Veja detalhes do 14° Forum do Livre Pensar:
segunda-feira, 13 de março de 2017
12° Forum Espírita do Livre Pensar da Baixada Santista - 18 a 21 de Abril 2017
domingo, 12 de março de 2017
Sobre o Racionalismo Científico - por Manoel Carlos Saraiva
Coluna Opinião do leitor:
Manoel Saraiva por email:
Olá amigos do Abertura !
Aproveitando
este espaço democrático estou enviando em anexo um texto de minha autoria que
gostaria de ver publicado neste importante jornal de cultura espírita.
Um abraço a todos,
Manoel
Carlos Saraiva
... mas quem disse que a
onisciência é para os “mortais”?
“ O racionalismo científico dos
Modernos é nada mais que uma ilusão um modo de, no fundo, perseguir a ilusão
das cosmologias antigas”.
(Transcrição do pensamento do filósofo
alemão Friedrich Nietzche feito por Ricardo Nunes para o jornal Abertura nº 325
em setembro de 2016).
O artigo, muito bem elaborado por
Ricardo Nunes, nos proporciona o ensejo de uma análise daquilo que, para nós, é
uma tentativa de harmonizar esse “monstro de forças”, Tentar com o que
conhecemos, descobrir uma “ordem no caos”.
Dessarte; na ciência e em todos os
ramos desta, temos utilizado estruturas teóricas e tecnológicas em formatações
que trazem-nos um certo “conforto”.
Dentro desses modelos, conseguimos
um padrão da estrutura atômica clássica (Niels Bohr); a origem das espécies
(Charles Darwin); a álgebra Booleana, mãe da era digital (George Boole).
Nessa epistemologia, alcançamos
áreas como as ciências sociais e seus padrões sócio econômicos (Karl Marx),
pedagogia (Jean Piaget), psicologia (Carl Jung), etc.
No Espiritismo, como nos falava Jaci
Régis a “ciência da alma”, somos amparados pela metodológica obra de Allan
Kardec, tendo o crivo da razão e do bom senso como vigas mestras.
Como ciência de observação
utilizamo-nos hoje, com auxílio de algumas luzes lançadas pelas antigas
filosofias orientais baseadas na reencarnação e da sobrevivência da alma ,
alguns autores se aproveitam regularmente de conceitos utilizados pela mecânica
quântica.
Dentro destes conceitos, mesmo
presos a algumas limitações e fraquezas neles contidas, nos sentimos de certa
forma seguros.
Teóricos argumentam que 23% de toda
matéria do universo não é feita de prótons, nêutrons, elétrons, nem de outras
partículas do modelo atômico.
Essa matéria desconhecida foi
batizada de “matéria escura”, indicando que no futuro o modelo empregado poderá
ser ampliado.
O físico e filósofo norte americano
Thomas S. Khun (1922 – 1996) em 1952 responsável pela queda das fronteiras
entre ciência e humanidades escreveu:
“A incomensurabilidade, é justamente
a condição necessária para que a ciência continue progredindo, no sentido de
investigar parcelas da realidade até então desconsideradas”.
Provavelmente, nossa curiosidade
jamais será saciada, nada axiomático, nada incontestável; ou como disse
Nietzche:
“Nada de verdades absolutas”.
Mas quem disse que a onisciência é
para os “mortais”?
Um abraço a
todos,
Manoel
Carlos Saraiva
Texto originalmente publicado no jornal ABERTURA de desembro de 2016
domingo, 5 de março de 2017
Livre Pensamento e Livre Consciência - por Egydio Régis
Revista Espírita em foco (LXXV)
Livre pensamento e livre consciência
Abrindo
o exemplar de fevereiro de 1867, Kardec escreve um longo e denso artigo com o
título acima. Trata-se de uma análise crítica à posição de dois jornais
parisienses denominados: Libre
conscience e La libre penseé. Assim começa o mestre: “ Num artigo do nosso último número, sob o título de Olhar retrospectivo
sobre o movimento espírita, fizemos duas classes distintas de livres
pensadores: os incrédulos e os crentes e dissemos que, para os primeiros, ser
livre pensador não é apenas crer no que se quer, mas não crer em nada; é
libertar-se de todo o freio, mesmo do temor a Deus e do futuro; para os
segundos, é subordinar a crença à razão e libertar-se do jugo da fé cega”. Obviamente
o cerne dessas publicações era desacreditar toda e qualquer crença de ordem
metafísica ou espiritual, pois sua orientação é absolutamente materialista.
Claro que o Espiritismo e suas ideias era um dos alvos preferidos. Kardec
argumenta com muita propriedade que não existe livre pensamento quando se
pretende limitar seu campo a aspectos puramente materiais e simplesmente
ignorar tudo o que está fora da possibilidade de comprovação científica. Diz
Kardec: “ Desde que o pensamento é
detido por uma convicção qualquer, não é mais livre. Para ser consequente com
vossa teoria, a liberdade absoluta consistiria em nada crer, nem mesmo em sua
própria existência, porque isto seria ainda uma restrição... Encarado deste
ponto de vista, o livre pensamento seria uma insensatez” E dá uma noção mais ampla do que seria o livre
pensamento: “ Em sua concepção mais
larga, o livre pensamento significa: livre exame, liberdade de consciência, fé
raciocinada: simboliza a emancipação intelectual, a independência moral,
complemento da independência física...” Kardec reforça a impossibilidade de
livre pensamento quando se restringe sua atividade, escravisando-o à matéria. Significa dizer: “ Tu és o mais livre dos homens, com a
condição de mais longe do que a ponta
da corda a que amarramos”. E em relação ao Espiritismo, o que dizer quanto
à sua filosofia de livre pensar e de livre escolha, vejamos o que ensina o
mestre: ” É o Espiritismo, como pensam
alguns, uma nova fé cega substituída a outra fé cega? Por outras palavras, uma
nova escravidão do pensamento sob nova forma? Para o crer, é preciso ignorar os
seus primeiros elementos. Com efeito o Espiritismo estabelece como princípio
que antes de crer é preciso compreender. Ora, para compreender há que usar o
raciocínio... Não se impõe a ninguém; diz a todos: Vede, observai, comparai e
vinde a nós livremente, se vos convier”.
Egydio Régis
Artigo publicado no Jornal Abertura de Julho de 2016
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017
O MITO DO PROGRESSO por Roberto Rufo e Silva
O MITO DO PROGRESSO
“O progresso roda constantemente sobre duas
engrenagens. Faz andar uma coisa esmagando sempre alguém”. (Vitor Hugo).
“O progresso, sendo uma condição da natureza
humana, não está ao alcance de ninguém a ele se opor”(Allan Kardec).
