quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

A abusiva destruição da natureza segue inexorável. - por Roberto Rufo e Silva

 

                                                 A abusiva destruição da natureza segue inexorável.

 

"O mundo tornou-se perigoso, porque os homens aprenderam a dominar a natureza antes de se dominarem a si mesmos". (Albert Schweitzer).

 

"O prazer pelos bens terrenos têm limites traçados pela natureza para vos indicar o limite do necessário; mas, pelos vossos excessos, chegais à plena satisfação dos vossos apetites e acabam sendo punidos pela natureza". (Resposta dos espíritos à pergunta 713).

 

 

                                                          A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 foi a 26ª conferência das partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), realizada entre 1 e 12 de novembro de 2021 na cidade de Glasgow na Escócia foi um verdadeiro show de hipocrisia.

Os apóstolos do carvão, por exemplo o governo, a universidade e a mídia dos EUA são extraordinários produtores de advertências sobre a destruição do planeta. No entanto, os Estados Unidos são também um dos maiores produtores de carbono na Terra - e não querem fazer nada sério a respeito.

                                        O Livro dos Espíritos é um excelente alerta contra a destruição abusiva da natureza ao apontar esse perigo nas leis morais , especificamente na Lei de Conservação e na Lei de Destruição. Quando a destruição ultrapassa os limites da necessidade os espíritos dizem tratar-se da predominância da bestialidade sobre a natureza espiritual.

                                        Estamos na recente COP,  a de número 26 , e o planeta continua entupido de carvão. A China, país que mais consome carvão no mundo - são 5 bilhões de toneladas por ano, é uma beleza para o tal "efeito estufa" -, a Índia, o'segundo maior e os EUA, o terceiro, simplesmente se recusaram a aceitar qualquer acordo para reduzir suas emissões de carbono.

Allan Kardec fez o seguinte comentário à resposta dos espíritos na pergunta 714 : O homem, que procura nos excessos de todo gênero o requinte do gozo, coloca-se abaixo do bruto, pois que este sabe deter-se, quando satisfeita a sua necessidade, Abdica da razão que Deus lhe deu por guia e quanto maiores forem seus excessos, tanto maior preponderância confere ele à sua natureza animal sobre a sua natureza espiritual. As doenças, são, ao mesmo tempo, o castigo à transgressão da lei de Deus.

                                      A COP 26 (Conferência do Clima) foi uma exibição de vigarice, hipocrisia e arrogância de país rico; que diferença vão fazer a alface orgânica, a bicicleta e outras exigências morais dos militantes ecológicos, quando a China continua socando carbono no ar e os Estados Unidos viajando no mesmo bonde?  Não cedem em nada em seu consumo, mas gostam de dar lições de moral ao Brasil e aos países da África. 

Enquanto falam, o carbono deita e rola.

                                     Na pergunta 733 do Livro dos Espíritos Kardec indaga se a necessidade de destruição existirá para sempre entre os homens na Terra? Os espíritos respondem que a necessidade de destruição enfraquece entre os homens, à medida que o Espírito se sobrepõe à matéria, e é por isso que vedes o horror à destruição seguir o desenvolvimento intelectual e moral. 

Pelo que vejo e acompanho sugiro esperar sentado o desenvolvimento moral dos donos do poder.

 

Comunicado aos assinantes do Jornal ABERTURA

O nosso Abertura, colorido, online já é totalmente grátis, claro que somente na versão digital e com acesso livre em qualquer parte do mundo.

Você já pode baixar o Jornal Abertura digital diretamente, basta clicar sobre a foto no Blog do ICKS à direita, conforme mostra o círculo, na foto abaixo, logo ao entrar na página. Você poderá acessar todos os Aberturas de 2021, coloridos. Vá ao nosso Blog: https://icksantos.blogspot.com/

Ou se preferir, basta clicar diretamente no link abaixo e acessar o site da CEPA – Associação Espírita Internacional e ler o Abertura.

https://cepainternacional.org/site/pt/component/phocadownload/category/20-jornal-abertura-2021 

 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Abrindo a Mente - Utilidade das missões espaciais – exemplo de Marte: por Alexandre Cardia Machado

 

Utilidade para o Espiritismo das missões espaciais – exemplo de Marte:

Parte 1:

O princípio espírita da pluralidade dos mundos habitados nos impulsiona a acompanhar a exploração do planeta vermelho, que no momento é o maior e mais importante projeto de exploração espacial.

Uma questão sempre a ser discutida quando se refere à engenharia espacial é que, apesar de haver novidades a ser comemoradas, ela perdeu fôlego com o passar das décadas. As pesquisas hoje são muito mais aplicadas a atividades com finalidades práticas identificáveis, e a rede mundial de satélites faz parte do nosso dia a dia, comprovando sua eficácia a cada instante pela transmissão de informações em tempo real como todos podemos nos dar conta.

Marte é assunto de grande interesse científico — e há uma série de boas razões para isso. Desde o início da exploração espacial, acreditava-se que o planeta poderia ter sinais de vida, mesmo que já extinta. E o Planeta Vermelho já vem sendo explorado há 60 anos.

