sábado, 22 de agosto de 2020

O desenvolvimento do Espírito, até o surgimento da vida na Terra, uma hipótese livre pensadora Kardecista - por Alexandre Cardia Machado

 

XIII Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita

O desenvolvimento do Espírito, até o surgimento da vida na Terra, uma hipótese livre pensadora Kardecista

Alexandre Cardia Machado


Sumário:

1 – Importância do tema

2 – Limites da hipótese proposta

3 – O que teria acontecido com o espírto no Big bang

4 – Qual a trajetória do Espírito após o big bang e o aparceimento da vida

4.1 – O aparecimento da vida

4.1 – no Universo

4.2 – na Terra

5 – Conclusões

6 – Referências


1 – Importância do tema

Allan Kardec e os Espíritos formularam teorias de formação do universo, estas teorias em vários aspectos não são confirmadas pela observação moderna e portanto merecem uma atualização, ...

Kardec entendia bem isto e declarou em A Gênese “Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque se as novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará”.

Portanto, Kardec tinha noção de que o Espiritismo haveria de evoluir o que, no entanto, não foi entendido por seus seguidores que elegeram a Doutrina escrita em 1857 como a verdade acabada. Quase nada mais se acrescentou e incorreu-se no erro e no risco de passar-se de Científico para Pseudocientífico ou, nas palavras de Gewandsznajder “Não é por acaso que algumas pseudociências estagnaram e seus seguidores tenham se limitado a repetir as mesmas ideias, técnicas e princípios pretensamente verdadeiros de centenas até milhares de anos atrás. As pseudociências,... costumam se isolar-se da ciência. Seus seguidores ostentam às vezes completa indiferença para com as descobertas científicas, sustentando princípios e leis que frequentemente contradizem os princípios científicos”. (4)

2 – Limites da hipótese proposta

Estamos desenvolvendo um modelo de desenvolvimento do espírito, desde a sua criação como princípio espiritual até o surgimento da vida.

Partimos da proposta existente no Livro dos Espíritos (LE)  da existência de Deus, do espírito e da matéria, esta última representada desde as mais diversas formas de energia até a menor partícula sub-atômica, passando por todos os estados em que a mesma pode se apresentar (sólido, líquido, gasoso, plasma ou energia).

Consideramos também o exposto no LE - Sabemos que o espírito é criado simples e ignorante[1] (princípio), devemos portanto admitir que o espírito vá se tornando mais complexo desde a sua criação até um momento qualquer que o analizemos. Algo que evolua, que seja imortal e sede da inteligência, deverá necessariamente desenvolver-se ou seja passar de simples e ignorante a algo complexo e inteligente.

As observações do universo levam à conclusão de que a hipótese do Big Bang é a mais provável para o surgimento do universo, sendo esta a marca mais clara da ação do Criador, tres observações reforçam esta tese:

1 – Existência de uma radiação de fundo de microondas no espaço;

 2– O universo está em expansão;

 3– Idade da matéria e os isótopos do Urânio teriam entre 10 e 15 bilhões de anos e a idade das estrelas entre 12 e 14 bilhões de anos. [2]

Entender, nestas condições como aparece o espírito no cenário universal é o objetivo deste trabalho.

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 3 – O que teria acontecido com o espírito no Big Bang


O Espírito e a Matéria tem uma trajetória de evolução extremamente interligada,  para que o espírito possa encarnar é preciso que indivíduos existam ou seja, é preciso que a vida surja no Universo.

Mas como os processos naturais levam aos estados de menor energia, só mesmo com a participação, deste espírito que é o componente do universo que tem a capacidade da inteligência, ou do aprendizado, para fazer com que a matéria bruta orgânica ganhe vida.

Sendo a matéria o laço que prende o espírito[3], enquanto princípio espiritual, passemos então a analisar a evolução do espírito:

Evolução do espírito:

Sabemos que o espírito é criado simples e ignorante[4] (princípio), devemos portanto admitir que o espírito vá se tornando mais complexo desde a sua criação até um momento qualquer que o analizemos. Algo que evolua, que seja imortal e sede da inteligência, deverá necessariamente desenvolver-se ou seja passar de simples e ignorante a algo complexo e inteligente.

Natureza do Espírito:

1.é um ser criado potencialmente, perfectível, como um projeto

2.é imortal, um ser realizável, possui como qualidade própria a capacidade de permanecer individualizado para sempre

3.é necessário a presença de um elemento externo, adequado ao seu desenvolvimento      ( mundo material)[5]

O  que é o espírito,como princípio então ?

A resposta imediata para qualquer espírita é: “é o principio inteligente do Universo” [6]– esta é a resposta do Livro dos Espíritos-LE, mas poderíamos dizer também que é algo que está preso à matéria por um laço[7]. Este laço é tão importante ao ponto de não ser possível ao espírito se expressar senão ligado à matéria.

Onde se localizaria o princípio espíritual?


O Físico Francês Jean Charon chega a conclusão de que o espírito se localiza em um “micro buraco negro” encontrado junto ao elétron – por ser este um elemento da natureza que migra por todo o universo. Partindo desta idéia – na Teoria Kardecista estaríamos falando aqui do Princípio Espiritual. A esta fase de vida deste espírito em formação que passo a denominar de Princípio Espiritual Arcaico( PEA)

 

Pensando em “Big Bang” por volta de 0,000006 seg após o início da expansão do universo o elétron foi criado, por consequência o PEA poderia estar iniciando a sua jornada, no laço da matéria neste momento.

Por que o elétron ?

Porque na região do elétron, segundo as equações da relatividade, passaríamos a vivenciar uma situação negaentrópica – isto é possível porque algo que esteja nesta região não segue uma lógica normal, busca uma nova ordem teríamos os micro-constituíntes da situação negaentrópica que caracteriza a vida[8]. Nesta região surge um micro buraco-negro que poderia ser o laço que prende o PEA.

Nesta região aplica-se também o princípio da incerteza de Heisenberg[9], hoje, segundo Greene, sobre o elétron “a Mecânica quântica não é capaz de dizer se a onda de probabilidade é o elétron, ou se ela é associada ao elétron, ou se é o instrumento matemático que descreve o movimento do elétron, ou se é a incorporação do que podemos saber sobre ele”[10] . Por isto mesmo acredito que se um dia entermos plenamente o elétron teremos dado um passo fundamental para entender o espírito.

Para me ajudar nesta afirmação recorro ao próprio Kardec[11], “Desde os animais do último grau, passando pelos Espíritos inferiores, até chegar ao arcanjo tudo se encadeia na Natureza. O próprio arcanjo começou pelo átomo.”

André Luiz, também, ao  se referir à matéria mental destaca o papel do elétron:

“Identificando o fluído elementar ... por base mantenedora de todas as associações da forma nos domíneos inumeráveis do cosmo, do qua conhecemos o elétron como sendo um dos corpúsculos-base, nas organizações e oscilações da matéria...encontraremos a matéria mental que nos é própria, em agitação constante...”[12]

Hernani Guimarães[13] chega mesmo a desenvolver toda um teoria à respeito da matéria Psi, como tratamos aqui das idéais básicas não nos aprofundaremos, deixando apenas as pistas para aqueles que assim se interessarem.

Todo este detalhamento científico se fez necessário, para que possamos estabelecer um patamar, capaz de nos permitir demonstrar que etapas ainda seriam necessárias, na evolução do universo, à partir da sua criação no bigbang, até que as mínimas condições para aparecimento de vida se façam presentes.

 

 4 – Qual a trajetória do Espírito após o Big Bang e o aparecimento da vida

4.1 – O aparecimento da vida:

A questão 37 de O Livro dos Espíritos diz: “O Universo foi criado ou existe de toda a eternidade como Deus? É fora de dúvida que ele não pode ter-se feito a si mesmo. Se existisse como Deus, de toda a eternidade, não seria obra de Deus”.

Com relação à vida na Terra, na questão 45, os Espíritos respondem a Kardec, referindo-se aos elementos orgânicos: ”Achavam-se por assim dizer, em estado fluido no espaço no meio dos Espíritos, ou em outros planetas, à espera da Criação da Terra para começarem existência nova em novo globo”.

