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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Tudo pronto para o XIII SBPE - Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita


Marque na agenda XIII SBPE em outubro - tudo pronto só falta a sua inscrição!

O Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita será realizado de 25 a 27 de outubro, em Santos, na Avenida Francisco Glicério, 261 – Gonzaga.

Estamos quase lá! Os trabalhos a serem apresentados e autores já estão definidos. Vejam abaixo que serão 12 temas distintos, ou abordados de forma diferente.

A programação do evento será feita de forma que todos os participantes possam assistir a qualquer trabalho, sem precisar escolher entre eles.

Como nesta edição serão apenas três dias, ao contrário dos encontros anteriores que eram realizados em feriados, buscamos favorecer a ampla participação. Ainda há tempo de se inscrever e os detalhes podem ser encontrados no blog do ICKS: http://icksantos.blogspot.com.br ou pelo telefone da secretaria do evento (13) 3321-3452.

Haverá um bom equilíbrio entre estudos individuais (nove) e trabalhos produzidos por grupos de estudos (três), demonstrando que a cada dia mais grupos se dedicam ao estudo contínuo da Doutrina Kardecista.

Relação de trabalhos:

AUTOR TÍTULO CIDADE
Ademar Arthur Chioro dos Reis Politicas publicas para  álcool e drogas e o papel dos espiritas Santos -SP
Alcione Moreno Sexualidade e Espiritismo São Paulo - SP
Alexandre Cardia Machado O desenvolvimento do Espírito, até o surgimento da vida na Terra, uma hipótese livre pensadora Kardecista Santos -SP
Eugenio Lara Os Desertores de Kardec São Vicente -SP
Eugenio Lara Uma análise Kardecista da desobediência civil São Vicente -SP
Grupo Livre Pensador Pesquisa Mediúnica sobre Reencarnação São Paulo - SP
Herivelto Carvalho A Filosofia Espírita de Torres-Solanot Ibatiba -ES
ICKS - Grupo de Estudos Pode o espiritismo ser considerado ciência da alma?  - Uma análise epistemológica da  proposta do pensador espírita Jaci Régis  Santos -SP
Mocidade Espírita Estudantes da Verdade Direito à Vida Santos -SP
Reinaldo di Lucia Livre Arbítrio Santos -SP
Ricardo Nunes Jaci Régis e o Jardim de Epícuro Guarujá -SP
Roberto Rufo O Livre Arbítrio e os seus inimigos Santos -SP

 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

AS MUTAÇÕES DAS ESTRUTURAS MENTAIS por Jaci Régis

AS MUTAÇÕES DAS ESTRUTURAS MENTAIS COMO CONDIÇÃO PARA A MUDANÇA



Allan Kardec elaborou a Doutrina para um tipo de adepto capaz de mudar, de transformar, de aceitar o novo, sem desestruturar-se.

Uma exigência bastante difícil de ser aceita por um grande número, talvez a maioria das pessoas.

Porque, psicologicamente, as pessoas tendem a se acomodar, a ser conservadoras.

Cada pessoa, direi Espírito, para situar a construção dos conceitos através do tempo e encarnações, vai sedimentando conhecimentos e experiências Essa estrutura mental define a individualidade permanente, cerne, base, fundamento das personalidades que cada um de nós assume nas várias encarnações. E determina o perfil psicológico do ser.

É um processo complexo e desenvolve uma visão particular, um código com o qual o conjunto da vida é decodificado. Cria a própria e específica interpretação dos fatos, das idéias, a partir dessa maneira pessoal de olhar, sentir e perceber fatos e idéias.

As estruturas mentais se tornam, pois, consistentes, como fatores constitucionais do ser e vão sendo consolidadas:

a) pela força dos modelos culturais, insistentemente repetidos e mantidos, seja pela instituição familiar, pela classe social, pelos clãs, sobretudo pela crença religiosa, através processo evolutivo atemporal;

b) por convicções específicas que atendem à visão de mundo que cada um desenvolve por afinidades de afetos (perspectivas, sonhos) ou compensação (medos, angustias, etc.);

c) como forma de manter-se relativamente estável (mesmo na loucura) diante das incertezas naturais ou alucinadas.

Tais estruturas constitucionais, pertencem ao acervo espiritual e podem persistir encarnação após encarnação, com modificações pontuais, até que sejam abaladas por fatores variados.

Então, o abalo é assimilado ou rejeitado produzindo reações contraditórias:

a) às vezes as reações são violentas, agressivas, como recursos de salvaguarda da própria estrutura mental existente, surgindo condutas de confronto como medida de força e inibição da diversidade conceitual. São os choques religiosos, por exemplo, entre facções adversárias.

b) outras vezes, o ser desenvolve desvios conceituais, argumentação falaciosa para sustentar antigas convicções ou, também, pode simplesmente tornar-se indiferente negando-se a perceber os abalos da convicção nela permanecendo acomodado

c) não poucos entregam-se ao desalento e à descrença. Quando esse estágio move-se para uma busca de outras alternativas ou respostas, inicia-se um período de grande conturbação interior.

Abre-se um vazio existencial.

Medos, ansiedades estão na base desse processo de definição existencial. Mesmo nas mentes que possamos considerar razoavelmente sadias, subsiste, também, o medo de mudar.

A angústia do novo provoca um longo período de incertezas. Nem sempre a clareza de raciocínio é fator positivo no processo de mudança. Muitos apenas alcançam novo nível de acomodação mental. Refugiam-se numa determinada crença, seja espiritualista ou materialista e não chegam a elaborar uma nova visão de homem e de mundo.

Porque há uma diferença sensível entre a acomodação e a mudança. A mudança representa a descoberta, um novo caminho, um novo entendimento. A acomodação é uma forma sutil de manter as mesmas posições, com formas e modos meramente exteriores.

Além disso, a incerteza generalizada sobre as razões mais profundas da vida e a inevitabilidade da morte, desenham o quadro final desse complexo.

Mudar é, pois, um processo traumático.

Podemos, figurativamente, ilustrar esse processo na visão de uma árvore frondosa, cheia de folhas verdes no verão, que se desnuda e fica com galhos secos e nus, no outono e inverno, e que novamente refloresce e se enche de folhas verdejantes.

O primeiro momento é o tempo em que a pessoa está confiante e confortável com suas crenças, idéias, seu modo de ser.

O segundo momento é o tempo de transição, da dúvida, do questionamento, do abandono de crenças, idéias, acalentadas e muitas vezes muito sedimentadas.

O terceiro momento representa a recuperação das idéias, das crenças, em novo sentido, prisma e conceito.

Muitos temem o segundo momento, os galhos secos, a nudez das folhas, a exposição da alma ao incerto, à insegurança da transição e permanecem com suas velhas folhas, sem coragem, disposição ou necessidade de atravessar esse outono-inverno , esse trânsito da certeza para a incerteza em busca de novas certezas.

Entretanto, sem essa mutação a árvore fenece e não pode produzir flores e frutos.

Duro é o discurso da mutação, da mobilidade conceitual.

Transcrevo as linhas de carta que recebi, num momento de transição de nossa vida espírita, de um ex-companheiro de doutrina, dotado de inteligência e trabalhador assíduo do movimento, ao se despedir, ausentando-se da luta que travamos:

A revisão de valores que você tem comandado e que eu, em bem reduzida parte cooperei, ganhou um ritmo para mim acelerado, acima da minha capacidade de apreensão. Em alguns momentos, tudo isso tem me confundido a mente. O que era não é, o que valia não vale mais. Olhar para trás significa auto-acusação. Aí vem o desconforto duro, porque foram muitos anos de empenho, trabalho e crença, que chamamos ideal. E pôr outras coisas nesse espaço não tem sido fácil.

É preciso advertir que essa flexibilidade mental, que se permite examinar as contradições e ouvir as incertezas internas e não desestruturar-se com a queda de crenças, mitos e idéias a que se consagrou durante muito tempo, não tem uma relação objetiva com escolaridade.

Faço esse apontamento porque serão inevitáveis as críticas ao elitismo ou à ironia sobre os "doutores" e outros mecanismos de que se servem intelectuais que, não obstante, combatem a intelectualidade, supondo que os "simples" seriam excluídos, sendo que denominam "simples" os que não possuem condições mínimas de entendimento e, por isso, engrossam as fileiras dos freqüentadores e - pasmem! - de certos dirigentes dos centros espíritas.

Um pormenor importante nessa elucubração é que não se trata de pessoas "letradas" no sentido eufemístico ou pretensioso. Mas de pessoas capazes de refletir, de pensar e crescer, independente de títulos. É claro que, quando o país luta para livrar-se totalmente do analfabetismo, não seria a doutrina que louvaria a não-cultura.

É uma questão de amadurecimento e de assumir uma nova rota, quando a que se trilha se esgotou.

Friso isso porque muitos não evoluem, desiludem-se.

Não crescem, abandonam o caminho.

Não questionam profundamente; reclamam , mascarando o sofrimento e o medo de mudar.

O princípio do progresso das idéias inclui a negação simbólica para abrir espaço ao debate e à crítica, fertilizando as idéias.

Como afirmei, existe uma tendência à acomodação no processo de aprendizagem. E o progresso no que tange ao pensamento espírita é, sem dúvida, um processo de aprendizagem.

Como diria Mc Lhuan, referindo-se à escola dos tempos de mudança, que o aluno deveria saber aprender, desaprender e reaprender, dada a mutação constante dos fatores.

Na verdade, é preciso abrir um parêntese, para afirmar, segundo meu entendimento, que a mudança de paradigmas é um processo secular, enquanto a mudança dentro dos paradigmas é um processo de mutação constante. Ou seja, só se muda um paradigma quando este esgotou sua capacidade de aceitar a reciclagem das idéias, por estar saturado de obscurantismo ou cristalizado de tal maneira que não possibilita nenhuma forma de questionamento.

Nesse sentido, não creio que os paradigmas estabelecido por Kardec estejam superados, mas que permitem ainda uma reciclagem de linguagem e de sentido, sem perder as ligações originais.




O Adepto do Espiritismo



Como, pois, definir o adepto do Espiritismo?

Kardec disse :"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações" (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII, item 4). Embora essa afirmativa tenha sido, quase sempre, entendida sob o aspecto moralista, verificamos que ela caracteriza o espírita como alguém que quer evoluir constantemente, inclusive moralmente.