No espiritismo e interesse sempre existiu, Camille Flammarion (CF) em seu livro Pluralidade dos Mundos Habitados (PMH) já dizia isto, como destaco abaixo.

Allan Kardec, influenciado por Flammarion e por comunicações de Espíritos, como pode ser visto na revista Espírita, estava convencido que Marte era habitado. O que evidentemente comprovamos há 60 anos que não é assim.

Em agosto de 2020 escrevi um artigo sobre as 3 missões que foram enviadas ao Planeta Vermelho naquele ano. Produziremos uma série de artigos trazendo aos nossos leitores as novidades. Afinal Marte apresenta potencial para uma ocupação humana no futuro e, portanto, a sua enorme importância para a humanidade.

Parte 2:

Como já dissemos o princípio espírita da pluralidade dos mundos habitados nos impulsiona a acompanhar a exploração de Marte

Uma questão sempre a ser discutida quando se refere à engenharia espacial é que, apesar de haver novidades a ser comemoradas, ela perdeu fôlego com o passar das décadas. As pesquisas hoje são muito mais aplicadas a atividades com finalidades práticas identificáveis, e a rede mundial de satélites faz parte do nosso dia a dia, comprovando sua eficácia a cada instante pela transmissão de informações em tempo real como podemos ver em nossos celulares.

As missões a Marte em andamento hoje:

2001 Mars Odyssey (NASA- EUA, 2001)

Essa é a nave espacial da NASA que mais permaneceu ativa em Marte — ela foi lançada em 7 de abril de 2001 e continua funcional. Sua missão inicial era fazer o primeiro mapa global da quantidade e distribuição de diversos elementos químicos e minerais que constituem a superfície marciana, coisa que completou com sucesso em 2004. A partir de então, a NASA aproveitou a vida útil prolongada da sonda para realizar outras missões.

Mars Express (ESA- EUROPA, 2003)

Como principal objetivo, essa missão europeia busca água subterrânea através de uma órbita polar, ou seja, passa pelos polos norte e sul do planeta em suas voltas orbitais. A Mars Express é equipada com sete instrumentos científicos para ajudar em pesquisas sobre a  atmosfera, superfície, história da água e potencial de vida em Marte. A sonda encontrou no Planeta Vermelho algumas evidências de atividade glacial recente, vulcanismo explosivo e gás metano.

A missão também tinha um pequeno módulo de pouso chamado Beagle 2, que tinha o objetivo de explorar a superfície marciana, mas infelizmente ele não obteve sucesso no pouso.

Curiosity (NASA- EUA, 2011) – rover

Curiosity era o maior e mais robusto rover já enviado a Marte em sua época, perdendo apenas para o novo rover Perseverance. Foi lançado em novembro de 2011 e pousou em Marte em 5 de agosto de 2012, na região da cratera Gale. Foi o primeiro pouso realizado em Marte com a ajuda de um paraquedas e, momentos antes do contato com o solo, disparo de foguetes para diminuir a velocidade de descida. O rover pousou sobre as rodas, a corda foi cortada e o módulo de pouso voou para cair a uma distância segura, assim como fez a missão do Perseverance.segue operacional.

Mars Reconnaissance Orbiter (NASA -EUA, 2005)

Em 2005, a NASA lançou uma sonda com uma câmera, que, até então, era a mais poderosa já usada em uma missão de exploração planetária. O objetivo da Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) era analisar detalhes do terreno marciano com a maior clareza possível. De acordo com a NASA, suas lentes são capazes de identificar objetos do tamanho de um prato — lembrando que a sonda se encontra na órbita do planeta.

Mangalyaan (ISRO Índia, 2013)

A Mars Orbiter Mission, chamada de Mangalyaan, é uma sonda espacial lançada pela Índia em 2013 e está em órbita marciana desde setembro de 2014. Foi a primeira missão interplanetária do país, que se tornou a quarta agência espacial a chegar ao Planeta Vermelho, e a primeira nação asiática a alcançar esse objetivo. Além disso, foi a primeira nação no mundo a conquistar essa meta sua primeira tentativa.

Parte 3:

Como já dissemos o princípio espírita da pluralidade dos mundos habitados nos impulsiona a acompanhar a exploração de Marte, ainda mais porque recentemente aumentaram os indícios que Marte tenha tido um ambiente mais parecido com a Terra há milhões de anos atrás.

Revisemos as missões espaciais que estão em andamento em Marte:

MAVEN (NASA, 2013)

MAVEN (Mars Atmospheric and Volatile EvolutioN) é parte do programa Mars Scout da NASA, o que significa que se trata de uma missão menor e de baixo custo. A sonda ainda está coletando medições da atmosfera marciana para ajudar a entender as complexas mudanças climáticas no Planeta Vermelho. A missão poderá ajudar a finalmente compreender como Marte perdeu sua atmosfera no passado.

Missão ExoMars (ESA/Roscosmos, 2016)

A missão ExoMars é fruto de uma parceria entre a ESA (Equivalente à NASA da Europa) e a Roscosmos (Russia), e faz parte de um programa maior chamado Programa Aurora. O objetivo principal é buscar por sinais de vida antiga em Marte. A missão ExoMars Trace Gas Orbiter foi projetada para mapear a atmosfera marciana e analisar o metano e outros traços de gases presentes por lá, já que eles podem ser evidências de vida ou atividade geológica. Cabe aqui o fato de que emissões de metano seguem presentes em Marte.