Mas o que pensam os cientistas, ou melhor, em qual caminho marcha a Ciência na busca da origem da vida na Terra, ou no universe à partir do que se conhece na Terra? Os cientistas pesquisam as moléculas mais básicas, presentes em todos os organismos ou a capacidade de reproduzir-se que são as proteínas e ácidos nucléicos, como cita Carl Sagan, em artigo publicado na Revista Superinteressante de janeiro de 1988, intitulado “como a vida começou”.

“As proteínas controlam a química e a arquitetura de cada célula (...)”. “Elas determinam o ritmo segundo o qual outras moléculas interagem. Elas guiam o metabolismo. Os ácidos nucléicos são as moléculas mestras da vida. Com apenas algumas poucas possíveis exceções, contém toda a informação hereditária”, afirma o cientista no seu artigo.

Foi nessa linha de pesquisa que dois cientistas americanos- Harold Urey e Stanley Muller- da Universidade de Chicago, no começo dos anos 50, realizaram uma experiência que simulava as condições atmosféricas existentes no nosso planeta há 4 bilhões de anos (os sinais de vida já detectados datam de 3,8 bilhões de anos).

O experimento consistia em introduzir num frasco de vidro, hidrogênio, metano, amônia e água que, acredita-se, formavam a atmosfera da Terra, naqueles tempos. A água foi mantida fervendo enquanto, periodicamente, descargas elétricas cortavam o ambiente. Após dois dias formou-se um caldo amarelado; com maior fervura passou a rosa, ou seja, foi possível obter compostos orgânicos mais complexos. Naturalmente, não se criou vida naquele frasco, mas comprovou-se como poderiam ter surgido as primeiras proteínas.

A colocação “estes germes permaneceram em estado latente de inércia, como a crisálida e as sementes de plantas”, que esta na questão 44, de O Livro dos Espíritos, considerando, pois, literalmente, que os princípios vitais estariam como germe, pode ser interpretado de diversas maneiras.

Se, contudo, apenas compararmos os conhecimentos científicos da época, que também seriam os que possivelmente teriam os Espíritos que deram comunicações a Kardec, podemos tirar algumas posições. O Livro dos Espíritos foi publicado em 18 de abril de 1857, enquanto o trabalho mais importante e que abriu canal de discussão sobre a origem da vida, “Origem das Espécies”, foi publicado por Charles Darwin em 24 de novembro de 1859.

Antes de Darwin, todos os trabalhos baseavam-se na criação espontânea, a cargo de um ato executivo de Deus. Dessa forma, interpreta-se que os Espíritos não tinham uma visão evolutiva, sendo suas posições mais próximas da criação espontânea do homem, na origem dos tempos, como dá entender a questão 49, do capítulo citado.

A Ciência não busca  acabar com Deus, nem nada parecido, na verdade a ciência isola a ação Divina. Apenas procura descobrir as leis naturais e os mecanismos de ação dessas leis. Aliás, a existência de Lei, admite um legislador.

As experiências feitas em nossos dias pela Engenharia Genética jamais conseguiram criar a vida. Mas ajudaram muito a viabilizar uma condição acessória (exemplo do bebe de proveta), mas a ligação do principio espiritual às moléculas orgânicas continuam um mistérios a ser decifrado.

Hoje se conhece muito mais que em 1857, acerca da evolução material, mas pouco ou nada se acrescentou a questão fundamental: o que é a vida? Mas isso é tema para outro artigo.[14]

 

4.2 – no Universo

 

Como se desenvolveu o Espírito?

tese que desenvolvo é que Deus criou a matéria e o espírito ao mesmo tempo, no chamado “Big Bang” ,há 14 bilhões de anos atrás, sendo a matéria o laço que prende o espírito (LE – questão 22). Tomando como base o nosso planeta, a evolução dos espíritos que aqui se desenvolveram, seria como no quadro acima.

Desta forma, o princípio espiritual evolui, de seu estado inicial que chamamos didaticamente de Principio Espiritual Arcaico, até a forma Espiritual que habita os nossos corpos físicos

Assim teríamos as seguintes fases que o espírito passaria, desde a sua criação até a fase de sabedoria:

1 -Do Big Bang até o surgimento da vida em algum planeta é necessário um processo de formação de matéria, o que chamarei a seguir de tijolos da viida, na Terra, 10,5 bilhões de anos após o Big Bang só , existia  o Principio Espiritual Arcaico, este evoliu muito pouco absorvendo os reflexos de suas interações com a matéria, através das constantes transformações que a mesma é sumetida. Neste período há o predomínio do Principio Espiritual Arcaico.

2 – Quando  surge a vida, na tese da pluralidade dos mundos habitados, nos diversos locais do universo  o Principio Espiritual começa a se desenvolver em seres vivos primitivos dos reinos mais simples que acreditamos possam surgir semelhantes aos Reinos  Monera, Protista, Fungo e Planta, que conhecemos na Terra. Nesta fase este Principio receberá o nome didático de Principio Espiritual Vital, onde o Principio Espiritual Vital  aprende por reflexos e por instinto e torna-se o agente da manutenção da própria vida; Neste período então existe o predomínio do Principio Espiritual Vital sobre o Principio Espiritual Arcaico  que segue interagindo com a matéria e coexistindo com  o Principio Espiritual Vital, já diferenciado do seu antecessor.

3 – Como não detectamos a vida fora da Terra ainda, vamos usar o exemplo terreno para explicar a trajetória evolutiva do Espírito. A busca de vida fora da Terra persiste, portanto a Doutrina Kardecista precisa estar atualizada e capaz de explicaá-la a luz da ciência.

 

4 – Acreditamos que à partir de seres com características semelhantes aos dos animais da Terra, ou seja com mobilidade, com corpos físicos mais desenvolvidos, adaptados aos planetas onde se desenvolveram através da lei natural da sobrevivência do mais forte e da adaptabilidade, o Princípio Espiritual sofra um grande avanço evolutivo, comparado aos outros tipos de vida disponíveis até então. O desenvolvimento destes seres vivos até um nível civilizatório, é uma incógnita, pois os corpos precisariam passar por dificuldades as mais diversas que levassem a este desenvolvimento. Mas é possível imaginar que isto tenha ocorrido ou esteja ocorrendo em diversos pontos do universo, dado onúmero impressionante de estrelas e planetas existentes no universo e claro à existência da lei natural de progresso.

Atualmente existem diversas pesquisas de busca de vida extra-terrestre que não entraremos em detalhes aqui, mas que desenvolvemos no trabalho -  Análise da necessidade de recorrermos à exobiologia , quer física, quer espiritual para explicar o desenvolvimento das civilizações na Terra. Apresentado no X SBPE em 2007[15]. Existem alguns estudos no MIT (Massachusetts Institute of Technology) onde um projeto está sendo desenvolvido para cirar um equipamento capaz de analisas rochas marcianas e comparar possíveis DNAs de microorganismos existentes ou fossilizados com os DNAs terrestres buscando correlação entre eles[16].

 

Ou seja, se no futuro as missões robóticas que estamos enviando a Marte conseguirem obter algum sinal de vida em sua superfície, seremos capazes de saber se existe relação entre estas formas de vida e as desenvolvidas na Terra, e porque isto? Pois permanentemente nosso planeta tem recebido metoritos oriundps de Marte, sim, porque há cerca de 2 bilões de anos todos os planetas do sistema solar estavam permanentemente entrando em choque com asteroides.

 

A grnade incógnita aqui é que, a vida pode surgir e não permanecer, por razões que entenderemos melhor no próximo capítulo.

 

 4.3 – na Terra

Como foi o desenvolvimento do corpo físico?

Os tijolos da vida - a composição da química da vida em todas a formas de vida que conhecemos, dependem da presença de alguns elementos químicos principais: são eles:  Hidrogênio, Oxigênio, Carbono e Nitrogênio. Todos os outros elementos químicos juntos representam menos de 1% da massa do corpo humano, como exemplo.

Não é a toa que os quatro elementos principais fazem parte dos seis elementos mais comuns do Universo, os demais são Hélio e Neón. Curiosamente, estes 4 elementos básicos para a vida não são tão presentes na Terra, como o são no espaço, ou seja a incidência destes elementos na Terra, onde sabidamente há vida, é menor do que na média dos outros locais do universo, demonstrando que os componentes químicos necessários ao aparecimento da vida, são muito comuns no universo, nos permitindo pensar que, se as condições ambientais favorecerem, a vida pode se originar em qualquer lugar no espaço onde são gerados no interior de estrelas.