Encontramos no O Livro dos Espíritos, uma análise interessante sobre o progresso.

779. O homem tira de si mesmo a energia progressiva ou o progresso não é mais do que o resultado de um ensinamento?

O homem se desnvolve por si mesmo, naturalmente, mas nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma maneira; é então que os mais adiantados ajudam os outros a progredir, pelo contato social.

780. O progresso moral segue sempre o progresso intelectual?

É a sua conseqüência, mas não o segue sempre imediatamente.

780-a. Como o progresso intelectual pode conduzir ao progresso moral?

Dando compreensão do bem e do mal, pois então o homem pode escolher. O desenvolvimento do livre arbítrio segue ao desenvolvimento da inteligência e aumenta a responsabilidade do homem pelos seus atos.

Nesses ensinamentos verificamos como o Espírito, ao longo de sua vida, desenvolve qualidades diferenciadas, retratando as estruturas psicológicas que constrói.

Idéias e sentimentos formam estruturas mentais, que são flexíveis ou inflexíveis, criando bloqueios a serviço da defesa do ser, sempre ameaçado pela incerteza e pelos acontecimentos.

Lembremo-nos que o ciclo nascimento, vida, morte, repetindo-se ciclicamente, é um processo de incerteza constante, até que o Espírito tenha plena e razoável compreensão de sua natureza e perceba a vida terrena como instrumento de sua ascensão, mas que não o reduz a um organismo.

Isso explica as dificuldades e as repetições dos mesmos sintomas, erros e idéias, vida terrena após vida terrena, porque nascer, viver, morrer, não representam, por si mesmos, rupturas estruturais. São condições necessárias para preparar o Espírito para essas rupturas, sob o impacto de descobertas, abalos de crenças e outros fatores externos que mobilizem motivações internas, único caminho para verdadeiras transformações das estruturas mentais.

Daí, a confirmação de que as mudanças são iniciadas na reelaboração de idéias, timidamente assumidas, para depois se tornarem reais, exigindo uma unidade de tempo.

Por isso, a diversidade de prontidão para mudar.

Alguns estão abertos a isso pela assimilação de experiências e porque encontraram um caminho de aplicação da liberdade de pensar e reelaborar.

Outros, retraem-se. Chegam, mesmo, a considerar novas idéias como sadias, excelentes para seus problemas e incertezas, mas titubeiam, hesitam e, muitas vezes, permanecem acomodados.

Por fim, há os que refutam, no momento em que vivem, qualquer possibilidade de mudar, mantendo inflexíveis suas estruturas e nem mesmo considerando a possibilidade de transformação.

O espírita que Kardec aspirava, precisa ensaiar a liberdade de pensar, suportar o medo da travessia, sem precipitação, mas sem relutância, num ritmo certo, pois as mudanças reais são amadurecidas e consubstanciadas.

Não é fácil, por vezes, fazê-lo.

Mas é inevitável fazê-lo.



Contudo, é preciso manter-se atualizado 



Quando Galileu Galilei foi obrigado a desmentir-se publicamente sobre o movimento da Terra. Teria dito, entre dentes "mas se move...". Também, diante da realidade do movimento espírita, muitos poderiam crer que o serviço ao próximo, a consolação que o Espiritismo dá, confere-lhe uma autoridade e uma aura de credibilidade que não pode ser mudada, sob pena de frustrar as milhares de pessoas que buscam nele a reposta para seus problemas e dores.

Esse raciocínio é um sofisma que, se aceito, reduziria o Espiritismo, num prazo relativamente curto, a uma seita marginal, alternativa, como muitas que surgem e desaparecem.

Embora a afirmação de que a "a vida é mais importante que a verdade" pareça justa, em termos do cotidiano, ela é inócua e injusta ao longo do tempo. Principalmente se pretender cercear a busca da verdade como não apenas desnecessária, mas como instrumento da vaidade.

O Livro dos Espíritos é claro.

O conhecimento da verdade fertiliza o sentimento. Senão, transformaremos o consolo da doutrina, em apelo à conformação, ao aceitar como determinação divina e, portanto, irrevogável, todos os acontecimentos da vida terrena.

Se não negarmos o sentido punitivo da lei de causa e efeito, acabaremos por nos tornarmos esquematicamente deterministas, sujeitos ao destino e às condições que nos cercam.

A conformação como sintoma de aceitação de que forças mais altas nos dominam, cercearia todo o esforço de progresso, que poderíamos definir como a descoberta de leis naturais desconhecidas e a construção de novas formas de convivência, conforto e bem-estar.

Isso também nos cega diante da realidade. A hanseníase, por exemplo, é doença que persiste nos países subdesenvolvidos e está erradicada dos países desenvolvidos. Para justificar esse atraso, poderíamos usar o velho estratagema de que os Espíritos que aqui reencarnam ainda "precisam" dessa prova, enquanto os que lá encarnam já não necessitam desse aguilhão. A assertiva é um sofisma porque os habitantes dos países desenvolvidos não apresentam um comportamento ético sublimado, nem suas sociedades estão longe do crime, dos erros e da violência.

Nesse, como em outros casos, não precisamos criar uma explicação engenhosa para "salvar" a Justiça Divina. Em primeiro lugar, as condições sanitárias são básicas para o desenvolvimento de certas moléstias. Além disso, não dispomos de todos os elementos para fazer um julgamento realista das modificações do comportamento humano.

Devemos lembrar que coexistem, no fim do século vinte, esplendores científicos, tecnologias de ponta, projetos quase fantásticos para a informática, viagens interplanetárias, estudos adiantados sobre a natureza do universo, com a crença nas grandes cidades e países do primeiro e de todos os mundos, no vudu, na cartomancia, nas adivinhações e exotismos de toda espécie.

Esses segmentos oferecem a fantasia e a magia que milhares de pessoas cultuam no frenesi de resolver seus problemas sérios ou fúteis, através de sortilégios, rituais e práticas primitivas.

O Espiritismo precisa também definir o papel dos Espíritos na Doutrina Espírita. Aliás, Allan Kardec deixou bem clara a variedade dos graus evolutivos dos desencarnados, eliminando o fascínio sobre um suposto domínio ou sabedoria dos "mortos". Como ele, não podemos, sem dúvida, desprezar a participação dos espíritos na atualização e no progresso do Espiritismo.

Afinal, a doutrina nos abre os horizontes de uma compreensão sem fronteiras entre a vida física e a vida extra física, no meio da qual estão os fenômenos da morte e do nascimento, ciclicamente.

Entretanto, essa comunhão deve ser feita sem deslumbramento e com recíproco respeito e compreensão dos fatores determinantes das estruturas mentais e morais de cada um.

O Espiritismo só tem, pois, um caminho se quiser contribuir para a mudança do processo vivencial humano: dinamizar idéias, pesquisar novos caminhos, ousar na procura de entendimento mais coerente com as idéias da Justiça divina e da própria existência de Deus, atuando positivamente no plano, na vida cotidiana, não apenas das pessoas, mas das coletividades



Como mudar



Kardec estabeleceu a forma dessa atualização que deve ser contínua e constante, sem pressa e sem atraso, no seu tempo, maduramente.

Nem utopias, nem prepotência.

Coerência e integração com a cultura em andamento.

Firmeza de princípios e flexibilidade de entendimento.

Fora disso cairá na repetição. Fechado ao progresso, imobilizando-se, ficará para trás, retendo em seu seio e alimentando suas fantasias, multidões retrógradas, sempre à espera da intervenção do oculto para fazer, por elas, o percurso que inevitavelmente terão de fazer, ainda que perdendo o ritmo e a oportunidade de crescimento.



Delimitar o campo 


Kardec pretendeu que o espírita tivesse a mente científica.

Explico-me. Não quer dizer que ele desejou que todos os espíritas fossem cientistas. Mas que tivessem a mente como se fosse um deles, ou seja, capaz de aceitar que sempre se pode encontrar novos caminhos, penetrar mais a fundo em todas as coisas.

Um dos males que obstam o desenvolvimento do Espiritismo, é a pressuposição de que ele tem respostas para todas as questões.

Dada a impossibilidade de analisar, com base, as variadas e surpreendentes ações humanas, restou a prepotência de que se tinha um esquema pronto, um manual de respostas acabadas para cada tipo de problema.

Esse estratagema só serve para tumultuar as idéias e dispersar o trabalho de expansão da idéia espírita.

Precisamos lembrar que Kardec enfatizou que era "preciso não sair do círculo das idéias práticas," ou seja, evitar utopias, sonhos e pretensões eufóricas.

Creio que o primeiro passo para criar adeptos capazes de atender às exigências do fundador da doutrina será delimitar o campo de atuação doutrinária. Quer dizer, escolher os tópicos, conhecimentos, em que a doutrina pode contribuir de maneira ponderável. Os conhecimentos humanos evoluíram de tal forma que o generalista, o que conhece tudo não sobrevive.

O perigo, quando se defende a abrangência ilimitada do interesse espírita, será o dispersar de energias e abrir campo para afirmações exóticas ou sem fundamentos lógicos e científicos.

Não será mais produtivo aprender, como espíritas, a reflexionar, a filosofar?

Deveríamos, talvez, definir o Espiritismo como uma forma de humanismo, uma filosofia humanista, que se debruça sobre as relações do ser humano consigo mesmo e com o outro. Nesse campo, teremos ampla possibilidade de aprofundar nossos conhecimentos e pesquisas, pois isso envolve a natureza do ser em si mesmo, a comunicação mediúnica e a inserção do Espírito no processo evolutivo, a partir, naturalmente, da imortalidade.

Recordemos as palavras de Kardec:

O que hoje pode ser verdade amanhã pode ser mentira.

O imobilismo não faz parte do pensamento espírita.

Não rejeitar novas idéias e descobertas.

Para que incorporemos o progresso aos nossos princípios não precisamos e nem devemos rejeitá-los, nem enxertá-los com cientificismos ou misticismos, idéias espiritualistas ou esotéricas.


