15° SBPE – um simpósio que olha para o futuro
Foram dois anos de preparação que
se realizou em uma festa de conhecimento, amor e amizade. Mais de 70 pessoas puderam
comparecer e desfrutar desta tertúlia espírita kardecista. Estiveram reunidos
de 2 a 4 de novembro, nas dependências do Colégio Angelus Domus, apoiador
cultural do Jornal Abertura.
Fotos de uma parte do grupo
presente
Roberto Rufo deu as boas vindas a todos
A
abertura do evento foi feita pelo Presidente do ICKS, Roberto Rufo que
agradesceu a presença de todos e desejou que pudessemos realizar um excelente
evento. A seguir para dar a conotação deste simpósio de transformar ideias (
lâmpada) em amor ( coração), como expresso no cartaz de boas vindas. A
organização do evento apresentou duas músicas através de animações no data
show.
What a wonderful world - cantada por Israel Kamakawrwo’ole, havaiano
já desencarnado e mostrando imagens da abertura do documentário – Planeta Azul
– da BBC, que clama pelo respeito a diversidade da vida selvagem e sua
preservação.
Perhaps Love – Cantada por Plácido Domingo e John Denver – com
uma animação sobre o amor de uma criança pelos seus sonhos.
Após
esta abertura artística, tivemos a apresentação do trabalho do ICKS - Somos Progressistas? – que focou a cargo
de Alexandre Cardia Machado representar todo o grupo de estudos do ICKS.
A pesquisa realizada pelo grupo de estudos
do ICKS – formado por 10 pessoas, Alexandre Cardia Machado, Antonio Ventura,
Cláudia Régis Machado, Lizette Silva Saldanha Conde, Lucy Régis Conde, do
lar,Maria de Lourdes Rodrigues Silva, Mauricy Antonio da Silva, Palmyra Coimbra
Régis, Roberto Luiz Rufo e Silva, Valéria Régis e Silva. Buscava responder a
pregunta proposta no título, através de uma pesquisa em todos os números do
Jornal Espiritismo e Unificação e Jornal Abertura. Ao todo 420 artigos foram
revisados sobre temas que hoje se constituem atividades foco do progressismo
social.
Coquetel
de abertura:
Um
tradicional coquetel foi oferecido aos participantes do 15°SBPE, pois apesar de
todas as multiplas atividades que todo este grupo tem, conseguir estar aqui,
muitos pela 15ª vez é algo a comemorar, são 28 anos de história, desde o remoto
ano de 1989, onde começamos esta jornada.
Sexta-feira 3 de novembro -
segundo dia do evento.
Primeira palestra: Da crise moral da humanidade a transição do
planeta - pelo Engenheiro José Carlos de Souza. O tema discorre
sobre o momento do planeta Terra da hipótese de transição planetária, que só
ocorrerá através do esforço pessoal de cada espírito encarnado na Terra, ainda
que o mundo dos Espíritos nos envie mensajeiros mais evoluídos para nos
influenciar.
José Carlos de Souza a
direita e Marco Videira dividiram o primeiro bloco de sexta-feira
A segunda palestra foi
proferida pelo Administrador de Empresas Marco Videira que apresentou seu
trabalho - Jesus, este mito que me
atormenta. Videira percorreu os caminhos da criação do mito “ Jesus x
Cristo”, tendo ele nascido católico e se tornado espírita, pode ver muito bem
as diferenças na visão espírita e em especial na visão laica espírita. Todos os
apresentadores do SBPE tiveram 30 minutos para apresentar seus trabalhos e a
cada bloco, 20 minutos foram dedicados a responder perguntas formuladas pelos
presentes.
Intervalos – coffe-breake
Este é um momento muito esperado nos simpósios, pois é o momento de
conversar, fazer contatos, aprofundar a amizade, foram váriso durante o evento.
Muita conversa, compra de
livros e animação
Segundo bloco: O senso de justiça e de cidadania a partir
do ethos espírita por Jacira Jacinto da Silva e Quem foi padre Germano? Por Marissol Castelo Branco, coordenadas
por Cláudia Régis Machado.