Andrew Jackson foi um advogado e político americano.
Foi o sétimo presidente dos Estados Unidos, de 1829 a 1837. Jackson foi uma figura polarizadora, que dominou a
política americana dos anos 1820 aos anos 1830. Sua ambição política,
combinada com a ampliação da participação política por mais pessoas
moldaram o moderno Partido Democrata. Famoso pela sua dureza, ele era apelidado
de”Old Hickory”(Velha Nogueira).Talvez o aspecto mais controverso
da presidência de Jackson tenha sido a sua política em relação aos índios
americanos. Jackson foi um líder defensor de uma política conhecida como Indian
Removal (Remoção Indígena). Enfim, Jackson imprimiu um grande
progresso material aos EUA, todavia a um custo elevado de vidas indígenas,
cujas terras possuíam riquezas minerais que precisavam ser exploradas.
Há palavras que adquiriram com o tempo um significado totalmente
positivo, colocando suas palavras antônimas em situação de desprestígio.
Progresso é uma delas. Quando se diz que um sujeito é progressista, logo
definimos que”lá vai um cara bom ajudando o mundo”. Quanto ao seu contrário, o
sujeito dito conservador, logo afirmamos que “lá vai um cara que não deseja um
mundo melhor”. Isso acontece também na relação otimista/pessimista. Dizia um
professor que o pessimista só é otimista quanto ao futuro do pessimismo.
Mas será mesmo que todo”progresso”(
científico, social ou material ) é realmente um passo a mais na evolução
espiritual, ou temos comido muito gato por lebre?
A Doutrina Espírita na sua
Lei do Progresso nos oferece um balizador interessante quando os espíritos em
resposta à pergunta 779 nos falam que o progresso tem que se fazer pelo contato
social e que todo progresso intelectual tem que estar embasado num progresso
moral, que infelizmente nem sempre o segue imediatamente. É isso que nos
interessa conceituar quanto à Lei do Progresso. Outras afirmações, tais como,
de que existem povos rebeldes que se colocam contra o progresso (os índios
americanos por exemplo) e que por isso serão naturalmente aniquilados de alguma
forma são datadas e ultrapassadas. Além disso os espíritos complementam seu
pensamento dizendo que nós mesmos, os civilizados, um dia fomos rebeldes. Hoje
já não se aceita mais essa relação”civilizados/selvagens”.
Atualmente o ser humano consegue
destruir um”campo rebelde”em Alepo na Síria com foguetes teleguiados por
satélites com uma margem de erro de aproximadamente três metros do alvo a ser
atingido. Será isso um progresso? Mesmo assim às vezes os foguetes erram o alvo
e acabam atingindo escolas ou hospitais com consequências dramáticas. Mas não
percamos a esperança , novos ”progressos”virão e não erraremos mais o alvo.
Em seu livro”O Mito do Progresso”,
Gilberto Dupas não sem razão nos alerta que esse discurso dominante de que todo
progresso é bom, traz também consigo a justificação indevida à exclusão, à
concentração de renda e aos graves danos ambientais. A Doutrina Espírita nesse
ponto é esclarecedora ao colocar o orgulho e o egoísmo como o maior obstáculo
ao progresso. Faço aos leitores a indagação do Professor Gilberto Dupas :”O que
significa, afinal, a palavra progresso no imaginário da sociedade global
que vive o início do século XXI”?
Para o autor o que definitivamente
consolidou a ideia contemporânea de progresso foi a revolução provocada por
Darwin com sua Origem das Espécies, publicada em 1859. A partir
daí, nos ensina Dupas, o mundo produziu uma vasta literatura em ciência social
em que progresso era sempre suposto como axioma. Ou seja, diz ele, a
ideia de progresso permeou a quase totalidade da obra de Hegel, estruturada
sobre a dialética, que seria uma fonte propulsora infinita do progresso.
Um dia ainda escreverei um artigo
intitulado”O Mito da Dialética”. O Espiritismo dito progressista, a meu ver,abraçou
em demasia esse mito como sendo algo intrínseco e inerente ao discurso espírita.
Marx também acreditou profundamente no progresso histórico e inexorável da
humanidade.
Faz-se necessário um pouco de
descrença nesse mito do progresso como algo essencialmente bom. Vamos voltar a
ler Schopenhauer, Kierkegaard, pois um pouquinho de”pessimismo”é salutar.
Duvidemos do que nos parece óbvio. Após a queda do socialismo real, passou-se
acreditar que só existe um tipo de progresso. Alguém preconizou até que seria o
fim da história.
Faço uma pergunta a vocês : quem
pode se dizer otimista e acreditar piamente de que qualquer sociedade complexa
só se viabiliza pela auto-regulação da economia de mercado? Uma fábrica nos EUA
pagava 20 dólares a hora aos seus empregados. Seguindo as leis do mercado
transferiu-se para o México, onde pagava 5 dólares a hora.
Aperfeiçoando-se ainda mais pelas regras do mercado, agora impostas pela China,
mudou-se para lá onde paga agora 2 dólares a hora. Podemos falar em
progresso? Se sim, como fica o tal avanço moral? Causou desemprego nos EUA,
aumentou o”círculo da ferrugem”em seu país (pesquisem), alimentou o trabalho
aviltante na China e por tabela ajudou a eleger o Donald Trump, que soube
explorar habilmente essa situação.
Finalizo passando a vocês uma
tarefa. Leiam por favor com atenção a resposta dos espíritos e os comentários
de Kardec à pergunta 793. (Por quais sinais se pode reconhecer uma civilização
completa?). É ótimo.
Roberto
Rufo.
domingo, 12 de fevereiro de 2017
Pau que nasce torto as vezes se endireita - por Alexandre Cardia Machado
Pau que nasce torto as vezes se endireita
Gostaríamos de
falar de uma iniciatva que já conta com 10 anos, trata-se do Prêmio Trip
Transformadores – realizado pela Revista Trip, neste ano padrocinada pelo Grupo
Boticário junto com outros onze co-patrocinadores. A ideia do prêmio veio de Paulo
Lima, Editor – Presidente da revista.
Este Prêmio tem
por objetivo identificar, brasileiros capazes de recriar a noção de
desenvolvimento humano, transformando a realidade. Isto tem tudo a ver com o
Jornal Abertura, onde sempre que possível buscamos chamar a atenção para
aqueles que fazem algo de bom pela sociedade, aqules que demonstram o Caráter
do Homem (ou Mulher) de Bem.