Artigo publicado no Jornal Abertura, nas edições de Junho, julho e agosto de 2013.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

SBPE: uma trincheira para o livre-pensar espírita - Minha Experiência no SBPE - por Ademar Arthur Chioro dos Reis

SBPE: uma trincheira para o livre-pensar espírita

Estive presente em praticamente todas as edições do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita (SBPE), tendo apresentado diversos trabalhos e participado ativamente dos debates nele proporcionados. A minha formação e trajetória como intelectual e dirigente espírita é muito devedora ao evento, que ao longo de mais de duas décadas ininterruptas de existência vem assumindo diversas representações e cumprindo distintos papéis para o movimento espírita e para cada um dos participantes. No presente artigo procuro expressar o que significa pra mim o SBPE, criado e mantido por anos pelo líder espírita Jaci Regis e que se mantém mais vivo do que nunca após o seu desencarne, tendo se constituído num espaço vital e imprescindível de produção e reflexão sobre o pensamento espírita.

A partir de sua criação, na década de 80, constitui-se no único espaço disponível de aglutinação dos espíritas que foram expulsos ou se auto excluíram do movimento espírita hegemônico, após os intensos e destrutivos processos de embate que tiveram a questão religiosa como eixo central da discórdia. As primeiras edições do SBPE constituíram-se numa trincheira de resistência. Não fosse a sua existência teríamos nos enfraquecido no isolamento, no abatimento moral e no desânimo geral. Ali, a cada encontro, percebíamos que companheiros de distintos grupos, cidades e estados tinham uma perspectiva doutrinária convergente. Era ali que nossas energias eram renovadas e que podíamos perceber que outra forma de espiritismo era possível e viável, livre das amarras opressivas que a institucionalidade vigente impunha, da mansidão farisaica contida no discurso evangélico totalizante. Uma proposta que pudesse ser implementada com reais possibilidades de dar continuidade àquilo que fomos entendendo progressivamente cada vez mais ser o projeto de Kardec: um espiritismo progressista, humanista, laico e livre-pensador.

Foi esta identidade de pensamento, construída no debate aberto, franco, fraterno e livre, com companheiros e instituições espíritas de diversas partes do país, que arou e produziu campo fértil para receber o chamado feito pela CEPA, em 1995, quando Jon Aizpúrua dirigiu carta aberta aos espíritas livre-pensadores, laicos, progressistas e humanistas. Convidou-os à cerrarem fileiras na CEPA, processo que se consolidou com a presença de uma grande delegação brasileira no XVII Congresso Espírita Pan-americano da CEPA, em Buenos Aires (1996) e com a realização do XVIII Congresso em Porto Alegre (2000). O tema do Congresso (“Deve o espiritismo atualizar-se?”) e a eleição do gaúcho Milton Moreira Medran para a presidência da entidade consolidaram definitivamente um novo espaço de convivência doutrinária e afetiva para este segmento do movimento espírita.

A partir daí, o SBPE passou a ser explicitamente apoiado pela CEPA e se tornou também um espaço privilegiado de encontro e de fortalecimento desta entidade, sediando várias reuniões da sua Diretoria Executiva, da qual fiz parte por 12 anos. Foi o palco, também, do surgimento da CEPABrasil, entidade criada em 2003 por delegados e amigos da CEPA em nosso país que tem tido um papel importantíssimo na organização de encontros e na disseminação do pensamento kardecista laico e livre-pensador.

Pessoalmente, tenho um debito de gratidão muito grande como o SBPE. Os trabalhos que tenho apresentado em Congressos, Encontros e Conferências, no Brasil e no exterior, e os livros que publiquei - “Magnetismo, Vitalismo e o Pensamento de Kardec” e “Mecanismos da Mediunidade – o Processo de Comunicação Mediúnica”, assim como as contribuições espíritas mais importantes que produzi até hoje, contidas em dois capítulos no livro “A CEPA e a Atualização do espiritismo” e que versam sobre a Agenda e o Método para a atualização do espiritismo, tiveram como laboratórios as reuniões do CPDoc e as sessões de apresentação de trabalhos do SBPE. Não apenas porque me instigaram a produzi-los e apresentá-los, mas porque ali obtive um retorno dos demais participantes, extremamente qualificados, que me aportaram reflexões e críticas tão importantes que praticamente os transformaram em coautores.

Outro aspecto que destaco é o caráter metodológico revolucionário assumido pelo SBPE, proporcionando um espaço inédito para a produção intelectual de autores, grupos de pesquisa e instituições espíritas comprometidas com o pensamento kardecista. Isso ocorreu porque tradicionalmente os eventos espíritas eram realizados como torneios de oratória, em conferências proferidas por palestrantes e médiuns ilustres, sem espaços para o debate, a reflexão e o questionamento. Além disso, raramente permitiam que pesquisadores e estudiosos desconhecidos ou novatos pudessem apresentar as suas contribuições. Concebido num formato muito simples, em que cada participante pode propor com total liberdade um tema, bastando remeter seu resumo, inscrever-se no evento e dele participar para fazer a sustentação oral e debatê-lo livremente com os demais participantes, o SBPE demonstrou o quanto este tipo de espaço é rico e proveitoso, tanto que assim se mantém desde a primeira edição, com pouquíssimas mudanças, tornando-se referência para outros eventos espíritas.

O SBPE tem sido, ainda, e isso não é menos importante do que destaquei anteriormente, um espaço de produção de laços de afetos, de novas e consistentes amizades, de inclusão de gente que foi posta de lado ou que perdeu qualquer possibilidade de conviver fraternalmente com outros companheiros espíritas, simplesmente por pensar diferente, por ousar inovar ou exercitar aquilo que para o espírito é a essência de sua existência: a liberdade de pensamento.

O SBPE é também lugar de encontros e reencontros com companheiros muito queridos de diversas partes do país. Possibilitou o estabelecimento de fortíssimos vínculos afetivos com espíritas argentinos, que dele participam ativamente há vários anos, e terminou por inspirar a criação de um evento similar que ocorre naquele país agora também com regularidade, praticamente nos mesmos moldes do SBPE.

Por tudo isso, espero que os espíritas interessados no estudo e na produção do pensamento espírita, independentemente de serem vinculados ou não a uma das correntes do movimento espírita, que estejam comprometidos com o livre-pensar e que mantém suas mentes abertas ao novo, que lutam pelo direito à liberdade e pelo respeito às diferenças e aos diferentes, possam vir a Santos, em outubro de 2013, para apresentar sua produção ou apenas compartilhar conosco os aportes que serão efetuados por estudiosos muito comprometidos com o desenvolvimento do pensamento kardecista, em momentos de grande aprendizado intelecto-moral e de ampliação de laços de afeto e respeito.



Ademar Arthur Chioro dos Reis

Médico e professor universitário.

Membro do CPDoc e do CEAK (Santos)

segunda-feira, 10 de junho de 2013

O ICKS funciona na nova sede, por Redação

O ICKS começa a reforma da nova sede




A nova sede será no bairro Embaré, na Rua Paraguassú, 18 em Santos é claro, as obras de adaptação da casa, que durante muitos anos foi o consultório psicológico do Dr. Jaci Régis, esta sede nos foi doada pelo casal Jaci e Palmyra Régis ,com o objetivo de dar mais autonomia ao Instituto.

Nosso cronograma prevê o início das atividades na nova sede já em Julho. Aguardem a programação de inauguração.

Atualizando esta postagem, já estamos funcionando em nossa sede!


quarta-feira, 5 de junho de 2013

MINHA EXPERIÊNCIA NO SBPE – Mauricy Silva

O Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita para mim e, porque não dizer, para nós, que somos parte da equipe que o faz acontecer, é realmente um evento agradável, contagioso e que nos dá um prazer imenso. Ele é um encontro de companheiros que procuram dar cada vez mais vida ao Espiritismo Laico que teve sua origem, como afirmou Eugenio Lara no ABERTURA de abril, em meados dos anos 1980, com a chamada questão religiosa, que dividiu de modo definitivo o movimento espírita.




As lembranças são muitas e o que sempre me impressionou foi o propósito de manter a liberdade na apresentação dos temas dos trabalhos, e só rejeitar os trabalhos em que não eram espíritas.

O que também me deu muito prazer foram os Simpósio realizados em Cajamar, principalmente por estarmos todos juntos as 24 horas dos dias do evento, propiciando a interação de todos os participantes.

É um evento que exige muito trabalho e dedicação do grupo, pois acolhemos participantes do muitos lugares do Brasil, dos países vizinhos, da Europa e Estados Unidos. Porém, nos dá muito prazer e alegria quando vemos, no transcorrer da exposição dos trabalhos, a satisfação dos participantes e os comentários positivos de companheiros que acabam de assistir a uma apresentação.

O Simpósio é realmente um local onde os participantes tem total liberdade para apresentarem suas ideias e sentirem que estão sendo ouvidos, principalmente pelas perguntas e pelo esclarecimento dos detalhes que dão a possibilidade de complementar a apresentação.

Como estamos em ano ímpar, é ano do Simpósio.Já estamos em franca atividade de preparação, reservamos as acomodações no Hotel e estamos à disposição de todos para qualquer informação.

As inscrições estão chegando, esperamos os companheiros de sempre e estamos fazendo ampla divulgação do Evento para que este ano tenhamos um recorde de participantes.

Contamos com todos.

Para se inscrever no XIII SBPE que será realizado de 25 a 27 de outubro em Santos, vá ao link:
http://icksantos.blogspot.com.br/2012/12/voce-ja-pode-se-inscrever-no-xiii-sbpe.html

Venha nos encontrar no SBPE de Camila Regis
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=2208169615504219896;onPublishedMenu=overviewstats;onClosedMenu=overviewstats;postNum=13;src=postname

Vida longa ao Simpósio de Eugenio Lara
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=1660154898898467355;onPublishedMenu=overviewstats;onClosedMenu=overviewstats;postNum=6;src=postname

terça-feira, 21 de maio de 2013

27 anos de Jornal ABERTURA

O Jornal ABERTURA, fundado por Jaci Régis em abril de 1987, surgiu da necessidade urgente de dar continuidade ao trabalho pioneiro realizado pelo Jornal Espiritismo e Unificação. Após a expulsão de vários Centros Espíritas santistas que não viam o Espiritismo como religião, da União Municipal Espírita de Santos, perdeu-se aquele importante meio de comunicação editado, à época, por Jaci Régis e José Rodrigues.




