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quarta-feira, 6 de maio de 2015

Sobre a Morte por Ricardo Nunes

SOBRE A MORTE.



“Um desses a quem amais vai morrer. Inclinado para ele, com o coração opresso, vedes estender-se lentamente, sobre suas feições, a sombra da morte. O foco interior nada mais dá que pálidos e trêmulos lampejos; ei-lo que se enfraquece ainda, depois se extingue. E agora, tudo o que nesse ser atestava a vida, esses olhos que brilhavam, essa boca que proferia sons, esses membros que se agitavam, tudo está velado, silencioso, inerte. Nesse leito fúnebre mais não há que um cadáver! Qual o homem que a si mesmo não pediu a explicação desse mistério?” Léon Denis 


O maior problema do ser humano de todas as latitudes geográficas e de todos os tempos é o problema da morte. O homem, entre todos os animais, é o único que consegue antecipar em pensamento o seu fim, é o único que possui consciência de que vai morrer.  Esta autoconsciência de sua própria finitude, fez com que o homem procurasse respostas para esta angustiante questão. Como resultado desta procura, surgiram as religiões que pretenderam responder ao grande enigma e, ao mesmo tempo, trazer conforto diante da precariedade e brevidade da existência humana.

Não apenas as religiões procuraram respostas sobre este tormentoso tema, a filosofia, por sua vez, tentou, desde seus primórdios, elucidar racionalmente esta questão. Grandes pensadores da humanidade, de Sócrates a Heidegger, refletiram sobre o tema, sendo que obtiveram respostas distintas, às vezes, contraditórias.

O espiritismo de Allan Kardec também refletiu sobre o significado da morte e ofereceu ao mundo respostas consistentes. Infelizmente, o espiritismo ainda não foi devidamente valorado nas perspectivas que abre para o conhecimento científico e filosófico de nosso tempo.

 Para o homem contemporâneo, a morte ainda é o grande tabu a ser enfrentado. Vivemos em sociedades materialistas e de consumo, nas quais o brilho da vida está ligado indissoluvelmente a ideia do prazer sensorial e da posse de bens. Vivemos em sociedades hedonistas do culto ao corpo, das cirurgias plásticas e dos silicones.

Nestas sociedades do século XXI, reflexões mais profundas sobre a morte e o morrer são frequentemente descartadas, ignoradas e rejeitadas pela grande maioria das pessoas.  Neste sentido, já dizia o grande compositor brasileiro Gonzaguinha: “ninguém quer a morte, só saúde e sorte”. No entanto, se é natural que a morte não seja uma aspiração ou anseio humano, talvez devamos repensar o extremo pavor que ela nos causa, pois na verdade ainda não sabemos  encarara-la com naturalidade e serenidade.

   A Dra. Elizabeth Kubler Ross, uma das maiores estudiosas da morte e do morrer, diz, em um dos seus preciosos livros: “a morte constitui ainda um acontecimento medonho, pavoroso, um medo universal”. De fato, desde épocas imemoriais o homem assimilou ao fim da vida as ideias de culpa e castigo, daí as oferendas, os sacrifícios, na busca de aplacar a ira divina.

Já Kardec dizia no século  XIX, que associamos  à morte as piores ideias, como aquela de uma caveira com um capuz e uma foice ou então ideias da decomposição pútrida do corpo.  Luc Ferry, filósofo francês contemporâneo, afirma que nossas sociedades laicas se calam à beira dos túmulos, pois as questões de sentido do ser e da vida  ainda estão para serem respondidas. 

 A morte, para o espiritismo, não é o fim. A essência do ser humano, sua alma, seu espírito, consciente e individualizado, sobrevive ao túmulo. A doutrina de Allan Kardec nos ensinou, inclusive, que podemos ter evidências desta realidade através do estudo da mediunidade. Com o espiritismo, conseguimos ir além da fé, e nos direcionamos rumo a uma convicção racional, rigorosamente fundamentada no estudo de uma ampla variedade de fenômenos.

 Quando observamos a lagarta se transformar em um casulo, nossos sentidos dizem que é o fim de tudo, que não há esperança. No entanto, a partir de  um processo de metamorfose invisível e surpreendente, nasce uma  linda borboleta, que ganha livremente os ares colorindo e embelezando a vida. Assim é a morte para o espírita, o ingresso em uma nova fase da existência.

Nota do moderador: ERRATA – artigo Sobre a morte
Infelizmente o Artigo  - Sobre a Morte, saíu na edição de Abril do Jornal ABERTURA como de autoria de Roberto Rufo e na verdade seu autor é Ricardo de Moraes Nunes. O ICKS e o Jornal ABERTURA lamentam o erro e publicam o artigo no Blog com seu verdadeiro autor como pedido de desculpas.


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Liberdade de Imprensa - Jaci Régis. Pode-se também ver o mesmo texto em espanhol na tradução de Jon Aizpúrua

Jaci Régis desencarnou em Dezembro 2010, buscamos suas sábias considerações para abrilhantar a discussão sobre este tão importante tema para a sociedade. Deixe o seu comentário em nosso blog.

Liberdade de Imprensa


Volta e meia políticos de tendência totalitária, tentam cercear a liberdade de imprensa no Brasil. Durante a ditadura Vargas, durante a ditadura militar, a imprensa foi censurada, perseguida.

Como a história nos ensinou e em tempo bem curto, os regimes totalitários de qualquer tendência primam por amordaçar qualquer oposição, tem aversão à crítica. A palavra democracia que tanto pronunciam tem o sentido de escárnio em suas bocas.

Quando da experiência da União Soviética e dos países da cortina de ferro vimos que “povo” é palavra que eles usurpam e nunca esteve no poder, mesmo que as repúblicas fossem designadas como populares. Como foi denunciado por dirigentes o que houve foi a instalação de uma oligarquia composta de indivíduos que se perpetuam no poder e não titubeiam em matar, prender, expulsar quem seja contra seu domínio. Os registros históricos são recentes.

Aqui no Brasil, um grupo remanscente das lutas armadas que pretendia instalar uma ditadura socialista no páis e que se agruparam em partidos legais, usufruindo da democracia real, assumiram a direção de órgãos que podem propor e mobilizar em favor da censura à imprensa.

Não devemos esquecer que em todos os países ditatoriais de esquerda, a imprensa foi simplesmente liquidada restando jornais oficiais, como atualmente em Cuba, China, Coréia do Norte e em parte na Venezuela.

A imprensa nesses regimes é meio de manipulação dos fatos. Tratam de dar sempre a versão do governo e das ideologias que defendem. Nunca publicam fatos e acontecimentos que não interessam ao poder central. E muio menos fazem críticas.

O argumento é conhecido.

De um lado estão eles, em nome do povo, dos pobres, dos excluídos. No meio a população que pretendem “preservar” das idéias liberais, democráticas. De outro, os tubarões, no caso, os donos dos meios de comunicação que são alicerces da democracias.

Como são postulantes da ditadura proletária, odeiam o capitalismo, que não foi derrotado, acusando, contudo, que o regime é dominado por burgueses e pequenos burgueses, obstáculo a serem derrubados no juízo marxista. Embora os que estão em altos postos sejam burgueses bem situados. Não titubeiam em usufruir os benefícios do capital.

Po que estamos tratando deste assunto?

Porque o Espiritismo é totalmente contrário à ditadura. A liberdade é um dos seus alicerces e não fora a França, na época de Kardec, um país liberal e o Espiritismo não teria chance porque também a Igreja exerceu a censura, amordaçou enquanto pode. E o fez no Brasil, onde o Espiritismo foi perseguido por cerca de 100 anos.

As bandeiras da esquerda são, intencionalmente, generosas, falam da igualdade, da fraternidade. Todavia, não podemos confundir nossa generosidade, nosso igualdade, nosso fraternidade com o materialismo e com grupos que representam a tradição de sangue e morte.

Jaci Régis


Nota da redação: Artigo publicado no Abertura de julho de 2010 e repetido em abril de 2014.

Com muito gosto acrescentamos esta tradução ao Espanhol  e nota de Jon Aizpúrua, referente a este texto.


COMPAÑEROS DE C.E.P.A.  :   me permito traducir un artículo escrito por nuestro inolvidable amigo Jaci Regis (Santos, SP, Brasil) notable pensador espírita, y que fuera publicado en  “Abertura”, el periódico por él fundado y dirigido hasta el momento de su desencarnación, y que hoy continúa publicándose en la ciudad de Santos, como órgano del Instituto Cultural Kardecista, bajo la dirección de Alexandre Cardia y contando con el respaldo intelectual de un selecto grupo de estudiosos del Espiritismo que siguen divulgando y profundizando una visión espírita, nítidamente kardecista, laica, librepensadora, humanista, progresista.

En este breve artículo Jaci expresa sin rodeos su postura contraria a los sistemas totalitarios de cualquier signo y en especial a las dictaduras de izquierda que son especialistas en manipulación propagandística y que en nombre de la justicia social acaban empobreciendo a los pueblos que sojuzgan y les niegan los más elementales derechos a la libertad de expresión, de organización y de conciencia.
Creo que vale la pena leerlo, estudiarlo y difundirlo.

Jon  Aizpúrua 

LIBERTAD  DE  PRENSA

Por  JACI  REGIS


Están a la vuelta políticos de tendencia totalitaria que intentan cercenar la libertad de prensa en Brasil. Durante la dictadura de Getulio Vargas, la prensa fue censura y perseguida.

