a capacidade que temos de nos indignar momentaneamente quando recebemos uma notícia ou um post nas redes de informação em especial as sociais, as quais muitas vezes nos causam tristeza, revolta mesmo, enquanto em outros nos levam à reflexão sobre nossa própria vida, valores, potencialidades e limitações.

Em alguns casos no sentido positivo, nos embebêssemos de uma vontade que antes não estava presente, como se fora um impulso, um pensar o que não havíamos pensado, um querer assumir e acreditar que somos capazes de realizar. Em outros, no sentido negativo, nos sentimos fragilizados, as vezes impotentes, mas que nos incita pra fazer, mudar, realizar, mas que no geral se vai esvaindo e voltamos ao nosso estado de ser tentando nos conformar de que não podemos fazer mais do que já estamos fazendo. Será?!

Vivemos em um mundo onde, ainda, as pessoas são analisadas, julgadas e criticadas pela aparência, pelo visual, por suas posses e não estamos preocupados com o que os outros efetivamente tem a oferecer, qual a contribuição que tem pra dar e agregar ao meu próprio aprendizado.

As notícias que vemos ou fatos que presenciamos no geral nos deixam inertes, como se não tivéssemos nada a ver com isso. E vem o inquietamento, pois é difícil acreditar que vivendo no século XXI com a imensidão de conhecimento e informações que já foram desenvolvidos, pensados e escritos, não nos parece crível que agimos desta ou daquela maneira e que muitas das atitudes que consideramos aceitáveis parecem exceções.

Verificamos que a construção efetiva se dá num passo muito menor do que da nossa capacidade criativa e intencional. A execução, o agir, esbarra em uma série de artefatos, concretos ou não, que a nossa vontade não consegue transpor. E porquê?

Somos todos iguais na origem, e espíritos num processo natural de desenvolvimento individual, com livre arbítrio e inteligência, mas que necessariamente passamos ou adquirimos aprendizado através da relação com o outro.

Quando falamos da distância entre o discurso e ação, será que o falar, por si só não seria uma ação? Já que ao falarmos estamos de alguma forma nos comprometendo ou influenciando aquele que escuta?

O professor do Centro de Análise do Discurso da Universidade de Paris 13, o linguista francês Patrick Charaudeau diz em "O discurso entre a ação e a comunicação" de 2002 quea linguagem é, por si própria, ação, já que ela faz ou faz fazer, seja expressando de forma direta (“Feche a porta”) ou indireta (“Está fazendo frio”). Deste ponto de vista surgiu a teoria dos "atos de fala", promovida por Austin e Searle, que estavam convencidos de que “uma teoria da linguagem é uma parte de uma teoria da ação”. Observaremos aqui que a relação entre a linguagem e a ação é uma relação de fusão de uma na outra: não há, nesta perspectiva, combinação entre ação e linguagem, mas integração da ação na linguagem. O exemplo emblemático disso é o ato performativo (“Eu vos declaro unidos pelos laços do matrimônio”) onde o dizer, descrevendo sua própria ação, torna-se ação. A ação não é, portanto, exterior à linguagem, e esta, não possuindo existência autônoma, não pode exercer por sua vez uma influência sobre a própria linguagem.

Naquela palestra o professor ainda acrescenta que “A intenção, contrariamente ao fim, não é outra coisa que a intenção de influenciar o outro, de produzir nele um efeito ("efeito visado") que o leve a modificar sua própria intenção. É apenas na observação do comportamento do outro ("efeito produzido") que poderá ser medido o impacto do efeito visado”.

Bom, essa discussão não é nova, desde Aristóteles, a ação é considerada levando-se em conta o sentido social que a mesma gera e em relação aos geradores dos fatos sociais.

As ações dos seres humanos, ou melhor, dos espíritos encarnados, são representadas por uma linguagem verbal ou não que de toda forma gerará consequências a partir da capacidade representativa do autor e sua vontade, ou seja, do seu campo de influência e dos diversos motivos que animam os interesses pessoais e coletivos.