O ABERTURA surge então como uma luz, como um farol a iluminar o caminho daqueles que tem uma opção livre-pensadora, focada na orientação inicial de Allan Kardec, aos moldes da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada como um centro cultural e não como um templo religioso.

Nestes 27 anos, presenciamos mudanças políticas no Brasil que vivia então na ditadura militar, passando pelo período de redemocratização. Este jornal assinalou o fim do Apartheid na África do Sul, a queda da Cortina de Ferro, o aparecimento do telefone celular, da internet, mas principalmente, fizemos parte da história do crescimento no Brasil, da Confederação Espírita Pan-americana - CEPA.

Jaci Régis criou um espaço de defesa de grandes ideias liberais, com a criação da LICESP – editora vinculada à Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda, do ABERTURA e do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita e, depois, do ICKS.

Este jornal ajudou a viabilizar a existência de um grupo de resistência, que cresceu e amadureceu, companheiros de ideal, pelo Brasil afora, prosperou a ideia de um Espiritismo laico. Hoje, temos como centralização de nosso esforço a CEPA Brasil, que surgiu neste contexto e, mais amplamente, a CEPA. Nenhum de nós se mantem só. É preciso uma corrente de ideias e a sua divulgação sistematizada e, neste aspecto, o ABERTURA tem sido um elo forte desta corrente.

A primeira edição do ABERTURA trazia uma matéria sobre o momento em que vivíamos: trazia Henrique Diegues que havia sido presidente da UMES por muitos anos e também candidato derrotado com todo o nosso grupo a presidente da USE – União das Sociedades Espíritas de São Paulo, em 1986. Nesta edição apresentaremos mais uma vez a sua lucidez e as suas palavras, em uma entrevista especial.

Estamos em uma segunda geração do ABERTURA, agora sob a liderança de Alexandre Cardia Machado que neste exemplar edita o 28º jornal sem a presença de Jaci Régis. Seguimos firmes na missão de ser um portal capaz de mostrar ao mundo a existência de um Espiritismo belo, livre, não menos fraterno, capaz de servir como instrumento de refino de nossa alma. Podemos ser admiradores da mensagem renovadora de Jesus de Nazaré, podemos analisar friamente as contribuições de outros Espíritos, com o exercício equilibrado do livre-arbítrio.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Arquétipos – Jaci Régis

Naquele tempo era costume nos encontrarmos aos sábados de manhã. Eu, o José e o Joaquim. Éramos diretores do Lar Veneranda e nesse espaço colocávamos em dia as coisas e conversávamos abundantemente.


Joaquim comentou a persistência das ideias através dos tempos: Passam anos e você vê que a maioria continua acreditando nos mesmos símbolos e ideias, disse.

José lembrou-se dos arquétipos, ideia de Carl Jung, criador da Psicologia Analítica.

Segundo Jung, ensinou José, os arquétipos ou “ideias primordiais” se originam de uma constante repetição de uma mesma experiência, durante muitas gerações. Funcionam como centros autônomos que tendem a produzir, em cada geração, a repetição e a elaboração dessas mesmas experiências.

São estruturas autógenas que se multiplicam decorrendo de fatores culturais, ou seja, elas existem, formam verdades, formas de pensar e agir supostamente espontâneas se impondo à sociedade e, naturalmente, também às pessoas.

Após o longo esclarecimento houve um silêncio. Joaquim voltou à carga.

- Será que a persistência das ideias cristãs seria um exemplo dos arquétipos?

José pensou e disse: Talvez não exatamente como Jung definiu. Mas nos permite pensar como, geração após geração, certos símbolos, mitos e ideias atravessam a cortina do tempo.

- Sob o ponto de vista da reencarnação, talvez possamos explicar a perpetuação das ideias, intervi por minha vez. E aduzi: A fixação na mente da pessoa através das experiências vividas nas culturas em que se encarnou ao longo do tempo possivelmente explique o fenômeno.

José completou: Por isso os arquétipos possuem como que uma identidade especifica e persistem como herança cultural a se imporem aos grupos sociais.

Penso, falei, no mito do messias. É um arquétipo da cultura judaica. Com o cristianismo esse mito foi universalizado e identificado em Jesus de Nazaré.

Nesse caso, continuou José, o arquétipo do cristianismo é posterior ao do mito do messias, pelo menos em quatro séculos.

O que passou, prosseguiu ele, é que essa carga arquetípica estabelece uma cortina pesada contra a renovação. Esse fato me faz analisar como as religiões mantém-se apesar da queda vertiginosa de seu poder.

Dei continuidade ao diálogo: Como, desde a mais remota antiguidade, a ação divina sempre foi predatória, resignar-se e submeter-se foi o caminho ensinado para prolongar a vida, pois o deus tem o poder de matar quando sua vontade assim quiser. E nada nos protege, ponderei.

A tradição pesa e cria uma atmosfera de proteção contra o novo, que se apresenta quase sempre como um abismo, falou Joaquim.

Continuei: Quando a ciência penetra o nebuloso das verdades fundamentais, que inclui Deus e a razão de viver, a natureza e o destino das pessoas, a maioria nega-se a mudar, a retificar o caminho e despreza as verdades. O novo pode afetar o equilíbrio que arquetipicamente mantém a maioria nos limites de suas crenças.

O interessante, completou José, é que o crente, de modo geral, aceita os progressos da ciência no campo das realidades mais objetivas, como a saúde, tanto quanto adere aos novos hábitos e comportamentos que se modificam conforme os tempos.

Mas o crente rejeita as evidências, atalhou Joaquim, quando a ciência contraria as afirmativas seculares sobe a divindade e a natureza humana. Talvez os arquétipos da certeza da fé permaneçam na base dessa resistência.

Essa indecisão, falei por minha vez, facilita a vida das religiões, ancestrais, afirmativas. Mantendo suas verdades e usando da estratégia do mistério e do poder a que se atribuiu, elas se mantêm imunes ao novo. Seja como for, são um refúgio para o ser humano desnorteado com a revelação de fatos que desmontam todo o esquema de fé e certeza em que se sustenta precariamente.

José fez a pergunta: Como superar o peso dessas ‘ideias primordiais’?

Foi Joaquim, inspirado, quem respondeu: Ainda que demore, pela ciência. Porque ela investiga os fatos, descobre as razões e estabelece uma compreensão razoável das coisas, ainda que temporariamente. Porque a ciência descobre verdades parciais, sujeitas a mudar.

Comentei que estava lendo um livro sobre uma filosofia espiritualista que, como qualquer uma, descobriu a verdade. Seu fundador, para afirmar suas teses, simplesmente nega os fatos cientificamente comprovados.

Para ele, repetindo a ideia da criação bíblica, o ser humano foi criado por Deus, isolado de todos os mecanismos da evolução das espécies. Nega, inclusive, a relação dos seres humanos com as civilizações pré-humanas. Deus, para o fundador, tira as pessoas do vazio.

Nada tenho com esses pensamentos, mas vejo que mesmo os indivíduos mais letrados, na pressuposição de terem encontrado um caminho próprio para entender o mistério da vida, não titubeiam em rejeitar os fatos para manter sua fé.

Depois de tomarmos um cafezinho, José fez uma análise interessante. De modo geral, disse ele, as religiões estão paradas conceitualmente e os avanços da ciência não abalam seus alicerces, pelo menos a curto prazo. A Igreja católica mantém seus princípios medievais em pleno século vinte e um. E como ela, todas as crenças religiosas se referem ao passado, às verdades que desbotaram, mas se apegam a elas como boias de salvação.

Mantém-se, interveio Joaquim, porque para ao crente não importam, pelo menos para a maioria, os escândalos, as descobertas cientificas. Ele se agarra à sua crença que tem o selo divino e diante do divino a ciência ainda é vista como sacrílega.

Provoquei: E o Espiritismo? E continuei: Allan Kardec afirmou que se qualquer principio da doutrina for desmentido pela ciência, passaríamos a seguir a ciência e abandonaríamos aquele principio. A medida não é apenas inteligente. É sábia.

Todavia, voltou José, ainda que muitas das afirmações espíritas tenham sido desmentidas pela investigação cientifica há quem se mantenha apegado aos ditames de cento e cinquenta anos atrás. Aqui também, a fé religiosa, nega evidências, concluiu.

A força de um arquétipo diminui, mas talvez nunca desapareça, comentou José. Pode ser e é substituída por outros arquétipos, pois assim tem sido, conforme os modelos cultuais se modificam.

Sempre houve os que se rebelaram contra a tutela dos modelos. Em todas as épocas essa rebeldia foi a brecha para a renovação Agora, neste século vinte e um, a força das investigações cientificas está criando, paulatinamente, um arquétipo materialista contrariando todo os arquétipos anteriores, espiritualistas, deístas, religiosos.

O futuro mostrará como nos livraremos do materialismo, disse eu.

E a conversa terminou, pois era hora do almoço.



Texto publicado na coluna Ciência da Alma no Jornal Abertura – Março 2013



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Vamos nos encontrar no XIII SBPE? Por Camila Regis

Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita tem, para mim, significado de encontro. Encontro de ideias e pensamentos, encontro de objetivos, encontro de amigos.



Foto tirada no VII SBPE em 2001 - Cajamar - SP


Criada em família espírita e, consequentemente, no meio espírita, acompanho desde os meus 7 anos este encontro idealizado por meu avô, Jaci Regis, em sua trilha para disseminar o Espiritismo de forma simples e direta, como uma doutrina livre-pensadora.


Das muitas vezes em que participei, recordo-me bastante dos encontros em Cajamar (SP), em um espaço muito amplo, onde além das palestras, estudos e atividades em grupo, havia o tradicional baile, os jantares, além de um espaço agradável para esportes, onde nós jovens da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade, na época, nos reunimos em uma das noites para uma roda de conversa em volta da fogueira. A divisão dos quartos também era uma forma de convivência muito boa e, depois dessa interação, a amizade com jovens de outros estados se estreitava e sempre esperávamos o próximo encontro para poder revê-los e curtir aquela atmosfera boa que pairava sobre o SBPE.