Como la historia nos ha enseñado, y en tiempo muy corto, los regímenes totalitarios de cualquier tendencia se empeñan en amordazar cualquier oposición, puesto que tienen aversión a la crítica. La palabra democracia que tanto pronuncian tiene el significado de escarnio en sus bocas.

Durante la experiencia de la Unión Soviética y de los países de la cortina de hierro, vimos que “pueblo” es la palabra que ellos usurpan y sin embargo nunca estuvo el pueblo en el poder y eso que las repúblicas se designaban como “populares”. Como ya fue denunciado por dirigentes lo que sucedió fue la instalación de una oligarquía formada por individuos que se perpetúan en el poder y no titubean en matar, encarcelar o expulsar a cualquiera que esté contra su dominio. Los registros históricos son recientes.

Aquí en Brasil, grupos remanentes de las luchas armadas que pretendían instalar una dictadura socialista en el país y que se agruparon en partidos legales, usufructuando la democracia real, asumieron la dirección de organismos que podían proponer y movilizar a favor de la censura a la prensa.

No debemos olvidar que en todas las dictaduras de izquierda, la prensa fue simplemente liquidada, quedando solamente órganos oficiales como sucede actualmente en Cuba, China, Corea del Norte, y en parte en Venezuela. La prensa en estos regímenes es un instrumento de manipulación de los hechos en el que siempre se da la versión del gobierno y de las ideologías que defienden. Nunca publican hechos o acontecimientos que no interesen al poder central y mucho menos hacen críticas.
El argumento es conocido: de un lado están aquellos que hablan en nombre del pueblo, de los pobres o de los excluidos. En el medio se halla la población a la que pretenden “preservar” de las ideas liberales y democráticas. Del otro lado, están los “tiburones”, es decir, los dueños de los medios de comunicación que constituyen las bases de la democracia.

Los primeros son promotores de la dictadura proletaria, odian el capitalismo, régimen dominado por burgueses y pequeñoburgueses que deberán ser derrumbados en el juicio marxista. Sin embargo, no titubean cuando se trata de disfrutar de los beneficios del capital.

¿Por qué estamos tratando de este asunto?

Porque el Espiritismo es totalmente contrario a la dictadura. La libertad es uno de sus pilares, y si Francia, en la época de Kardec, no hubiese sido un país liberal el Espiritismo no hubiera tenido oportunidad, ya que también la Iglesia ejercía la censura y lo amordazó cuanto pudo. Y lo hizo en Brasil, donde el Espiritismo fue perseguido durante cerca de cien años.


Las banderas de la izquierda son aparentemente generosas ya que hablan de igualdad y de fraternidad. Sin embargo, no debemos confundir nuestra generosidad, nuestra igualdad o nuestra fraternidad con el materialismo y con agrupaciones que representan la tradición de la sangre y de la muerte.  

terça-feira, 15 de julho de 2014

X Curso de mediunidade teórico-prático - em apenas 8 aulas

X Curso de Mediunidade - Inscreva-se receberás um exemplar do livro Uma nova visão do Homem e do mundo e a apostila do curso - detalhes abaixo.

Início previsto para 12 de agosto de 2014.


X Curso de Mediunidade : programa-se

Início: 12 de Agosto

O ICKS realizará, em sua sede na Rua Paraguaçu, 18 – Embaré, Santos - SP, nos meses de Agosto e Setembro o seu tradicional Curso de Mediunidade Teórico-prático, com 8 aulas de duração. As aulas serão às Terças-feiras às 20 horas.

Os interessados podem nos enviar um email ao ickardecista1@terra.com.br para reservar a sua vaga, fale para os amigos, venham conhecer a nossa sede nova.

Investimento: R$ 35,00 Incluíndo apostila do curso e 1 exemplar do livro –Uma Nova Visão do Homem e do Mundo de Jaci Régis

segunda-feira, 3 de março de 2014

Ciência da Alma: O Espiritismo e a Psicanálise – Jaci Régis


Nota da Redação : extraído do trabalho apresentado em 1996 por Jaci Régis ao Comité Científico da CEPA no XVI Congresso Espírita Pan-americano em Buenos Aires – 12 de outubro de 1996.

Seria absurdo tentar encontrar similitudes formais, lineares entre Psicanálise e o Espiritsmo.

O Espiritismo é uma doutrina com objetivos moralizantes, éticos e possui uma estrutura definida filosoficamente, tentando dar sentido científico às suas propostas sobre a natureza espiritual do homem e da sua visão de mundo.

A Psicanálise se define como uma ciência psicológica, com estrutura própria e tenta equacionar o ser humano dentro de uma teoria e prática terapêutica e, extrapolando-a, uma visão de home e de mundo decorrente.

O homem é o objetivo tanto do Espiritismo, quanto da Psicanálise.
 
 
Foto de Jaci Régis

Seria incorreto dizer que a Psicanálise é materialista. Diríamos que, como as demais ciências do homem ela o vê dentro do prisma orgânico em que se manifesta no mundo. Entretanto, admite a existência de um estágio psíquico no homem e embora concebendo-o objetivamente, trabalha sobretudo em níveis de subjetividade ao tentar analisar seu comportamento a partir de instâncias psíquicas sem bases biológicas.

O Espiritismo pretende encontrar a razão do viver, a essência do homem em dimensões espirituais. Divide-o entre sua natureza de Espírito, como ser inteligente e seu corpo somático, que o define apenas enquanto encarnado, e sobre o qual não apenas tem a precedência como a sobrevivência.  Além disso, o Espiritismo olha o homem no presente como produto de uma série de experiências reencarnatórias.

A Psicanálise trata mais precisamente dos problemas neuróticos, dos desvios do comportamento, tentando fazer o homem internalizar-se para melhor desenvolver suas potencias, sem objetivos moralizantes ou espirituais, no sentido de permanência do ser após a morte.

Tanto o Espiritismo, quanto a Psicanálise tentam descobrir a razão do comportamento humano.

A Psicanálise localiza-se no universo da vida presente, buscando a razão dos desvios nas relações afetivas desenvolvidas na infância, embora reconheça que existem estruturas inatas no homem que determinariam sua escolha neurótica.

O Espiritismo localiza-se num universo mais amplo, projetando-se para uma vivência do Espírito como individualidade permanente, em sucessivos segmentos encarnatórios e encontra na culpa do passado a razão dos desvios do presente e projeta o desenvolvimento pessoal conjunturando sobre a perfeição no tempo e no espaço.

Como dissemos, o Espiritismo filosofa sobre a natureza do homem e de suas problemas. A Psicanálise pesquisa e atua sobre os sintomas neuróticos, tentando encontrar no desenvolvimento da existência atual a causa dos desvios.

Sob o ângulo específico da estrutura do ser, a Psicanálise desenvolveu um modelo do aparelho psíquico e estabeleceu parâmetros de análise das causas do comportamento humano, como o complexo de édipo, os princípios do prazer e da realidade, a estrutura do aparelho psíquico, nas tópicas do ego, id e superego e consciente, pré-consciente e inconsciente, e outros mecanismos de defesa psicológicas, que determinam o estar no mundo da pessoa.

Existem pontos de contato entre o Espiritismo e a Psicanálise?

Se consideramos que Allan Kardec disse: “ O Espiritismo e o materialismo são como dois viajantes chegados a certa distância, diz um, “ Não posso ir mais longe”. O outro prossegue e descobre um novo mundo. O Espiritismo marcha ao lado do materialismo, no campo da matéria, admite tudo o que segundo admite; mas avança para além do ponto em que este último para”, podemos aproveitar a estrutura do pensamento Freudiano e adicionar a ela o entendimento do Espiritismo.

Acredito que o discurso psicanalítico tem um valor importante e o discurso espírita pode utilizar-se dele, utilizar seu aparato teórico e introduzir nele conceitos que, a meu ver, lhe dão continuidade. Agora, então teremos um discurso espirito somático, pois postulamos não uma transcendência dos sistemas neuróticos e psicóticos, mas experiência vivencial concreta, humana, no círculo das angústias e necessidades do homem comum.

Só que o homem comum, sob a ótica espírita não se restringe ao organismo. É uma combinação espírito-organismo uma unidade espiritual e somática.

Freud não considerou a existência da alma como ser. Mas descobriu e explorou o psiquismo que codificou, embora sem dizer ou saber onde localizá-la no cosmo cerebral. Ele todavia não pode exonerar-se de muitas facetas do comportamento para as quais não encontrou explicação.

Analisando a raiz dos comportamentos ele, por exemplo, adotou o princípio das ideias inatas, não como reminiscência de um passado vivido, mas como estruturas de caráter que não encontram bases na existência, mas que estabelecem tendências que determinam o encaminhamento do indivíduo na vida.

Antes dele os problemas emocionais e comportamentais eram catalogados dentro de horizontes religiosos ou psiquiátricos, restritos às disfunções cerebrais. Com ele o psiquismo humano passou a ser considerado de uma forma sistemática. Desde então criou-se propriamente a psicoterapia.

