quarta-feira, 20 de abril de 2016
sexta-feira, 4 de março de 2016
A LEI NATURAL, A FELICIDADE E O ESTOICISMO - por Roberto Rufo
A LEI NATURAL, A FELICIDADE E O ESTOICISMO.
" A
Lei Natural exprime o fundamento de uma ética, pois ela mesma é a lei ética que
determina o que é adequado à natureza humana. " (Padre Antônio Vieira).
" A
Lei Natural é a lei de Deus, é a única necessária à felicidade dos homens
" (Resposta dos Espíritos à pergunta 614 do Livro dos Espíritos).
A lei natural para o Espiritismo é algo imanente na alma humana, e
fundamenta o discernimento do bem e do mal no livre arbítrio. A lei humana ou
positiva, para mim, é parte da lei natural, e o seu princípio e fim é o bem
comum da sociedade. Assim, enquanto a lei natural aconselha e mostra o que o
homem deve fazer para ser humano, usando da sua razão e liberdade, a lei
positiva tem a função de fundamentar a adequação da moral e da política pela
mediação da justiça legal. A isso pode-se chamar espiritualidade. Não falo de
religião.
Roberto Ruffo
Infelizmente hoje o enraizamento social e político aponta tão somente
para perspectivas de implantação de um materialismo que submergiu a dignidade
espiritual do homem. Abandonou-se qualquer ideia ou conceito de que haja um
projeto para a felicidade humana, projeto esse elaborado por uma inteligência
suprema, causa primária de todas as coisas. Não falo do Deus judaico-cristão. O
Espiritismo obviamente é uma filosofia racional, todavia sou muito crítico
hoje quanto ao poder exacerbado da razão, definido hoje como produto
apenas dos neurônios físicos. Esse poder da razão surgiu no Iluminismo, em
resposta a um domínio cruel do poder religioso, que também ajudou a
solapar qualquer essência de espiritualidade.
Criticou-se nos meios intelectuais materialistas que a ideia de uma lei
natural funcionaria como algo determinista na vida humana, independente da
vontade do sujeito pensante. Para o Espiritismo a lei natural é aquela que
incide na mente humana para que distinga o bem do mal. Mas segundo a Doutrina Espírita,
a vontade das pessoas permanece livre, pois nada pode obrigar essas pessoas a
escolher segundo um caminho predeterminado. Nos dias que correm aprisionou-se
lamentavelmente o debate político e filosófico a doutrinações ideológicas,
notadamente nas universidades. O futuro está determinado por uma razão
histórica. Que embuste! Como cansa meu Deus ouvir a cantilena de " direita
" ou " esquerda " para se definir a qualidade das pessoas. Em
ambos os lados temos na política indivíduos roubando descaradamente no
Brasil. Dizem esses indivíduos que é em nome da governabilidade. Já cansou esse
discurso!
Acho que uma ótima ajuda em nossos tempos, especialmente nos
meios espíritas, seria um estudo aprofundado da filosofia estoica. O estoicismo
é uma escola fundada em Atenas por Zenão de Cicio no início do século
III a.C. O estoicismo afirma que todo universo é governado por um Logos divino.
A alma estaria identificada com esse princípio divino, que nos leva à harmonia
e à felicidade.
Leiam " Sêneca e o
Estoicismo " de Paul Veyne, tradução de André Telles e descobrirão ali
muitos conceitos utilíssimos para tomada de decisões, além de falar de uma
espiritualidade tão cara ao Espiritismo. No livro está escrito que o estoicismo
é uma sabedoria da segurança. Inabalável pelas tormentas externas (por exemplo
o terrorismo do Estado Islâmico, ou o preconceito racial), surdo aos clamores
dos sentidos (o perigo de uma sociedade baseada unicamente no mundo
sensorial), o estoico conhece a real felicidade. A vida passaria a ser regida
pelo que é mais nobre, firme e estável: sua alma, identificada com a razão,
que impera soberana sobre as demandas exteriores. Mas é uma razão que expressa
uma filosofia que assume contornos de uma transcendência, que
não é muito distinta daquela expressa por uma espiritualidade baseada na
evolução humana garantida pela reencarnação.