A revista, em
edição especial, impressa em papel reciclado, em seu editorial escreve o que
buscamos destacar aqui: “Você acredita no Brasil? Deveria. Por alguns minutos
desapegue-se das imagens mal construídas do país que você vive. Esqueça a
corrupção de colarinho branco que parece minimizar a honestidade de um povo.
Acredite que há mesmo quem tira dinheiro do bolso para ajudar os outros.
Conteste com veemência a máxima de que pau que nasce torto nunca se endireita.
Quem contou isso para você mentiu.”
Li a revista, num
voô entre Porto Alegre e São Paulo, leitura fácil, as pessoas que lá foram
reconhecidas são muito diferentes umas das outras, o que elas tem em comum é o
fazer acontecer as mudanças, no campo social, na cultura ou na transformação
para melhor do mundo ao seu redor.
Escolhi um caso
que bem representa o que no Espiritismo chamamos do progresso que o Espírito
experimenta em sua encarnação, nunca é tarde para mudar. Ainda que mais raro, é
possível sim mudar alguém que está em um presídio, ou que caminhou no mau, por
muito tempo, não há uma solução única, mas se oferecermos alternativas, alguns
conseguirão melhorar. Jacira Jacinto da Silva, Presidente da CEPA, em seu livro
Criminalidade: Educar ou Punir, assim se refere à situações semelhantes a que
busco mostrar aqui: “ As lições do espiritismo nos ensinam a enxergar que todas
as pessoas, incluíndo as que nasceram e cresceram sem oportunidade, e até mesmo
as que cometeram infrações graves à ordem social, têm perspectiva de sucesso,
pois fomos criados para aprender e crescer indefinidamente”.
Escreveremos sobre
Luiz Alberto Mendes, escritor e colunista da revista Trip, autor de 6 livros,
esteve preso por 31 anos no presídio do Carandirú, na cidade de São Paulo,
tendo o peso sobre si de pelo menos dois assassinatos. Saiu de casa aos 12
anos, para fugir de um pai alcólatra que batia na esposa e nos filhos, vivendo
nas ruas até os 19 anos quando foi preso. Não se importava com nada, não via
perspectiva na vida. Assim passou um bom tempo na cadeia, até que veio a
epidemia de AIDS, nos anos 80 do século passado, que infestou os presídios.
Luiz relata que não
havia profissionais de saúde em número suficiente no Carandirú e por um impulso
ele resolveu se importar com aquilo e fazer algo no presídio, foi ajudar no
cuidado aos pacientes. Foi quando uma conheceu uma enfermeira travesti que gostava
muito de ler. Ali surgiu uma amizade.Ela foi a primeira a lhe mostrar a
importância da leitura.
A transformação
foi imediata, do não fazer nada o dia inteiro, passou a ser um leitor voraz, passou
a ler 10 horas por dia. Em meio a dor e a agonia do presídio conheceu a obra de
Jean Paul Sarte, a quem admira, mas a quem se propõe discordar, Sarte disse “ O inferno são os
outros” ele contesta “ O inferno é a ausência dos outros”. Esta reflexão
demonstra que ele foi capaz de perceber que a importância da relação com o
outro, perceber a importância da outra pessoa nos humaniza.
O conhecimento
melhora a vida, desde que não seja ornamental, ou seja apenas para distração. A
leitura tem o potencial de ser um transformador de estrutura mental e por
consequência fazer com que passemos da ideia à ação.
Pesquisando um
pouco mais encontramos uma entrevista de Luiz Mendes, onde ele explica um pouco
melhor como iniciou o interesse pela leitura e a explicação para a frase
colocada acima.
“O contato começa com uma mulher que
trocava conversa comigo por cartas. Essa história tem início bem antes, pois
quando fui preso eu não sabia escrever carta direito e um amigo me ensinou a
escrevê-la, com rascunho e eu passava a limpo para enviar à minha mãe. Então
chegou um momento em que comecei a modificar a carta, porque eram relatos
íntimos com minha mãe, até que num ponto comecei a escrever sozinho. Fui
escrevendo para outras pessoas também até chegar nessa professora, que morava
no Rio de Janeiro, estava se formando em Letras, gostava de literatura e me
mandava os livros importantes para eu ler. Os primeiros livros que eu me
apaixonei foram os de Érico Veríssimo.”
Este relato,
lembra um pouco o que descrevem os romances espíritas, onde as palavras de
amor, e de esclarecimento, abrem um espaço na mente do espírito, por onde o
amor penetra. Não foi bem assim com Luiz, demorou um bom tempo, em suas próprias
palavras, já bem mais maduro afirma, “não foram os livros que me salvaram, mas
as pessoas que me enviram os livros”. Esta frase denota toda uma perspectiva
filosófica e não mítica de Luiz.
Em algum momento a ação transformadora da
leitura, transformou Luiz em um ser moral que se preocupa com o bem estar e os
direitos dos outros.
Luiz Mendes hoje
dá palestras, ajuda com seus livros outras pessoas a sair da marginalidade, ele
não é espírita, o texto não tem nenhuma referência a religião, pela proximidade
com Sarte, tudo leva a crer que seja materialista. Mas seja como for o Espírito
tem em si mesmo o impulso do progresso e mais uma vez parafrasiando Sarte “
Liberdade é o que você faz com aquilo que aconteceu com você”.
A lei do
progresso é de ação permanente pois sempre queremos, ou almejamos algo a mais
para nós mesmos ou para a nossa sociedade.
Marcadores:
ação social espírita,
fundamentos,
lei do progresso,
Liberdade,
livre-arbitrio,
mundo melhor para viver
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
Papel do Perispírito na gestação - II por Jaci Régis
continuando...
Papel do Perispírito na Gestação
Jaci Régis
(publicado no Caderno Cultural Espírita/outubro 2002)
O Espírito
A palavra "espírito" (com letra minúscula) é inicialmente empregada para designar o princípio inteligente do universo em contraposição ao princípio material. O Livro faz uma série de ponderações sobre a interação entre esses dois elementos, cabendo a Kardec dizer que "a matéria é o agente, o intermediário, com a ajuda da qual e sobre a qual o espírito atua".
Depois, a palavra "Espírito (com letra maiúscula) foi usada para designar "os seres inteligentes da Criação" ou seja, para a individualização do princípio inteligente.
Na tentativa de explicar a forma do Espírito, temos alguns itens de grande significação:
... Os Espíritos são imateriais?
- Imaterial não é o termo apropriado, incorpóreo seria mais exato... É uma matéria quintessenciada... Tão eterizada, que nao pode ser percebida pelos vossos sentidos.
... Os Espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante?
- Eles são, se o quiserdes, uma flama, um clarão, uma centelha etérea.