InSight (NASA, 2018)

A sonda InSight foi lançada pela NASA para estudar o interior do Planeta Vermelho através de instrumentos geofísicos bastante sofisticados. A sonda é capaz de detectar algumas assinaturas dos processos de formação de Marte, além de medir os "sinais vitais" do planeta — especificamente através da sismologia, medições de fluxo de calor e rastreamento de precisão. Essa missão, que pousou na região Elysium Planitia em novembro de 2018, também inclui câmeras a bordo da sonda.

Em suma, a InSight é capaz de utilizar um mecanismo martelador que permite escavar cada vez mais fundo no solo para medir como o calor flui sob a superfície marciana. Deste modo, os cientistas buscamão saber mais sobre a composição do planeta e como ela evoluiu ao longo do tempo. Em outras palavras, trata-se também de um estudo sobre os planetas rochosos do Sistema Solar.

Tianwen-1 (CNSA China, 2020)

A China lançou a missão Tianwen-1 em 2020 e, em fevereiro de 2021 se tornou parte do grupo de nações que conseguiram colocar uma sonda na órbita de Marte. A missão inclui uma sonda orbital, um módulo de pouso estacionário e um rover Zhuroug, que têm o objetivo de estudar a areologia do Planeta Vermelho, além de aprender mais sobre o que haveria abaixo da superfície marciana.

Zhuroug – rover 9 (jipe) CNSA China, 2020))

Foi projetado para durar 90 dias, mas sua missão foi estendida.  Caso funcione por mais tempo. O jipe estuda a presença atual e antiga de água, a estrutura interna do planeta, a identificação de minerais e diferentes tipos de rochas na superfície e a análise do ambiente na atmosfera de Marte. O jipe pousou em Marte em maio deste ano.

Hope Mars (Emirados Árabes Unidos, 2020)

Outra missão lançada em 2020 foi a Hope Mars, dos Emirados Árabes Unidos, com o objetivo de acelerar o desenvolvimento de seu setor acadêmico. A missão é uma demonstração de tecnologia e seus objetivos foram definidos em conjunto com o Mars Exploration Program Analysis Group (grupo consultivo da NASA composto por cientistas de todo o mundo). Assim, foi decidido que a sonda orbital estudará a atmosfera marciana, incluindo o sistema climático de Marte ao longo do ano.

Parte 4:

Como já dissemos o princípio espírita da pluralidade dos mundos habitados nos impulsiona a acompanhar a exploração de Marte

Mars 2020 (NASA, 2020) – Perseverance – Rover (jipe) e Ingenuity (helicóptero)

A missão Mars 2020 enviou para lá o rover Perseverance, com o principal objetivo de determinar o potencial de vida antiga em Marte. Para isso, o robô buscará sinais de condições habitáveis no antigo Planeta Vermelho, além de procurar por bioassinaturas de vida microbiana que possa ter existido quando havia água por lá. A missão pousou com sucesso em fevereiro de 2021.

Além do jipe, a Mars 2020 levou a Marte o helicóptero Ingenuity, como uma demonstração inédita de tecnologia de voo autônomo em outro planeta. Que está em plena utilização até o dia 21 de novembro já havia realizado 16 voos, ampliando em muito a capacidade de observação da região ao redor do jipe. Com isto os cientistas podem programar melhor os deslocamentos do jipe, maximizando a operação.

O helicóptero tem 1,2 m de envergadura, abriga computadores, câmaras e baterias, seus rotores tem 1,2 metros. No site da NASA: nasa.gov/perseverance pode-se obter as últimas informações e vídeos de Marte.

Voo espacial privado: as Grandes Navegações do século 21

Aos olhos de parte do público, a corrida espacial particular entre Jeff Bezos e Richard Branson se reduziu a uma rinha ego maníaca de bilionários. Mas ela é, potencialmente, o início de uma revolução comparável às grandes navegações do século XV e XVI. Futuramente voltaremos a este tema, que incluirá as possíveis viagens de humanos ao planeta vermelho. Portanto de nosso interesse.

Para abrir mais a sua mente: 

leia: https://super.abril.com.br/ciencia/voo-espacial-privado-as-grandes-navegacoes-do-seculo-21/ 

leia: https://canaltech.com.br/espaco/exploracao-de-marte-que-sondas-rovers-e-landers-ja-foram-enviados-para-la-180134/

·         leia novamente – Marte – proximidade da Terra e as três missões lançadas – Abertura agosto 2020 aqui neste blog. https://www.blogger.com/blog/post/edit/8190435979242028935/9188833213304913235


 

 

 

 

 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

O GRANDE PROBLEMA DA TRANSEXUALIDADE por Reinaldo di Lucia

 

O GRANDE PROBLEMA DA TRANSEXUALIDADE

O grande problema da transexualidade não é, irônica e tragicamente, a própria transexualidade e menos ainda, o ser transexual.