O processo de formação de uma estrela até a sua destruição não é muito rápido e está na casa de bilhão de anos. Assim é provável que nos primeiros 2 bilhões de anos pouco ou quase nenhum carbono estivesse disponível. Passado portanto esta primeira etapa orfã de Carbono, começam novos ciclos de vida de estrelas, e neste aspecto é importantíssimo o caos a que se segue a uma explosão de uma nova ou de uma supernova, pois ela espalha nas regiões interestelares, uma nebulosa, repleta destes elementos mais pesados, como Carbono, Silicio, Ferro, Níquel misturados a uma quantidade enorme de gases, como hidrogênio, oxigênio, hélio e neón.

Como toda a vida até hoje detectada, está baseada no Carbono e na química orgânica, podemos pensar que nos primeiros bilhões de anos após o Big Bang, nenhum princípio espiritual pudesse ter evoluído a espírito.

À partir de uma nebulosa há cerca de 5 bilhões de anos atrás, fez-se surgir o Sol e seu sistema planetário e com o tempo a vida na Terra.

Processo de aparecimento da vida na Terra:

1. Formação da crosta sólida no planeta (desta crosta todos os elementos químicos serão extraídos;

2. Formação de grandes oceanos ( existência de água no estado líquido que se deveu muito provavelmente a uma série de choques de cometas contra o nosso planeta[17]);

3. Existência de uma atmosfera rica em CO2, CH4 e vapor d’água que favoreceu o aparecimento do efeito estufa que tanto nos incomoda hoje, mas que provocava grandes convecções na atmosfera e como consequência tempestades e raios elétricos)- isto permitiu a sintetização de aminoácidos;

4. Existência de um satélite de proporções planetárias[18] – a Lua, que a 3,5 bilhões de anos estava a 1/3 da distancia atual da Terra e provocava marés 9 vezes mais altas e vulcanismos na superfície da Terra. Com isto os oceanos varriam a superfície da Terra com força colossal, trazendo e misturando os elementos químicos necessários para o surgimento dos primeiros sistemas autonomos[19] ( vida) provavelmente no fundo dos oceanos, adsorvidos às conhecidas pedras pome;

 Ao surgir a vida na Terra, há 3,5 bilhões de anos, por cerca de 2 bilhões de anos o Principio Espiritual desenvolve-se em seres vivos primitivos dos reinos  Monera, Protista, Fungo e Planta. Nesta fase este Principio receberá o nome por nós criado didáticamente como de Principio Espiritual Vital , onde o Principio Espiritual Vital aprende por reflexos e por instinto e torna-se o agente da manutenção da própria vida; Aqui, na Terra, como na regra geral do Universo - Neste período então existe o predomínio do Principio Espiritual Vital sobre o Principio Espiritual Arcaico  que segue interagindo com a matéria e coexistindo com  o Principio Espiritual Vital, já diferenciado do seu antecessor

Há cerca de 500 milhões de anos, surge a vida animal, muito mais complexa. Esta é a fase na qual Kardec costuma chamar o espírito de Principio Espiritual Propriamente Dito - PE. O Principio Espiritual Propriamente Dito aprende por reflexo, instinto e inteligência rudimentar; Iniciamos então o período onde o predomínio do Principio Espiritual Propriamente Dito, seguem atuam, cada qual em seu nível de evolução  o Principio Espiritual Vital e o Principio Espiritual Arcaico.

O Princípio Espiritual estagiou, desde os primeiros organismos unicelulares até os animais de hoje. Através da análise do DNA de todos os seres vivos podemos determinar que o primeiro animal a surgir na Terra foi a esponja marinha (DNA)[20]

Há  cerca de 4,5 milhões de anos o PE evolui para a forma de Espírito, encarnando em corpos de hominídeos onde o senso moral passa a preponderar em sua jornada, sendo o fator diferencial, associado ao desenvolvimento da inteligência. O Espírito passa a aprender por reflexo, instinto, inteligência e por interação moral.

A partir deste primeiro animal, os mecanismos já citados de evolução, fizeram em 500 milhões de anos, evoluíssemos até as formas humanídeas e bem mais perto de nós, nos últimos 500 a 250 mil anos evoluir até o Homo Sapiens.

Hoje, todas as fases de evolução espiritual estão presentes na Terra e no Universo. Se concentrarmos nossa atenção no espírito enquanto potência da natureza, poderemos dispensar alguns conceitos como, fluído animal, princípio vital e princípio inteligente que muito mais confundem que esclarecem a natureza das coisas.

 

Descrevemos em mais detalhes este processo e mesmo a evolução do princípio espiritual no planeta Terra, através dos seguintes trabalhos apresentados em Simpósios Brasileiros dos pensamento Espírita;

1 – O Ser humano e a evolução – Uma análise pré-histórica[21]

2 - A Evolução do Princípio Espiritualdo átomo ao Espírito Superior - Uma releitura da Codificação:[22]

 


5 – Conclusões:

 

Considerando os limites impostos a nossas reflexões, ou sejam existência de Deus, do espírito e da matéria, esta última representada desde as mais diversas formas de energia até a menor partícula sub-atômica, passando por todos os estados em que a mesma pode se apresentar. Sabendo  que o espírito é criado simples e ignorante (princípio), devemos portanto admitir que o espírito vá se tornando mais complexo desde a sua criação até um momento qualquer que o analizemos além de que as observações do universo levam à conclusão de que a hipótese do Big Bang é a mais provável para o surgimento do universo que conhecemos.

Considerando também os mecanismos de conhecidos até o momento para o aparecimento e o desenvolvimento de vida no Universo, partindo da experiência terrestre propomos que:

1 – O espírito foi criado junto com a matéria no Big Bang, denominado por mim de Pricípio Espiritual Arcaico, com baixa taxa de evelução, no contando com o potencial de evoluir.

2 – Quando a vida surge, os Pricípios Espirituais Arcaicos passam a ter maior mobilidade e evoluem a outro tipo de princípio espiritual que chamo de Pricípio Espiritual Vital, que irá evoluir nas espécies inferiores da natureza.

3 – Quando a vida evoluiu a espécies animais – o princípio espiritual agrega mais desenvolvimento e passa a incoporar o instinto, aqui chamamos didaticamente de Princípio Espiritual Propriamente Dito.

4 – Quando o pricipio Princípio Espiritual Propriamente Dito chega a fase de compreender a existência do outro, ele se eleva a categoria de Espírito, isto ocorre em nosso planeta quando surgem os hominídeos.

Consideramos também que o mecanismo de evolução seja o da adaptação do mais forte, ou como é conhecido como a teoria da evolução das espécies primeiramente descrita por Darwin. Existe sempre a atuação do Princípio Espiritual no processo, mas não há indicação de evolução por saltos.

 

 6. Referências:

 

AMABIS, JOSÉ MARIANO & MARTHO, GILBERTO RODRIGUES – Fundamentos da Biologia Moderna – editora moderna, Belenzinho _ SP 2002 – página 6.

ANDRADE, HERNANI G. – Morte Renascimento Evolução – uma biologia transcendental – Ed. Pensamento –1983 – página 18.

––- Psi quantico – uma extensão dos conceitos Quânticos e Atõmicos à Idéia do Espírito – Ed. Pensamento – SP – 1986  página 98.

BEISER, ARTHUR – Conceptos de fisica moderna – McGraw-Hill Mexico – 1973.

CHARON, JEAN E. - Espírito este desconhecido – Ed. Melhoramentos, 1977.

CIAMPONI, DURVAL – A Evolução do Princípio Inteligente – FEESP – 1999.

––- Perispírito e corpo mental – sede da memória, geração espontânea e Evolução anímica – FEESP -1999 SP- Brasil.

FERREIRA, AURÉLIO B. DE HOLLANDA – Pequeno Dicionário Brasileiro da Lingua Portuguesa –11a edição Gamma editora .

GLEISER, MARCELO – A dança do Universo – dos mitos de Criação ao Big-Bang - Ed. Companhia das Letras , 1997 – página 356.

GREENE, BRIAN – O tecido do cosmo – o espaço, o tempo e a textura da realidade – Ed. Companhia das Latras – 2004.

HAWKING, STEPHEN W – Uma breve história do Tempo – do Big Bang aos buracos negros;Editora Rocco, 1988 –Rio de Janeiro – RJ.