“(...) a virtude está em nosso poder, do mesmo modo que o vício, pois quando depende de nós o agir, também depende o não agir, e vice-versa. De modo que quando temos o poder de agir quando isso é nobre, também temos o de não agir quando é vil; e se está em nosso poder o não agir quando isso é nobre, também está o agir quando isso é vil. Logo, depende de nós praticar atos nobres ou vis, e se é isso que se entende por ser bom ou mau, então depende de nós sermos virtuosos ou viciosos". (Aristóteles, III)

E nesse momento que vivemos um período de revisão de valores é preciso ceder espaço à reflexão de que quanto mais se assume o que se é, embora não sem dor, abre-se caminho para a felicidade.

No livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Léon Denis nos fala da vontade como a maior das potências e que “O princípio de evolução não está na matéria, está na vontade, cuja ação tanto se estende à ordem invisível das coisas como à ordem visível e material. Esta é simplesmente a consequência daquela. O princípio superior, o motor da existência, é a vontade”. E mais adiante “Querer é poder! O poder da vontade é ilimitado. O homem, consciente de si mesmo, de seus recursos latentes, sente crescerem suas forças na razão dos esforços. Sabe que tudo o que de bem e bom desejar há de, mais cedo ou mais tarde, realizar-se inevitavelmente, ou na atualidade ou na série das suas existências, quando seu pensamento se puser de acordo com a Lei Divina”.
Atualmente, em especial com a difusão das redes sociais, verificamos como as pessoas se sentem muito mais a vontade ou persuadidas a interagir, pois com um único clique se pode replicar ou transmitir algo que tenham “curtido”, tanto para o bem como para o mal, sem que muitas vezes tenham checado seu conteúdo, veracidade e muito menos avaliado as consequencias da repercussão de tal informação.

E assim, nós somos agentes e/ou receptores de tais situações, suscetíveis e sensíveis a frustração, decepção, mágoa, etc ou ao júbilo, alegria e entusiasmo dos resultados obtidos ou não, num linguajar atual se fomos ou não curtidos.

O homem, tanto nas grandes ou pequenas ações do cotidiano, perde a oportunidade em ter uma atitude de respeito aos pontos de vista dos outros e de compreensão para com suas eventuais fraquezas, ou seja, de exercitar a tolerância, cuja virtude é a potência do ato, onde reflete seu próprio progresso e a disposição de se atualizar.

O comportamento humano é a atitude do ser perante a vida, sua postura no cotidiano, seus procedimentos e reações com o outro.


Como a atitude é uma intenção de se comportar de certa maneira, a intenção pode ou não ser consumada, dependendo da situação ou das circunstâncias.

E as mudanças nas atitudes de uma pessoa podem demorar muito para causar mudanças de comportamento que, em alguns casos, podem nem chegar a ocorrer.

Cada pessoa deve ser vista e analisada de acordo com suas particularidades, até porque somos uma individualidade, com nossos vícios e imperfeições, mas também com nossas virtudes, portanto é bom lembrar que as grandes variedades que o comportamento humano apresenta, não podem servir de regras para todas as outras pessoas, pois cada ser apresenta características individuais.

Segundo Aristóteles, a virtude deve ficar no meio, ou seja, nem se exceder para cima e nem para baixo, por exemplo o excesso de humildade pode transformar-se em orgulho e o excesso de orgulho pode transformar-se em humildade. O que nos sugere que a tolerância as vezes demonstrada pode não ser verdadeira.

Então, a verdadeira tolerância deve ser humilde, mas convicta. Respeitar as ideias e condutas dos demais, sem desprezá-las, mas também sem minimizar as diferenças, porque sabe que é a contradição que leva ao bem comum.

Devemos agir com parcimônia, mas quais são os limites da virtude da tolerância? Pensamos que pode se resumir em dois princípios: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti” e “Não deixes que te façam o que não farias a outrem”.