Segundo a Doutrina, esse Espírito ao ser criado é um princípio espiritual, que se tornará um "Espírito" ao desenvolver a inteligência e a efetividade, capaz de perceber-se como um ser, numa espiral evolutiva.
Uma das mais significativas e inéditas contribuições do pensamento espírita refere-se a sua teoria da evolução do Espírito. De acordo com essa teoria, "o ser inteligente do universo é criado por Deus, como um princípio espiritual, "simples e ignorante". Isto é, um ser potencial, estruturalmente vazio. A potencialidade está contida na possibilidade de expansão e aquisição de experiências, movida por uma forma de energia oriunda de sua natureza permanente, imortal.
Essas informações nos levam a ponderar que, em si mesmo, o Espírito não possui organização, sendo um núcleo incorpóreo, potencialmente expansível, dispondo de uma energia intrínseca, propulsora e determinada, sintetizada no instinto de conservação e de uma capacidade potencial de apreensão e reelaboração de experiências.
Dentro desse enfoque, o estudo do ser deverá ser feito em dois momentos:
O período pré-humano, como tempo de estruturação básica da individualidade.
O período de sua inserção no nível humano, onde estrutura uma personalidade mutante.
O período pré-humano caracteriza-se, a partir do instinto de conservação ou agressividade natural, como o da aquisição de conteúdos de experiência. Nele, o princípio espiritual nao tem consciência de si mesmo e não possui nenhuma estrutura básica de percepção ou seleção. Na verdade, parece compreensível que a busca incessante de auto-preservação, como elemento básico de perpetuação, seja o desencadeante do processo evolutivo, pois dentro desse impulso inato do ser embrionário esboça o esforço de construir condições de manter-se íntegro.
Em consequência, desencadeia também um complexo, amplo e infindável processo de relações com o meio ambiente e com semelhantes, estabelecendo as bases futuras da consciência.
O corpo mental
Já vimos que o princípio espiritual não possui estrutura, pelo menos inicialmente. Todavia, interagindo com os elementos orgânicos, ele vai desenvolvendo uma estrutura psíquica, que chamo, por analogia, de corpo energético e psíquico que o princípio espiritual vai estruturando um sistema mental flexível.
Como diz André Luiz, é nesse espaço que vão sendo inscritos "os princípios ontogenéticos" que a experiência repetitiva e incessante vai consolidando, no processo constante de nascer, viver, morrer e renascer. Aí ele estrutura a memória e seleciona as experiências vividas.
Ao longo do tempo, construindo, reconstruindo e armazenando as experiências, o princípio espiritual começa a adquirir consciência crescente de si mesmo. Torna-se um Espírito. O corpo mental é, então, seu instrumento de recriação constante nos processos vivenciais repetitivos de vida e morte física ampliando cada vez mais a conscientização de si mesmo e do usufruto dos resultados acumulados das experiências e vivências. E é no corpo mental que ele inscreve e consolida, refunde e recicla suas impressões e aprendizado.
Referindo-se ao corpo mental, assim afirma André Luiz "O corpo mental, assinalado experimentalmente por diversos estudiosos, é o envoltório sutil da mente". Estudando os efeitos do monoideísmo que leva `a perda do perispírito, André Luiz diz o seguinte: "cabendo-nos notar que essa forma (ovóide), segundo a nossa maneira atual de percepção, expressa o corpo mental da individualidade, ao encerrar consigo, conforme os princípios ontogenéticos da Criação Divina, todos os órgãos virtuais de exteriorização da alma, nos círculos terrestres e espirituais, assim como ovo, aparentemente simples, guarda hoje a ave poderosa de amanhã ou como a semente minúscula, que conserva nos tecidos embrionários a árvore vigorosa em que se transformará no porvir (...)" (in Evolução em Dois Mundos, Capitulo II - Corpo Espiritual, pags. 25, 91, primeira edição, FEB, 1959).
Temos, pois uma descrição possível do corpo mental, como um corpo sutil, de forma ovóide em torno do Espírito, guardando os órgãos de exteriorização da alma. Nessa conjugação mente-espiritual reside a expressão da individualidade.
Embora enfatizando o perispírito como centro virtual da organização física, André Luiz, mostra-o, todavia, precário, transitório, dependendo do desempenho mental para manter-se íntegro após a morte, principalmente nos primórdios da evolução e, depois, devido a processos doentios de concentração emocional.
Eis o que ele diz: "Pela compreensão progressiva entre as criaturas, por intermédio da palavra que assegura o pronto intercâmbio, fundamenta-se no cérebro o pensamento contínuo e, por semelhante maravilha da alma, as idéias-relâmpagos ou as idéias-fragmentos da crisálida de consciência, no reino animal, se transformam em conceitos, inquirições, traduzindo desejos e idéias alentadas, substância íntima". Nesse processo evolutivo, informa ele, "vamos encontrar o homem infraprimitivo, na rusticidade da furna em, que se esconde, surpreendido no fenômeno da morte, ante a glória da vida, como criança tenra e deslumbrada à frente de paisagem maravilhosa, cuja grandeza, nem de leve, pode ainda compreender.
O pensamento constante ofereceu-lhe a precisa estabilidade para a metamorfose completa... Entretanto, o homem selvagem, que se reconhece dominador na hierarquia animal, cruel habitante da floresta, que apura a inteligência, através da força e da astúcia, na escravidão dos seres inferiores que se lhe avizinham da caverna, desperta fora do corpo denso, qual menino aterrado que, em se sentindo incapaz da separação para arrostar o desconhecido, permanece tímido, ao pé dos seus, em cuja companhia passa a viver, noutras condições vibratórias, em processos multifários de simbiose, ansioso por retomar a vida física que lhe sugere a imaginação como sendo a única abordável à própria mente...
Ressurgir na própria taba e renascer na carne, cujas exalações lhe magnetizam a alma, constituem aspiração incessante do selvagem desencarnado... Pela oclusão de estímulos outros, os órgãos do corpo espiritual se retraem ou se atrofiam, por ausência de função, e se voltam, instintivamente, para a sede do governo mental, onde se localizam, ocultos e definhados no fulcro de pensamentos em circuito fechado sobre si mesmos, quais implementos potenciais do germe vivo entre as paredes do ovo. Nesse período, afirmamos habitualmente que o desencarnado perdeu o seu corpo espiritual, transubstanciado-se num corpo ovóide..." (in Evolução em Dois Mundos, pág. 76, 88 a 91, primeira edição, FEB, 1959).
Fizemos essa longa transcrição, para mostrar que o Espírito André Luiz, nos informa que o corpo mental é o único instrumento organizado aderido ao Espírito, como órgão executor e permanente. Daí ter uma forma ovóide, como sinal de concentração em torno do polo central da Inteligencia Espiritual.