Hoje, já adulta, posso ver claramente tudo o que envolve a organização deste encontro já consolidado na cultura espírita. O Simpósio é composto de muito trabalho, planejamento, esforço e doação de uma equipe de pessoas que se dedica para que o evento seja um sucesso, e o grupo do ICKS vem realizando este trabalho de forma impecável. Os parceiros também são fundamentais, desde aquele que doa o pó de café para os lanches tão gostosos, como nossos amigos espíritas que divulgam o SBPE aos quatro ventos. Por isso que Simpósio é encontro. Pessoas com propósitos comuns, ideias afins, vontades idem, que vão ao encontro umas das outras, com vontade de ajudar, colaborar, unir, estudar, discutir, crescer.


Este ano mais um SBPE vem aí, o segundo sem a presença de Jaci que, com certeza, está orgulhoso por ver seu trabalho indo adiante.



Espero, em 2013, encontrar com todos lá!




Camila Regis é jornalista, integrante do ICKS e revisora do Jornal Abertura ,reside em Santos.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Republicado no Abertura - Outubro de 2011

 

Caminhando com Kardec


Jaci Regis


Quando convivemos durante sessenta anos com uma idéia, passamos a ter certa intimidade com seu autor.

É o que aconteceu comigo.

Quando, aos quinze anos, comecei efetivamente a militar no movimento espírita, tive a sorte de ser orientado por pessoas que, não obstante com forte pendor evangélico, jamais traíram a importância de Kardec.

Já estávamos em plena era Chico-Emmanuel e o valor da palavra do ex-Manuel da Nóbrega e seu médium estava acima de qualquer suspeita e vinha ao encontro dos corações que não suportam não ter uma religião.

E Emmanuel fez, mais do que ninguém, o papel decisivo na implantação do lema Deus, Cristo e Caridade, lançado pelo “anjo” Ismael.

Comecei aceitando que ele era o “codificador”. Mas conforme andamos juntos, percebi que era uma injustiça coloca-lo na posição de mero colecionador e ordenador de idéias, sem participar fundamente na elaboração delas.

O acesso à Revista Espírita me deu mais proximidade com o trabalho dele. Ali temos uma idéia de como ele desenvolveu a doutrina e ficou mais clara sua personalidade.

O professor Rivail foi determinado, mas positivamente influenciado pela cultura de seu tempo.

Embora afirmasse a ascendência do ensino dos Espíritos, eclipsando-se, compreendi o quanto de estratégia essa afirmativa continha. Ele sofreu ataques de dentro e de fora do movimento.

A ascensão do discreto professor ao pálido das celebridades moveu ciúmes e ataques gratuitos e não tão gratuitos. A Igreja, os cientistas, os espiritualista, os ateus e materialista se uniram para ironizar sua pretensão de mudar o panorama psicológico, social e humano da sociedade.

Ele resistiu quanto pode.

Após o lançamento e consolidação do Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns, teve três anos para meditar e refletir sobre os rumos que queria dar ao Espiritismo.

Seja porque seja, decidiu entrar no perigoso caminho da análise dos livros sagrados do cristianismo, tomados como fonte da verdade e "palavra de Deus”, tentando encontrar sustentação para as teses espíritas nas tradições cristãs.

Ele ansiava por um Espiritismo capaz de modificar as criaturas e a sociedade.

Humanista percebeu que se o conjunto básico do pensamento espírita que ele elaborou, nessa espetacular e inédita parceria com os “mortos”, fosse aceito, abriria as portas de uma nova mentalidade e atuação nas relações humanas.

Sua previsão da vitória espetacular do Espiritismo no século vinte foi conseqüência de seu idealismo e exame da realidade de seu tempo.

Acreditou que “os Espíritos” constituíam uma plêiade de sábios ocultos, com mandato divino para ensinar a verdade e liderar o progresso humano.

Passei a ver nele o homem maduro e decidido extremamente só. Sua solidão é patente no esforço hercúleo que realizou com mais de vinte volumes, escritos a bico de pena e projetando sua mente fertilizada pelo raciocínio lógico e reflexão positiva, num labor diário por mais de catorze anos.

Foi o trabalho de sua vida e a lê se entregou totalmente.

Vemos claramente a influência das idéias de seu tempo. Mas, prudente e previdente, não se jactou em profeta ou em missionário divino. Fez-se, o que realmente era, um homem dotado de bom senso, eficaz, estudioso, culto.

Por isso deixou aberto o caminho da renovação, da constante e cuidadosa evolução das idéias.

Passei a ver nele o que ele é, o fundador do Espiritismo.

Deixei, com ele, de crer nas revelações, que para ele era apenas o andamento natural do processo evolutivo.

Consegui, seguindo além de suas palavras, mas entendendo, penso eu, o dinamismo de seu pensamento, que a estrutura do cristianismo é falsa e incapaz de explicar minimamente o complexo e ao mesmo tempo simples, dinamismo vivencial.

O tempo se encarregou de mostrar um rumo diferente, apresentando o progresso científico, as mudanças sociais como obras do homem mas na visão kardecista, fruto da aliança entre encarnados e desencarnados, com suas falhas e vitórias. Mas a fluir sem fenômenos extraordinários. Pois extraordinária é a vida em si mesma.

Hoje, sessenta anos depois, caminhando ao lado do mestre, posso acrescentar idéias sobre as idéias deles, modernizando linguagem, reescrevendo caminhos. Sem feri-lo, sem desmerecê-lo.

Faço isso, porque andando ao seu lado, percebi que não o idolatrava, nem o santificava, mas admirei, cada vez mais sua humanidade, seu talento e sua decisiva participação na minha vida.

Caminho com ele há mais de sessenta anos e agradeço a ele, o que de bom descobrir em mim e a fé que posso ter no futuro da humanidade.

Por isso, atualizo seus pensamentos, torno-os meus e ando ao seu lado, porque a Doutrina Kardecista superará os desafios enquanto for livre para pensar, refletir, mudar e crescer, como ele queria.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O movimento pela ética marca mais pontos - Alexandre Cardia Machado

Este Artigo foi publicado originalmente no Jornal ABERTURA em Dezembro de 2011. A revista Veja publicou na sua edição 23 de Novembro de 2011, um artigo de Renata Betti , sobre um professor de Harvard, o filósofo Michael Sandel, que conseguiu atrair milhões de seguidores pela internet, tornando-se uma celebridade.
Sandel usa o método do filósofo clássico grego Sócrates, jamais respondendo às questões diretamente, mas devolvendo a questão com outra, mais profunda, fazendo assim com que seus alunos pensem cada vez mais em outras possibilidades. Este método chamado maiêutica é interessantíssimo, pois quem chega às conclusões são aqueles que têm a dúvida, ajudados claro pelo sábio professor.
A novidade é que Harvard resolveu inovar e as classes são transmitidas pela internet, infelizmente não em tempo real, mas são transmitidas, inclusive, por redes de televisão como a Japonesa NHK e a rede estatal chinesa. O professor só trata de assuntos ligado à ética, ele lança, por exemplo,o seguinte problema: “o que você faria se por uma decisão sua, você só pudesse salvar um entre dois grupos de pessoas, num deles apenas com uma pessoa e o outro com cinco?” – a partir daí vocês podem imaginar todo o desenrolar do assunto. Suas aulas reúnem mais de 1000 pessoas na platéia entusiasmada.
Sandel lançou um livro em 2009 – O que É fazer a coisa Certa, já traduzido para o Português. Não o encontrei na internet, pois talvez tenha um outro título aqui por nossas terras.
Mas o que há de tão extraordinário nisso tudo? Talvez o brilhantismo deste homem formado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Acredito, porém, que o sucesso se dê porque pensar o que é certo faz bem, atrai energias positivas. O talento da condução da discussão tem todo o mérito, entretanto, mais do que isto há uma carência fora dos movimentos organizados, de ideais morais, que promovam a reflexão, discussão sobre ética e principalmente os bons exemplos.
A internet e as TVs a cabo nos fornecem opções às programações das TVs abertas, focadas nas altas taxas de retorno de propagandas de cervejas, automóveis de luxo e coisas desta natureza. Este, quem sabe, seja um caminho a seguir: lançar nossas boas ideias na “Web”, compartilhar saber e conhecimento parece ser a melhor opção. Temos que considerar que fazer alguém sair de casa para assistir uma palestra exige um esforço enorme de marketing ou mesmo de convencimento. Nada substitui uma boa conversa frente a frente, mas cada vez mais alternativas “on line” concorrem conosco. Fica a boa notícia de que a discussão sobre a ética vem ganhando espaço.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Orquestra - Sobre a vida de Jaci Régis por Carol Régis


O movimento Espírita de Santos sempre foi como uma Orquestra. Começou há muito, muito tempo, com músicos bastante novos, cheios de sonhos e idéias, cada qual em seu palco. Espíritas de diversas famílias que estudavam a doutrina em seus centros, fazendo intercâmbios de quando em vez.

Até que na década de 40, desembarcam no porto de Santos dois irmãos. O mais velho, tinha o dom do sorriso. Podia ser um violonista, com notas alegres, especialista no instrumento. Não há quem ouça sua música que não sorria imediatamente. Certamente encantador, trazia no olhar a admiração e a preocupação constante com o companheiro de viagem. Seria assim durante toda a jornada, sem fim.

O mais novo era especial. Poderia tocar o violino também, mas seu talento era mais intrigante. Seria capaz de tocar diversos instrumentos, tinha dotes intelectuais espetaculares. Dedicou-se ao Espiritismo com toda a alma, sentindo cada nota de Kardec como se fosse compor uma obra prima em homenagem ao mestre.

Como não podia deixar de ser, com o passar dos anos, todos aqueles músicos avulsos começaram a ensaiar juntos. Debatiam, estudavam, tocavam as partituras, nem sempre harmoniosas, do Espiritismo Santista. Viam que se destacavam do restante dos músicos Brasil afora. Faltava alguma coisa, uma diretriz, um norte a seguir.

E então, aquele músico, que tanto talento possuía, assumiu seu papel natural de líder, produtor de idéias, semeador de novidades. Enfrentava as divergências conceituais como um novo espetáculo a montar. Mediante àquela coragem e àquela paixão pelo ideal Kardecista, os espíritas santistas passaram a respeitar o músico como algo além: Jaci Régis tornava-se o Maestro.