Sua maior contribuição foi a descoberta do inconsciente, como lugar de recalque dos sentimentos que não podem ser suportados no consciente, devido as censuras. E por esse caminho considerou que o homem desconhece a si mesmo, isto é, que possui no seu cosmo interior, emocional, sentimentos, idéias, desejos controversos, conflitantes. Ao centralizar sua analise no sexo, escandalizou e criou incompreensões. Mas ao mesmo tempo tem mostrado que a sexualidade domina o indivíduo, pelo menos neste estágio evolutivo, como base que é da expressão das incertezas, emoções e desejos de intercomunicação de cada ser.

Embora o próprio Kardec tenha manifestado que a reencarnação era inerente ao processo de crescimento do ser e não mero instrumento punitivo, o Espiritismo, de modo geral, não conseguiu superar o peso da tradição judaico-cristã sobre o pecado original, a culpa e a dor, o sofrimento como únicos instrumentos de ascensão, purificação e regeneração da alma.

O Espiritismo persegue o ideal moral, às vezes moralista. Encontra na culpa pela prática do mal, a raiz de todos os males da pessoa e da sociedade. E propõe a cura desses males pela resignação na dor e pela prática das virtudes da moral de Jesus. A psicanálise, embora seu fundador tenha sido, a rigor, um moralista, não se propõem a curar, nem a julgar, mas explorar as resistências, tenta tornar o inconsciente consciente, pela reelaboração dos sintomas resultantes do “retorno reprimido”.

Acho que uma conexão teórico-prática entre os postulados psicanalíticos e espíritas, sem que um se reduza ao outro, mas, no meu ver, se completam. Dentro dessa premissa, acredito que o espiritismo tem uma contribuição à psicologia, não fosse ele a doutrina dos Espíritos, não apenas no sentido de que os entes desencarnados são considerados seus autores, como principalmente no fato de que está todo assentado sobre o estudo e a natureza do ser. Nesse sentido, pode-se dizer que além de doutrina dos Espíritos é também a doutrina do Espírito.

Nota da redação: Este trabalho foi seguido da elaboração da Espiritossomática por Jaci Régis, esta que é uma das raízes da Ciência da Alma - Artigo publicado na coluna Ciência da Alma - Jornal Abertura -dezembro de 2013 - Caro leitor deixe aqui a sua opinião

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Encontro com Fátima Bernardes em Outubro de 2013 aborda a Reencarnação


Encontro com Fátima Bernardes aborda a Reencarnação

No dia 29 de outubro a Rede Globo no programa da Fátima Bernardes abortou uma temática espírita, quem sabe motivada pela nova novela Joia Rara que tem como tema central uma menina que se reconhece numa encarnação anterior, o ator Caio Blat que interpreta um lama na novela estava presente.

Haviam vários convidados, dentre eles um médico e presidente de um Centro Espírita que trabalha curas espirituais, uma das mães citadas no filme sobre Chico Xavier, sue biógrafo Marcel Souto Maior  que agora está lançando o livro “ Kardec a biografia” e a global Christiane Torloni que se espiritualizou após a desencarnação de um de seus filhos.

Vale conferir o programa no site da Globo pela data 29 de outubro http://tvg.globo.com/programas/encontro-com-fatima-bernardes/videos/

 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

3 anos sem Jaci Régis


Hoje, 13 de dezembro faz 3 anos da desencarnação de Jaci Régis. Jaci como o chamávamos em nosso grupo do ICKS foi o idealizador e fundador do Instituto Cultural kardecista de Santos e seu Presidente, desde a fundação em 3 de outubro de 1999.
Jaci Régis escritor, psicólogo, economista e jornalista, foi presidente da Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda, do Centro Espírita Allan Kardec  ambos de Santos. Escritor de diversos livros e  um grande pensador que deixa uma vasta obra para as futuras gerações.
Para saber mais de Jaci Régis, veja sua biografia, aqui mesmo no nosso blog.

Deixe suas lembranças desta grande personalidade em forma de comentários neste blog.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

20 Princípios da Ciência da Alma - Ricardo Nunes


20 princípios da ciência da alma.

Estamos muito próximos do XIII Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita e, no último encontro, fui convidado a falar em uma mesa redonda sobre a tese da “ciência da alma”, de Jaci Régis. À época, elaborei alguns princípios que, segundo meu entendimento, resumem algumas ideias fundamentais desta importante proposta ao movimento espírita. Seguem abaixo 20 princípios da ciência da alma:

1- Ter consciência da importância da linguagem no trato das questões teóricas do Espiritismo. Como dizia Jaci, “anjo não pode ser sinônimo de espírito superior”.

2- Conscientizar-se que o objetivo da vida é o prazer, que se realiza através de uma existência útil, produtiva e direcionada ao bem. A ciência da alma postula que devemos nos afastar da cultura da dor, que desvaloriza a vida terrena.

3- Aplicar o “critério kardecista” na análise dos temas espíritas. Este “critério kardecista” nos convida à racionalidade, bom senso e equilíbrio na resolução das questões doutrinárias.

4- Abandonar a pretensão de o Espiritismo ter explicação para todas as coisas. O Espiritismo tem um objeto de estudo.

5- Manter equilíbrio entre a racionalidade e a afetividade. O homem é um ser de razão e emoção, devendo haver harmonia entre estas duas faculdades humanas.

6- Abandonar a ideia de que o Espiritismo seria ciência, filosofia e moral ou religião, por entender superada esta concepção.  O Espiritismo é um conhecimento.

7- A ciência da alma postula a existência de Deus. Não um Deus antropomórfico, mas um Deus que se revela na perfeição da lei natural. A lei divina ou natural possui flexibilidade para o erro e o acerto na realização dos processos naturais, sendo que tais processos objetivam, teleologicamente, a vida e a evolução.

8- Enxergar no planeta Terra um lindo “planeta azul”, uma apropriada escola evolutiva, e não um mundo de provas e expiações, um vale de lágrimas, segundo a orientação geral do cristianismo seguida pelo Espiritismo.

9- Compreender a frase de Allan Kardec “o verdadeiro espírita se reconhece por sua transformação moral” não de forma restritiva, apenas em um sentido moralista, mas sim em relação à capacidade que o espírita deve ter de mudar em todos os sentidos, inclusive, convicções, crenças e mentalidade.

10- Ter consciência que o Espiritismo nasce no caldo de cultura cristão que acaba por deturpar, em muitos aspectos, o potencial revolucionário das ideias espíritas. É necessário desvincular o Espiritismo da influência cristã para que ele possa desenvolver todas as suas possibilidades.

11- É necessário realizar um permanente exercício de atualização do Espiritismo. Porém, neste processo de atualização, não deveremos caminhar muito apressadamente, cedendo a utopias, e nem ficarmos retardados ante os reais avanços dos conhecimentos.

12- Ver em Jesus, filho de Maria e José, um sábio, a inspirar caminhos e atitudes.

13- A ciência da alma deverá se organizar como uma ciência humana e não como uma ciência da natureza.

14- A ciência da alma busca resgatar o papel da mediunidade como instrumento de comprovação da imortalidade da alma e diz não à ritualização do exercício mediúnico e consequente idolatria de médiuns e espíritos.

15- A ciência da alma nos convida a não esquecer que os espíritos nada mais são do que homens desencarnados em suas variadas condições evolutivas, portanto, não devem ser idealizados apenas por sua condição de desencarnados.

16- Manter uma postura de fidelidade e crítica a Allan Kardec, em um processo de permanente releitura do Espiritismo.

17- Quanto à tese da reencarnação, a ciência da alma propõe a reencarnação como instrumento de evolução e felicidade, e não como forma de punição e expiação. A ciência da alma não vê o homem maculado pelo “pecado originário” de suas reencarnações anteriores.

18- A ciência da alma não nega o sofrimento, porém não se perde na inócua procura de suas hipotéticas causas anteriores. A ciência da alma busca a superação do sofrimento.

19- A ciência da alma distingue Espiritismo de cristianismo e não vê no Espiritismo uma forma de “cristianismo redivivo” ou “reforma do cristianismo”.

20- A ciência da alma ou doutrina kardecista tem uma visão otimista sobre os temas Deus, homem e mundo. Afinal, como dizia Jaci Régis: “Não quer Deus o sorriso?”.

 

 

Ricardo Nunes

segunda-feira, 29 de julho de 2013

AS MUTAÇÕES DAS ESTRUTURAS MENTAIS por Jaci Régis

AS MUTAÇÕES DAS ESTRUTURAS MENTAIS COMO CONDIÇÃO PARA A MUDANÇA



Allan Kardec elaborou a Doutrina para um tipo de adepto capaz de mudar, de transformar, de aceitar o novo, sem desestruturar-se.

Uma exigência bastante difícil de ser aceita por um grande número, talvez a maioria das pessoas.

Porque, psicologicamente, as pessoas tendem a se acomodar, a ser conservadoras.

Cada pessoa, direi Espírito, para situar a construção dos conceitos através do tempo e encarnações, vai sedimentando conhecimentos e experiências Essa estrutura mental define a individualidade permanente, cerne, base, fundamento das personalidades que cada um de nós assume nas várias encarnações. E determina o perfil psicológico do ser.

É um processo complexo e desenvolve uma visão particular, um código com o qual o conjunto da vida é decodificado. Cria a própria e específica interpretação dos fatos, das idéias, a partir dessa maneira pessoal de olhar, sentir e perceber fatos e idéias.