Jacira, Marissol e Cláudia
Neste bloco pudemos
saborear dois trabalhos com objetos bem distintos, Jacira propõe uma nova
Justiça, baseada numa visão mais social em suas palavras:
“ Houve um passeio por alguns
conceitos básicos da filosofia espírita com o fito de suscitar a indagação
sobre a relação que temos mantido, a despeito do convívio com essas lições, com
as questões relacionadas com justiça e cidadania, e uma suposta ética construída
com base nesses postulados.
Uma tímida investigação à visão
contemporânea de direito/justiça permitiu questionar a possibilidade de
desconstruir as velhas bases sobre as quais se sustenta a Justiça ainda nos
tempos atuais.
O estudo da ética limitou-se a
parcas pesquisas que mais serviram a compreender o significado da palavra e
algo sobre a construção do conceito do ponto de vista social e jurídico,
abrindo a possibilidade de trabalhar as contribuições trazidas pela filosofia
espírita, em especial os principais parâmetros extraídos das Leis Morais de O
Livro dos Espíritos.”
Marissol faz uma pesquisa sobre a vida do Padre
Germano, em suas palavras:
“Sempre houve a preocupação em
comprovar a imortalidade da alma e a comunicabilidade com os espíritos
encarnados e desencarnados através do mecanismo da mediunidade. Muitos livros
são escritos através da mediunidade onde um espírito desencarnado é o autor,
mas não há como saber com certeza se realmente foi um espírito desencarnado ou
apenas uma manifestação anímica.
Um padre católico
francês com o pseudônimo Germano escreveu vários capítulos de um romance de
maneira mediúnica na Espanha anos após a sua morte. Contou episódios de sua
última existência onde as circunstâncias na qual se encontrava não o permitiram
revelar a verdade enquanto encarnado. Apesar do cuidado em não revelar os nomes
verdadeiros das pessoas, às vezes, deixava escapar o nome de uma cidade e
descrevia cenários e locais que ainda hoje foram preservados.
Nesse trabalho procurei
encontrar qual personagem verdadeiro na história francesa que pudesse coincidir
com os relatos do espírito Germano em “Memórias
do padre Germano”. Após a identificação, levantei várias biografias que se
fizeram ao longo dos séculos XIX e XX sobre o pároco francês. E após essa
garimpagem pude encontrar muitas coincidências que levaram a uma mesma
personalidade: o Cura de Ars.”
Terceiro
bloco – aquí tivemos duas apresentações muito interesantes sobre os temas: “Reflexões acerca do Homem e da Natureza”
pelo arquiteto Ciro Pirondi e Ricardo de Moreas Nunes – “O papel dos espíritas frente as questões sociais e políticas”.
Ciro Pirondi de pé e Ricardo Nunes sentado
De Ciro
extraímos este parágrafo de seu trabalho:
“Nós temos de surpreender a natureza, inventar coisas
a partir de sua contemplação, como se a víssemos pela primeira vez. Como dizia
o poeta T.S. Eliot:
“– Não deixaremos de explorar. E o fim de toda a nossa
exploração será chegar aonde começamos. E conhecer o lugar pela primeira vez
(...)”.
Penso ser a ideia contínua e itinerante da vida um
saber de fronteiras, uma forma peculiar de construção de esperança e paz. Ao
mesmo tempo, uma inquietação e uma responsabilidade, pois há um só tempo
estamos mergulhados, em um presente contínuo perpétuo, nos relacionamos com o
passado e com o futuro, inevitavelmente, neste presente.”
Ricardo reflete sobre a necessidade de trazer para dentro das casas
espíritas as discussões sobre que país queremos:
“É evidente, como já foi
dito anteriormente neste artigo, que a corrupção é um câncer que fragiliza o
organismo social e deve ser combatido sem trégua.
Porém, defendo nesta
reflexão que talvez este não seja o maior problema da vida social brasileira no
momento. Entendo que o fortalecimento do neoliberalismo com a sua insaciável
busca de destruição do chamado Estado de bem-estar social, que foi uma
conquista importante da humanidade no século XX, é o principal perigo que vivem
as sociedades do Brasil e do mundo no momento. E este perigo normalmente é
silenciado nos principais meios de comunicação.