––- O Universo em uma casca de noz - Ed. Mandarim –São Paulo 2002, página 178.

JÚNIOR, ELISEU F. DA MOTA – Que é Deus? – Editora O Clarim – 2a Edição 1998 – página  33.

KARDEC, ALLAN – O Evangelho segundo o espiritismo – FEB.

-– O Livro dos Espíritos – Ed FEB 1860 2a edição.

-– O Livro dos Médiuns – Ed FEB –50a Edição.

––- Revista Espírita –1860- Março Editora Edicel .

––- Revista Espírita –1868- Julho Editora Edicel.

––- A Gênese – os milagre e as predições segundo o Espiritismo ed. FEB 27a Edição.

LIMA, MOACIR COSTA DE ARAUJO – A Era de Espírito, AGE Editora, 2004 Porto Alegre, página 14.

LUIZ, ANDRÉ – Mecanismos da Mediunidade – FRANCISCO C. XAVIER E WALDO VIEIRA. Ed. FEB – 1939 – página 43.

MACHADO, ALEXANDRE C - A Evolução do Princípio Espiritualdo átomo ao Espírito Superior - Uma releitura da Codificação.

––- Abrindo a sua Menteo que significam os termos teoria, hipótese e leis segundo a metodologia científica– Abril 2006.

––-  Abrindo a sua mente – O que são supercordas e a sua relação com o espiritismo – Jornal Abertura. Editora ICKS -Outubro 2004 – Santos. SP.

––- Abrindo a sua mente-O que é vida? Jornal Abertura Fevereiro 2006.

––- Análise da necessidade de recorrermos à exobiologia , quer física, quer espiritual para explicar o desenvolvimento das civilizações na Terra – X SBPE, santos –SP 2007.

––- O Ser humano e a evolução – Uma análise pré-histórica  - V SBPE, Cajamar 1997.

 

––-  Uma proposta de desenvolvimento do campo científico do Espiritismo – Teoria Científica Kardecista (TCK) –XI SBPE – 2009.

MORRIS, RICHARD – O que sabemos sobre o universo; Jorge Zahar Editor, 2001 Rio de Janeiro – página 48.

NATIONAL GEOGRAFIC – Origens da vida – A evolução das Espécies – Filme O início de tudo.

TERRA –Portal - Vida na Terra e em Marte podem ter origens comuns – Março 2011.

 

RÉGIS, JACI – Uma nova visão Do Homem e do Mundo – Ed. Licespe – Santos SP .

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RONAN, COLIN A. – História Ilustrada da Ciência – Universidade de Cambridge, volume III Circulo do Livro -1987 – página 96.

SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL  - Hubble – 15 anos de descobertas – Scientific American Brasil – DVD.

TYSON, NEIL DEGRASSE E GOLDSMITH, DONALD – Origins Fourteen Billion Years of Cosmic Evolution – Norton & Company – 2004 – página 234.

UZUNIAN, ARMÊNIO E BIRNER ERNESTO – Biologia – volume único – Editora HARBRA – página 9 São Paulo – SP – 2001.

VIDEIRA, A & Charbel Niño EI-Hani -  Para entender a biologia do século XXI. Editora Relume Dumara – Rio de Janeiro RJ –Brasil -2000.



[1] Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos 1858 Ed. FEB – questão 115

[2] Trabalho do SBPE - A Evolução do Princípio Espiritualdo Átomo ao Espírito Superior – Machado, Alexandre

[3] Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos 1858 Ed. FEB – questão 22

[4] Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos 1858 Ed. FEB – questão 115

[5] Régis, Jaci - Do Homem e do Mundo – Ed. Licespe – Santos SP –1994 - página 39

[6] Kardec, Allan – O livro dos Espíritos - questão

[7] Kardec, Allan – O livro dos Espíritos - questão

[8] Charon, Jean E. - Espírito este desconhecido – Ed. Melhoramentos, 1977

[9] Greene, Brian – O tecido do cosmo – o espaço, o tempo e a textura da realidade – página 117

[10] Greene, Brian – O tecido do cosmo – o espaço, o tempo e a textura da realidade – página 115

[11] Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos – questão 540.

[12] Luiz, André – Mecanismos da Mediunidade – Francisco C. Xavier e Waldo Vieira. Ed. FEB – 1939 – página 43

[13] Andrade, Hernani G. – Psi quantico – uma extensão dos conceitos Quânticos e Atõmicos à Idéia do Espírito – Ed. Pensamento – SP – 1986  página 98

[14] Jornal Abertura – a origem da vida – Alexandre Machado – Fevereiro 1989

[15] Análise da necessidade de recorrermos à exobiologia , quer física, quer espiritual para explicar o desenvolvimento das civilizações na Terra

[16] Vida na Terra e em Marte podem ter origens comuns – Site Terra Março 2011

[17] Tyson, Neil DeGrasse e Goldsmith, Donald – Origins Fourteen Billion Years of Cosmic Evolution – Norton & Company – 2004 – página 233

[18] Hubble – 15 anos de descobertas – Scientific American Brasil - DVD

[19] Origens da vida – a Evolução das Espécies – National Geografhic - DVD

[20] National Geografic – Origens da vida – A evolução das Espécies – Filme O início de tudo.

[21] O Ser humano e a evolução – Uma análise pré-histórica – Alexandre Cardia Machado

[22] A Evolução do Princípio Espiritualdo átomo ao Espírito Superior - Uma releitura da Codificação – Alexandre Cardia Machado

 Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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sexta-feira, 7 de agosto de 2020

O Espírita na Civilização do Espetáculo - por Alexandre Cardia Machado

 

O Espírita na civilização do espetáculo

 

A partir de 1968, num movimento iniciado na França, estudantes anarquistas armam barricadas em Paris e este movimento ganhou o mundo, os estudantes predominantemente socialistas queriam mais liberdade, mais espaço, menos estado, deste movimento nascido na Universidade de Paris e a seguir vai pela Sorbonne surgiu a chamada  contracultura como imortalizada na canção de Caetano Veloso - É proibido proibir.

No ocidente a moda pegou. Em Praga, justamente no mundo socialista, na reclusão da Cortina de Ferro a iniciativa terminou com os tanques acabando com a festa na chamada Primavera de Praga contra o Stalinismo. Houve claro reações na França e em outros países, mas a resultante deste movimento só proliferou mesmo onde já existia o estado democrático de direito implementado. Qual foi a resultante disto? O sistêmico ataque à tradição, a implantação das ideias socialistas nas áreas humanas das universidades e a valorização do pluralismo em todas as suas formas. Vivemos este processo que tem pontos positivos e negativos.

Não buscamos aqui criticar esta ou aquela tendência ideológica, mas sim reconhecer que estamos mergulhados na sociedade ou até na civilização do espetáculo.

Mario Vargas Llosa - Prêmio Nobel de Literatura em 2010 -  escreve em 2012 um livro denominado – A civilização do espetáculo – Uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura, livro que compila alguns artigos publicados no jornal “El país” de Madri, alternados de capítulos mais aprofundados sobre o momento vivido pela cultura no século XXI. Este livro dialoga com o escrito por Guy Debord – A sociedade do espetáculo - de 1967, Debord é protagonista dos eventos desencadeados em 1968, época de Guerra Fria, Guerra do Vietnam, movimento hippie e muitas outras mudanças sociais.

Cultura, Política e Poder

O livro de Vargas Llosa parece ter sido escrito para o momento que presenciamos nos últimos anos no Brasil, trago ao nosso público espírita com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de nosso senso crítico, tão importante para que possamos exercer nosso livre arbítrio.

Segundo Vargas Llosa, “cultura não depende de política, em todo caso não deveria depender, embora isso seja inevitável nas ditaduras ... o resultado deste controle,” (do estado) “como sabemos, é a progressiva transformação da cultura em propaganda. Numa sociedade aberta, embora a cultura se mantenha independente da vida oficial, é inevitável e necessário que haja relação e intercâmbios entre cultura e política”.

Podemos observar claramente, no Brasil, após a entrada do presidente Bolsonaro, o porquê da reação do meio cultural ao mesmo, pois em que pese nos governos anteriores estarmos numa sociedade aberta, houve sim, muito apoio oficial a iniciativas culturais, nem tão independentes assim, havia claramente um viés ideológico. Para o seguimento da cultura, a chegada de Bolsonaro representou uma ameaça, pois ele traz um ideário muito diferente, tradicional, moralista.