Verificamos, por essas informações, que perdendo o perispírito por deficiência do interesse e dificuldade em permanecer consciente, o Espírito concentra-se no seu corpo mental, onde provavelmente se instala a mente ou projeção constitucional do Espírito, sede da memória permanente e reduto de todas as experiências de seu processo evolutivo.
Uma reflexão sobre este texto foi publicada no Jornal Abertura de novembro de 2019.
Baixe aqui:
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017
A poética das vidas intinerantes - Por Ciro Pirondi
A Poética das Vidas Itinerantes
Ciro Pirondi*
O olhar estético sobre a existência comumente é associado à dimensão do desnecessário, do supérfluo. Nosso comprometimento com a lógica, com a razão, ensinou-nos a ver na estética, no belo, seus contrários. “Não precisa ser belo, deve funcionar...”, frase comum de ouvirmos no cotidiano das pessoas.
Ciro Pirondi
A “eficiência” toma conta do mundo, do Homem Máquina, razão, capaz de entender tudo, construir máquinas cada vez mais perfeitas, em uma sociedade comprometida com a produção em série, com o desespero pelo consumo priorizando o crescimento econômico. Tratamos cada vez mais a educação como se seu objetivo principal fosse ensinar os alunos a serem economicamente produtivos, ao invés de ensiná-los a raciocinar criticamente e a se tornarem cidadãos instruídos e compreensivos. A perda dessas capacidades básicas põe em risco a saúde das democracias e a esperança de um mundo decente. Somos uma máquina de ansiedade, ligada no automático, em uma sociedade desorientada.
O homem máquina é consequência de um sistema de valores baseado no lucro e no sucesso individual. O trabalho, via de regra, é punitivo e a insegurança consome nossas energias.
Nesse contexto da máquina como espelho, não podemos admitir o erro com um olhar acolhedor, e entender que falhar nos ajuda a crescer e construir um caminho com múltiplas possibilidades. Difícil pensar assim em uma sociedade na qual a palavra de ordem é eficiência. Somos uma engrenagem constituída para produzir sem reflexão, sem questionar. Esquecemos do velho provérbio indiano sobre a transformação: “A nuvem bebe água salgada e chove água doce”.
Livreto distribuído pelo autor no XIV SBPE
Estamos com o botão da reflexão crítica desligado.
Esse estado de cegueira está nos levando a desconfiar do futuro; no entanto, o mundo só melhorou. A média de longevidade ampliou-se muito; as tecnologias diminuíram o trabalho braçal; os meios de comunicação encurtaram a distância entre os homens; pensamos com muita seriedade na possibilidade de construirmos cidades e civilizações em outros planetas.
Habitar o universo.
Contraditoriamente, no entanto, não diminuímos a distância entre ricos e pobres; marginalizamos as mulheres; praticamos chacinas como as de Osasco; discriminamos as minorias; o poder está nas mãos de incapazes...
A aflição de nossa solidão, como descreve o sublime Garcia Márquez, nos faz continuar buscando nossa Macondo ou com Homero, a eterna travessia de Odisseu (o Ulisses romano), em sua jornada pelos mares revoltos. Vezes em lugares mágicos. Vezes em situações terríveis, a nos mostrar ser mais importante na travessia da vida, não onde vamos chegar ao final, mas a maneira como seguimos por ela.
Se optarmos por seguir como máquinas, talvez “a máquina do Mundo”, como no belo poema de Drummond, nos destrua. Mas se amplificarmos as fronteiras do que ainda temos para
descobrir, inventar novas alternativas, com serenidade e sabedoria e entendermos que todo excesso nega o fim proposto, desenhando os caminhos do meio de Buda, não permitindo que o crescimento econômico sirva apenas para destruir a natureza; criar profundas desigualdades, descontentamento e violência entre os desfavorecidos e marginalizados.
O que importa saber é: quais são os ideais políticos, éticos deste homem máquina? Se ele pretende ou ajuda construir uma sociedade justa, humana e compassível?
Penso ser a possibilidade de vidas itinerantes uma alternativa possível.
Fundamento este raciocínio na dimensão de tempo que esta alternativa possibilita. Tempo onde todo o universo flui e se insere; incluso a vida, as fragilidades e sua rapidez.
Como é possível apenas 80 ou 90 anos para aprendermos os conhecimentos já descobertos? Como podemos educar nossos ouvidos e vistas às belezas da música e das artes em apenas 80 anos?
O Espiritismo, como é natural para o período no qual ele surgiu; apostou todas suas reflexões na lei de causa e efeito de maneira cartesiana, ou seja, a toda ação corresponde uma relação direta e imutável, muito ainda influenciada pelo conceito de punição e pecado. E, em um segundo preceito, o da supremacia da razão. Razão pura, Kantiana, crítica e único caminho possível para evoluirmos e encontrarmos a plenitude da vida.
O século XX e XXI nos inundou de outras possibilidades.
Pierre Lévy em seu texto “Inteligência coletiva” afirma: ‘Hoje, o Homo sapiens enfrenta a rápida modificação de seu meio, da qual ele é o agente coletivo, involuntário’. Sugere a via da inteligência coletiva. Tenho a intuição ser este o caminho capaz de produzir novos sistemas de signos, nova forma de organização social, e regulação que nos permitiriam pensar em conjunto.
Nossas forças intelectuais e espirituais multiplicaram nossas imaginações e experiências.
Aprenderíamos, aos poucos, diz o filósofo, a “nos orientar num cosmo em mutação”.
A razão, por si, como pensávamos no século XIX, não basta. A vida é mais bela e complexa. Não cabe em uma lei que pretendia ser totalitária e completa.
Arthur Conan Doyle, por exemplo, um escritor de inteligência iluminada e com uma imaginação invejável, com seu principal personagem - Sherlock Holmes -, chega a afirmar em seu livro “A História do Espiritismo”, que se a reencarnação não fosse uma verdade, precisaria ser inventada para satisfazer a razão. Mesmo um homem de brilho raro como ele, joga tudo na razão.
As reflexões apresentadas aqui no Simpósio Brasileiro do Pensamento Espirita visam compartilhar e apontar a possibilidade de acrescermos a dimensão poética da existência, conjuntamente à razão, à lógica tão valorizada nos meios acadêmicos e espíritas.
Compreendermos e valorizarmos, de verdade, as descobertas artísticas; educarmos nossos ouvidos para percebermos nas sonatas de Mozart tanto valor para o desenvolvimento humano, quanto nas descobertas de Newton ou Einstein; ele mesmo um exímio violinista que afirmava serem elas, as sonatas de Mozart, a expressão mais próxima de sua concepção de desenho do universo.