Finalmente, pensar o
neoliberalismo é pensar o capitalismo em sua face mais agressiva. E esta
reflexão nos leva necessariamente a uma questão mais profunda. Chegamos ao fim
da história? O sistema capitalista de produção é o que de melhor a humanidade
pode atingir? Devemos nos conformar com a eterna separação entre uma pequena
minoria de incluídos e uma grande maioria de excluídos dos benefícios da
civilização? Um dia teremos um mundo sem explorados e exploradores? Neste início
do século XXI este mundo melhor é uma utopia, mas muitas vezes a utopia de hoje
se torna a realidade de amanhã”.
Quarto bloco
Neste bloco a médica
Alcione Moreno a o Engenheiro Agrônomo Argentino Gustavo Molfino apresentaram
respectivamente os seguintes temas: “Pensamento
Sistêmico e Espíritismo” e “Desenvolvimento
sustentável x desenvolvimento consciente”.
Roberto Rufo coordenando
Alcione e Gustavo
Alcione
nos proporcionou refletir sobre o pensamento sistémico, apenas uma gota de seu trabalho
para degustação:
“De acordo com a visão
sistêmica, as propriedades essenciais de um organismo, ou sistema vivo, são
propriedades do todo, propriedades que nenhuma das partes possui. Elas surgem
das interações e relações entre as partes. Estas partes não são isoladas, e a
natureza do todo é sempre diferente da mera soma das suas partes.
Desta forma podemos
pensar na integração do meio físico com o extra físico, ou como nos ensina
Kardec do mundo corpóreo para o incorpóreo, do plano físico e do plano
espiritual, tudo se integra numa grande rede, a Teia da Vida.
Esta teia consiste em
redes dentro de redes, vida corpórea e vida espiritual integrada e ligada uma
as outras, interagindo com outros sistemas.
Utilizei também como
referência bibliográfica a autora Ana Maria Llamazares, numa tradução livre de
minha parte.
Minha pretensão é que
possamos entender o pensamento sistêmico e colocar o Espiritismo nesta grande
teia da vida, pois o espírito é imortal, tudo está conectado, em conexão, em
contínuo aprendizado, contínua modificação, contínua evolução”.
Gustavo Molfino, em espanhol nos
trouxe sua visão sobre o desenvolvimento consciente, sua apresentação foi
traduzida para o portugues por Jaílson Mendonça, extraímos:
“O desafio é importante
e compremete toda a humanidade, seu resultado determinará o destino comum de
nossa espécie e dos que dividem o planeta conosco.
Como seres pensantes e
espíritos com esperiência encarnatória nos corresponde tomar nossas próprias
decisões, elas determinarão o ritmo de nosso progresso, a qualidade e
profundidade de nossa mudança moral e em definitivo refletirão nossa própria
capacidade de adaptação às condições que se impõe neste plano.
Este grande aporte que
recebemos do mundo espiritual nesta tarefa é sem dúvida, a força e energía do
amor universal que está ao nosso lado, impulsionando e motivando a renovação e
o progresso.
Sejamos sábios,
apliquemos este precioso conhecimento espírita que nos foi deixado e analizemos
sem prejuizo a complexa realidade, este
mundo que nos cabe moldar, respeitar, cuidar e melhorar”.
Mesa Redonda
Espiritismo Livre-pensador na prática. Convidados: Reinaldo di Lucia, Roberto Rufo, Ademar Chioro dos Reis, Homero Ward
Roberto Rufo – Homero Ward – Reinaldo di Lucia – Ademar dos Reis
Mesa Redonda
Espiritismo Livre-pensador na prática. Convidados:
Reinaldo di Lucia, Roberto Rufo, Ademar Chioro dos Reis, Homero Ward
Foi um execelente momento onde pensamos o futuro do
nosso movimento, no campo prático, uma dicussão que apenas inicia. Várias foram
as propostas que precisarão ser mais exploradas, quem sabe em Foruns do
Livre-Pensar.