Vargas Llosa, chama a atenção que é justamente nestas sociedades abertas que “... ocorre o curioso paradoxo de que, enquanto nas sociedades autoritárias é a política que corrompe e degrada a cultura, nas democracias modernas é a cultura – ou aquilo que usurpa seu nome – que corrompe e degrada a política e os políticos”. O autor costuma neste livro navegar entre cultura e jornalismo pois hoje os jornais televisivos passaram mais a ser um show, assim se refere a este último que ele considera que tem mudado de investigativo para espetaculoso.

“O avanço tecnológico audiovisual e dos meios de comunicação, que serve para contrapor-se aos sistemas de censura e controle nas sociedades autoritárias, deveria ter aperfeiçoado a democracia e incentivado a participação na vida pública. Mas teve efeito contrário, porque em muitos casos a função crítica do jornalismo foi distorcida pela frivolidade e pela avidez de diversão da cultura reinante”.

Wilson Garcia, em 2003 no VIII SBPE – Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita apresentou um trabalho – O Espiritismo na Sociedade do Espetáculo - que permanece inteiramente atual. Destaco um parágrafo: “ O espetáculo, contudo, predomina sobre a informação ou até mesmo por conta da informação, e está presente nas imagens e acima de tudo como ideologia consumada por um consenso de prática, como a dizer que só é possível ser eficiente na conquista de mentes e corações se a produção e a veiculação de mensagens obedecer aos critérios que o sentido do espetáculo impõe. Diante disso, ao Espiritismo resta resolver o conflito de produzir a sua “divulgação” sob o império do espetáculo sem perder a capacidade de falar sobre suas propostas com a coerência e a lógica interna da doutrina. Será isso possível?”.

Vamos tentar responder a esta pergunta no fim deste artigo.

Como exemplo disto presenciamos diariamente nos diversos meios de comunicação uma briga entre Bolsonaro e a Rede Globo de Televisão, os motivos desta disputa são diversos e não perderemos tempo em tentar descrever. Acreditamos que cada leitor tenha a sua própria visão sobre isto.

Ou seja, tudo acaba se transformando num espetáculo, o IBOPE do Jornal Nacional havia muito não era tão alto, contra ou a favor, todos querem assistir o último capítulo da novela Globo x Bolsonaro, foi antes assim com o cai não cai de Temer, foi assim com o impedimento da Dilma, com a lava jato.

No entanto chamo a atenção a uma recente pesquisa de opinião do Instituto Paraná Pesquisas, onde procurou-se saber em quem o brasileiro confiava mais: “Das 2.390 pessoas ouvidas na pesquisa, por amostragem, 37,9% alegou que confia mais em Bolsonaro. Já para 32,6%, confiaval mais no apresentador do Jornal Nacional e contratado da Globo, William Bonner”. Só por fazermos esta pesquisa, fica demonstrado o quanto se misturam cultura, jornalismo, política na sociedade do espetáculo. Tudo o que importa são imagens, fofocas, idas e vindas. Segundo Llosa “...transformar em valor supremo essa propensão natural a divertir-se tem consequências inesperadas: banalização da cultura, generalização da frivolidade e, no campo da informação, a proliferação do jornalismo irresponsável da bisbilhotice e do escândalo”. Quem ainda não se pegou, repassando mensagens sobre “a última” de algum dos envolvidos, memes etc. fazemos isto achando que é o natural, não importa se é verdadeiro, contanto que o outro sorria ou fique com muita raiva, conforme seja o nosso desejo.

Recorrendo mais uma vez a Wilson Garcia: “ A cultura do espetáculo é dominante por cumprir aquilo que Debord coloca: “o que aparece é bom, o que é bom aparece”(grifo meu). A crítica, portanto, da mídia do espetáculo é o reconhecimento de que ela faz do espetáculo essa razão social de viver. A notícia é espetáculo na TV, mas também nos jornais, nas revistas e nas emissoras de rádio. E é notícia sob o formato do espetáculo não apenas o fato, o acontecimento inusitado; também aquilo que antes não era, ou seja, a vida privada. O privado e o público se confundem nesse cenário difuso, assim como os interesses que dominam o público e o privado” . O indivíduo permite que sua intimidade adquira visibilidade por conta de uma certa consciência da necessidade de tornar-se visível para obter reconhecimento; o espetáculo midiático é o meio pelo qual a visibilidade pode alcançar a dimensão pública mínima. A vida que se torna espetáculo deixa de ser a vida para se tornar espetáculo. Dentro desse contexto, cabe perguntar: qual é a possibilidade de ser sem tornar-se espetáculo?

 

Escultura em Praga, na Jungmann Square –Adão e Eva do artista Tcheco Krystof  Hosek

Retornando a 1968, é correto pensar que é proibido proibir, ao menos no que diz respeito à liberdade de pensar e à liberdade de expressão, a Lei de Destruição nos ajuda a entender a dinâmica da sociedade em permanente evolução. Mas ao Espiritismo cabe ver a agir para que este movimento da sociedade seja pelo bem maior.

Jaci Régis num artigo denominado - Sobre o Comportamento – no livro de 1990 – Caminhos da Liberdade que reúne alguns artigos desta página 2 no jornal Abertura assim se refere às razões individuais que nos levam a reagir aos costumes. “Reclama-se, porém, contra o que parece um excesso de teorização e pede-se noções objetivas, claras, determinando o que é ou não compatível com a moral. Todavia, é da essência do próprio sentido evolucionário da vida, deixar que cada um elabore seu código moral, seus valores. Parece inquestionável, que a vida pede um sentido espiritualizante, para que a coragem para romper as tenazes do moralismo castrador, não se converta em flagelo da própria alma, pervertidos em seu sentido de crescimento, para transformar-se em instrumentos de desfribilamento da alma. O comportamento espiritualizante baseia-se, pois, no sentido libertador, na ruptura, desatrelando o ser de imposições culturais superadas e projetando uma nova noção de moralidade que não cerceie, contingencie ou castre o Espírito. “

Mario Vargas Llosa parece chegar à mesma conclusão de Jaci Régis 22 anos depois – “O desapego à lei nos leva de maneira inevitável a uma dimensão mais espiritual da vida em sociedade. O grande desprestígio da política relaciona-se sem dúvida com a ruptura da ordem espiritual. (...) ao desaparecer essa tutela espiritual da vida pública, prosperaram todos os demônios que degradaram a política e induziram os cidadãos a não ver nela nada que seja nobre e altruísta, e sim uma atividade dominada pela desonestidade. A Cultura deveria preencher esse vazio que outrora era ocupado pela religião. Mas é impossível que isso ocorra se a cultura, atraiçoando essa responsabilidade, se orienta resolutamente para a facilidade, esquiva-se aos problemas mais urgentes e transforma-se em mero entretenimento”.

 

Fake News e a exposição do privado

Tramita agora na Câmara dos Deputados, após ter sido aprovada no Senado mudanças na legislação, enfocada na contenção da difusão das chamadas “fake news” (notícias falsas – boatos, usados para denegrir políticos, mecanismo já descrito por Maquiavel, como uma estratégia que os “príncipes” deveriam usar contra seus inimigos, já no século XVI), portando não sendo nada novo.

Vargas Llosa, escreve um parágrafo que cabe como uma luva ao momento que vivemos: “Não se trata de um problema, porque os problemas têm solução, e este não tem. É uma realidade da civilização de nosso tempo diante da qual não há escapatória. Teoricamente, a justiça deveria fixar os limites a partir dos quais uma informação deixa de ser de interesse público e transgrida o direito à privacidade dos cidadãos. Na maioria dos países, semelhante julgamento só está ao alcance de astros e milionários. Nenhum cidadão comum pode arriscar-se a um processo que, além de afoga-lo num mar litigioso, acarretaria altos custos em caso de perda da ação”.

Não atoa a  lei de Liberdade e a Lei de Justiça estão em sequência no Livro dos Espíritos, se por um lado somos livres para pensar em qualquer coisa, nossas ações sempre trazem consequências, que podem em alguns casos ferir direitos, reputações, interesses enfim, causar alguma reação no campo da justiça a outrem. Atualmente qualquer pessoa, de posse de um smartphone está com as portas escancaradas para o mundo inteiro, uma foto, um vídeo pode causar consequências enormes, vejam o exemplo da morte por asfixia filmada de George Floyd causou reações no mundo inteiro. Quem sabe selando a sorte do Presidente Trump nas eleições americanas este ano? As reações no mundo todo demonstram que o que fazemos em público, ou mesmo no privado uma vez tornado público tem consequências.