As estruturas mentais se tornam, pois, consistentes, como fatores constitucionais do ser e vão sendo consolidadas:

a) pela força dos modelos culturais, insistentemente repetidos e mantidos, seja pela instituição familiar, pela classe social, pelos clãs, sobretudo pela crença religiosa, através processo evolutivo atemporal;

b) por convicções específicas que atendem à visão de mundo que cada um desenvolve por afinidades de afetos (perspectivas, sonhos) ou compensação (medos, angustias, etc.);

c) como forma de manter-se relativamente estável (mesmo na loucura) diante das incertezas naturais ou alucinadas.

Tais estruturas constitucionais, pertencem ao acervo espiritual e podem persistir encarnação após encarnação, com modificações pontuais, até que sejam abaladas por fatores variados.

Então, o abalo é assimilado ou rejeitado produzindo reações contraditórias:

a) às vezes as reações são violentas, agressivas, como recursos de salvaguarda da própria estrutura mental existente, surgindo condutas de confronto como medida de força e inibição da diversidade conceitual. São os choques religiosos, por exemplo, entre facções adversárias.

b) outras vezes, o ser desenvolve desvios conceituais, argumentação falaciosa para sustentar antigas convicções ou, também, pode simplesmente tornar-se indiferente negando-se a perceber os abalos da convicção nela permanecendo acomodado

c) não poucos entregam-se ao desalento e à descrença. Quando esse estágio move-se para uma busca de outras alternativas ou respostas, inicia-se um período de grande conturbação interior.

Abre-se um vazio existencial.

Medos, ansiedades estão na base desse processo de definição existencial. Mesmo nas mentes que possamos considerar razoavelmente sadias, subsiste, também, o medo de mudar.

A angústia do novo provoca um longo período de incertezas. Nem sempre a clareza de raciocínio é fator positivo no processo de mudança. Muitos apenas alcançam novo nível de acomodação mental. Refugiam-se numa determinada crença, seja espiritualista ou materialista e não chegam a elaborar uma nova visão de homem e de mundo.

Porque há uma diferença sensível entre a acomodação e a mudança. A mudança representa a descoberta, um novo caminho, um novo entendimento. A acomodação é uma forma sutil de manter as mesmas posições, com formas e modos meramente exteriores.

Além disso, a incerteza generalizada sobre as razões mais profundas da vida e a inevitabilidade da morte, desenham o quadro final desse complexo.

Mudar é, pois, um processo traumático.

Podemos, figurativamente, ilustrar esse processo na visão de uma árvore frondosa, cheia de folhas verdes no verão, que se desnuda e fica com galhos secos e nus, no outono e inverno, e que novamente refloresce e se enche de folhas verdejantes.

O primeiro momento é o tempo em que a pessoa está confiante e confortável com suas crenças, idéias, seu modo de ser.

O segundo momento é o tempo de transição, da dúvida, do questionamento, do abandono de crenças, idéias, acalentadas e muitas vezes muito sedimentadas.

O terceiro momento representa a recuperação das idéias, das crenças, em novo sentido, prisma e conceito.

Muitos temem o segundo momento, os galhos secos, a nudez das folhas, a exposição da alma ao incerto, à insegurança da transição e permanecem com suas velhas folhas, sem coragem, disposição ou necessidade de atravessar esse outono-inverno , esse trânsito da certeza para a incerteza em busca de novas certezas.

Entretanto, sem essa mutação a árvore fenece e não pode produzir flores e frutos.

Duro é o discurso da mutação, da mobilidade conceitual.

Transcrevo as linhas de carta que recebi, num momento de transição de nossa vida espírita, de um ex-companheiro de doutrina, dotado de inteligência e trabalhador assíduo do movimento, ao se despedir, ausentando-se da luta que travamos:

A revisão de valores que você tem comandado e que eu, em bem reduzida parte cooperei, ganhou um ritmo para mim acelerado, acima da minha capacidade de apreensão. Em alguns momentos, tudo isso tem me confundido a mente. O que era não é, o que valia não vale mais. Olhar para trás significa auto-acusação. Aí vem o desconforto duro, porque foram muitos anos de empenho, trabalho e crença, que chamamos ideal. E pôr outras coisas nesse espaço não tem sido fácil.

É preciso advertir que essa flexibilidade mental, que se permite examinar as contradições e ouvir as incertezas internas e não desestruturar-se com a queda de crenças, mitos e idéias a que se consagrou durante muito tempo, não tem uma relação objetiva com escolaridade.

Faço esse apontamento porque serão inevitáveis as críticas ao elitismo ou à ironia sobre os "doutores" e outros mecanismos de que se servem intelectuais que, não obstante, combatem a intelectualidade, supondo que os "simples" seriam excluídos, sendo que denominam "simples" os que não possuem condições mínimas de entendimento e, por isso, engrossam as fileiras dos freqüentadores e - pasmem! - de certos dirigentes dos centros espíritas.

Um pormenor importante nessa elucubração é que não se trata de pessoas "letradas" no sentido eufemístico ou pretensioso. Mas de pessoas capazes de refletir, de pensar e crescer, independente de títulos. É claro que, quando o país luta para livrar-se totalmente do analfabetismo, não seria a doutrina que louvaria a não-cultura.

É uma questão de amadurecimento e de assumir uma nova rota, quando a que se trilha se esgotou.

Friso isso porque muitos não evoluem, desiludem-se.

Não crescem, abandonam o caminho.

Não questionam profundamente; reclamam , mascarando o sofrimento e o medo de mudar.

O princípio do progresso das idéias inclui a negação simbólica para abrir espaço ao debate e à crítica, fertilizando as idéias.

Como afirmei, existe uma tendência à acomodação no processo de aprendizagem. E o progresso no que tange ao pensamento espírita é, sem dúvida, um processo de aprendizagem.

Como diria Mc Lhuan, referindo-se à escola dos tempos de mudança, que o aluno deveria saber aprender, desaprender e reaprender, dada a mutação constante dos fatores.

Na verdade, é preciso abrir um parêntese, para afirmar, segundo meu entendimento, que a mudança de paradigmas é um processo secular, enquanto a mudança dentro dos paradigmas é um processo de mutação constante. Ou seja, só se muda um paradigma quando este esgotou sua capacidade de aceitar a reciclagem das idéias, por estar saturado de obscurantismo ou cristalizado de tal maneira que não possibilita nenhuma forma de questionamento.

Nesse sentido, não creio que os paradigmas estabelecido por Kardec estejam superados, mas que permitem ainda uma reciclagem de linguagem e de sentido, sem perder as ligações originais.




O Adepto do Espiritismo



Como, pois, definir o adepto do Espiritismo?

Kardec disse :"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações" (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII, item 4). Embora essa afirmativa tenha sido, quase sempre, entendida sob o aspecto moralista, verificamos que ela caracteriza o espírita como alguém que quer evoluir constantemente, inclusive moralmente.

Encontramos no O Livro dos Espíritos, uma análise interessante sobre o progresso.

779. O homem tira de si mesmo a energia progressiva ou o progresso não é mais do que o resultado de um ensinamento?

O homem se desnvolve por si mesmo, naturalmente, mas nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma maneira; é então que os mais adiantados ajudam os outros a progredir, pelo contato social.

780. O progresso moral segue sempre o progresso intelectual?

É a sua conseqüência, mas não o segue sempre imediatamente.

780-a. Como o progresso intelectual pode conduzir ao progresso moral?

Dando compreensão do bem e do mal, pois então o homem pode escolher. O desenvolvimento do livre arbítrio segue ao desenvolvimento da inteligência e aumenta a responsabilidade do homem pelos seus atos.

Nesses ensinamentos verificamos como o Espírito, ao longo de sua vida, desenvolve qualidades diferenciadas, retratando as estruturas psicológicas que constrói.

Idéias e sentimentos formam estruturas mentais, que são flexíveis ou inflexíveis, criando bloqueios a serviço da defesa do ser, sempre ameaçado pela incerteza e pelos acontecimentos.

Lembremo-nos que o ciclo nascimento, vida, morte, repetindo-se ciclicamente, é um processo de incerteza constante, até que o Espírito tenha plena e razoável compreensão de sua natureza e perceba a vida terrena como instrumento de sua ascensão, mas que não o reduz a um organismo.

Isso explica as dificuldades e as repetições dos mesmos sintomas, erros e idéias, vida terrena após vida terrena, porque nascer, viver, morrer, não representam, por si mesmos, rupturas estruturais. São condições necessárias para preparar o Espírito para essas rupturas, sob o impacto de descobertas, abalos de crenças e outros fatores externos que mobilizem motivações internas, único caminho para verdadeiras transformações das estruturas mentais.

Daí, a confirmação de que as mudanças são iniciadas na reelaboração de idéias, timidamente assumidas, para depois se tornarem reais, exigindo uma unidade de tempo.

Por isso, a diversidade de prontidão para mudar.

Alguns estão abertos a isso pela assimilação de experiências e porque encontraram um caminho de aplicação da liberdade de pensar e reelaborar.

Outros, retraem-se. Chegam, mesmo, a considerar novas idéias como sadias, excelentes para seus problemas e incertezas, mas titubeiam, hesitam e, muitas vezes, permanecem acomodados.

Por fim, há os que refutam, no momento em que vivem, qualquer possibilidade de mudar, mantendo inflexíveis suas estruturas e nem mesmo considerando a possibilidade de transformação.