Um momento interessante foi a fila de pessoas que
queriam fazer perguntas, ou propor assuntos.
Roseli Régis – Mauro
Spinola – Ciro Pirondi – Jacira Jacinto – Sandra Chioro
3° dia – Primeiro bloco
No último dia tivemos 3 trabalhos sendo
apresentados num mesmo bloco, seguido do encerramento do evento.
O Espiritismo que queremos – por Caról Regis di
Lucia, uma oficina sobre - Revisão sistemática da literatura e outras
ferramentas modernas para apoio à pesquisa espírita por Mauro Spínola e do
discurso à ação e o comportamento Espírita por Jaílson Mendonça.
Carol – Mauro -
Jaílson
Caról Regis assim descreveu a motivação que lhe
acometeu para desenvolver este exercício.
“Foi uma constante inquietação que norteou as bases para o surgimento
deste trabalho. Um sentimento não recente, fruto de vivências, observações,
diálogos, leituras, alimentado por um olhar sobre o Espiritismo pratico diário,
as casas, os Espíritas, as relações, as instituições. Uma observação filosófica
sobre o caminho que estamos trilhando, com um amedrontado vislumbre do caminho que temos
pela frente. Qual o foco do Espiritismo atual? E, principalmente, qual foco ele
deveria ter daqui pra frente?
As respostas a esses questionamentos passam por inúmeros pontos: a
Doutrina em si, sua tão necessária atualização, seus pontos imutáveis (ou não),
a comunicação usada para transmiti-la, o comportamento – em grupo e individual
– daqueles que escolheram o Espiritismo como filosofia a ser seguida, o planejamento
para as próximas décadas e o trabalho com as próximas gerações. Mas passa,
principalmente, por um ajustar de lentes, uma definição de foco sobre um tema
imediato, urgente e aparentemente generalizada: a retomada da humanização do
Espiritismo, colocar o Espírito encarnado como personagem principal da prática
doutrinaria”.
Mauro Spínola nos trouxe uma introdução aos métodos modernos de pesquisa
de textos, imprescindível para trabalhos científicos e que pode sim, ser usado
no espiritismo na produção de trabalhos.
“Revisão
sistemática da literatura
como instrumento de pesquisa com temática espírita. Crescentemente utilizado
nas várias áreas da ciência, a revisão sistemática contribui para compreender o
estado da arte de uma área ou um tópico de conhecimento, com base em pesquisas
qualificadas já realizadas e publicadas.
Inicialmente, é a apresentada a
discutido o método de revisão sistemática. Em seguida, é discutida a sua
aplicação em pesquisa espírita. Um exemplo é apresentado, visando a compreender
o processo e os seus potenciais resultados.
O estudo é inicial e deixa várias
questões em aberto, em especial as relacionadas com a aplicação prática do
método, mas contribui para que se possa avaliar o potencial desse método para o
conhecimento espírita”.
Jaílson Mendonça inicia desta forma seu trabalho:
“Consideramos
interessante a capacidade que temos de nos indignar momentaneamente quando
recebemos uma notícia ou um post nas
redes de informação em especial as sociais, as quais muitas vezes nos causam
tristeza, revolta mesmo, enquanto em outros nos levam à reflexão sobre nossa
própria vida, valores, potencialidades e limitações.
Em alguns casos no
sentido positivo, nos embebêssemos de uma vontade que antes não estava
presente, como se fora um impulso, um pensar o que não havíamos pensado, um
querer assumir e acreditar que somos capazes de realizar. Em outros, no sentido
negativo, nos sentimos fragilizados, as vezes impotentes, mas que nos incita
pra fazer, mudar, realizar, mas que no geral se vai esvaindo e voltamos ao
nosso estado de ser tentando nos conformar de que não podemos fazer mais do que
já estamos fazendo. Será?!”.
Este espaço não permite a reprodução de todos os
trabalhos apresentados, são mais de 240 páginas, mas se você tem interesse em
ler na sua forma integral, entre em contato com o ICKS.
Redação Jornal Abertura