Não tenhamos qualquer pudor ou vergonha em afirmarmos, juntamente com os
espíritos, de que os homens são obrigados a modificar as suas leis que são
imperfeitas, mas as leis de Deus são perfeitas.Complementam os espíritos que a
harmonia que regula o universo material e o universo moral se funda nas
leis que Deus estabeleceu por toda a eternidade. Para um melhor
entendimento de Deus, recomendo o trabalho apresentado pelo pensador espírita
Milton Rúbens Medran Moreira no XIV Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita
de 2015 – O pai, o filho e o espírito.
Artigo publicado na edição de Janeiro - Fevereiro de 2016 do Jornal Abertura
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
O caminho e o Caminhante – por Jaci Régis
O caminho é
estático. O caminhante é dinâmico. Move-se, percorre, caminha sobre o caminho.
Isso veio-me à mente porque o homem, de sotaque estrangeiro, confuso e sob
certa medida amedrontado, perguntara qual o caminho a seguir para superar seus
problemas.
Problemas da alma,
do coração são especiais, específicos. Angústias sufocam, represam a emoção pressionando
a vida, destruindo a alegria, a esperança. Leves se tornam pesados. Subjetivos,
transformam-se em fardos concretos, exaurindo energias, levantando questões que
como são formuladas, não encontram respostas.
À minha frente, o
jovem era um amargo espelho de aflição. Perguntei-lhe como se sentia aos 27
anos e ele disse que não se sentia bem. Às vezes, disse, esses poucos anos pareciam
demais. Às vezes, sugeriam-lhe inexperiência.
De um lado, via
aberturas para criar, para avançar. De outro, uma desilusão, tomava vulto, porque
parecia que perdera tempo, oportunidades e muito poderia ter sido feito e não
fora.
- “Não, não me
sinto feliz”, disse. A barba que lhe cobria o rosto jovem, tendia a esconder os
olhos tristes, orbitando em paragens, em sonhos, em desejos que, controversos,
vetores opostos, impunham imobilidade, como se as forças concorrentes se equivalessem
em esperança e desilusão.
O caminho é
estático. É opção a desdobrar-se diante de nós, indicando rumos que devemos
eleger.
O caminhante é o
agente de seu caminhar. A direção de seus pés, segue a diretriz de sua alma.
Alma confusa, andar sem rumo. Alma exultante, andar saltitante. Alegria no
coração, pés leves. Tristeza íntima, sulcos marcados, pés sangrando.
A encolher-se diante
da realidade, a jovem mulher consumia-se em angustiante conflito interior,
inteligente, educação superior, profissional competente, defrontava-se com sua
sexualidade, emoção não resolvida, impondo-lhe temores e tremores.
Jaci Régis
Como resolver essa
angustiante questão? De que maneira ajudar a superar barreiras erguidas por
deprimentes experiências infantis, fruto de sutis relações afetivas.
O caminho é uma
expectativa, uma perspectiva. O caminhante é um ser, uma criatura em busca de
si mesma. A margem do caminho, caminhando encontrará tropeços, abismos,
desvios, obstáculos. Mas também flores.
A solução para os
problemas da alma, na sequência da vida, é encontrar o caminho que na liga ao
outro. Parece fácil, à primeira vista. Percorre-lo, contudo é viagem tão perigosa
quanto a dos velhos navegantes em suas naus, enfrentando os mares desconhecidos.
Esse é o caminho
curto ou longo, conforme os fatores que armazenamos na alma. Pois, difícil é
sair de nós mesmos. Só é possível quando aprendemos diuturnamente as lições dos
sentimentos e aspirações e nos libertamos de laços fortes, mas sutis, de
fantasmas criados no interior de nós mesmos.