Somos nós, os chamados Cisgêneros, o grande problema! Aqueles que são a maioria da Humanidade e, em sua grande parte, vivem e exercitam uma visão maniqueísta, binária e excludente.  Vivemos no terceiro milênio; mas nossa visão de mundo se encontra há dois séculos passados.

Olvidando que o universo é o maior exemplo de diversidade e de diferenças infinitas, ainda não conseguimos aceitar plenamente aquele que não se nos apresenta, à nossa própria imagem e semelhança. Aceitamos somente o espelho.

Talvez, muitas vezes, rejeitemos o diferente porque tendemos ao seguro e ao estabelecido, que não nos impele a questionamentos e crises conscienciais.

Mas, lentamente, a sociedade vem mudando.  Os chamados invisíveis clamam por seu lugar no mundo, por respeito, por acolhimento e por cidadania. Com seus direitos e deveres.

Querem ser vistos e ouvidos... E nós, enquanto sociedade, não mais podemos negá-los e devemos escutar seus anseios e medos.

É bem verdade que, ao se fazerem notar, algumas vezes, fazem tremer os alicerces de nossa sociedade, gerando situações ainda não esclarecidas e, menos ainda, resolvidas. Somente com o tempo e o avanço do conhecimento é que poderemos melhor compreendê-las.

As questões de trabalho, de atendimento à saúde, de participação nos esportes e até de uso de sanitários.  Onde situar o transexual? Estes são muitos dos questionamentos dos Cisgeneros.

Afinal, a mulher trans (um indivíduo nascido biologicamente homem, mas que se identifica com o gênero feminino) deverá disputar esportes com mulheres cis? Se presidiária, deve cumprir pena em uma penitenciária feminina ou masculina? Deve utilizar o sanitário feminino ou masculino?  Os mesmos questionamentos surgem com o homem trans (indivíduo nascido biologicamente mulher, mas que se identifica com o gênero masculino).

Divergências e até processos tem ocorrido em razão disto, conflitos entre Cis e Trans.

É chegado o momento de realmente enxergarmos o Transexual.  Nos atemos a seu sexo biológico, o que não é a sua essência.  É simplesmente um Espírito que se sente Homem ou Mulher, independentemente do seu corpo.  Essa é a questão.  Não podemos mais os ver como um homem que quer ser mulher, porque ele é uma mulher, ainda que num corpo masculino.

E não podemos os ver como uma mulher que quer ser homem, porque ele é um homem, ainda que num corpo feminino.

É como o Espírito se vê e sente-se. E devemos respeitar quem são e como se veem. Precisamos ver além... além da pele, além do corpo.... A ALMA!

Ao fazermos isto, conseguiremos acolhe-los e respeita-los.  Muito mais que as lutas que vivem para adequar o seu corpo ao seu Espírito, os sofrimentos imensos que suportam são decorrentes de nosso comportamento enquanto sociedade.  Da forma com que os tratamos: negando , rejeitando, maltratando, agredindo e até matando! Trata-se de garantir-lhes os tão discutidos Direitos Humanos. 

E quem melhor do que nós, espíritas, que compreendemos as múltiplas existências em diferentes vivencias, para estender os braços e com imenso carinho no olhar, acolhê-los?

Finalizando, para quem desejar, vale a pena ler os “Princípios de Yogyakarta”, dos quais o Brasil é signatário.  Foi publicado em novembro de 2016, como resultado de uma reunião internacional de grupos de direitos humanos realizado na cidade de Yogyakarta, na Indonésia. Contêm um conjunto de preceitos destinados a aplicar os padrões da Lei Internacional de Direitos Humanos ao tratar de situações de violação destes direitos referentes à orientação sexual e identidade de gênero.

Estes princípios foram complementados e ampliados em 2017, para incluir mais formas de Expressão de Gênero e características sexuais, além de vários novos princípios.

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional

 


segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Blog do ICKS atinge 100 mil acessos

 

Blog do ICKS atinge 100 mil acessos

 

Atingimos a marca de 100 mil acessos no dia 27 de dezembro de 2021 e também chegamos a 500 postagens. O blog foi criado em 30 de julho de 2010 por Jaci Régis, mesmo ano em que Régis acabou por desencarnar no mês dezembro. O ICKS deu continuidade ao projeto e finalmente chegamos a neste nível de acessos.


Obrigado a todos que nos visitam, continuaremos este trabalho!


Atualizando - em abril de 2024 o Blog do ICKS está com 129.900 acessos.

As virtudes, os vícios e o declínio da democracia no mundo - por Roberto Rufo e Silva

 

As virtudes, os vícios e o declínio da democracia no mundo

 

“Temos que defender a autodeterminação dos povos. Sabe, eu não posso ficar torcendo. Por que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não?” (Ex-Presidente Lula omitindo de forma proposital que a chanceler alemã nunca mandou prender os opositores no mês das eleições).

 

"Se o Braga Neto (Ministro da Defesa) autorizar, eu boto a farda e vou à luta". (Presidente Bolsonaro defendendo alterações na lei do excludente de ilicitude). 

 

 

                                 Por que deveria o espírita preocupar-se com política no mundo se há um planejamento maior que colocará todas as coisas no seu devido lugar no seu devido tempo? Para uns esse planejamento maior está escrito pelos desígnios divinos; para outros a força da história nos levará para o destino da redenção.