E assim foi durante outros tantos tempos: o Maestro lançava sua Orquestra em turnês nem sempre amistosas. Propunha acordes e arranjos quase impossíveis de alcançar. Exigia ensaios exaustivos a seus parceiros de palco. A reação dos espíritas, que agora faziam parte da renomada Orquestra do Movimento Espírita de Santos, era variada. Alguns viam no mestre exemplo de homem e pensador a seguir. Outros discordavam de seus métodos e quiçá de suas obras. Mas nenhum deles podia abandonar o posto. Já estavam imersos naquele organismo vivo que se apresentava cada vez mais vanguardista sob a batuta de Jaci.

E estavam acostumados demais a ver aquela figura brilhante regendo, mesmo que, por vezes, quase imperceptível, em um canto mais escondido das coxias. Eram palestras, livros, obras de auxilio social, simpósios, tudo saído da mente daquele homem de saúde um tanto frágil. Era inacreditável como tal espírito cabia naquele corpo tão terreno.

Dizem que alguns músicos foram tocar em outras bandas. Ousavam dizer aos ventos sobre suas dúvidas a respeito do antigo Maestro. Mal sabiam que, mesmo sob nova regência, a base inegável e atavicamente tinha vindo de Jaci que, a essa altura, havia começado a ensaiar sua mais nova e ousada obra. Fruto de seu amor inabalável por Kardec e de décadas de filosofias íntimas, A Doutrina Kardecista era o retrato fiel da alma do Maestro: provocadora, embasada, inquietante.

Então, o Maestro recebeu propostas de tocar em outras Orquestras. Negou algumas, resistiu, lutou, mas inesperadamente partiu.

A Orquestra que assumirá agora é muito maior, muito mais especial que a anterior e Jaci dividirá o palco com tantos outros Maestros do nível dele. Será um novo desafio. A Orquestra de Santos? Sente-se órfã. Perdeu seu Maestro de tantos e tantos anos de Espiritismo. Mas, como bom pai, ensinou seus filhos a nortearem-se pelos palcos sozinhos. Seguirão, sem dúvida, tocando. Mas aquela ausência pelos corredores dos centros Espíritas por onde tocavam será sentida sempre. A saudade será amenizada pela certeza dos acordes que chegarão, cedo ou tarde, vindos dos palcos regidos por Jaci. Sua música será ouvida sempre, onde quer que ele se apresente.

Texto originalmente publicado no Jornal Abertura em Janeiro de 2011.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O que sabemos que sabemos? Abrindo a Mente - Alexandre Cardia Machado

O que sabemos que sabemos?
Originalmente publicado no Jornal Abertura de Novembro 2010

Início do século XIX – o que víamos, pensávamos era a realidade.
Metade do século XIX – existe uma explicação lógica para a existência do espírito.
Fins do século XIX – Freud desvenda o inconsciente.
Início do século XX – Einstein derruba a dualidade matéria e energia, demonstra que espaço euclideano não existe ( o espaço depende da massa distribuida ) e o tempo é uma dimensão.
Início do Século XX – O infinitamente pequeno é probabilístico – a matéria se comporta ora como onda e ora como partícula.
Metade do Século XX – A evolução das espécies proposta 100 anos antes é provada através da descoberta da genética moderna.
Fins do século XX – O homem vai á Lua e orbita permanentemente o planeta em estações espaciais.
Início do Século XXI – O Genoma humano e de diversos animais é decifirado, todos os seres humanos estão conectados por ondas eletromagnéticas ( TV aberta, TV a cabo, celular, web, etc).

Sabemos , ao constatar estes saltos que o conhecimento de hoje é muito menor do que será em 20 anos, não temos a menor idéia de quais saltos tecnológicos ou de conhecimento daremos em vinte ou quarente anos. Até hoje, ainda que estes paradigmas tenham ligações com o conhecimento anterior, nenhum sábio previu, com uma antecipação de 10 anos que seja, que o velho telefone do Alexander Graham Bell viraria uma plataforma multimidia, interligada por microndas, satélites e cabo, permitindo acessar qualquer ponto do planeta, pessoas, notícias, temperatura ambiente, humidade relativa do ar entre outros milhares de opções.

Enquanto isto quais foram os saltos dado pelo espiritismo?
Período de codificação ( 1857 a 1868)
Período de crescimento científico ( fim do século XIX)
Período de Cristianização ( inicio do século XX)
Período Mediúnico Psicográfico ( meados do século XX)
Período Transcomunicacional ( fins do século XX)
Perído de atualização que com grande esforço tentamos implementar no início do século XXI, ainda que o grande sucesso da década tenha sido o filme “Nosso Lar” que não veio para atualizar nada.

Comparando o saber científico com o espiritualista, vemos que mudamos muito pouco, em velocidade muito menor, com a permanencia da fase anterior em paralelo com a nova etapa por muito tempo, não temos saltos não acompanhamos o progresso.

Sugiro que vocês naveguem no Google, no Bing, na Wikepedia não fiquem parados – estudem e comparem e se estiverem fazendo a mesma coisa, do mesmo jeito há 10 anos, provavelmente estarão fazendo algo errado, superado ou que esteja no mínimo desatualizado. Até colecionadores de antiguidade tem blog ou Ipod.

Para abrir mais a sua mente leia:
www.google.com.br; www.bing.com.br ; http://pt.wikipedia.org/wiki/Espiritismo

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A DOR - na visão Kardecista por Jaci Régis

Certamente a dor e o sofrimento são constantes e atingem a todos. Pela doença, pela opressão, pelos conflitos. A dor individual intrapessoal,interpessoal ou grupal confrange, une, desune, arrebenta, estraçalha coração, anima a fogueira do ódio, ou eleva a resignação, a alienação e impotência diante do inevitavel. Mas,apesar disso, parece que o mal cresce, que as injustiças são maiores, os tempos piores.
Porque o homem sofre?

Reportando-se apenas as explicações mistico-religiosas, vemos que todas as crenças aceitam e afirmam que Deus pune. Os antigos queriam deuses ferozes, dominadores, inflexiveis. Que destruiam colheitas, inundavam as terras, queimavam populações. Para aplacá-los sacrificavam animais, pessoas e coisas. Sangue e lágrimas, para agradar os deuses. Mesmo o Deus invisível dos judeus, o iracundo Jeová, deus vulcânico, não tinha menos paciência ou flexibilidade. Parcial e colérico condenou Moises a não ver a Terra Prometida e fez derrubar as muralhas de Jericó para a vitória dos judeus. Submeteu Abraão à prova mais dura e a Jó a sofrimentos crueis para provar a fé, a fidelidade e a submissão.
A expulsão do Paraíso, o dilúvio, Sodoma e Gomorra são mostras bíblicas de que o Senhor tem seus limites. Na verdade a Bíblia é o relato do conflito entre Deus e as criaturas. Aquele sempre insatisfeito com estas e estas sempre desobedecendo, aborrecendo seu criador. De tal forma que Jeova resolve punir para sempre as gerações. Mas o sangue do Cordeiro é que viria resgatar o pecado do mundo.

Nos Evangelhos cristãos, a dor tem lugar distinto. No Sermão da Montanha, Jesus de Nazaré teria dito ...Bem aventurados os que choram, porque serão consolados... Bem aventurados vós que agora chorais, porque rireis. Ai de vos que agora rides, porque gemereis e chorareis.

Esse quadro escuro marcou a sociedade cristã. O homem foi colocado numa posicão de impotência, cumulado de culpa, desobediência e sujeito à ação fulminante da divindade. Nada de alegria. Nem de felicidade. Essa, quando tudo da certo, só depois da morte. Aqui, a dor é soberana. O Velho Testamento diz, sem meias medidas, que Deus não faz acordo com quem desobedece suas leis.

No Espiritismo,a vida terrena é colocada, filosoficamente, como um exercício natural e inerente ao processo de crescimento espiritual. Mas quando a vida é analisada sob o ponto de vista moral, a encarnação é ainda vista como um mal necessário, e relacionada com expiação de erros, como condição para almas condenadas pela Justiça Divina. Além disso, a categorização da Terra como planeta de provas e expiações, vale de lágrimas, prisão ou hospital, dá um sentido ainda mais trágico a todo o processo. Batizada pelo passado, a vida terrena é tida como um exílio e o corpo um fardo pesado.

Desde o início, a dor e o sofrimento tambem foram louvados, como formas “naturais" para pessoas tão inferiores. De um modo geral, as seguintes palavras do Espírito Santo Agostinho, sintetiza essa concepção: “Vossa Terra é por acaso um lugar de alegrias, um paraiso de delícias? A voz do profeta não soa ainda os vossos ouvidos? Nao clamou ele que haveria choro e ranger de dentes para os que nascessem neste vale de dores? Vós, que nele vieste viver, esperai, portanto lágrimas ardentes e penas amargas. E quanto mais agudas e profundas forem as vossas dores voltai os olhos aos céus e bendizei ao Senhor por vos ter querido provar! (...) Felizes os que sofrem e choram! Que suas almas se alegrem porque serão atendidos por Deus" (0 EvangelhoSegundo o Espiritismo, capitulo V).

Ao fundar o Espiritismo, Kardec, como é natural, absorveu todo o ideário moral ao cristianismo. Desde então, muitas concepções sadomasoquistas foram incorporadas ao dia-a-dia doutrinario, dando um colorido escuro, doloroso, ao entendimento da vida.

O Espiritismo cristão apologia a dor, o sofrimento, dá-lhe expressão grandiloquente e quem sofre estoicamente é o heroi. Na verdade,toma a vida terrena umaverdadeira odisseia para ser levada a terrno.

No livro O Consolador, o Espirito Emmanuel, através da mediunidade de Francisco Candido Xavier, afirma: "Podemos classificar o sofrimento do Espirito como a dor-realidade e o tormento fisico, de qualquer natureza, como a dor-ilusão (...) a dor física é um fenômeno, enquanto a dor moral é essencial (...) só a dor espiritual é bastante grande e profunda para promover o luminoso trabalho do aperfeirçoamento e da redenção" (pagina 239). E, em segundo diz "No trabalho de nossa redenção individual ou coletiva a dor e sempre o elemento amigo e indispensavel."

Diz ainda Emmanuel: "A redenção de um Espirito encarnado, na Terra, consiste no resgate de todas as suas dividas." (pagina 241).