Qualquer caminhada,
por mais longa, começa pelo primeiro passo. Se queremos respostas, soluções,
aprendamos a caminhar, a ser caminhantes, dispostos a aprender, a mudar, a retomar
a lição não aprendida
Dar o primeiro
passo é decidir expor-se aos riscos da paixão.
Artigo re-publicado em outubro de 2014 no jornal ABERTURA
domingo, 28 de fevereiro de 2016
Imagine, apenas imagine por Alexandre Cardia Machado
Imagine , apenas
imagine
O jornal Folha de São Paulo, no dia 24 de janeiro
publicou em sua capa a foto abaixo, mostrando o espaço em uma avenida, ocupado,
por automóveis, ônibus, metro e bicicleta. Isto nos faz pensar se realmente
tomamos as decisões corretas.
Não se trata apenas de substituir o carro pela
bicicleta, mas sim em planejarmos uma cidade para que todas as opções estejam
disponíveis e que todas elas sejam dignas.
Quando jóvens, nossos meios de transporte são a
bicicleta e o ônibus, por que paramos de usá-los cotidianamente? Parar apenas
por termos um automóvel?
Cada ato tem a sua consequente reação, quanto mais
consumimos combustíveis fósseis, mais aquecemos o planeta e mais mudanças no
meio ambiente e no clima acontecem. Precisamos usar todas as alternativas, ir a
pé, pegar um ônibus, usar, no caso de Santos, as bicicletas do Itaú, que são de
graça. Se nenhuma destas opções puder ser usada, aí sim, usar o automóvel.
Kardec não teve que passar por este dilema, em sua
época recém surgiam os primeiros “ vapores”, navios movidos a vapor e as
estradas de ferro com suas locomotivas, estas sem dúvidas um grande progresso,
pois permitem uma grande quantidade de carga transportada em pouco tempo, ainda
que naquela época, já muito poluente.
Do livro Obras Póstumas, buscamos inspiração em Kardec
que discorre sobre o egoísmo.
“O egoísmo, por sua vez, se origina do orgulho. A
exaltação da personalidade leva o homem a considerar-se acima dos outros.
Julgando-se com direitos superiores, melindra-se com o que quer que, a seu ver,
constitua ofensa a seus direitos. A importância que, por orgulho, atribuí à sua
pessoa, naturalmente o torna egoísta.
O egoísmo e o orgulho nascem de um sentimento natural:
o instinto de conservação. Todos os instintos têm sua razão de ser e sua
utilidade, porquanto Deus nada pode ter feito inútil. Ele não criou o mal; o
homem é quem o produz, abusando dos dons de Deus, em virtude do seu livre-arbítrio.
Contido em justos limites, aquele sentimento é bom em si mesmo. A exageração é
o que o torna mau e pernicioso. O mesmo acontece com todas as paixões que o
homem freqüentemente desvia do seu
objetivo providencial.
Ele não foi criado egoísta, nem orgulhoso por Deus,
que o criou simples e ignorante; o homem é que se fez egoísta e orgulhoso,
exagerando o instinto que Deus lhe outorgou para sua conservação.”
Associado ao exagero da utilização do automóvel, está
a vontade de possuí-lo e de transformá-lo acima do valor de meio de transporte
em uma forma de exercer e demonstrar poder, daí a principal razão de seu uso
excessivo, como forma de orgulho e egoísmo. Se investimos consumistas no
transporte individual, deixamos governos desobrigados de investir e manter bons
serviços de transporte público, ou regular serviços privados de boa qualidade.