Se divulgarmos notícias falsas, se mostrarmos nossa intimidade, se formos uma celebridade poderemos fazer sucesso ou então passarmos por um grande vexame.

Na questão 830 do LE assim nos dizem os amigos espirituais “o mal é sempre o mal, e todos os vossos sofismas não farão que uma ação má se torne boa. Mas a responsabilidade do mal é relativa aos meios que se tem de compreendê-lo” ao que tudo indica no Brasil, seremos forçados e entender as consequências através do rigor da lei.

Os Espíritas:

Wilson Garcia explora bastante a questão da penetração da divulgação do espiritismo na civilização do espetáculo, como  transformar o conhecimento espírita em algo significativo numa sociedade fútil?

“O desafio espírita, em tempos de intensa consciência da necessidade de fazer com que o maior número possível de pessoas conheça a Doutrina, consiste na solução de um conflito ético: como divulgar sem tornar a Doutrina um espetáculo de aparências? Esse desafio, contudo, só existe como tal para aqueles que concebem a existência do conflito. Os que não percebem qualquer tipo de contradição entre as condições colocadas e o sentido espírita do saber, ou que não lhes atribuem um valor considerável, não têm que se preocupar com o desafio.”

Este parece ser o ponto principal, a força do meio é enorme, o consumismo, a universalidade do conhecimento tende a diluir todas as doutrinas, os ideais libertários das estruturas sociais, iniciadas no pós-guerra que desencadeou nos fatos já relatados, também o são. Mas a mensagem da imortalidade dinâmica que o Espiritismo nos trouxe precisa superar todos os obstáculos e se fazer presente entre os espíritas e perante a sociedade.

Como enfrentar, primeiro tendo consciência de que vivemos neste mundo, onde a aparência, o status, são um fator que se estabeleceu. Cada indivíduo pode ser um influenciador digital, as mídias socias estão aí.

Segundo Wilson Garcia “A questão enlaça os dois pontos anotados: a cultura do espetáculo, que domina o cenário social, e a consciência construída por essa cultura. Uma massa de criaturas, submetida às mensagens constantes de uma “realidade” na qual todos estamos imersos, é levada à adoção de uma consciência passiva e favorável ao espetáculo. A crítica portanto, deve alcançar em primeiro lugar à cultura dominante, ao sistema que reproduz a cultura e faz dela o elemento de dominação. Sob um fluxo permanente de mensagens altamente persuasivas para valores declarados naturais, a cultura tende a se reproduzir e a assumir a aura de natural. Daí o fato de as criaturas numa sociedade do espetáculo capitularem e assumirem o espetáculo como algo intrínseco e normal e convergirem para ele naquilo que as toca. Os espíritas, sob essa consciência, são levados também a adotar o sentido do espetáculo sem qualquer constrangimento e sem nenhuma preocupação com os sentidos dominantes”.

Buscamos portanto mais uma vez chamar a atenção para o papel do indivíduo e porque não, dos meios de divulgação espíritas, como este jornal, de que não nos deixemos cair na tentação da adesão incondicional ao espetáculo. Hoje existem milhares de coisas que ajudam a vida a ser melhor vivida, mas nunca nos esqueçamos de que o nosso Espírito Imortal, está aqui para ser feliz, para evoluir, para adquirir sabedoria, saibamos separar o joio do trigo.

Portanto, tanto no que diz respeito à cultura, jogos de poder ou a disseminação de fake news ou intimidades pessoas na internet, enquanto espíritas não podemos nos imiscuir de pensarmos e agirmos politicamente, não devemos praticar política partidária nas casas espíritas, mas precisamos sim pensar como interagir em nosso mundo sem sermos frívolos.

Enfim o que parece importante é exercermos nosso livre pensamento sempre de forma responsável e focado no bem, não podemos ser geradores nem multiplicadores do mal e nem precisamos ser agentes da civilização do espetáculo.

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Mario Vargas Llosa

É um escritor peruano, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 2010, nascido em Arequipa (1936) iniciou sua vida cultural e literária como socialista, mas que se afastou do mesmo após conhecer a União Soviética em 1966 e rompeu com os Castros por discordar da censura imposta em Cuba, segundo algumas de suas biografias. Em 1983 concorreu à Presidência da República Peruana e foi derrotado por Fujimori. Vargas Llosa tem uma ampla obra literária. (diversas fontes)

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Guy Debord 

Pensador Francês, marxista, seus textos foram a base das manifestações do maio de 68 – A Sociedade do Espetáculo é o seu trabalho mais conhecido. Em termos gerais, as teorias de Debord atribuem a debilidade espiritual, tanto das esferas públicas quanto da privada, a forças econômicas que dominaram a Europa após a modernização decorrente do final da Segunda Guerra Mundial (Wikipédia)

  

Alexandre Cardia Machado, engenheiro mecânico, reside em Santos

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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segunda-feira, 20 de julho de 2020

Abrindo A Mente: E se Deus fosse um de nós e a conquista da galáxia - por Alexandre Cardia Machado

O título pode ser um pouco exagerado mas ele decorre de um estudo e trabalho que desenvolvemos no ICKS há alguns anos. 

Estou transformando este trabalho em uma série de artigos explorando a possibilidade de que humanos venham e ocupar os diversos planetas que já sabemos que poderiam, sob determinadas circunstâncias abrigar vida. Vamos conversar sobre algumas hipóteses e como, com persistência, determinação e muito tempo, isto poderia acontecer. Estou me baseando num artigo publicado na Revista Scientific American em seu blog de autoria de Caleb Scharf – Diretor do Instituto de Astrobiologia da Universidade de Columbia. 

O Espiritismo tem como um de seus princípios a Pluralidade dos Mundos Habitados, as evidências cientificas nao demonstram isto, precisamos entender por que e quem sabe a vida seja muito mais rara do que imaginávamos.

 Na Via Láctea, talvez haja até 300 bilhões de estrelas. As melhores estimativas dos esforços de busca de exoplanetas, como as realizadas com o telescópio espacial Kepler da NASA, sugerem que dentro desse oceano de corpos estelares pode haver mais de 10 bilhões de mundos pequenos e rochosos em configurações orbitais propícias a condições de superfície temperadas. Essas manchas exoplanetárias podem gerar e suportar sistemas vivos e podem fornecer uma rede de pontos de referência para qualquer espécie determinada a migrar pelo espaço interestelar. Alguns estudos sobre o tema no século XX: O mais famoso é que, durante um almoço em 1950 com colegas cientistas, o físico Enrico Fermi reconheceu esse fato e, segundo a história, deixou escapar: “Você nunca se perguntou onde estão todos?” O paradoxo de Fermi: “a menos que espécies tecnologicamente proficientes sejam extremamente raras, elas deveriam ter se espalhado praticamente por toda a galáxia até agora, mas não vemos nenhuma evidência para elas”. Fermi calculou em termos aproximados que a Via Láctea poderia ser ocupada em alguns milhões de anos. 

Em 1975, o astrofísico Michael Hart produziu o primeiro estudo quantitativo e matizado dessa ideia, no qual apresentou o que ficou conhecido como "fato A." de Hart. Isso se refere à ausência de alienígenas na Terra hoje. Esse fato até agora cientificamente incontestável levou Hart à conclusão de que nenhuma outra civilização tecnológica existe atualmente - ou jamais existiu - em nossa galáxia. A chave dessa afirmação, assim como no insight original de Fermi, está no tempo relativamente curto, em termos espaciais, que aparentemente levaria para que uma espécie se espalhasse pelos 100.000 anos-luz da Via Láctea, mesmo usando modestos e muito mais lentos que sistemas de propulsão de foguetes como os que usamos na Terra nos dias de hoje. 

O físico Frank Tipler também estudou o problema e relatou seu trabalho em 1980, demonstrando, assim como Hart, que em poucos milhões de anos alienígenas adequadamente motivados poderiam realmente visitar todos os lugares. Dado que nosso sistema solar existe há 4,5 bilhões de anos e que a Via Láctea foi montada há pelo menos 10 bilhões de anos, houve tempo mais do que suficiente para que as espécies terminassem em todos os mundos habitáveis. Porém, essas investigações consideraram a propagação da vida um tanto diferente. 