O Espiritismo como Ciência da Alma, pensa a espírito como um ser em busca da felicidade, sendo a dor um obstáculo a ser superado.

Jaci Régis - extraído do livro Novas Idéias

Publicado originalmente no Jornal Abertura em Dezembro de 2010

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Abrindo a Mente - A vida com ela é, ou seria? Primeria vez foi encontrado um ser vivo que contém na sua estrutura do DNA um componente inédito As

Artigo de Alexandre Cardia Machado

O Processo de adaptação, de sobrevivência do mais forte nos supreende a cada dia, revestido de todo um marketing especial, a Nasa, Revista Science e a Organização Pesquisa Geológica dos Estados Unidos deram a conhecer que pela primeria vez foi encontrado um ser vivo que contém na sua estrutura do DNA um componente até então inédito. Até esta data os componentes básicos eram Carbono, Hidrogênio, Nitrogênio, Oxigênio Enxofre e Fósforo. A vida mais uma vez nos ensina, nada parece ser absoluto, sempre há algo a aprender.

Em um lago chamado Mono, na Califórnia, que contém uma grande concentração de Arsênio (As), componente que causa envenenamento na maior parte dos seres vivos, mas que neste ecosistema sustem a vida vegetal em sua borda e algumas bactérias no interior do mesmo, mas que agora finalmente encountrou-se bactérias que incorporaram, na sua estrura do DNA, parcialmente o As. Esta constatação abre as portas a diversas especulações, quais sejam que passou a ser possível imaginar outras trocas químicas, de alguns dos outros componentes básicos. Afetando inclusive nossa forma de pesquisar a possibilidade de vidas em outros planetas.

Antes de ficarmos eufóricos, há que se considerar que esta bactéria, trocou 2 elementos químicos que estão na mesma categoria da tabela periódica e que isto é extremamente comum na química. Esta é a razão pela qual muito se cogitou, na possibilidade de troca do Carbono pelo Silício. A própria Nasa estuda isto. Claro que até o momento não encontramos nenhum ser vivo, na terra que tivesse este tipo de alteração na sua composição de DNA. O Silício é muito mais comum, na Terra que o Carbono, além de não ser um veneno e no entanto a vida se desenvolveu à partir deste elemento que dispõe de uma facilidade, plasticidade e variabilidade muito maior, capaz de criar toda um química chamada Orgânica.

O grande artista foi a bactéria GFAJ-1 for fazer a troca química no DNA pois outros sers vivos conseguiram adaptar-se sem necessitar disto. Um outro caso desafiador acaba de ocorrer nos úlimos 10 anos em uma região da polinésia, uma bactéria foto sensível partilhou o seu DNA com um Krill ( pequeno camarão) formando o primeiro animal capaz de fazer fotossíntese – esta simbióse pode explicar como seres tão pequenos como bactérias deram orígem a todos os animais que exitem hoje. Assim como o caso da bactéria GFAJ-1 isto só foi possível de ser conhecido por haver uma forma de adquirir conhecimento, que é seguida por toda a comunidade científica, ou seja, artigos técnicos, registros bem organizados e disponíveis ao acesso de outros pesquisadores pela internet.

Esta descoberta, claro favorece a tese Espírita da Pluralidade dos Mundos Habitados, não façamos disto uma falácia, mas a confirmação que a vida, uma vez gerada é capaz de adaptar-se, pela lei de evolução e que sabemos existe um grande ator presente em todos os processos o chamado Principio Espiritual. Escrevi em meu trabalho A Evolução do Principio Espiritual- 2009 que a vida fora da Terra deveria ser buscada à partir do estudo dos limites da vida na Terra ( Vulcões, lagos salgados, fundo do mar, em meio ao gelo etc).
Para abrir mais a sua mente leia: Revista Veja, 8 de Dezembro de 2010. Avida como ela (agora) também é. – Naiara Magalhães, Naiara .A Evolução do Pricípio Espiritual – XI SBPE – Machado, Alexandre - 2009

Artigo publicado originalmente no Abertura de Dezembro de 2010.

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O SER HUMANO E A EVOLUÇÃO, UMA ANÁLISE PRÉ-HISTÓRICA - por Alexandre Cardia Machado

1. INTRODUÇÃO


Alexandre Cardia Machado

A primeira pessoa a tratar do evolucionismo foi Aristóteles (14,93), na sua Physicae Auscultationes (16,1987) que proclamava a evolução de todos os seres, desde a matéria ao pensamento. O tema teve posteriormente a contribuição de personalidades como Buffon, Lamarck, Saint-Hilaire, Wallace, Darwin e Haeckel, todos de alguma forma tentaram se contrapor à idéia bíblica de que todas as espécies foram “especialmente criadas”.
O fato é que o homem e o macaco têm um ancestral em comum. A determinação da espécie exata que deu origem ao homem moderno tem ocupado a atenção mundial, no campo da Paleontologia. Allan Kardec, em A Gênese, tratou do assunto nos capítulos X (Gênese Orgânica), XI (Gênese Espiritual – Princípio espiritual), este artigo procura estabelecer um paralelo entre a posição de Kardec – baseado nos ensinamentos dos espíritos e na ciência de 1868 – com os conhecimentos científicos do final do século XX.
Os humanos têm uma estrutura semelhante à dos chimpanzés e gorilas (a mesma estrutura anatômica básica e constituição genética similar), provavelmente herdadas de um ancestral que deve ter vivido há cerca de 10 milhões de anos. Sabe-se que (4,91) o primata mais antigo descoberto ate o momento foi um lêmur, pequeno animalzinho que vive até hoje, na ilha de Madagascar, no entanto, seus ancestrais já estavam por aqui a cerca de 50 milhões de anos.
Um interessante artigo foi publicado na revista Superinteressante (8,88), destacamos que: “Charles Darwin afirmou que os homens e os macacos têm a mesma origem, o que a ciência pode reforçar hoje, com o Aegyptopithecus de 35 milhões de anos. Até recentemente, porém, não se acreditava que a família dos humanos se confundia com a de chimpanzés e gorilas”, esta posição sempre foi um tabu, mormente no século passado. ”Hoje os cientistas tendem a aceitar que todos fazem parte de um único grupo, no qual homem e chimpanzé são parentes próximos, ao passo que gorilas q orangotangos são primos evolutivos mais afastados do gênero Homo.” (8,88).
Segundo Lima, “a semelhança física entre os humanos e os macacos inquestionável, porém o parentesco que há entre nós adquire destaque quando se comparam as proteínas humanas com as desses nossos parentes” (13,90).
A seguir apresento um quadro comparativo de homologia bioquímica, estabelecendo a relação entre proteínas presentes nos mamíferos, entre eles o homem.

Homem - 100%; Chimpanzé - 97%; Gorila - 92%; Gibão - 79%; Babuíno - 75%; Macaco aranha - 58%; Lêmur - 37%; Porco - 8%

A POSIÇÃO DE KARDEC

Com o objetivo de orientar o raciocínio do leitor, vamos expor, de forma simplificada, os principais pontos da Doutrina Espírita sobre a evolução do homem, extraídos das obras básicas.

1. Aceitação da existência de diversos ramos de primatas, que deram origem a diversas árvores (homem, chimpanzés, gorilas, etc.).
2. Aceitação do princípio, ainda que à nível de hipótese “de que o homem tenha se utilizado da vestimenta do macaco” na fase de elaboração do envoltório definitivo.
3. O Espírito modela o seu envoltório, talha-o de acordo com a sua inteligência.
4. Os mundos progridem, fisicamente, pela elaboração da matéria e, moralmente, pela purificação dos Espíritos que o habitam.
5. Existência da raça Adâmica.
6. Os selvagens também fazem parte da humanidade, evoluirão, mas sem dúvida, não será em corpos da mesma raça física.
7. Existência de dois tipos de seres, os que não são procriados (geração espontânea) e os que se propagam por reprodução, dando origem a novas espécies (teoria da evolução de Darwin).
A seguir apresentaremos como a ciência atual interpreta a evolução humana e sempre que couber, estaremos fazendo uma comparação com a posição de Kardec.

2. OS PRIMEIROS PASSOS – OS HOMINÍDEOS DESCEM DAS ÁRVORES

Estudos demonstram que os ancestrais humanos passaram a ser bípedes há cerca de, 7 milhões de anos, segundo Richard Leakey, (14,95) estes seres são chamados de “Australopicíneos, ou símios meridionais” (Australoptécos), o representante mais conhecido desta fase chama-se “Lucy” e foi encontrado ao meio de rochas calcáreas na África Oriental, na região do Afar, na Etiópia. Lucy viveu à cerca de 3,2 milhões de anos.
Pegadas conservadas por cinzas vulcânicas mostram que os Australoptécos viviam em grupos familiares à cerca de 3,8 milhões de anos.
A revista Superinteressante de fevereiro de 1996 publicou a notícia da descoberta de um fóssil de Australopteco na região de Chade na África, local onde até então não se imaginava que os mesmos pudessem ter habitado. Este fóssil foi encontrado por um time de primeira linha de Arqueoantropólogos a cerca de 2000 km dos sítios anteriores, o que nos leva a crer que o processo evolutivo desta família pode ter ocorrido em pontos diferentes da África.
Não sabemos com certeza se o Australoptécos foi um ancestral humano ou se seguiu uma evolução paralela, o certo é que esta família desapareceu por volta de 1,7 milhões de anos atrás. No entanto a descoberta de um fóssil de australopthecus robustus de 1,8 milhões de anos, mais precisamente de sua mão, segundo Randall Susman (8,88), reacende a polêmica sobre o desaparecimento desta espécie pois as mãos encontradas eram muito semelhantes às humanas, portanto capazes de fabricar utensílios. Segundo Randall, a sua dieta vegetariana pode ter sido a causa de sua extinção.
Espiritamente poderíamos imaginar a luta dos princípios espirituais, visando identificar, qual das espécies de hominídeos seria mais favorável ao desenvolvimento da inteligência, uma luta no melhor estilo Darwinista.
O paleontólogo francês Yves Coppens (7,96), co-descobridor de Lucy e defensor da idéia do desenvolvimento do homem à partir do lado leste da África, na chamada “East Side Story”, por sua teoria a cerca de 4 milhões de anos, as diversas formas de hominídeos evoluíram, através do isolamento causado pela formação de um imenso vale no meio da África. No oeste, manteve-se a floresta úmida, cheia de árvores onde se desenvolveram os gorilas e os macacos. No leste uma savana com poucas árvores e menos abrigo, neste ambiente o homo teria se desenvolvido.
Lima afirma que a evolução dos ancestrais humanos se deu entre 8 e 4 milhões de anos, primeiramente pela adoção da postura ereta e posteriormente pelo desenvolvimento do cérebro. Tanto que, atualmente, os antropólogos centralizam a sua observação mais nas pernas e na bacia, do que nos crânios e mandíbulas como antigamente (13,90).
Leakey também defende esta idéia e afirma que os Australoptecos seriam os primeiros “humanos” erectus, apesar do aspecto e hábitos simiescos, segundo ele, há concordância entre os antropólogos em quatro pontos: “primeira, a origem da família humana a 7.000.000 anos, segunda, a proliferação das espécies bípedes, terceiro a 3.000.000 anos surge o gênero homo, e quarta, muito mais tarde, surgem os homens modernos” (14,95).