Não somos contra o automóvel, mais do que nada o
utilizamos aqui como um grande exemplo, para que possa ser possível refletir
sobre como imaginamos o mundo que queremos viver.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Novas Diretorias CEAK e ICKS -2016
Novas diretorias
de casas espíritas em Santos
ICKS - Instituto Cultural Kardecista de Santos (2016-2017 -2018)
Presidente:
Roberto Rufo e Silva
Vive-Presidente : Alexandre Cardia Machado
Secretário: Antonio Carlos Ventura
Tesoureiro: Mauricy Silva
Editor -Chefe Jornal Abertura e Biblioteca: Alexandre
Cardia Machado
Atendimento ao assinante - Jornal Abertura e Livraria:
Cláudia Régis Machado
Blog do ICKS – moderação: Gisela Régis Henrique
CEAK
– Centro Espírita Allan Kardec ( 2016-2017) – Santos/SP
Presidente:
Roseli Régis dos Reis
Vice Presidente:
Sandra Régis
1ª Secretaria :
Ivone Antunes Gomes Barriento
2ª Secretaria:
Gedalva Batista
1º Tesoureiro:
Ivon Régis
2º Tesoureiro:
Paulo Roberto Fernandes.
Departamento de
Estudos: Cavour Chrispim Neto
Departamento de
Mediunidade: Regina Celi Pedro
Departamento de
Patrimônio: Rogério Natal
Departamento
Social: Sirléia Chioro dos Reis
Departamento de
Comunicação: Sandra Regis Mocidade
Mocidade - MEEV:
Rafael Régis dos Reis.
Infância
Espirita: Roseli Régis
Biblioteca: Anita de Amorim
domingo, 14 de fevereiro de 2016
Educação? Bem... Por Reinaldo di Lucia
Muito
se falou, recentemente, sobre a lição que os estudantes do ensino público de
São Paulo deram aos governantes de plantão, ao, através de seu posicionamento
ativo – incluindo protestos nas ruas e principalmente a ocupação das escolas –
fazer valer sua voz contrária à reestruturação do ensino proposta (talvez
melhor dizer “imposta”, dada a falta de discussão e comunicação com os
envolvidos) pelo Governo paulista.
Esta
falta de transparência foi tamanha que, até agora, mesmo interessado, não
consegui tomar ciência completa do projeto. De modo geral, gosto de mudanças e
acho que modernizações são necessárias em todas as áreas. Mas o que me preocupa
de fato nesta proposta é o fechamento de salas e a diminuição de escolas.
Não
falo somente de forma teórica. Atuando há mais de 6 anos como professor
universitário, venho percebendo a gradual, porém inflexível deterioração da
qualidade do aluno que entra na faculdade. Com a facilidade cada vez maior
desse acesso, através de programas como o FIES e o PROUNI, um contingente cada
vez maior de estudantes vindos do ensino público estão entrando em
universidades particulares. Infelizmente, boa parte destes estudantes, mesmo
muito esforçados, não têm base suficiente para acompanhar adequadamente as exigências
do estudo superior.
Apresentam-se
então dois caminhos: ou as universidades diminuem suas exigências, e os
profissionais formados não são aqueles que o mercado necessita, aprofundando
ainda mais o problema da falta de qualificação da força de trabalho brasileira,
com uma desculpa a mais para o achatamento salarial, ou a manutenção destas
exigências faz com que, após uma quantidade sensível de dependências e
repetências, os alunos abandonem os cursos e resignem-se com subempregos mal
pagos, num círculo vicioso perverso.
Reinaldo Di Lucia
É
urgente um trabalho imediato para a melhoria do ensino fundamental, para na
sequência atuarmos no ensino médio e só então mexer ainda mais no ensino
superior. Então, se há, como se alega, salas sobrando, que se coloquem menos
alunos – certamente isso melhorará a qualidade do ensino. Dizem que 2 milhões
de crianças deixaram o ensino público, seja pela diminuição da natalidade, seja
pela migração para as escolas particulares. Ora, porque razão se dá essa
migração se não pela própria má qualidade da nossa escola pública?
Até
agora, o exemplo de sucesso de alguns países passa notadamente pela melhoria do
ensino público. Claro que isso não é uma panaceia: não existe nada que seja uma
solução única par tantos problemas que assolam a governabilidade das nações.