O espírita que Kardec aspirava, precisa ensaiar a liberdade de pensar, suportar o medo da travessia, sem precipitação, mas sem relutância, num ritmo certo, pois as mudanças reais são amadurecidas e consubstanciadas.

Não é fácil, por vezes, fazê-lo.

Mas é inevitável fazê-lo.



Contudo, é preciso manter-se atualizado 



Quando Galileu Galilei foi obrigado a desmentir-se publicamente sobre o movimento da Terra. Teria dito, entre dentes "mas se move...". Também, diante da realidade do movimento espírita, muitos poderiam crer que o serviço ao próximo, a consolação que o Espiritismo dá, confere-lhe uma autoridade e uma aura de credibilidade que não pode ser mudada, sob pena de frustrar as milhares de pessoas que buscam nele a reposta para seus problemas e dores.

Esse raciocínio é um sofisma que, se aceito, reduziria o Espiritismo, num prazo relativamente curto, a uma seita marginal, alternativa, como muitas que surgem e desaparecem.

Embora a afirmação de que a "a vida é mais importante que a verdade" pareça justa, em termos do cotidiano, ela é inócua e injusta ao longo do tempo. Principalmente se pretender cercear a busca da verdade como não apenas desnecessária, mas como instrumento da vaidade.

O Livro dos Espíritos é claro.

O conhecimento da verdade fertiliza o sentimento. Senão, transformaremos o consolo da doutrina, em apelo à conformação, ao aceitar como determinação divina e, portanto, irrevogável, todos os acontecimentos da vida terrena.

Se não negarmos o sentido punitivo da lei de causa e efeito, acabaremos por nos tornarmos esquematicamente deterministas, sujeitos ao destino e às condições que nos cercam.

A conformação como sintoma de aceitação de que forças mais altas nos dominam, cercearia todo o esforço de progresso, que poderíamos definir como a descoberta de leis naturais desconhecidas e a construção de novas formas de convivência, conforto e bem-estar.

Isso também nos cega diante da realidade. A hanseníase, por exemplo, é doença que persiste nos países subdesenvolvidos e está erradicada dos países desenvolvidos. Para justificar esse atraso, poderíamos usar o velho estratagema de que os Espíritos que aqui reencarnam ainda "precisam" dessa prova, enquanto os que lá encarnam já não necessitam desse aguilhão. A assertiva é um sofisma porque os habitantes dos países desenvolvidos não apresentam um comportamento ético sublimado, nem suas sociedades estão longe do crime, dos erros e da violência.

Nesse, como em outros casos, não precisamos criar uma explicação engenhosa para "salvar" a Justiça Divina. Em primeiro lugar, as condições sanitárias são básicas para o desenvolvimento de certas moléstias. Além disso, não dispomos de todos os elementos para fazer um julgamento realista das modificações do comportamento humano.

Devemos lembrar que coexistem, no fim do século vinte, esplendores científicos, tecnologias de ponta, projetos quase fantásticos para a informática, viagens interplanetárias, estudos adiantados sobre a natureza do universo, com a crença nas grandes cidades e países do primeiro e de todos os mundos, no vudu, na cartomancia, nas adivinhações e exotismos de toda espécie.

Esses segmentos oferecem a fantasia e a magia que milhares de pessoas cultuam no frenesi de resolver seus problemas sérios ou fúteis, através de sortilégios, rituais e práticas primitivas.

O Espiritismo precisa também definir o papel dos Espíritos na Doutrina Espírita. Aliás, Allan Kardec deixou bem clara a variedade dos graus evolutivos dos desencarnados, eliminando o fascínio sobre um suposto domínio ou sabedoria dos "mortos". Como ele, não podemos, sem dúvida, desprezar a participação dos espíritos na atualização e no progresso do Espiritismo.

Afinal, a doutrina nos abre os horizontes de uma compreensão sem fronteiras entre a vida física e a vida extra física, no meio da qual estão os fenômenos da morte e do nascimento, ciclicamente.

Entretanto, essa comunhão deve ser feita sem deslumbramento e com recíproco respeito e compreensão dos fatores determinantes das estruturas mentais e morais de cada um.

O Espiritismo só tem, pois, um caminho se quiser contribuir para a mudança do processo vivencial humano: dinamizar idéias, pesquisar novos caminhos, ousar na procura de entendimento mais coerente com as idéias da Justiça divina e da própria existência de Deus, atuando positivamente no plano, na vida cotidiana, não apenas das pessoas, mas das coletividades



Como mudar



Kardec estabeleceu a forma dessa atualização que deve ser contínua e constante, sem pressa e sem atraso, no seu tempo, maduramente.

Nem utopias, nem prepotência.

Coerência e integração com a cultura em andamento.

Firmeza de princípios e flexibilidade de entendimento.

Fora disso cairá na repetição. Fechado ao progresso, imobilizando-se, ficará para trás, retendo em seu seio e alimentando suas fantasias, multidões retrógradas, sempre à espera da intervenção do oculto para fazer, por elas, o percurso que inevitavelmente terão de fazer, ainda que perdendo o ritmo e a oportunidade de crescimento.



Delimitar o campo 


Kardec pretendeu que o espírita tivesse a mente científica.

Explico-me. Não quer dizer que ele desejou que todos os espíritas fossem cientistas. Mas que tivessem a mente como se fosse um deles, ou seja, capaz de aceitar que sempre se pode encontrar novos caminhos, penetrar mais a fundo em todas as coisas.

Um dos males que obstam o desenvolvimento do Espiritismo, é a pressuposição de que ele tem respostas para todas as questões.

Dada a impossibilidade de analisar, com base, as variadas e surpreendentes ações humanas, restou a prepotência de que se tinha um esquema pronto, um manual de respostas acabadas para cada tipo de problema.

Esse estratagema só serve para tumultuar as idéias e dispersar o trabalho de expansão da idéia espírita.

Precisamos lembrar que Kardec enfatizou que era "preciso não sair do círculo das idéias práticas," ou seja, evitar utopias, sonhos e pretensões eufóricas.

Creio que o primeiro passo para criar adeptos capazes de atender às exigências do fundador da doutrina será delimitar o campo de atuação doutrinária. Quer dizer, escolher os tópicos, conhecimentos, em que a doutrina pode contribuir de maneira ponderável. Os conhecimentos humanos evoluíram de tal forma que o generalista, o que conhece tudo não sobrevive.

O perigo, quando se defende a abrangência ilimitada do interesse espírita, será o dispersar de energias e abrir campo para afirmações exóticas ou sem fundamentos lógicos e científicos.

Não será mais produtivo aprender, como espíritas, a reflexionar, a filosofar?

Deveríamos, talvez, definir o Espiritismo como uma forma de humanismo, uma filosofia humanista, que se debruça sobre as relações do ser humano consigo mesmo e com o outro. Nesse campo, teremos ampla possibilidade de aprofundar nossos conhecimentos e pesquisas, pois isso envolve a natureza do ser em si mesmo, a comunicação mediúnica e a inserção do Espírito no processo evolutivo, a partir, naturalmente, da imortalidade.

Recordemos as palavras de Kardec:

O que hoje pode ser verdade amanhã pode ser mentira.

O imobilismo não faz parte do pensamento espírita.

Não rejeitar novas idéias e descobertas.

Para que incorporemos o progresso aos nossos princípios não precisamos e nem devemos rejeitá-los, nem enxertá-los com cientificismos ou misticismos, idéias espiritualistas ou esotéricas.


Artigo publicado no Jornal Abertura, nas edições de Junho, julho e agosto de 2013.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Arquétipos – Jaci Régis

Naquele tempo era costume nos encontrarmos aos sábados de manhã. Eu, o José e o Joaquim. Éramos diretores do Lar Veneranda e nesse espaço colocávamos em dia as coisas e conversávamos abundantemente.


Joaquim comentou a persistência das ideias através dos tempos: Passam anos e você vê que a maioria continua acreditando nos mesmos símbolos e ideias, disse.

José lembrou-se dos arquétipos, ideia de Carl Jung, criador da Psicologia Analítica.

Segundo Jung, ensinou José, os arquétipos ou “ideias primordiais” se originam de uma constante repetição de uma mesma experiência, durante muitas gerações. Funcionam como centros autônomos que tendem a produzir, em cada geração, a repetição e a elaboração dessas mesmas experiências.

São estruturas autógenas que se multiplicam decorrendo de fatores culturais, ou seja, elas existem, formam verdades, formas de pensar e agir supostamente espontâneas se impondo à sociedade e, naturalmente, também às pessoas.

Após o longo esclarecimento houve um silêncio. Joaquim voltou à carga.

- Será que a persistência das ideias cristãs seria um exemplo dos arquétipos?

José pensou e disse: Talvez não exatamente como Jung definiu. Mas nos permite pensar como, geração após geração, certos símbolos, mitos e ideias atravessam a cortina do tempo.

- Sob o ponto de vista da reencarnação, talvez possamos explicar a perpetuação das ideias, intervi por minha vez. E aduzi: A fixação na mente da pessoa através das experiências vividas nas culturas em que se encarnou ao longo do tempo possivelmente explique o fenômeno.

José completou: Por isso os arquétipos possuem como que uma identidade especifica e persistem como herança cultural a se imporem aos grupos sociais.