Como a esquerda tem sido incompetente há muito tempo, a direita no mundo se viu no papel de redentora do universo trazendo de volta em várias partes do planeta o "amor pela pátria”, o Brasil acima de tudo, America first again, como virtude maior acompanhada de uma nova teocracia, ou seja, Deus acima de todos.  

                        Acreditou-se um dia que o socialismo acabaria com a barbárie, pois a esquerda parece amar mais a humanidade, preocupada com o ser humano sofrido. Na prática, quando se transformam em partidos políticos adquirem uma sede de poder gigantesca. Mas o pensamento um pouco ingênuo da esquerda humanitária permanece, mesmo tendo em vista a história do socialismo no mundo com seus regimes totalitários e gulags. A "lógica" humanitária se mantém porque o capitalismo é realmente muito violento e a maioria das pessoas se dá mal no conjunto da obra.

                      O cientista político Christian Lohbauer se coloca numa posição que seria a minha também como espírita, ou seja, a de um conservadorismo de linha inglesa onde o progresso constitucional é fruto de processos evolutivos que não se traduzem em rupturas, enfim não são processos revolucionários. É uma ideia que me agrada. Acredito na continuidade do processo social. Ou como Allan Kardec que acreditava no progresso da legislação humana sem derramamento de sangue.  Em 1688 e 1689 a Inglaterra viveu a Revolução Gloriosa, também chamada de revolução sem sangue, 100 anos antes da França com todo seu escândalo da revolução francesa que resultou em Napoleão Bonaparte se sagrando imperador, a pretexto de defender a pureza da revolução francesa. O que ele menos respeitou foram a igualdade, fraternidade e liberdade. Foi um período de terror. As rupturas apaixonam, mas são inúteis. Contudo a era moderna tem-se desdobrado na sombra dos ideais da Revolução Francesa. 

O sonho revolucionário passou então a dominar o mundo. No entanto, foi a revolução gloriosa inglesa a primeira a conquistar o fim do absolutismo, o aumento do poder do parlamento e a estabilidade política e econômica.

                         No livro terceiro do Livro dos Espíritos, capítulo XII - Perfeição Moral - é abordada a questão das virtudes e vícios. Os espíritos logo advertem que há virtude toda vez que há resistência voluntária ao arrastamento das más tendências. Mas lançam um desafio muito difícil: "o sublime na virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem oculta intenção". Algo impensável no mundo político.

Todos possuem ocultas intenções.  A filósofa Hannah Arendt escreveu que a política é a nossa última garantia de sanidade mental. Millôr Fernandes por sua vez dizia que "em política nada se perde e nada se transforma - tudo se corrompe". Houve época que acreditava piamente na primeira frase. Hoje me rendi à segunda frase. Em 2022 pelo que se acompanha haverá uma polarização na eleição presidencial brasileira. Eu antecipo que num joge do pôquer com Bolsonaro e Lula, eu só entro se for com o meu baralho.

 

Em resposta à pergunta 917 - qual é o meio de se destruir o egoísmo, os espíritos não aliviam e falam que de todas as imperfeições humanas, a mais difícil de desenraizar-se é o egoísmo, porque ele se prende à influência da matéria, da qual o homem, ainda muito próximo da sua origem, não consegue se libertar e essa influência atinge a criação de leis, a organização social e a educação. 

                       

Por último concluo com as palavras dos espíritos na resposta à pergunta 918, quando afirmam que o Espírito prova sua elevação quando todos os atos de sua vida corporal são a prática da lei de Deus e quando compreende, por antecipação, a vida espiritual.  Substituam a palavra espírito por político e concluiremos que estamos a anos luz desse sonho. Salvo as exceções de praxe. E bota exceção nisso. A democracia nunca esteve tão perto de sucumbir desde o movimento das Diretas Já.

 

Meus míseros leitores, quero tranquilizá-los que enquanto persistir o meu niilismo político abandonarei esse tema até que o meu ser seja invadido por um otimismo nas instituições e nas pessoas que nos governam.

 

Jesus de Nazaré passará a ocupar um lugar de destaque nos meus futuros artigos.  

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

POR QUE JULGAMOS TANTO? por Cláudia Régis Machado

 

POR QUE JULGAMOS TANTO?

 

É da natureza humana fazer um julgamento, uma avaliação do mundo de acordo com suas crenças.

Não estou restringindo aqui ao aspecto moral do que é certo ou errado, mas um olhar que abrange vários itens da vida humana onde está contido também a perspectiva ética que compõem nossas crenças, a nossa percepção de mundo.

 



Cada pessoa é um mundo, que passa por situações e vivencias com as com as quais sofreu e aprendeu, que só ela conhece e compreende. 

 

Na maioria das vezes acreditamos que a nossa visão é a única válida, e isto atrapalha de ir, de ver mais além, e compreender outras perspectivas diferentes.

Precisamos ter uma abertura para saber que cada pessoa observa o mundo, o cotidiano sob seu próprio prisma, com lentes pessoais assim como nós.