Se em alguns milênios o Homo habilis tornou-se sapiens, rompeu uma barreira, lançou-se no desconhecido, inventou a Terra, os deuses e o mundo infinito de significação, o que proponho aqui é inventarmos, uma inteligência coletiva, capaz de associar Razão e poética à dimensão das vidas itinerantes. Criarmos uma nova linguagem para o Espiritismo. Este é o nosso principal desafio para este século, cujo resultado não veremos, pois as mudanças de linguagens são obras de gerações.
Mas devemos intuir algo novo. Podemos e desejamos, por pura alegria, contar aos “outros” o quanto é bom e leve sabermos sermos seres projetados no tempo, termos o Universo como nossa casa, e não apenas este pedaço de Terra.
Entendermos de maneira dialética, sabedores desde futuro, ser o presente, tudo o que temos, o mais importante a ser vivido, experimentado. A felicidade não está fora de nós e eu um outro tempo. Com a dimensão poética das vidas itinerantes nos educaremos, onde, com quem e com o que temos hoje.
Em “Emílio ou da Educação”, Rousseau escreve: ‘Cada um perceberá que a própria felicidade realmente não está em si, mas depende de tudo aquilo que o circunda’. Mais tarde, a propósito da felicidade, Marx irá mais longe: ‘A experiência define como felicíssimo o homem que tornou feliz o maior número de outros homens... Se escolhemos na vida uma posição em que possamos melhor operar pela humanidade, nenhum peso nos pode envergar, porque os sacrifícios são para o benefício da humanidade; então, não provaremos uma alegria mesquinha, limitada, egoísta, mas a nossa felicidade pertencerá a milhões de pessoas, as nossas ações viverão silenciosamente, mas para sempre’. (DE MASI, 2014).
Em uma passagem de Fedro, na qual Platão descreve Sócrates que, já ancião e cansado, durante uma abafada tarde de verão se protege num lugar sombreado e aprecia toda a simples fruição que o local oferece: “Ah! Por Hera, que lugar magnífico para se fazer uma pausa! O plátano oferecendo uma sombra maravilhosa! Em plena floração, como está, o lugar não poderia ser mais perfumado. E o fascínio ímpar desta fonte que corre sob o plátano, a frescura da sua água: basta pôr o pé para me assegurar... E diga-me, por gentileza, se o ar puro por aqui se respira não é desejável e extraordinariamente agradável! Clara melodia do versão que faz eco ao coro das cigarras. Mas a mais saborosa dentre essas belezas é este prado, com a natural doçura da sua inclinação, a qual permite, quando nele se deita, que a cabeça fique numa posição perfeitamente confortável” (DE MASI, 2003).
Não concluo, pois é impossível concluir, apenas intuo ser urgente pensarmos associar à tese das vidas itinerantes, além da necessária exploração científica da razão e dos relacionamentos com novas descobertas da neurociência, das pesquisas sobre o cosmo, a educação com os aspectos da poética na construção do Homem espiritual e eterno.
BIBLIOGRAFIA
DE MASI, Domenico. O futuro chegou – Modelos de vida para uma sociedade desorientada. [tradução Marcelo Costa Sievers]. 1ed. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014.
DE MASI, Domenico. Criatividade e grupos criativos. [tradução Léa Manzi e Yadyr Figueiredo]. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
* Ciro Pirondi é Arquiteto e Urbanista. Graduado em Arquitetura e Urbanismo (1980), possui doutorado (1980/1982), pela Escola Técnica Superior de Arquitetura – Universidade Politécnica de Catalunya – Barcelona – Espanha. Diretor da Escola da Cidade – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (SP), desde 2002 até o momento. Conselheiro da Fundação Oscar Niemeyer, Casa de Lúcio Costa, Instituto de Arquitetos do Brasil e do IBAC (Instituto Brasileiro de Arte e Cultura). Escritório próprio desde 1983 (Ciro Pirondi Arquitetos Associados).
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
15° SBPE - INCRIÇÕES ENCERRADAS
15° SBPE – Simpósio
Brasilerio do Pensamento Espírita.
Inscreva-se no 15° SBPE
2 de novembro a 4 de
novembro de 2017
Santos – SP
ICKS – Instituto Cultural
Kardecista de Santos
INSCRIÇÕES ENCERRADAS
15° SBPE – Simpósio Brasileiro do Pensamento
Espírita
Será realizarado em Santos, na antiga sede do ICKS,
hoje Colégio Angelus Domus, na avenida Francisco Glicério, 261, Bairro do Gonzaga
em frente ao Mendes Convention Center.
Como se inscrever
Preencha a ficha abaixo e
encaminhe ao ICKS pelo correio, endereço Rua Evaristo da Veiga, 211 Santos
–SP - CEP 11075-001 ou escaneie e envie por email, ao ickardecista1@terra.com.br. Ou então ligue no (13) 33247321.
Nome:............................................................................................
Cidade:..........................................................................................
Tipo de Inscrição: ( ) A
vista ou ( ) Número de parcelas
E.mail e telefone...........................................................................
Entre em contato com o
ICKS por email para ickardecista1@terra.com.br .
O valor dé R$ 120,00 que
pode ser parcelado em até 3 vezes, desde que inicie o parcelamento até 15 de
agosto de 2017, com a secretaria do ICKS.
Hospedagem
Não estaremos provendo este serviço, Santos possui uma grande malha
hoteleira e a contratação de hospedagem por aplicativos hoje se mostra muito
mais vantajosa, conforme opinião externada por nossos frequentadores nos
eventos anteriores.
Atenção: o evento ocorrerá num feriado prolongado, assim antecipem as
suas ações de hospedagem.
Trabalhos:
Para apresentar o seu trabalho, você precisa primeiro enviar uma sinópse,
de no máximo 1 página, descrevendo o trabalho a ser apresentado e também um
pequeno currículo seu. A sinópse deverá ser enviada por email até o dia 30 de
Junho de 2017, para apresentar o trabalho você deverá se inscrever no Simpósio.
Até o dia 15 de
Julho a Comissão Organizadora, confirmará a aceitação dos trabalhos.
Você terá
então, até o dia 15 de setembro de 2017 para enviar o trabalho completo, com no
máximo 20 páginas, letra Arial, tamanho 12. Seu trabalho fará parte do CD do 15°
SBPE que é distribuído aos incritos.
Apresentação:
Todos os trabalhos selecionados, deverão ser apresentados por seu autor,
sendo considerado 30 minutos para apresentação, seguido de um período de
perguntas de 10 minutos. Prepare já o seu trabalho e venha apresentá-lo no 15°
SBPE.