Hart assumiu um processo de colonização “na carne” por uma espécie biológica, enquanto Tipler imaginou enxames de sondas, de máquinas auto-replicantes, ou seja carregando micro-organismos que se espalhariam sem restrições. Na maioria dos cenários de assentamento, os sistemas estelares e seus planetas tornam-se habitados, se ainda não eram, e servem como a próxima base de operações para o lançamento de novos sistemas. Para as máquinas auto-replicantes da Tipler, os principais limites de sua expansão seriam a disponibilidade de energia e matérias-primas suficientes para produzir cada geração subsequente e intensão permanente, pois trata-se de um processo de milhares de gerações. Sempre existem muitas suposições importantes em qualquer estudo como esse. 

Alguns são razoáveis e facilmente justificáveis, mas outros são mais complicados. Por exemplo, todos os cenários envolvem suposições sobre o escopo da tecnologia usada para viagens interestelares. Além disso, quando a espécie está “pronta para o passeio”, em vez de enviar emissários robóticos sofisticados, a suposição mais fundamental é que os seres vivos podem sobreviver a qualquer tipo de viagem interestelar. Sabemos que viajar a até 10% da velocidade da luz exige alguma tecnologia bastante selvagem - por exemplo, propulsão por bomba de fusão ou velas de luz colossais acionadas por laser. 

Também deve haver proteção contra os impactos desgastantes dos átomos de gás interestelares, bem como das migalhas de rochas que destroem as naves, cada uma das quais carrega o soco de uma bomba para uma espaçonave a qualquer fração decente da velocidade da luz. Viajar em velocidades mais modestas é potencialmente muito mais seguro, mas resulta em tempos de trânsito entre estrelas de séculos ou milênios - e está longe de ser óbvio como manter uma equipe viva e bem por períodos de tempo que podem exceder muito a vida útil individual. 

Veremos agora um pouco mais as dificuldades desta empreitada. 

Em outros lugares da galáxia, pode haver arquipélagos de espécies interestelares para quem os visitantes cósmicos são a norma, ou seja, aglomerados muito próximos de estrelas que em tese permitiriam vistas entre elas. Imaginemos que possam existir outras civilizações avançadas em outros planetas na nossa galáxia. As suposições mais controversas, no entanto, giram em torno de questões de motivação e projeções que se pode fazer sobre a longevidade de civilizações inteiras e seus possíveis assentamentos planetários. Ou então se uma espécie exótica simplesmente possa não estar interessada em alcançar outras estrelas? Toda a ideia de um possível assentamento galáctico literalmente desapareceria. 

Esse foi um argumento proposto por Carl Sagan e William Newman em 1983 como uma refutação ao que eles chamaram de "abordagem solipsista (idealista)" à inteligência extraterrestre. Já para o cosmólogo Jason Wright, esse tipo de proposição é, sem dúvida, uma "falácia". Dito de outra forma: parece impossível especular com precisão o comportamento de uma espécie inteira como se estivesse pensando com uma mente unificada. Nós, humanos, certamente não nos encaixamos nessa categoria, dificilmente a humanidade concordaria numa empreitada de séculos. 

Por outro lado mesmo que a vasta maioria das supostas civilizações espaciais da Via Láctea não tente se espalhar pela galáxia, basta uma cultura ( um planeta) indo contra a corrente para espalhar sinais de vida e tecnologia por centenas de bilhões de sistemas estelares. De fato, a história do paradoxo de Fermi está inundada de diversos debates sobre suas suposições subjacentes, bem como de uma enorme variedade de "soluções" postuladas. Poucas, se houver alguma, dessas soluções são prontamente testáveis. Embora alguns incluam ideias bastante diretas, outros são estritamente ficção científica.

Por exemplo, pode ser que o custo em recursos para atingir a capacidade de atravessar rapidamente o espaço interestelar seja muito alto, mesmo para uma espécie soberbamente tecnológica. Isso certamente poderia reduzir o número de exploradores. Ou talvez o crescimento populacional não seja, como muitos pesquisadores supõem, uma forte motivação para viajar para as estrelas, especialmente para uma espécie que restrinja quaisquer impulsos vorazes e desenvolva um ambiente verdadeiramente sustentável de coexistência em seu sistema doméstico e ambiental.

A derradeira revolução verde removeria o ímpeto de ir mais longe em busca de algo que não fosse a exploração científica. Podem também existir alguns tipos de impedimentos, como os religiosos, morais ou simplesmente desinteresse. Como alternativa, talvez cataclismos naturais, de explosões de supernovas a explosões do buraco negro central da Via Láctea, simplesmente eliminem a vida galáctica com regularidade o suficiente para impedir que ela se espalhe. 

Propostas mais ultrajantes incluem a hipótese do zoológico. Nesse cenário, estamos sendo mantidos deliberadamente isolados e no escuro pelos poderes alienígenas que eventualmente existem. Limitantes: Existem fatores básicos e universais em jogo, desde a escassez de bons lugares para ancorar até o tempo que leva para uma população se preparar para avançar mais no vazio. Cientistas tentando elaborar uma estratégia investigativa que fizesse o menor número possível de suposições não substanciadas e que pudesse ser testado ou restringido de alguma forma com dados reais chegaram a algumas conclusões:

No centro deste exercício, havia o simples pensamento: como ondas de exploração ou assentamento poderiam ir e vir através da galáxia, com humanos surgindo em um dos períodos solitários. Essa ideia está relacionada ao fato original de Hart - de que não há evidências aqui na Terra hoje de exploradores extraterrestres. Mas vai além, perguntando se podemos obter limites significativos para a vida galáctica, restringindo o período exato de tempo que a Terra poderia ter passado despercebida. 

Talvez há muito, muito tempo, alienígenas chegassem e se fossem. Ao longo dos anos, vários cientistas discutiram a possibilidade de procurar artefatos que poderiam ter sido deixados para trás após essas visitas ao nosso sistema solar. O escopo necessário de uma pesquisa completa é difícil de prever, mas apenas a situação na Terra acaba sendo um pouco mais gerenciável. 

A pesquisa local: 

Em 2018 Gavin Schmidt, do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA, junto com Adam Frank, produziu uma avaliação crítica para saber se poderíamos dizer com absoluta certeza se houve uma civilização industrial anterior a nossa na Terra. Por mais fantástico que possa parecer, Schmidt e Frank argumentam - como fazem a maioria dos cientistas planetários - que na verdade é muito fácil para o tempo apagar essencialmente todos os sinais da vida tecnológica na Terra.

 A única evidência real depois de um milhão ou mais de anos se resumiria a características estranhas, como moléculas sintéticas, plásticos ou precipitação radioativa. Restos fósseis e outros marcadores paleontológicos são tão raros e dependem de condições tão especiais de formação que podem não nos dizer nada neste caso. Schmidt e Frank também concluem que ninguém ainda realizou as experiências necessárias para procurar exaustivamente essas assinaturas não naturais na Terra. 

O ponto principal é que, se uma civilização industrial em escala própria existisse alguns milhões de anos atrás, talvez não soubéssemos disso. Isso absolutamente não significa que tenha existido; indica apenas que a possibilidade não pode ser rigorosamente eliminada. Nos últimos anos, buscam as implicações maiores e mais abrangentes da galáxia dessas idéias em uma investigação liderada por Jonathan Carroll-Nellenback, da Universidade de Rochester, e com Jason Wright, da Universidade Estadual da Pensilvânia. 

Um avanço no desenvolvimento de uma série de simulações de computador que permitem construir uma imagem mais realista de como as espécies podem se mover em uma galáxia considerando o seu próprio movimento. Como todas as estrelas se movimentam, elas podem abrir janelas de oportunidade ao se aproximarem, uma das outras. Se você tirar uma foto instantânea de estrelas a algumas centenas de anos-luz do sol, verá que elas estão se movendo como as partículas de um gás. 

Em relação a qualquer ponto fixo nesse espaço, uma estrela pode estar se movendo rápida ou lentamente e no que é efetivamente uma direção aleatória. Reduza o zoom ainda mais, para escalas de milhares de anos-luz, e você começará a registrar o grande movimento orbital compartilhado que carrega uma estrela como o nosso Sol pela Via Láctea, dando uma volta ao redor de seu núcleo a cada 230 milhões de anos. 