Não existe problemas no processo de julgar, isto só passa a existir quando executamos de forma precipitada e imediatista. Não tomando cuidado de analisar o quanto sabemos daquela situação, daquela pessoa e o quanto não nos familiarizamos com o contexto que está inserido. Todos têm direito de expressar sua opinião, emitir seu ponto de vista e ser respeitado. Julgar não significa justificar os atos dos outros.

“Eu tenho a minha verdade e você tem a sua. Respeito é eu validar sua verdade, ainda que eu não a compreenda ou discorde de você”.

Não somos juízes, não estamos fazendo justiça, mas dando um parecer, uma opinião.

O que condenamos sempre, são os preconceitos tidos como crimes e as falsas informações com a intenção de difamar e prejudicar o outro.

Expressar e compartilhar pontos de vista não quer dizer convencer o outro nem que sua opinião deva prevalecer sobre a outra. Mas nem por isso devemos deixar de falar porque existimos a partir das nossas verdades, que não são imutáveis.

Troca de opiniões, através do diálogo é ouvir e transmitir com serenidade.

As diferenças não são negativas pois ajuda a abrir a mente diante de diversas situações e a liberdade para se repensar ou não, nossa visão de mundo.

Os julgamentos que realizamos são permeados por valores e preconceitos que carregamos dentro de nós. Revelam muito a respeito de nosso caráter, nossa personalidade e até como anda a nossa vida e quando nos desconhecemos, apesar de ser uma análise simplista, somos muito mais complexos tendemos como mecanismo de defesa projetar no outro, atribuir aos outros, nossos defeitos, sentimentos e desejos; que em psicanálise é uma forma do indivíduo defender-se dos próprios desejos imputando-os a outro sujeito.  

“A alma sempre tende a julgar os outros segundo o que pensa de si mesma”

– Giacomo Leopardi –

 

Uma atitude positiva e fundamental é o autojulgamento para trazer autoconhecimento, que facilita o olhar para si e para o outro. Traz uma flexibilidade para ouvir o pensamento do outro, e de se colocar no lugar do outro para conseguir uma postura de empatia.

Infelizmente executamos o ato de julgar com mais facilidade em relação ao outro do que a nossa própria avaliação. A postura muda quando somos julgados, sentindo-nos sensibilizados e incomodados.

Por isso quando o foco do julgamento é o comportamento do outro devemos sempre ter em mente: o que pretendemos realmente? É fazer com que os outros vejam nossa visão de mundo? Devemos ter a consciência que nosso padrão, nosso modo de ver o mundo não é o único.

Devemos ter cuidado para que nossos julgamentos não sejam uma especulação da vida alheia e que o uso não seja indiscriminado e virem fofoca pois geralmente se propagam rapidamente.

Abra sua mente e permita-se descobrir novas perspectivas para ampliar a sua visão de mundo. Faça do exercício de autoconhecimento um hábito, tornando-se assim mais gentis e tolerantes em suas análises.

Este artigo foi originalmente publicado no Jornal Abertura de novembro de 2021, interessado em ver o jornal? 

Baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/20-jornal-abertura-2021?download=127:jornal-abertura-novembro-de-2021


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terça-feira, 23 de novembro de 2021

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

ESPIRITISMO, PRAZER E FELICIDADE por Ricardo Nunes

 

ESPIRITISMO, PRAZER E FELICIDADE


Ricardo de Moraes Nunes 

“O prazer é a meta natural na vida. O sofrimento é transitório, eventual. Temos que construir uma consciência feliz, que ame, que busque o prazer de viver “Jaci Régis

Será que o espiritismo combina com a ideia de prazer e felicidade? Não estaria o espiritismo ligado apenas a ideia da morte, de fantasmas do outro mundo, de resignação ante o sofrimento? Não busca o espírita apenas a libertação do Espírito com vistas a uma entrada feliz no outro mundo?

Certamente a felicidade absoluta é impossível neste mundo. Como poderíamos ser absolutamente felizes em um planeta no qual existem tantos problemas. Aqui na Terra temos insegurança alimentar, doenças, violência, desemprego, famílias sem teto, crianças desamparadas, destruição ecológica, ditaduras políticas e tantos outros problemas. Neste sentido, falarmos em felicidade absoluta seria um verdadeiro egoísmo, pois estaríamos alimentando uma postura indiferente, alienada dos graves problemas que vivemos na faixa da existência terrestre.

 Mas podemos perguntar ainda. É possível pelo menos uma felicidade relativa neste mundo? É possível uma felicidade pessoal geradora de prazer interior, porém não alienada, não desconhecedora dos problemas terrenos?

O espiritismo nos traz uma ideia de felicidade e prazer possíveis de serem alcançados na Terra. O espiritismo bem compreendido nos traz alguns princípios filosóficos importantes para que compreendamos a vida física de forma positiva.

A primeira ideia a ser destacada que nos oferece a filosofia espírita é que a defende que a vida terrena é oportunidade de aprendizado, de crescimento, amadurecimento, realização e conquista da sabedoria. O espiritismo nos convida a olharmos nossas existências terrestres como oportunidades de construção de nós mesmos e do mundo ao qual pertencemos. Portanto, nos ensina a valorizarmos e amarmos a vida, a Terra, o mundo.