Repasse este link aos seus amigos:
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#basicsettings
Repasse este link aos seus amigos:
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#basicsettings
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
Papel do Perispírito na Gestação de Jaci Régis
Papel do Perispírito na Gestação
Jaci Régis
(publicado no Caderno Cultural Espírita/outubro 2002)
Uma das contribuições do Espiritismo na tentativa de compreender o complexo físico-espiritual, que é o ser humano, foi a descoberta do perispírito. Envoltório do Espírito, ele acrescenta ao ser humano uma nova dimensão, passando este ser formado de Espírito, perispírito e corpo.
As especulações sobre o objeto da existência terrena, levou a considerações teológicas sobre a encarnação do Espírito, considerada situação pelo menos constrangedora para o ser. Daí a considerar-se o organismo como obstáculo, um empecilho à sua livre manifestação.
Diante da inexistencia de um conhecimento mais amplo sobre a natureza do organismo e dos processos genéticos, aliado ao conceito da prevalência do elemento espiritual sobre o físico, houve a tendência tornar o corpo humano mera expressão do Espírito.
A existência do perispírito, ainda que sem maiores detalhes de sua constituição, criou a perspectiva de que ele tinha funções de modelagem e consistência das estruturas moleculares. Muitos teóricos espíritas viram nesse corpo energetico, a matriz biológica do organismo, considerando que o perispírito seria uma espécie de molde pré-existente, fruto da elaboração evolutiva e das necessidades afetivas do reencarnante, ao qual as células iriam aglutinar-se, de modo a compor um tipo específico, respeitados os princípios básico da herança dos pais.
Os avanços da genética tem descortinado outro horizonte. O próprio Livro dos Espíritos, embora enfatizando a prevalência do Espírito no conjunto, jamais menosprezou a importância do organismo. Chega a afirmar que o desenvolvimento do feto, no seio materno, independia da existência do Espírito. Indica, conforme a questão 356, que pode haver todo o processo procriativo sem que haja um Espírito em reencarnação, nascendo, todavia, o feto morto.
Vivemos um tempo em que as pesquisas e experiências do campo da genética vêm demonstrando um quadro de avanços e conhecimentos extraordinários, penetrando do imo do processo de procriação.
Nesse novo quadro, as especificações e atribuições dadas ao perispírito parecem não mais corresponder às expectativas teóricas.
Nosso propósito é discutir uma proposta sobre o papel do perispirito na gestação, da forma mais equilibrada e autêntica possível.
Trata-se, contudo, de uma discussão teórica, uma hipótese de trabalho, que embora alicerçada no momento da ciência sobre as funções da transmissão da herança genética, é ainda uma tentativa de compreender a inserção do elemento espiritual no processos naturais, uma vez que não é possível apresentar provas inconcussas e experimentais da nossa proposta.
Vamos apresentar idéias do que se sabe ou se presume serem aceitáveis sobre o Espírito, o corpo mental e o perispírito, com enfoque sobre a existencia deste último no processo gestatório.
O Perispírito
Allan Kardec ao afirmar a existência do perispírito, identico ao corpo fisico, definiu-o como o envoltório do Espírito.Como não é possível imaginar o Espírito sem o corpo, seja encarnado ou desencarnado, é lógico supor que o perispírito é permanente. Ou seja, no nosso nível humano, o ser espiritual identifica-se, no espaço extrafísico, com um corpo idêntico ao que possuía enquanto encarnado, sucessivamente.
Isso, porém, não significa que seja sempre o mesmo perispírito. Ao contrário, sabemos que em cada encarnação há a desintegração e a reconstrução desse corpo energético, decorrente do processo de germinação e constituição do organismo físico.
Dada a impossibilidade, então presumida, da relação direta do Espírito e o corpo físico (Espírito e matéria) atribuiu-se ao perispírito o papel intermediário entre os dois e, ao mesmo tempo, como lugar da memória, inclusive estampada na morfologia corporal, devido à extrema plasticidade do corpo energético.
Pensou-se atribuir ao perispírito, além de modelo funcional do organismo fisico, mas também fonte e diretriz de sua morfologia e mesmo de seu funcionamento biológico.
Essa idéia tem sido repetida, sob variadas formas desde Delanne até hoje, inclusive André Luiz.
Contestações
Estudiosos mais liberais e ligados ao pensamento científico vigente têm procurado contestar as tradicionais informações sobre o papel do perispírito.
Os engenheiros Marcelo Coimbra Régis, em trabalho apresentado no IV Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, em 1995, e Reinaldo di Lucia, no VI Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, apresentaram interessantes estudos sobre o perispírito.
Damos a seguir as principais idéias de Marcelo Coimbra Régis sobre o perispírito remetendo o leitor para a íntegra de seu trabalho publicado no Caderno e aqui no blog do ICKS.
"Corpo do Espírito, de estrutura material, composição e estado diferenciado do atualmente registrável e/ou conhecido. Ligação energética entre Espírito (pensante) e corpo (atuante). Ele seria a cópia do corpo humano, mudando a forma de planeta a planeta e de aparência a cada encarnação.
Matéria em estado desconhecido, porém sujeita a ação inteligente do Espírito e com capacidade de alterar seu estado natural de forma a tornar-se registrável aos nossos instrumentos (vide fenômenos físicos, ectoplasmia, raps etc).
No seu estado natural, responde a ação intencional do elemento inteligente (Espírito) que tal como imã aglutina e mantém sua estabilidade. Analogicamente, o Espírito seria como um foco de atração, tendo ao seu redor a aglutinação da matéria perispirítica, formando o complexo Espírito/perispírito e emanar radiações energéticas, conforme os estados emocionais o Espirito. Portanto o perispirit como o corpo, só existe ligado/aglutinado ao Espírito, não possuindo existência independente.
O perispírito tem atuação muito sutil na economia corporal, pois o corpo humano é autônomo em suas funções básicas. Como transmissor das sensações e vontade do Espírito, o perispírito atua principalmente através do Sistema Nervoso Central, cabendo ao cérebro transformar esses impulsos energéticos em comandos reconhecíveis pelo resto do organismo. Sendo um corpo energético, ele também influencia o rosto do corpo, qual um campo de forças interagindo com as células e tecidos, porém sem comandar diretamente seus movimentos e ações."
Transcreveremos, agora, sinteticamente, as posições de Reinaldo di Lucia.
"A matéria que compõe o perispírito é perfeitamente integrada com a matéria densa, podendo assim interagir com partes dela. Da mesma forma, por ser muito mais sutil, é perfeitamente suscetível de ação direta pelo Espírito, que pode mudá-la segundo sua vontade.