Mas sem essa base, seguramente, nada se conseguirá. Principalmente porque não
criaremos cidadãos pensadores e capazes de criar o futuro como desejam.
E
realmente estão de parabéns os estudantes paulistas. Minimamente mostram
àqueles que nos governam que, nos dias de hoje, as decisões precisam ser
discutidas à exaustão com a sociedade – e não somente tomadas nos obscuros do
poder, levados sabe-se lá por quais interesses.
Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Dezembro de 2015 - seja assinante!
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
Que País é este? Por Alexandre Cardia Machado
Que país é este?
Se já não
bastassem todos os escândalos e processos em que estão envolvidos empresários e
políticos brasileiros, somos obrigados a assistir os acordos entre partes
antagonicas, mas que se apoiam, para permanecer no poder. As manobras do Planalto
e da Câmara Federal são um exemplo, conforme amplamente divulgado nas revistas
semanais de circulação nacional.
Existe hoje no Congresso
Nacional uma aliança denominada BBB, ou seja Bala, Bíblia e Boi, três correntes
conservadoras que se uniram, para fazer aprovar uma legislação que visa retirar
conquistas como: o Estatuto do Desarmamento; o direito ao aborto em caso de estrupo
e o abrandamento das leis contra a escravidão rural. Em troca disto, as
manobras legislativas serão feitas para atrasar os processos de quebra de
decoro parlamentar de Eduardo Cunha e
para não deixar avançar as tentativas de impeachment da Presidente da
República. Até quando todos estes arranjos se manterão firmes, não há como
antecipar.
As reações da
sociedade já começaram, mulheres no Brasil todo estão protestando, veja a capa
da revista Isto é de 11 de Novembro. A bancada evangélica busca acabar com
todos os poucos direitos ao aborto que as mulheres brasileiras tem, uma espécie
de volta aos tempos feudais, tudo isto alegando o apoio Divino. Como espíritas
não somos a favor do aborto como métido anti-conceptivo, mas há que reconhecer
os casos de abuso sexual, incestos e outras tantas atrocidades que se cometem
Brasil à fora contra a mulher, onde o direito ao aborto existe e devemos nos
posicionar, pelo menos a favor da manutenção das prerrogativas atuais.
Ter mais revólveres
na mão da população, não diminuirá o número de crimes, ao contrário, aumentará
a violência ocasional, aquela que ocorre após uma fechada no trânsito, ou um
esbarrão numa festa que, pelo porte de arma, podem terminar em morte. O
Espiritismo é a favor da vida, é a favor do livre arbítrio e foi uma das
primeiras doutrinas a igualar os direitos humanos, para a mulher e o homem.
Com respeito à
escravidão, os Espíritos nos responderam na questão 829 “ - Toda a sujeição absoluta de um homem a
outro homem é contrária à lei de Deus. A escravidão é um abuso da força e
desaparecerá com o progresso, como desaparecerão, pouco a pouco, todos os
abusos”. O duro é convivermos com este pouco a pouco. A legislação Brasileira
já havia progredido, nas medidas de punição à escravidão rural, pela Emenda
Constitucional 81 que disponibiliza os imóveis rurais onde tenha sido
constatado o trabalho escravo, destinando-os à reforma agrária. Ora, ao invés
dos nossos congressistas atuarem para que a legislação trabalhista seja
cumprida, eles preferem lutar, para amenizar as consequências, caso descoberta
– que país é este?
Temos o direito
de levantar e gritar contra a corrupção, contra
intolerância em todoas as suas formas, sexuais, raciais, religiosas e
socias – temos que praticar a alteridade e a empatia, que é o ato de estar no
lugar do outro. No XIV SBPE, em uma das palestras foi dita uma grande verdade,
“faça ao outro o que gostaria que lhe fizessem, mas principalmente, não deixe o
outro lhe fazer aquilo que você não quer que lhe façam”, creio que exatamente
na palestra o Jaílson Mendonça.