COMPORTAMENTO ESPÍRITA

Neste ponto paramos para refletir sobre quais outros subsídios o Espiritismo nos oferece para uma melhor interpretação do tema e lembramos daquele pequeno, mas importante livro Comportamento Espírita, resultado de uma conferência de Jaci Régis para um grupo de jovens em uma confraternização espírita (COMELESP) no início dos anos 80, encontramos a preocupação do autor em tratar da questão do comportamento e sua repercussão:

“Por fim, uma abordagem sobre o comportamento não é um julgamento. É uma discussão aberta, simples e objetiva das formas de interação social e humana que decorrem e resultam da existência e da vida.
Tal é o nosso propósito. Queremos apenas suscitar debates, comentários e reflexões. Para equacionar, porém, a análise que pretendemos fazer, levantamos, como hipótese de trabalho, as seguintes questões, que terão desenvolvimento nos capítulos desta obra:
1. O comportamento espírita é naturalmente diferente ou deve esforçar-se para ser?
2. Se o espiritismo não impõe regras, como se definirá o comportamento espírita?
3. Vivendo no mundo, como superar as exigências, os desafios, as necessidades, sem comprometer-se espiritualmente?
4. Como se situar diante do apelo aos excessos e vícios que estão presentes e são estimulados no mundo?
5. De que maneira compreender e usar as forças sexuais?

O comportamento é a expressão da individualidade, exteriorizada em atos, palavras, gestos, ações e interiorizada em pensamentos, ideias, desejos, constituindo o que se chama de personalidade.

Na encarnação, admitem-se comportamentos específicos, próprios aos vários níveis de idade. São decorrentes de experiências cristalizadas na mente imperecível e desencadeadas, em cada encarnação, de acordo com as circunstâncias e as condições do ambiente.

É inegável que o espiritismo propõe uma nova visão de vida e do homem. É a partir dessas ideias básicas que se erguerá o comportamento espírita.

A proposta do espiritismo, relativamente ao comportamento, é dinâmica. Isso significa, objetivamente, que o espiritismo não nos sugere qualquer comportamento que se expresse antinaturalmente ou que signifique uma posição alienada, isto é, afastada da realidade e transferida para o além.


ALGUMAS REFLEXÕES:
ü  De nada adianta as pessoas terem um excelente currículo e discurso se não conseguirem tratar o outro com civilidade (não estamos falando de amor).
ü  Devemos nos preocupar em demonstrar, através do exemplo, respeito por todos aqueles com os quais nos relacionamos, a começar dentro do próprio lar.
ü  É comum justificarmos que as preocupações em excesso, a ansiedade dos tempos modernos e a falta de tempo são responsáveis por comportamentos grosseiros.
ü  Comportamentos injustificáveis nos mostram que está faltando controle sobre as próprias ações e, acima de tudo, respeito para com o próximo.
ü  Pode parecer difícil agir com amabilidade no mundo competitivo e individualista em que vivemos, mas não devemos abrir mão de nossas convicções.
ü  É lamentável que as expressões Com licença, Por favor e Obrigado estejam sendo usadas com menor frequência.
ü  Caso venhamos a sofrer indelicadezas, não nos deixemos envolver por essas atitudes e sigamos em frente dando bom exemplo, mesmo que seja através do nosso silêncio.

Não dá para fugir, se aqui estamos, estamos para fazer e realizar, assumindo a responsabilidade dos nossos pensamentos, ações e comportamentos, a parte que nos cabe na construção de uma nova sociedade mais ética, justa e fraterna.

Questionamentos, dificuldades, resistências e reflexões haverão, mas não há mudanças sem esforço e comprometimento.

 Somos espíritos e temos nosso livre-arbítrio o que significa a possibilidade de optarmos entre muitas variáveis, exercendo o direito de escolha e praticando o exercício da vontade como garantia do poder de executar nossa decisão. Ora, todas essas atitudes só se concretizarão a partir de uma base de conhecimento do porquê, das razões e de se ter um consistente objetivo para a vida.