Em relação ao sofrimento o espiritismo nos ensina a distinguir entre o bem e o mal sofrer. O mal sofrer é o que causa a revolta, o desânimo, que nos faz desistir. Já o bem sofrer é aquele que nos faz resistir corajosamente aos desafios e dificuldades da vida com vistas a nos tornarmos mais firmes, mais sábios, mais experientes perante nossas dores e sofrimentos, com vistas a superação.

Sem dúvida que existirão as lutas que não venceremos e que a aceitação madura perante o incontornável será necessária. Segundo Léon Denis: “É um dever lutar contra a adversidade. Abandonar-nos, deixar-nos levar pela preguiça, sofrer sem reagir aos males da vida seria uma covardia. Mas, quando os nossos esforços se tornam supérfluos, quando tudo é inevitável, chega então o momento de apelarmos à resignação”.

Não há dúvida, no entanto, que mesmo as batalhas perdidas podem trazer ensinamentos ao Espírito imortal que somos e podem se traduzir em amadurecimento pessoal, espiritual, se soubermos enfrentar com sabedoria esses momentos de perda.

É necessário dizer também que o espiritismo não condena a alegria, os momentos de festa. Não nos diz para sermos sisudos e aparentarmos uma seriedade que muitas vezes não temos. O exemplo Jesus de Nazaré tem relevância para os espíritas nesse sentido. Da mesma maneira que brindava o casamento de alguns amigos, chorava por Lázaro e expulsava os vendilhões do templo.  Jesus de Nazaré possuía uma conduta natural, não artificial, não farisaica, fingindo hipocritamente ser melhor do que os outros. Agia em conformidade com cada ocasião.

Provavelmente, Jaci Regis foi o pensador espírita que melhor compreendeu a importância teórica de se ressaltar o prazer de viver como tema relevante no âmbito filosofia espírita e como práxis existencial espírita. Jaci compreendeu extraordinariamente a importância de se construir uma vida produtiva e útil no bem e de nos afastarmos do culto ao sofrimento tão presente na proposta cristã e espírita cristã.

 Não que Jaci negasse a existência do sofrimento, apenas enfatizava a necessidade de nos dedicarmos a sua superação, sem ficarmos perdendo tempo em cogitações hipotéticas, de caráter reencarnacionista, frequentemente indemonstráveis empiricamente, sobre eventuais causas anteriores do sofrimento. Não desconhecia, é claro, a lei natural das vidas sucessivas, apenas criticava esse procedimento especulativo inútil banalizado em nosso movimento espírita.

A vida é para ser vivida agora com alegria e confiança. Não precisamos esperar o além para sermos felizes. Aqui e agora realizaremos o céu e o inferno dentro de nós. No momento presente, nesse instante, nessa fração de segundos entre o passado e o futuro, é que se encontra a vida. Portanto, segundo o melhor entendimento da filosofia espírita, é o agora que importa. O além obviamente existe, mas nosso estado futuro será determinado pelo que somos agora.

 

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Reflexão sobre Allan Kardec e o futuro do espiritismo por Jaci Régis

 

Reflexão sobre Allan Kardec e o futuro do espiritismo - Jaci Régis

  

Allan Kardec elaborou o Espiritismo dentro da cultura cristã.

Formatou a doutrina dentro de 3 parâmetros, compatíveis com o modelo cristão.

 

Jaci Régis aos 40 anos

 1. O mundo é de provas e expiações,

 2. Os habitantes são espíritos imperfeitos que expiam suas faltas no processo de vidas sucessivas,

3. Deus se manifestou em três grandes momentos, para a salvação moral humanidade, nos dez mandamentos de Moises, nas palavras de Jesus Cisto e, finalmente, pela manifestação dos Espíritos.

 

São as três revelações da Lei de Deus. Dentro desses parâmetros, aceitou que Jesus Cristo trouxe a verdade possível e que o Espiritismo completaria a verdade atual.

 

A trajetória de Kardec é sinuosa. Queria que o Espiritismo fosse uma ciência. Mas criou uma religião, sem querer que fosse religião. Na verdade, agiu como equilibrista da razão e da fé.

Todavia, aceitou que o motivo central do Espiritismo era restaurar o cristianismo e implantar no mundo o Reino de Deus, utopia evangélica que está na base das aspirações místicas e irreais da humanidade ocidental, cristã.

 

Isso levou à afirmação do Espiritismo como o Consolador Prometido, representava também tacitamente a certeza de que Jesus Cristo era a verdade e toda a verdade teria vertido pela sua boca. Esse Consolador simbolizaria a vinda do Senhor ao mundo, completaria todas as verdades e ficaria conosco para sempre. Era a expressão da ilusão de que, brevemente, por obra divina, haveria modificações espetaculares na face da Terra. Surgiria um reino de paz, de alegria, de fraternidade.

 

Era a implantação do Reino de Deus no mundo. Que mundo? Sem qualquer demérito para as lições inigualáveis do Nazareno, estamos num tempo em que as exclusividades e as verdades absolutas não têm lugar. No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec afirmou que o Espiritismo não vinha destruir a lei cristã, como o Cristo não teria destruído a lei mosaica. Essa sequência teológica provinha do sentimento de uma intervenção direta de Deus ou Jesus no encaminhamento das soluções e no desenvolvimento moral das civilizações.