Diga não, proteste sem violência, caso
concorde com este artigo. Precisamos mostrar a nossa cara.
Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura - Novembro de 2015
terça-feira, 12 de janeiro de 2016
Além do Tempo – o que poderia acontecer mesmo - uma visão espírita por Alexandre Machado
A TV Globo
constuma colocar no ar, enredos com viés espírita, mais uma vez explora a
temática através da novela Além do Tempo, assistindo a alguns capítulos começei
a pensar se toda a trama poderia realmente acontecer.
Além do Tempo - uma visão espírita Kardecista
Cerca de 20
pessoas se reencontram, cem anos depois, vivendo em famílias que mantém uma
certa semelhança com o passado. A novidade é que a novela começa no passado, no
que parecia ser o século XIX e retoma, após alguns acontecimentos traumáticos,
em pleno século XXI, nos dias atuais.
Analisando as
mudanças dos personagens, que carregam consigo, algumas características muito
semelhantes às que possuíam, na encarnação passada no século XIX.
Claro que
para facilitar o entendimento dos telespectadores, todos os personagens voltam
com o mesmo nome que possuíam na encarnação passada. Este detalhe tem muito a
ver com o que Allan Kardec propõe no livro – Obras Póstumas – no capítulo
“Tribunal das Vidas Futuras”, ou seja, mudamos de uma encarnação a outra por
fruto de nossas reflexões no período de erraticidade e pela influência do meio
familiar e social da nova encarnação.
Esta questão do
nome, evidentemente, é impossível, pois, fico imaginando o Plano Extrafísico, a
espiritualidade tentando planejar e influenciar, não apenas os 20 personagens,
mas apenas para fazer com que eles tivessem o mesmo nome, teríam também que
influenciar ao menos outras 40 pessoas, que seriam os seus pais.
Na trama passada
no século XIX, vários personagens que se encontraram na cidade fictícia de Bela
Rosa, na serra gaúcha vinham de São Paulo, por diversos motivos profissionais.
Já na narrativa do século XXI, os personagens não locais, vem do Rio de
Janeiro. Vale a ideia, pois todo o enredo busca mostrar que as encarnações
servem para nos ensinar. Na realidade, todo este planejamento até então, à
época de Kardec era possível de imaginar, pois um homem ou mulher, na média,
durante toda a sua vida, não saía de um raio de 20 km, do ponto em que nascia.
Nos dias de hoje, esta transitoriedade aumentou infinitamente. Conseguir
reunir, todos os envolvidos nos dramas do passado, ficou muito mais difícil.
Outros agentes aleatórios entrariam na vida destas pessoas. A população
mundial, neste 100 anos, aumentou em mais de 10 vezes.
Alguns dirão,
mas a força de atração espirtual que carregamos todos nós é maior que tudo
isto, isso pode ser verdade, mas a reencarnação não está para corrigir ou
reparar os erros do passado, mas sim para ajudar a que nós Espíritos melhoremos
e para isto, não necessitamos voltar para os mesmos dramas. As multiplas
oportunidades que a vida nos proporciona já nos depura naturalmente.
Gostaria de
citar um dos princípios da Ciência da Alma – proposta por Jaci Régis:
“Justificando o fato da reencarnação ser um processo natural ... “A
reencarnação é um processo natural, psíquico-físico. Ocorre automaticamente
sempre que se crie um clima vibracional decorrente da fecundação do óvulo no
ventre materno.”
Na Ciência da Alma, portanto, Jaci Régis irá dizer que
“ nesse novo dicionário de entendimento, não haverá espaço para pecado, nem
para a visão dolorosa da vida e reconhecerá que a alma humana caminha, com
altos e baixos, para o seu destino de superação, apreensão do conhecimento e
desenvolvimento das virtudes, pelo fato de viver, de reciclar, de morrer,
viver, reencarnar.