O Espirito age como se fosse uma carga. Tal como uma carga elétrica cria em torno de si um campo eletromagnético, o Espírito cria em torno de si um campo, que, `a falta de nome melhor, poderia ser chamado de campo espiritual.
O perispírito nao seria, então, um corpo, um organismo propriamente falando, mas um aglomerado energético-material em constante interação com o Espírito.
Encarnado sob este novo modelo, o perispírito passa a ter propriedades e funções mais adequadas aos conceitos atualmente aceitos pela ciência, sem descaracterizar as funções principais que lhe foram atribuídas por Kardec.
Age como individualizador dos Espíritos desencarnados, dando-lhes uma forma que lhes permite, especialmente em estágios menos avançados do processo evolutivo, seguir aprendendo e atuando. Pode ser modificado segundo a vontade do Espírito.
Durante a encarnação, age permitindo que o Espírito, consiga uma união perfeita com a matéria mais densa que compõe o corpo físico. Poder-se-ia dizer que, de certa forma, é o intermediário entre o corpo fisico e o Espirito. A diferença é ser um intermediário estruturado como um continuum da própria matéria corporal, sob a forma energética, e não algo completamente diferente dela.
Não possui a função de transmissor de sensações do corpo para o Espírito ou de ordens no sentido inverso. Da mesma forma, nao tem nenhuma atuação sobre a memória ou inteligência. Não possui órgãos nem nenhuma constituição semelhante, que são exclusivas do corpo físico.
Modifica-se de acordo com as necessidades e capacidades do Espírito, mas não obrigatoriamente em mundos distintos (há de se verificar as questões da isotropia material do Universo)."
Repensando as funções do perispírito
Analisando essas contribuições que se contrapõe ao entendimento tradicional sobre o papel e a formação do perispírito, que nas obras de André luiz ganha uma feição de organismo com órgãos e funções, em muitos casos semelhantes à do organismo fisico, faremos a reflexão que nos sugere ser compatível com este momento.
No nosso entendimento, realmente, o perispírito nao parece ter funções específicas na encarnação e restringe-se no espaço extrafísico ao papel de "capa energética" identificadora do Espírito desencarnado, com a dupla função de permitir a relação com os demais e servir de auto-identificação, uma vez que é na encarnação que o ser espiritual de nosso nível evolutivo encontra a própria imagem.
Assim, parece-nos perfeitamente aceitável que o perispírito, não sendo um organismo, não possua órgãos, o que elimina a suposição de que a mente, ou seja, a capacidade intelecto-afetiva do Espírito esteja nele sediada.
Isso é pouco provável uma vez que sendo o perispírito uma criação temporária, sucessivamente reconstruída pelo Espírito, nao teria condições de perpetuar a memória, que embora seja uma propriedade intrínseca do Espírito, é instrumentada de forma externa a ele.
continua: https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=2835778514109270255;onPublishedMenu=template;onClosedMenu=template;postNum=109;src=postname
continua: https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=2835778514109270255;onPublishedMenu=template;onClosedMenu=template;postNum=109;src=postname
Uma reflexão sobre este texto foi publicada no Jornal Abertura de novembro de 2019.
Baixe aqui:
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
Bem-vindo, 2017 - por Reinaldo di Lucia
Bem-vindo,
2017
E lá se vai
2016. Ano crítico, com muitos problemas, crises e desilusões. Nestes últimos
doze meses, vimos um Brasil com suas feridas mais graves expostas: problemas
éticos, políticos e sociais – portanto humanos – aparecendo por todos os lados.
Um ano em que a
crise econômica acabou com o emprego, e temos uma situação caótica que,
infelizmente, vai perdurar por um bom tempo. Muitos brasileiros viram o ano
passar sem que conseguissem renda suficiente par sustentar suas famílias. Um
enorme contingente de trabalhadores voltou para a informalidade, e é
impressionante o aumento da quantidade de moradores de rua. Em termos de
bem-estar social, o retrocesso foi patente.
Foi também um
ano de intenso debate político. Mas o que deveria, por si só, ter sido positivo
(afinal, só se cresce com a discussão ampla de ideias), acabou tornando-se
simplesmente fonte de ataques pessoais. Vimos, mesmo entre espíritas, amigos
que jogaram fora um relacionamento de anos pela defesa intransigente e
apaixonada de pontos de vista extremados, muitas vezes sem o menor senso
crítico.
E terminamos
2016 com mais uma tragédia, criminosa, que acaba com a vida de dezenas de
jovens apenas começando suas carreiras. Mais uma vez, a ganância e a
irresponsabilidade ditando norma, sobrepondo-se à preocupação com a vida.
Um outro lado
também se fez presente, porém. Na última semana tivemos a oportunidade de
participar de mais um almoço promovido pela ARS – Ação de Recuperação Social,
entidade que atende famílias carentes da periferia de Santos. Apesar de
observarmos a presença de poucos conhecidos, pudemos ver que as pessoas que lá
estavam tiveram momentos de muita alegria, ao divertirem-se com coisas simples,
como as brincadeiras quando do sorteio de prendas simbólicas. Cantavam, batiam
palmas, brincavam com os demais – enfim, confraternizavam-se de um modo
caloroso, sem afetação, criando um ambiente de fraternidade contagiante.
Pensamos que é
com este espírito que devemos entrar em 2017. Proporcionar mais espaços em que
seja possível este espírito, abrindo a possibilidade financeira e geográfica de
as pessoas participarem, abraçarem-se, afagarem-se, tornando mais leve um ano
que, se não promete grande melhoras em ternos econômicos, está aí, em branco,
pronto para que escrevamos sua história da maneira que quisermos.
Em 2017 teremos
também, novamente, um espaço maravilhoso para estudo e confraternização dos
espíritas: mais uma edição do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, em
Santos, evento que consideramos dos melhores e mais democráticos do movimento.
Três dias em que poderemos conversar sobre espiritismo e sentir o carinho do
abraço de companheiros que, muitas vezes, levados por essa roda-viva do
cotidiano, não vemos há tempos.
Quem sabe não
podemos fazer deste o primeiro encontro dos espíritas livre-pensadores 100%
transmitido via internet (Skype)? Isto poderia fazer que muitos colegas,
impossibilitados de comparecer presencialmente, estivessem ainda assim junto
conosco, ampliando essa comunidade de amigos. Que tal, organização?
É, talvez 2017
ainda fique na história de cada um como um grande ano. Só depende de nós.
NR: Texto publicado no ABERTURA de dezembro de 2016
Assinar:
Postagens (Atom)