Penso, falei, no mito do messias. É um arquétipo da cultura judaica. Com o cristianismo esse mito foi universalizado e identificado em Jesus de Nazaré.

Nesse caso, continuou José, o arquétipo do cristianismo é posterior ao do mito do messias, pelo menos em quatro séculos.

O que passou, prosseguiu ele, é que essa carga arquetípica estabelece uma cortina pesada contra a renovação. Esse fato me faz analisar como as religiões mantém-se apesar da queda vertiginosa de seu poder.

Dei continuidade ao diálogo: Como, desde a mais remota antiguidade, a ação divina sempre foi predatória, resignar-se e submeter-se foi o caminho ensinado para prolongar a vida, pois o deus tem o poder de matar quando sua vontade assim quiser. E nada nos protege, ponderei.

A tradição pesa e cria uma atmosfera de proteção contra o novo, que se apresenta quase sempre como um abismo, falou Joaquim.

Continuei: Quando a ciência penetra o nebuloso das verdades fundamentais, que inclui Deus e a razão de viver, a natureza e o destino das pessoas, a maioria nega-se a mudar, a retificar o caminho e despreza as verdades. O novo pode afetar o equilíbrio que arquetipicamente mantém a maioria nos limites de suas crenças.

O interessante, completou José, é que o crente, de modo geral, aceita os progressos da ciência no campo das realidades mais objetivas, como a saúde, tanto quanto adere aos novos hábitos e comportamentos que se modificam conforme os tempos.

Mas o crente rejeita as evidências, atalhou Joaquim, quando a ciência contraria as afirmativas seculares sobe a divindade e a natureza humana. Talvez os arquétipos da certeza da fé permaneçam na base dessa resistência.

Essa indecisão, falei por minha vez, facilita a vida das religiões, ancestrais, afirmativas. Mantendo suas verdades e usando da estratégia do mistério e do poder a que se atribuiu, elas se mantêm imunes ao novo. Seja como for, são um refúgio para o ser humano desnorteado com a revelação de fatos que desmontam todo o esquema de fé e certeza em que se sustenta precariamente.

José fez a pergunta: Como superar o peso dessas ‘ideias primordiais’?

Foi Joaquim, inspirado, quem respondeu: Ainda que demore, pela ciência. Porque ela investiga os fatos, descobre as razões e estabelece uma compreensão razoável das coisas, ainda que temporariamente. Porque a ciência descobre verdades parciais, sujeitas a mudar.

Comentei que estava lendo um livro sobre uma filosofia espiritualista que, como qualquer uma, descobriu a verdade. Seu fundador, para afirmar suas teses, simplesmente nega os fatos cientificamente comprovados.

Para ele, repetindo a ideia da criação bíblica, o ser humano foi criado por Deus, isolado de todos os mecanismos da evolução das espécies. Nega, inclusive, a relação dos seres humanos com as civilizações pré-humanas. Deus, para o fundador, tira as pessoas do vazio.

Nada tenho com esses pensamentos, mas vejo que mesmo os indivíduos mais letrados, na pressuposição de terem encontrado um caminho próprio para entender o mistério da vida, não titubeiam em rejeitar os fatos para manter sua fé.

Depois de tomarmos um cafezinho, José fez uma análise interessante. De modo geral, disse ele, as religiões estão paradas conceitualmente e os avanços da ciência não abalam seus alicerces, pelo menos a curto prazo. A Igreja católica mantém seus princípios medievais em pleno século vinte e um. E como ela, todas as crenças religiosas se referem ao passado, às verdades que desbotaram, mas se apegam a elas como boias de salvação.

Mantém-se, interveio Joaquim, porque para ao crente não importam, pelo menos para a maioria, os escândalos, as descobertas cientificas. Ele se agarra à sua crença que tem o selo divino e diante do divino a ciência ainda é vista como sacrílega.

Provoquei: E o Espiritismo? E continuei: Allan Kardec afirmou que se qualquer principio da doutrina for desmentido pela ciência, passaríamos a seguir a ciência e abandonaríamos aquele principio. A medida não é apenas inteligente. É sábia.

Todavia, voltou José, ainda que muitas das afirmações espíritas tenham sido desmentidas pela investigação cientifica há quem se mantenha apegado aos ditames de cento e cinquenta anos atrás. Aqui também, a fé religiosa, nega evidências, concluiu.

A força de um arquétipo diminui, mas talvez nunca desapareça, comentou José. Pode ser e é substituída por outros arquétipos, pois assim tem sido, conforme os modelos cultuais se modificam.

Sempre houve os que se rebelaram contra a tutela dos modelos. Em todas as épocas essa rebeldia foi a brecha para a renovação Agora, neste século vinte e um, a força das investigações cientificas está criando, paulatinamente, um arquétipo materialista contrariando todo os arquétipos anteriores, espiritualistas, deístas, religiosos.

O futuro mostrará como nos livraremos do materialismo, disse eu.

E a conversa terminou, pois era hora do almoço.



Texto publicado na coluna Ciência da Alma no Jornal Abertura – Março 2013



sábado, 16 de fevereiro de 2013

Os riscos de viver em um planeta – meteoritos e asteroides por Alexandre Cardia Machado

Muitas vezes não nos damos conta que vivemos em um planeta, que viaja no espaço a 40 km por segundo, girando em torno do sol, e que além de planetas, existem objetos menores, como asteroides, cometas e restos de cometas ocupando o mesmo espaço por onde passamos, com isto, todos os dias a Terra coleta cerca de 100 toneladas de detritos espacias, a maioria é muito pequena e pulveriza na alta atmosfera, apenas uma parte muito pequena chega ao solo. Acredita-se que cerca de 100 mil meteoros com mais de 1 quilo entrem na atmosfera da Terra por ano.



Meteoritos maiores, são mais raros, nesta sexta-feira, dia 14 de Feverieiro de 2013 um grande meteorito caiu em uma zona povoada da região russa dos Urais, onde deixou pelo menos 950 feridos e causou pânico entre a população, horas antes da passagem de um grande asteroide que está sendo monitorado pela NASA a 27 mil quilômetros da Terra. "Havia vários fragmentos bastante grandes que chegaram até a Terra", afirmou Vladimir Puchkov, ministro para Situações de Emergência da Rússia. Isto na verdade não foi o que ocorreu, como já dissemos o espaço do sistema solar entre as órbitas da Terra , Marte e Júpiter existem milhões de asteroides e pequenos pedaços que sobraram da construção dos planetas do sistema solar.

No Livro dos Espíritos Allan Kardec chega a discutir um pouco esta questão, vejam a questão:

41: Pode um mundo completamente formado desaparecere disseminar-se de novo no Espaço a matéria que o compõe?

“Sim, Deus renova os mundos, como renova os seres vivos.”



O perigo existe, vejam em detalhes o que o ocorreu na Rússia.

O meteorito de aproximadamente 10 toneladas caiu a cerca de 80 quilômetros da cidade de Satka, por volta das 9h20 local (1h20, horário de Brasília), mas a onda expansiva afetou várias regiões adjacentes e até a vizinha república centro-asiática do Cazaquistão.

"Quando soaram as ensurdecedoras explosões, pensávamos que era um terremoto. As crianças que patinavam no gelo caíram devido à onda expansiva", afirmou Aleksandr Martents, residente na cidade Cheliabinsk.

Feridos

Segundo o governador de Cheliabinsk, cerca de 950 pessoas ficaram feridas devido à queda dos fragmentos do meteorito, enquanto milhares de casas na cidade foram afetadas pela onda expansiva. Em uma primeira contagem, o número era de 500 feridos. As autoridades cifram em 100 mil metros quadrados os vidros das janelas que quebraram pelos ares devido às explosões, o que deixou centenas de casas sem proteção em pleno inverno.

O governador regional de Nas notícias, temos ouvido que aumentaram os níveis de radiação e que é aconselhável ficar em casa e fechar as janelas", comentou uma farmacêutica da cidade de Kopeisk.

No entanto, Puchkov afirmou que "não foi registrado um aumento dos níveis de radiação", o que foi corroborado pelo chefe sanitário russo, Gennady Oníschenko.

Este funcionário pediu para população local que não tenha pânico, argumentando que os níveis de radiação estão dentro da norma e que nas povoações afetadas há calefação, luz e água.

Chelyabinsk disse que a chuva de meteoritos causou danos superiores a 30 milhões de dólares, e, de acordo com o Ministério das Emergências, cerca de 300 edifícios foram afetados.

Segundo o Ministério da Saúde, 112 pessoas foram internadas, sendo duas delas em estado grave, e outras 22 apresentam diversos traumas, ferimentos e cortes, muitos deles provocados por vidros. A maioria dos hospitalizados (cerca de 80) é formada por crianças.

Apesar dos especialistas afirmarem que os fragmentos do meteorito não são radioativos, o Ministério para Emergências aconselhou que a população não se aproxime do objeto.

Os astronautas da Estação Espacial Internacional asseguraram que não viram a queda do meteorito, já que nesse momento sobrevoavam Nova Guiné.

Quanto a uma possível repetição do fenômeno, o especialista em meteoritos da Academia de Ciências da Rússia, Dmitri Badiukov, descartou a hipótese. "Não há ameaça de repetição. Os meteoritos caem de maneira periódica, mas é bem raro. A repetição do dito fenômeno é praticamente impossível", disse.