As vicissitudes da alma, expressão de seus
conhecimentos e, sobretudo, na expressão de seus sentimentos serão analisadas
num amplo sentido de reparação e renovação, no qual o sofrimento vem como
resposta e até uma solução, mas de modo algum como ação divina de revanche,
vingança ou punição. A questão da culpa será entendida como reação natural da
violação dos valores individuais e sociais”.
Portanto a novela serve para provocar a curiosidade
das pessoas sobre o espiritismo, sobre a realidade da reencarnação, mas a
proposta é praticamente impossível de ocorrer nos dias de hoje. Pelas
dificuldades práticas que descrevemos mas também , porque não se faz
necessário, evoluiremos e melhoraremos de qualquer maneira, pela melhora de
nossa conduta.
Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de dezembro de 2015
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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
Generosidade e riqueza são antagônicas? Por Alexandre Cardia Machado
Generosidade e riqueza
Uma primeira olhada no título nos faz pensar que a
riqueza é antagônica à generosidade, mas não parece ser este o caso. Podemos recorrer
à história para demonstrar a nossa tese, mas não o faremos, vamos usar exemplos
recentes de pessoas bem vivas e muito ricas e que tem uma postura generosa.
Citarei Bill Gates o principal acionista da Microsoft
e Mark Zuckemberg ainda não tão famoso, mas igualmente bem sucedido através do
Facebook, acredita-se que ambos tenham atingido furtunas de 70 e 45 bilhões de dolares respectivamente.
Bill Gates e sua mulher Melinda nos anos 2000 criaram
uma Fundação, denominada Bill e Melinda
Gates Fundation com foco em finaciar pesquisas contra a AIDS e também
outras doenças infecto-contagiosas.
No dia 1° de dezembro de 2015, Mark Zunckenberg e sua
esposa Priscilla apresentaram à imprensa sua primeira filha, deram-lhe o nome
de Max. Durante a entrevista, surpreenderam o público ao anunciar que ao longo
de suas vidas, doarão 99% de suas ações no Facebook, a entidades que desenvolvam
trabalhos para o bem do planeta. Com isto esperam serem capazes de ajudar a
proporcionar um mundo melhor, não só a sua filha, mas também às gerações
futuras.
Bill Gates, junto com outros 28 milhonários criaram
outra organização, chamada Breakthrough
Energy Coalition voltada a fomentar pesquisas em tecnologias alternativas,
capazes de resolver a crise energética e suavizar os efeito da mudança
climática. Estima-se que os Gates tenham doado a diversas organizações não
governamentais cerca de 30 bilhões de dolares, desde o anos 2000.
Por que eles fazem isto? Bill Gates é agnóstico,
portanto não o faz por seguir uma ideologia religiosa, já Zuckemberg é judeu, toalvez
possa vir desta religião a motivação maior para a decisão tomada. Acontece que
existe quase que uma cobrança, nos Estados Unidos para que as famílias ricas
sejam benfeitorias, elas pagam por alas hospitalares, por centros comunitários
e iniciativas desta natureza, este modelo vem sendo repetido por celebridades,
podemos citar Shakira e até o brasileiro Neymar que tem um grande projeto em
Praia Grande em São Paulo.
Os 1% dos 45 bilhões de dólares que sobrarão das
doações dos Zuckemberg são 450 milhões de dólares, é muito mais dinheiro que
qualquer pessoa ou família possa gastar. É mais do que suficiente para realizar
todos os desejos possíveis. Mas não é este o ponto que queremos salientar, o
importante aqui é algo maior, é a capacidade de abrir mão do dinheiro ganho em
seus negócios e retorná-los, fundeando boas ideias ou iniciativas que ajudem a
sociedade.
É mais que
caridade é benemerência.
Do Livro dos Espíritos, nas questões 882 e 883 extraio
estes textos que permanecem atuais, quase que escritos em linguagem universal.