 

O céu comandando a Terra. Jesus Cristo, o rei governando o mundo.

Mas o tempo da era cristã, no seu aspecto institucional, político e religioso estava no fim.

Desenvolver a ideia espírita dentro do caldo de cultura cristã foi um paradoxo. Pois o Espiritismo na sua estrutura básica é a negação do cristianismo. Consequentemente tornou o Espiritismo prisioneiro da promessa da vinda do reino de Deus.  Kardec então elaborou seu pensamento tentando encontrar justificativas e argumentos para as afirmações teológicas dos profetas e messias.

 

Seria diminuir seu gênio reduzir sua obra a essa análise simples. Pois sua obra é capaz de superar os entraves contextuais e projetar-se para o futuro, porque teve a  sabedoria de abrir o caminho para o progresso, para a renovação. De tal forma que o Espiritismo seria capaz de reciclar-se, aceitando as novas ideias e mudar o que fosse necessário para não imobilizar-se. O que seria, disse, o suicídio da doutrina.

 É baseado nessa extraordinária abertura para a evolução e progresso das ideias que creio ser válido propor uma definição dinâmica para o Espiritismo nos dias atuais.

 

A definição do Espiritismo

 

O século XXI desponta como uma incógnita sob a liderança inconteste da ciências duras, coadjuvadas pelas ciências humanas.

Como definir, compreender e projetar o Espiritismo neste século vinte e um?

Neste século, o Espiritismo terá pelo menos duas expressões.

         1. O Espiritismo cristão

Com duas versões:

 - Religião Espírita

Atualmente, de modo geral e majoritariamente o Espiritismo é uma religião cristã, cujos programas e o entendimento remetem-se aos textos evangélicos e aos enunciados do século dezenove, repetindo as palavras de Allan Kardec, sem atentar para  o contexto em que foram ditas.

Os espíritas cristãos são basicamente católicos mediúnicos.

 -Espiritismo laico cristão.

Substituiu-se o tríplice aspecto de Ciência Filosofia e Religião, por Ciência, Filosofia e Moral, isto é a moral cristã. Ambos os movimentos não fazem ciência e não filosofam.

2 - Espiritismo pós-cristão

A única saída para que o Espiritismo alcance sua originalidade e ofereça uma contribuição genuína para a sociedade é escoimá-lo do enfoque teológico da Igreja. Isto é, ser um Espiritismo pós-cristão.

Esse Espiritismo pós-cristão não apenas abandonará a retórica e a teologia católica, como se organizará sugestivamente como uma ciência humana. A Ciência da alma.

 

Como Ciência da Alma, o Espiritismo abandona a ilusão de ser uma   revelação divina,  para ombrear-se, de forma muito especial,  com o esforço  das ciências humanas que surgiram para entender o ser humano, suas limitações, problemas e futuro, fora dos limites das ciências duras, físicas. Isto é, uma ciência humana cujo objeto é explicar o ser humano como uma alma, sua estrutura, sua atuação e sua evolução.

 

Com isso pode desenvolver um espírito crítico e explorar a realidade essencial do ser humano dentro da lei natural, da naturalidade dos processos evolutivos, através da reencarnação, como uma alma atemporal, imortal e em crescimento, seja no campo íntimo seja no campo social.

Como Ciência da Alma, o Espiritismo abandona sua pretensão autárquica de se abranger todos os problemas da humanidade, mas apoia-se nos esforços das demais ciências humana que compõem o leque das realidades e comportamentos das pessoas.

O objetivo maior será introduzir na cultura o sentido sério, basicamente defensável aos postulados puros do Espiritismo.

Terá que dispor de recursos e meios para provar, insofismavelmente, a imortalidade. O que implicará na renovação do exercício e objetivos da mediunidade, superando a fase meramente moralista e religiosa em que se situa atualmente.

 

Só a prova da imortalidade será a base de renovação social, humana e do pensamento humano e sustentará as teses da reencarnação e da evolução do Espírito. Numa estrutura compatível com a evolução do conhecimento humano. Como Ciência da Alma, introduzirá a noção de espiritualidade como uma busca natural, imprescindível para o equilíbrio pessoal e social, propondo positivamente o desenvolvimento ético na sociedade em mudança que vivemos.

 

Muitos podem questionar se um Espiritismo pós-cristão, a estruturação da Ciência da Alma, pode ser kardecista, dada a crítica e a reelaboração que se faz necessária do trabalho de Allan Kardec, conforme temos provado. É kardecista na medida em que se apoiará nos alicerces básicos, puros, do pensamento doutrinário, desprezando os acessórios das interpretações e extensões contextualizadas no início e do tempo decorrente.

 

O caráter da Ciência da Alma, como qualquer ciência humana será essencialmente progressivo, jamais se imobilizando no presente, apoiada somente no que for provado.

Assimilará as ideias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam físicas ou metafísicas. Pois não quer ser jamais   ultrapassada, constituindo isso uma das principais garantias de credibilidade.

 

Jaci Régis, escritor espírita, psicólogo e economista - desencarnado em 2010