Para quem quiser ver o meteoro caindo, ele foi filmado e pode ser acessado no link abaixo.



http://noticias.terra.com.br/ciencia/espaco/queda-de-meteoro-causa-explosoes-no-ceu-e-deixa-feridos-na-russia,73ad0eb2d3cdc310VgnVCM3000009acceb0aRCRD.html



sábado, 20 de outubro de 2012

Jogos Paraolímpicos - Editorial Jornal Abertura Setembro 2012



É lindo ver o que a força de vontade é capaz de fazer, ver aquelas pessoas pelas quais muitos teriam pena se esforçarem ao máximo em jogos de muito bom nível técnico, onde a dedicação é tão grande ou até maior do que nos Jogos Olímpicos.


Pena é coisa do passado. Hoje, jovens com má formação congênita se juntam em grupos para praticar esportes adaptados, ou não, e veem nisto uma oportunidade de viver com felicidade, de trabalhar sem preconceitos. Os resultados paraolímpicos brasileiros têm sido muito melhores do que os obtidos pelos atletas das Olimpíadas e, talvez exista uma explicação para isto. Somos um dos campeões mundiais de acidentes de trânsito; infelizmente este é o lado obscuro disto: um contingente enorme de jovens acidentados em motocicletas, engrossando o número de atletas paraolímpicos.

Como Kardecistas, não podemos deixar de lado esta grande demonstração, na vida prática, de que nada adiantaria imaginar que má formações ou acidentes fossem causados por erros em vidas passadas, pois a dinâmica da vida em sociedade tem seus meios de contrabalancear e encontrar alternativas para incorporar no trabalho, no esporte e no lazer este contingente de pessoas que, como cada um de nós, está nesta encarnação enfrentando todos os desafios que a vida proporciona.

Aqueles que imaginam que possa haver um determinismo por trás de tudo isto, se veem sem argumentos, pois os humanos dão sempre a volta por cima. Somos sobreviventes em um planeta em transformação constante e rumando para o progresso.

Prestamos nossa homenagem a estes brasileiros e também aos demais atletas de outras nacionalidades, que estão suando e buscando o máximo de si nestes jogos tão interessantes – é a prova clara de que o Espírito está sempre buscando uma forma de melhor se expressar.

A vida encarnada nos possibilita o aperfeiçoamento do espírito, como fruto de seu trabalho. E que trabalho desenvolvem estas pessoas especiais! O espírito alcança o seu progresso na razão e na boa vontade que emprega para adquirir as qualidades que lhe faltam, assim nos ensinou o professor Rivail.

Originalmente publicado no Jornal Abertura - Setembro 2012

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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Sobre o Pseudônimo de Rivail - Eugenio Lara

Artigo originalmente publicado no Jornal ABERTURA - Agosto de 2012

Deixe o seu comentário, qual teria sido afinal a orígem do nome Allan Kardec?


Sobre o Pseudônimo de Rivail - Eugenio Lara

Já perdi a conta das vezes que me perguntaram, durante a palestra em centros espíritas, sobre a origem do pseudônimo Allan Kardec, adotado pelo grande pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869) na assinatura de sua obra espírita. Teria sido mesmo ele um druida? Em que época viveu? Por que Rivail adotou esse estranho pseudônimo? Trata-se de um tema controverso, principalmente devido à carência de fontes fidedignas.


Nós, espíritas, aceitamos que Allan Kardec foi uma das encarnações de Rivail, mais pela tradição oral, pelo argumento de autoridade do que pela escrita. O primeiro biógrafo de Rivail, Henri Sausse (1851-1923), afirmou em uma conferência comemorativa da desencarnação de Kardec, em 1896, que o fundador do Espiritismo teria tido uma encarnação entre os celtas: “segundo lhe revelara o guia, ele tivera ao tempo dos Druidas.” Um detalhe: esse guia a que Sausse se refere é o Zéfiro (ou Zephyr), espírito protetor de Rivail.

Sausse não cita a fonte dessa informação e nem afirma que ele teria sido um druida. Muito provavelmente teve acesso a dados biográficos compartilhados por contemporâneos e amigos mais íntimos de Rivail, à sua correspondência e seus manuscritos, ainda intactos, mas que seriam em quase sua totalidade destruídos durante a II Guerra Mundial, quando os nazistas invadiram a França, ocuparam Paris e destruíram quase todo o legado kardequiano.

Todavia, Sausse não é a única fonte. Se formos confrontá-la com outras disponíveis, a compreensão torna-se mais obscura ainda, controversa, deixando o tema ainda em aberto.

A seguir, o leitor poderá apreciar um panorama das fontes existentes, de fontes primárias, apesar de contraditórias, que evitariam afirmações equivocadas e pouco fiéis acerca da origem do pseudônimo do fundador do Espiritismo.



HENRI SAUSSE

“Esse livro [O Livro dos Espíritos] era em formato grande, in-4, em duas colunas, uma para as perguntas e outra, em frente, para as respostas. No momento de publicá-lo, o autor ficou muito embaraçado em resolver como o assinaria, se com o seu nome — Denizard-Hippolyte-Léon Rivail, ou com um pseudônimo. Sendo o seu nome muito conhecido do mundo científico, em virtude dos seus trabalhos anteriores, e podendo originar uma confusão, talvez mesmo prejudicar o êxito do empreendimento, ele adotou o alvitre de o assinar com o nome de Allan Kardec que, segundo lhe revelara o guia, ele tivera ao tempo dos Druidas.”



“Assim, também, se deu a respeito do seu pseudônimo. Numerosas comunicações, procedentes dos mais diversos pontos, vieram reafirmar e corroborar a primeira comunicação obtida a esse respeito.”

(Biografia de Allan Kardec - FEB – Grifo meu).



CANUTO ABREU

“Uma noite veio o Professor com Madame RIVAIL. Nosso Guia os recebeu amistosamente, saudando o professor com estas palavras: — ‘Salve, caro Pontífice, três vezes salve!’. Lida, em voz alta, a saudação, todos rimos. Para nós, ZEPHYR estava pilheriando. Papai, então, explicou ao Professor o costume do Espírito Familiar apelidar quase todos os visitantes. O senhor RIVAIL não se agastou e respondeu ao Guia, sorrindo — ‘Minha bênção apostólica, prezado filho’. Nova risada geral. ZEPHYR, porém, respondeu ter feito uma saudação respeitosa, a um verdadeiro pontífice, pois RIVAIL havia sido, no tempo de Júlio CÉSAR, um chefe druídico.”



“— UMA NOITE, INESPERADAMENTE, disse-nos ZEPHYR: — Vocês irão brevemente para Paris. BAUDIN arrumará os seus negócios; Emile entrará na Escola Naval; Caroline e Julie tomarão professoras mais competentes e... encontrarão seus noivos; e eu, ZEPHYR, procurarei contato com um velho amigo e chefe desde o ‘nosso’ tempo de Druidas.” (O Livro dos Espíritos e Sua Tradição Histórica e Lendária - Ed. LFU – grifo meu).



LÉON DENIS

O continuador da obra kardequiana, Léon Denis (1846-1927), sustenta que Allan Kardec não teria encarnado como druida na Bretanha, mas sim na Escócia. O próprio Denis considerava-se um druida reencarnado, chamado por Arthur Conan Doyle de “O Druida de Lorena”:

“Foi nessas profundas fontes que Allan Kardec ilustrara seu espírito; foi com meios idênticos que ele viveu outrora. Não na Bretanha, talvez, mas antes na Escócia, segundo a indicação de seus guias.”

(...)

“Kardec ali aprendeu a filosofia dos Druidas; preparava-se no estudo e na meditação para as grandes empresas futuras.”

“(...) Até o nome de Allan Kardec, que escolheu, até este dólmen erigido no seu túmulo por sua expressa vontade, tudo, digo eu, lembra o homem do visco do carvalho, que voltou a esta Gália para despertar a fé extinta e fazer reviver nas almas o sentimento da imortalidade.” (O Mundo Invisível e a Guerra, cap. VI - Ed. CELD).



ALEXANDRE DELANNE

O pai de Gabriel Delanne, grande amigo, vizinho de Rivail, ao lado do filho e da esposa, médium da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE), fundam o periódico Le Spiritisme, em março de 1883. Em um artigo deste periódico, Alexandre Delanne revela um dado bem interessante, que destoa das fontes conhecidas:

“Há ainda um outro detalhe que temos do próprio autor [Kardec]. Veja como ele apresenta o pseudônimo que haveria de assinar seus escritos: Você tomará o nome de Allan Kardec, que nós te damos. Não se preocupe com isto, ele é seu, você já propiciou muita dignidade em uma encarnação anterior, quando vivia na antiga Armórica.” (Le Spiritism, maio de 1888 – Grifo meu).

Na Antiguidade, Armórica era o nome de uma região da lendária Gália, território dos celtas gauleses, que incluía a península da Bretanha, localizada a oeste da atual França.



AMÉLIE BOUDET

“— Todos os literatos – responde Madame Kardec – adotam pseudônimos. Meu marido jamais pilhou coisa alguma”. Em resposta à insinuação do promotor público de que Rivail teria retirado o pseudônimo Allan Kardec de um manual de magia negra. (Mme. Leymarie - Processo dos Espíritas - FEB).