Comentário à questão 882: ... “O que, por meio do trabalho honesto, o
que o homem junta constitui legítima propriedade sua, que ele tem o direito de
defender, porque a propriedade que resulta do trabalho é um direito natural, tão
sagrado quanto o de trabalhar e de viver.” Ou seja, é seu por direito e deve
defendê-lo e usá-lo como melhor lhe interessar. Mas na questão seguinte os Espíritos
complementam :
“Questão 883. É
natural o desejo de possuir?
“Sim, mas quando o homem deseja possuir para si
somente e para sua satisfação pessoal, o que há é egoísmo.”
a)
— Não será, entretanto, legítimo o
desejo de possuir, uma vez que aquele que tem de que viver a ninguém é pesado? “Há
homens insaciáveis, que acumulam bens sem utilidade para ninguém, ou apenas
para saciar suas paixões. Julgas que Deus vê isso com bons olhos? Aquele que,
ao contrário, junta pelo trabalho, tendo em vista socorrer os seus semelhantes,
pratica a lei de amor e caridade, e Deus abençoa o seu trabalho.”
Isto nos leva a concluir que no contexto do Livro dos
Espíritos, Bill Gates e Mark Zuckenberg são vistos com muito bons olhos por
Deus e claro, por todos nós.
Se faz evidente que todas estas pessoas citadas o fazem por terem adquirido uma certa
maturidade, ou por possuírem uma boa acessoria que lhes ajuda a pensar melhor.
Nos dias de hoje, uma boa imagem vale muito, pois o marketing é uma ferramenta
que pode proporcionar reconhecimento e respeito. Talvez o que afinal, todos
buscam.
Que outros sigam o mesmo exemplo, isto o mudaria o mundo
para melhor. Nos Estados Unidos e Europa as deduções do Imposto de Renda por
doações a fundações abarcam um expectro muito maior de possibilidades que aqui no
Brasil onde, praticamente, só há dedução se for associada à lei de Incentivo à
Cultura, este certamente é um estímulo a mais aos benfeitores de lá. Mas só
isto não basta, há que querer dar o que é seu para socorrer os seus semelhantes e aí é que a
coisa pega.
Nossa admiração aos que possuem estas virtudes.
NR: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura - Dezembro de 2015.
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
Uma opção pela Ciência Espírita - uma experiência nos anos 80 e 90 do século XX - por Alexandre Machado
Grupo de Pesquisas Científicas Ernesto Bozzano
Um grupo de
cinco jóvens, composto por Marcelo Régis , Reinaldo di Lucia, Alexandre
Cardia Machado, Vladimir Grijó todos
engenheiros, e Ademar Arthur Chioro dos Reis médico, pertencentes a Mocidade
Espírita estudantes da Verdade, do Centro Espírita Allan Kardec de Santos,
ansiando por novos meios de estudo, resolveram se unir em julho de 1986.
Decidiram pela
formação de um grupo com caráter científico, sem vínculos diretos com nenhuma
instituição, para que pudessem pesquisar a fundo qualquer assunto sem as
amarras da satisfação e dos por quês.
Durante os 10
anos em que o grupo permanesceu ativo, pesquisaram fotos Kirlian, inclusive
construíndo uma máquina modelo Pirilampo ( Hernani Guimarães de Andrade ) que havia
sido publicada no Jornal Folha Espírita de São Paulo. Pesquisaram o médium de
cura Bernardino de Vita Júnior, mas principalmente dedicaram-se 5 anos à pesquisa com gravações e transcrições de reuniões mediúnicas, aplicando o Método de Kardec de estudo, preparação de questões e inquerindo os espíritos.
Apresentaram baseados neste estudos, ao todo 11 trabalhos, nas edições II SBPE, III SBPE e
IV SBPE. Os mesmos foram apresentados por Ademar dos Reis (1), Alexandre
Machado (3) ,Gisela Régis (1) que se incorporou ao grupo em 1991, Marcelo
Régis(3) e Reinaldo di Lucia (3).
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