Estrelas muito mais próximas do centro galáctico demoram muito menos tempo para completar uma volta. odo este movimento tende a proporcionar oportunidades de aproximação entre estrelas, permitindo “janelas” de milhões de anos para que uma determinada civilização possa enviar missões a planetas que orbitem as estrelas com que se aproximam no espaço. Como estamos falando de números enormes de estrelas, a possibilidade de migração de seres vivos que possam existir na galáxia aumenta muito. 

Costumo sempre reforçar que a estrela mais próxima da Terra está a 4,25 anos-luz é a Próxima -Centauri, para termos uma ideia, chamamos a distância média da Terra ao Sol de 1 UA. Ou seja – uma unidade astronômica. Próxima - Centauri está a 268 mil UA. O objeto terrestre que está mais distante da Terra é a nave Voyager 1, lançada em 1977 e que está hoje a 148 UA, ou seja está 147 vezes mais longe do Sol que a Terra, isto em anos-luz significa 20, 35 horas-luz. Se a Voyager 1 estivesse indo na direção de Próxima-centauri poderia chagar lá daqui a 76 milhões de anos. 

O grande problema para a colonização interestelar é a distância. Mas se consideramos a possibilidade de uma aproximação de uma estrela, por este movimento da galáxia e se tivermos mais tecnologia e capacidade de viajar a velocidades maiores, em algum momento poderíamos saltar a outro sistema estelar. Em tempos de pandemia é bom pensarmos em como dar este salto. 

Estamos ainda que nos primeiros passos desta corrida. 

Gostaria de reforçar o novo princípio Espírta que defendo: Alguns planetas são habitados, quem sabe nos caiba vir a habitar outros planetas em algum momento no futuro. 

Para abrir mais a sua mente: veja no site da revista ScienficAmerican – home page – www.scintificamerica.com; veja também sobre a missão Voyager –  https://voyager.jpl.nasa.gov/mission/status/ 

Artigo publicado em 4 edições do Jornal Abertura de Janeiro a maio de 2020

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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segunda-feira, 6 de julho de 2020

Reencarnação, ponto de partida - por Roberto Rufo

Reencarnação, ponto de partida

 

"Se você vivencia sua espiritualidade, só pode esperar o melhor da vida, pois ou usufrui o sucesso ou aprende alguma coisa. É simples assim". (Leila Navarro ) .

 

No Jornal Espiritismo e Unificação, de abril de 1982 o pensador e jornalista espírita José Rodrigues escreveu uma coluna com o mesmo título que assino neste artigo. Esse trabalho foi recentemente reproduzido também no excelente livro "Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação" organizado pelos pensadores espíritas Ademar Artur Chioro dos Reis e Ricardo de Morais Nunes.

 

José Rodrigues nos alerta de que ao contrário do que Allan Kardec escreveu colocando a reencarnação como instrumento de progresso e justiça, criou-se no movimento espírita brasileiro um pensamento atávico que coloca a reencarnação como algo punitivo. A meu ver isso se deve principalmente ao relativismo intelectual e moral que contagiou a teoria espírita no Brasil, enfraquecendo os fundamentos da cultura espírita e consequentemente do convívio social, pois nos leva a um fatalismo, uma ideia que o Espiritismo não aceita segundo José Rodrigues.

 

Kardec já havia escrito que "normalmente, a encarnação não é uma punição para o Espírito, conforme pensam alguns, mas uma condição inerente à inferioridade do Espírito e um meio de progredir". Observa José Rodrigues que não se trata de uma expressão pejorativa; apenas identifica o nosso estágio. Desse modo, pode-se identificar que cada nova encarnação é um ponto de partida e não apenas como ponto de chegada.

 

O discurso espírita, constituído de serenidade e equilíbrio, encontra dificuldades para se impor pois os tempos atuais são de polarização ideológica, de materialistas ou de religiosos fanáticos. Esse fenômeno não se restringe ao Brasil, pelo contrário, contamina o debate político em várias partes do mundo. Na minha opinião sucede-se um abandono espiritual e cultural do Ocidente, quando se pretende anular as contribuições espirituais e transcendentais, até mesmo do cristianismo. Um mundo sem Deus. José Rodrigues afirma que "Deus é e Deus está, mas por suas leis, ditas inderrogáveis, sábias e justas, dentro das quais nos situamos, procurando nelas nos aprofundar. em busca da felicidade. que nunca é completa. Isso, a nosso ver, deve fazer com que se veja a encarnação como prova maior da imortalidade, o fator existencial que amplia nossa liberdade". É visível, como escreve o autor Eugenio Lara, que José Rodrigues possuía o dom da palavra escrita. Um texto primoroso.

 

Eu tenho um grande temor atualmente, que o Espiritismo seja levado para caminhos políticos onde por força da maior organização da política oficial ele se torne estéril e se esgote como um solo que não produz frutos. O outro lado que embarcou no aspecto religioso é a prova de que o espiritismo acabou cooptado e se perdeu. Não existe acordo entre desiguais.

 

 Roberto Rufo

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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quinta-feira, 2 de julho de 2020

O criacionismo com novo fôlego - Carolina Regis di Lucia Reinaldo di Lucia

O criacionismo com novo fôlego
 

Ah, esta nossa vida. É engraçado como as coisas são cíclicas, não é? A moda, os costumes ... Até a tecnologia – não é à toa que os discos de vinil, os famosos “bolachões”, estão encontrando novamente o seu lugar ao Sol.

Também é assim com as teorias que buscam explicar o mundo. Desde que Darwin e outros cientistas estabeleceram a Teoria da Evolução como sendo a forma mais provável pela qual a vida e o homem apareceram na Terra, os adeptos do criacionismo (Deus como criador, ao invés da evolução) sentem-se fortemente ameaçados. E, obviamente, reagem. Por exemplo, em 1925, no Estado do Tennessee, nos Estados Unidos, foi promulgada uma lei que estabelecia que o professor que ensinasse qualquer teoria contrária à bíblica, seria preso. Dirão, porém: vivemos novos tempos, o obscurantismo está acabado, a razão e a ciência triunfam. Será?

No final de janeiro passado, foi nomeado um novo presidente da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Benedito Guimarães Aguiar Neto, ex-reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. A CAPES é uma das principais agências de fomento à pesquisa no Brasil. Ligada ao Ministério da Educação, teve uma redução orçamentária de quase 50% para 2020 – e olhe que em 2019 já havia reduzido significativamente o número de bolsas. Certamente é um ataque, de dentro, contra tudo o que o Brasil consegue produzir de positivo no âmbito da pesquisa. Em outras palavras, estão acabando, cada vez mais rápido, com o ensino superior.

Ocorre que o sr. Aguiar Neto é um defensor do design inteligente, uma repaginação pseudocientífica do criacionismo. Sendo reitor de uma Universidade religiosa (presbiteriana) isso talvez não surpreenda. E, enquanto se mantiver como opinião pessoal ou, no máximo, com política de sua universidade privada, poderia ser aceitável.

O problema é que, na posição em que agora se encontra, pode interferir na produção científica do país, por exemplo, coordenando a negativa de bolsas para pesquisas que não estejam de acordo com suas opiniões. Ora, dirão, como já ouvi dizerem, não se vai definir a política científica do país por causa de uma opinião pessoal. Mas a opinião não é só pessoal - é a da bancada evangélica, que se torna mais abundante e poderosa a cada eleição.

Mas tudo o que é ruim pode ficar pior. No final do ano passado, Aguiar Neto afirmou, no site da própria universidade, que deseja disseminar esta teoria na educação básica, como um “contraponto” à ideia da evolução.

Fico me perguntando o que os espíritas pensam disto tudo. Afinal, apesar de a evolução ser um dos princípios básicos do Espiritismo, a primeira questão do Livro dos Espíritos afirma que Deus é a causa primária de todas as coisas, ou seja, temos algo de criacionista em nossa doutrina.

Sempre fui a favor da liberdade de pensamento e de expressão. Exatamente por isso é que não se pode permitir que nossas crianças tenham tolhidas o seu direito ao conhecimento. Porque a intolerância, seja ela política, religiosa ou de qualquer outra fonte, não se dá por satisfeita até que só haja uma única forma de pensar.


Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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