GEORGES D’HEILLY

O escritor francês Georges D'Heilly publicou um interessante livro em 1867, intitulado Dicionário de Pseudônimos. O autor afirma que o próprio Rivail contou-lhe a origem de seu codinome:

“Quanto à escolha de seu pseudônimo, ele próprio [Rivail] contou sua origem. Tinha-lhe sido revelado, diz ele, pelos espíritos, que numa encarnação bem anterior à vida presente, chamava-se realmente assim, e também, como tal, foi chefe de um clã bretão no século XII.” (Dictionnaire des Pseudonymes, recueillis par Georges D'Heilly, p. 7 - 2ª ed. E.Dentu, Libraire-Éditeur - Libraire de la Société des Gens de Lettres, Paris-France [1869]. Tradução de Eugenio Lara.)=







ALLAN KARDEC

Não há fonte mais convincente do que ouvir do próprio Rivail o que ele tem a dizer sobre seu pseudônimo. Entretanto, ele sempre foi discreto quanto à sua origem. Nada consta em sua obra publicada. Pelo fato de seu nome civil ser muito notório e reconhecido nos meios culturais e científicos franceses, o fundador do Espiritismo preferiu assinar com outro nome, um pseudônimo, a exemplo de escritores e literatos, a fim de não causar confusão. Como sempre fazia, consultou os espíritos, certamente O Espírito de Verdade, seu guia espiritual. Todos os biógrafos de Kardec são unânimes quanto a esse seu procedimento.

O ideal seria termos acesso à correspondência e manuscritos de Rivail. No entanto, o que não foi destruído também não é divulgado. Boa parte do patrimônio kardequiano encontra-se em poder da família do historiador e tradutor Silvino Canuto Abreu (1892-1980). O Museu Espírita de São Paulo, localizado na Lapa, Grande São Paulo, fundado e dirigido por Paulo Toledo Machado, expõe uma pequena parte deste patrimônio, doado pela família.

Deste acervo, temos acesso a uma carta de Rivail ao barão e empresário Tiedeman, “amigo seu e dos espíritas”, segundo o biógrafo André Moreil, que hesitou em investir no projeto da Revista Espírita:

“Duas palavras ainda a propósito do pseudônimo. Direi primeiramente que neste assunto lancei mão de um artifício, uma vez que dentre 100 escritores há sempre ¾ que não são conhecidos por seus nomes verdadeiros, com a só diferença de que a maior parte toma apelidos de pura fantasia, enquanto que o pseudônimo Allan Kardec guarda uma certa significação, podendo eu reivindicá-lo como próprio em nome da Doutrina. Digo mais: ele engloba todo um ensinamento cujo conhecimento por parte do público reservo-me o direito de protelar... Existe, ainda, um motivo que a tudo orienta: não tomei esta atitude sem consultar os Espíritos, uma vez que nada faço sem lhes ouvir a opinião. E isto o fiz por diversas vezes e através de diferentes médiuns, e não somente eles autorizaram esta medida, como também a aprovaram.” (Zeus WANTUIL e Francisco THIESEN, Allan Kardec - vol. II, p. 76).



ANNA BLACKWELL

A jornalista, poetisa e tradutora inglesa Anna Blackwell (1834-1900) conheceu pessoalmente, na intimidade, o casal Rivail. Tornou-se correspondente da Revista Espírita na Inglaterra, em 1869. Verteu O Livro dos Espíritos para o inglês, em 1875, tradução esta dedicada à esposa de Rivail, Amélie Boudet:

“E você o publicará [O Livro dos Espíritos], não com seu próprio nome, mas sob o pseudônimo de Allan Kardec (*). Guarde seu próprio nome Rivail para seus próprios livros já publicados, mas tome e guarde o nome que agora lhe demos para o livro que você irá publicar sob nossa ordem, e em geral, para todos os trabalhos que você terá no desempenho da missão que, como já dissemos, lhe foi confiada pela Providência e que será gradualmente aberto a você na medida em que prosseguir nele, sob nossa orientação”.

(*) “Um antigo nome Bretão da família de sua mãe.”

(Prefácio à tradução inglesa, de Anna Blackwell em The Spirit’s Book - FEB, tradução de Myrian de Domênico Rodrigues).



ALEXANDRE AKSAKOF

A partir de depoimentos pessoais de Ruth Celina Japhet, médium colaboradora de Kardec, o pesquisador russo Alexandre Aksakof (1832-1903) publica um artigo em 1875, onde critica a formulação do conceito de reencarnação na França. Editado por ocasião do lançamento da tradução inglesa de O Livro dos Espíritos, por Anna Blackwell, o artigo causou, na época, muita celeuma. Pierre Gaëtan Leymarie e Anna Blackwell contestaram Aksakof de forma contundente. O médium citado, Roze, era membro da SPEE, assim como Japhet:

“Como ele [O Livro dos Espíritos] também foi anexado a um jornal importante, o L’Univers, ele [Rivail] publicou seu livro com os nomes que ele teria tido em suas duas existências anteriores. Um destes nomes era Allan — revelado a ele pela senhora Japhet, e o outro nome, Kardec, foi revelado a ele pelo médium Roze.”

(Pesquisas Sobre a Origem Histórica das Especulações Reencarnacionistas dos Espiritualistas Franceses, artigo originalmente publicado no periódico londrino “The Spiritualist Newspaper”, em 1875. Tradução de Vital Cruvinel – Grifo meu).



JACQUES LANTIER

O sociólogo francês realizou um interessante e abrangente estudo histórico-sociológico sobre o Espiritismo, onde cita trecho de uma carta redigida por Allan Kardec sobre seu pseudônimo:

“O Sr. Leymarie, editor e livreiro, na rua Saint-Jacques nº 32, herdeiro de Pierre-Gaëtan Leymarie, um dos pioneiros do espiritismo, fez-me saber que possuía um documento manuscrito de Allan Kardec, até hoje inédito, no qual este explica a “verdadeira” origem do seu pseudônimo: Rollon, primeiro duque dos Normandos, no século IX, teve um filho que foi curado por um chefe de comunidade que se chamava Allan Kardec. (O Espiritismo, p. 71. - Edições 70 – Grifo meu).



CARLOS IMBASSAHY

Para finalizar, citamos o grande escritor espírita brasileiro Carlos Imbassahy, não por ser uma fonte primária, mas porque seu depoimento é imprescindível neste caso, como argumento de autoridade, que corrobora a existência do misterioso acervo kardequiano, o qual teve acesso, em função da amizade com Canuto Abreu:

“Revelaram os espíritos que Denizard Rivail, em encarnações anteriores, vivera na Gália, onde se chamara Allan Kardec. Daí a proveniência do pseudônimo que adotou. Em nova encarnação fora o infortunado João Huss.”

“A notícia de que Allan Kardec tivera uma existência ao tempo de Júlio César data de 1856; a de ter sido João Huss veio em 1857.”

“Revelaram os Espíritos que Denizard Rivail, em encarnações anteriores, vivera na Gália, onde se chamara Allan Kardec. Daí a proveniência do pseudônimo que adotou. Em nova encarnação fora o infortunado Jean Huss. A notícia de que Allan Kardec tivera uma existência ao tempo de Júlio César data de 1856 e a de ter sido Jean Huss veio em 1857; ambas por via medianímica: a primeira pela cestinha escrevente de Baudin, com a médium Caroline; a última por psicografia de Ermance Dufaux.”

“As fontes preciosíssimas – esclarece o Dr. Canuto Abreu – estavam, em 1921, na Livraria de Leymarie, onde ele as copiara na sua quase totalidade. Passaram em 1925 para o arquivo da Maison des Spirites, onde os alemães, durante a invasão de Paris, as destruíram em 1940.”

Carlos Imbassahy ainda cita uma enciclopédia inglesa que consideramos oportuno transcrever:

“His pseudonym originated in mediumistic communications. Both Allan and Kardec were said to have been his names in previous incarnations”.

“Seu pseudônimo é originado de comunicações medianímicas. Diz-se que Allan e Kardec foram os seus nomes em encarnações anteriores.”

(A Missão de Allan Kardec - Ed. FEP).



Como se vê, as informações são contraditórias. Em encarnação anterior, teria vivido Rivail na Escócia ou na antiga Bretanha? Mas, e a reencarnação como Jean Huss, como fica? Foi druida ou chefe de comunidade? Allan Kardec é um nome próprio ou é junção de Allan com Kardec? A questão se complica ainda mais se formos analisar a origem etimológica do nome próprio Allan Kardec. Não é de origem céltica, porque provem do germânico, melhor dizendo, dos normandos, oriundos da atual Dinamarca. O nome Allan Kardec é de origem normanda, viking. Fosse gaulesa, teria de ser Alan Karderix. Ou seja, nunca existiu um druida de nome Allan Kardec. Mas, essa é uma questão para ser abordada em outra oportunidade...



Eugenio Lara, arquiteto e designer gráfico, é fundador e editor do site PENSE - Pensamento Social Espírita [www.viasantos.com/pense], membro-fundador do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita (CPDoc) e autor dos livros em edição digital: Racismo e Espiritismo; Milenarismo e Espiritismo; Amélie Boudet, uma Mulher de Verdade - Ensaio Biográfico; Conceito Espírita de Evolução e Os Quatro Espíritos de Kardec.

E-mail: eugenlara@hotmail.com

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