Podemos resumir as dúvidas atuais dos antropólogos em 3 questões:

1. “Qual a forma precisa da árvore da família humana?
2. Quando a linguagem falada sofisticada começou a evoluir?
3. O que provocou o aumento dramático no tamanho do cérebro na pré-história humana?” (15,1995)

PONTO 1 – A POSIÇÃO DE KARDEC

Aceitação da existência de diversos ramos, que deram origem a diversas árvores. Para Kardec, o homem e o macaco afastaram-se através de procriações sucessivas, formando ramos de uma mesma árvore, até que finalmente as duas árvores se separam formando troncos distintos. “O tronco se bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco”, complementando: “ Como em a Natureza não há transições bruscas, é provável que os primeiros homens aparecidos na Terra pouco diferissem do macaco pela forma exterior e não muito também pela inteligência. Em nossos dias ainda há selvagens que, pelo comprimento dos braços e dos pés e pela conformação da cabeça, tem tanta parecença com o macaco, que só lhe faltam ser peludos, para se tornar completa a semelhança” (10,1868).
Fica claro que Kardec possuía uma idéia evolucionista. Idéia distinta da Teoria de Darwin, apesar de Charles Darwin já ter apresentado a sua Origem das Espécies (16,1987), mas que, até aquele momento não havia conseguido o apoio integral da comunidade cientifica da sua época.

3 O SURGIMENTO DO GÊNERO HOMO

A família ou gênero Homo surge a cerca de 2 milhões de anos² diferencia-se dos Australoptecos por possuir um cérebro maior, crânio arredondado e face tipicamente humana. O representante mais antigo foi encontrado em Olduvai (Tanzânia), sendo classificados como Homo habilis, pois possuíam a habilidade de confeccionar utensílios.
O Homo erectus surge por volta de 1,7 milhões de anos e resiste até cerca de 200.000 anos a.C. possuíam cérebros maiores e mais desenvolvidos. Viveram no Sudeste da Ásia e China. O grupo africano que até alguns anos atrás era classificado como Homo erectus, hoje é chamado de Homo sapiens primitivo. O australopteco por não possuir a capacidade de construir utensílios nem construir abrigos ficou restrito à África tropical. Já o homo habilis, dominou o fogo e o vestuário e iniciou a expansão pela Europa e Ásia.
No mesmo artigo referido, (2,96) revela que foram encontrados os fósseis mais antigos de homo erectus na Ásia, num sitio, na China. Além disto, ferramentas feitas com pedras, de mesma qualidade das encontradas na Europa também foram descobertas recentemente na África, contrariando a tese anteriormente aceita, de que, esta habilidade teria se desenvolvido apenas na Europa.
Portanto, a cerca de 1,8 a 2 milhões de anos conviviam, disputando territórios e recursos os homo habilis, os homo erectus e os australoptecos. Por volta tenha sido encontrado até o momento fósseis de 500.000 anos³.
Uma das mais sensacionais descobertas recentes foi a do menino de Turkana, um exemplar de cerca de 9 anos de homo erectus encontrado quase que de corpo inteiro, uma sensação em arqueologia, uma vez que em geral encontra-se partes de ossos. Esse garoto pode-se dizer assim, viveu a cerca de 1.500.000 anos atrás, ele foi descoberto em 1984, porém só em 1993 é que a antropóloga americana Holly Smith, da Universidade de Michigan conseguiu
determinar a sua datação. Este exemplar tinha 1,60m de altura. Um adulto poderia ter de 1,88 a 2m de altura.
Neste mesmo sítio foram encontrados 2000 fragmentos de ossos e 1500 peças de pedras lascadas que, nos próximos anos, podem acrescentar muitos dados à interpretação da pré-história.
Há cerca de 500.000 anos uma nova espécie começa a surgir na terra, é o homo sapiens. Fósseis datados de 250.000 a 150.000 anos demonstram a evolução do homo sapiens até uma espécie que o sucederá os chamados homo sapiens neanderthalensis, mais conhecidos como “homem de Neandertal”, esta espécie viveu na Europa e no Oriente Médio, nos anos de 100.000 a 35.000 anos a.C. Tinham feições toscas, com grandes mandíbulas, testa proeminente, corpos musculosos e robustos.

PONTO 2 - A POSIÇÃO DE KARDEC

Aceitação do principio, ainda que a nível de hipótese “de que o homem tenha se utilizado da vestimenta do macaco” na fase de elaboração do envoltório definitivo. (A Gênese, cap.9, pág. 212/3, questão 15) “admitida essa hipótese, pode-se dizer que, sob a influencia e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto. Melhorados, os corpos, pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu (10,1868)”.
Cabe aqui apenas uma ressalva, a idéia de que o intelecto altera o corpo é uma interpretação no “estilo Lamark”, ou seja, a necessidade provoca pequenas mudanças no corpo físico, de geração em geração. Um exemplo clássico é o da girafa, que teria expandido o pescoço afim de alcançar os galhos mais altos, hipótese essa abandonada desde a publicação dos trabalhos de Darwin e Wallace.
A frase “por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante” trás uma idéia de ação imediata, infelizmente não foi desta forma que as coisas aconteceram, como poderemos ver a seguir.

4. O APARECIMENTO DO HOMEM MODERNO

A determinação exata no momento em que o homem moderno surge no cenário ainda levanta muitas controvérsias, pois durante um determinado período eles convivem paralelamente a estas últimas espécies. Surgiram os chamados “homem moderno”, ou “homo sapiens sapiensis”, com idade de 90.000 a 110.000 anos, provavelmente em algum lugar entre a península Indiana, o Oriente Médio e o leste da África, um dos primeiros espécimes encontrados foi o homo sapiens sapiensis Cro-Magnon (1868 na França), que
durante muito tempo fez os cientistas pensarem que o homem moderno tivesse se desenvolvido na Europa (9,90).

PONTO 3 – A POSIÇÃO DE KARDEC

O Espírito modela o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, talha-o de acordo com sua inteligência (10,1868).

A MUDANÇA FÍSICA CONSTANTE, O SINAL DA EVOLUÇÃO, O DESENVOLVIMENTO CEREBRAL, O SINAL DA PRESENÇA DO ESPÍRITO

Cabe um comentário a esta posição espírita, por trás desta afirmação está a tese de que o Espírito molda o corpo físico, vejamos como pensa a ciência.
Seria a inteligência (espírito) o dínamo da mudança do homem?
A questão é de suma importância, abalando a todos que tentaram estudar o assunto, Darwin, Robert Broom e Alfred Russel Wallace, debateram a questão da evolução em todos os campos, porém no que diz respeito ao homem, os três concordavam em que uma ação divina interferia diretamente no processo evolutivo. “Wallace e Broom debatiam-se entre forças conflitantes, uma intelectual, outra emocional. Eles aceitavam o fato de que o Homo Sapiens originava-se em ultima instância da natureza pelo processo de evolução, mas sua crença na espiritualidade essencial, ou essência transcendente, da humanidade levou-os a construir para a evolução explicações que mantinham a distinção humana” (15,1995).
Durante muitas décadas, acreditou-se que o crescimento do cérebro humano fosse o dínamo da evolução humana, a partir da década de 70, constatou-se que não foi bem assim, primeiro deu-se o bipedismo, em segundo lugar o desenvolvimento da habilidade dos membros superiores e muito depois o crescimento do cérebro.
Existem duas correntes que divergem sobre o modelo de predominância do bipedismo, são elas:
• A liberação dos membros superiores que possibilita o transporte das coisas;
• A postura bípede é um modo de locomoção mais eficiente do ponto de vista energético.
A cerca de 2,5 milhões de anos, os homens começaram a deixar registros fósseis de utilização de ferramentas feitas a partir de pedras lascadas.
• O período correspondente de 2,5 a 1,4 milhões de anos é chamado de período Ondoviano, onde as ferramentas eram obtidas sem uma forma predominante indicando um estado mental muito primitivo.
• O segundo período, a partir de 1,4 milhões de anos, chamado período achaulense, onde percebe-se um modelo mental determinado a ferramenta que seria produzida.
• Uma descoberta muito importante foi a de que os objetos de pedra foram feitos por indivíduos predominantemente destros, como os
humanos atuais. Contrastando com os macacos que são indiferentemente destros ou canhotos.
Por último, o desenvolvimento do cérebro, segundo o Atlas da História do Mundo (1,1995) o “essencial do desenvolvimento humano de 2,5 milhões de anos atrás até 10.000 anos a.C. foi a mudança física permanente, já que os Australoptecos de cérebro pequeno foram substituídos por formas primitivas do Homo e depois por seres humanos com características do homem moderno. A chave para o sucesso humano, porém, reside no desenvolvimento da cultura e tecnologia, possibilitado por um cérebro cada vez maior. Esse desenvolvimento intelectual e sobretudo a invenção da fala e linguagem possibilitaram ao homem assumir um lugar de destaque na história da evolução”.
Durante muito tempo os cientistas formularam teorias à respeito do desenvolvimento do homem baseados, mais na intuição do que em fatos, Leakey nos coloca: “graças a Isaac e ao arqueólogo Lewis Binford, então na Universidade do Novo México. Ambos deram-se conta de que muito da interpretação dominante dos registros pré-históricos tinha base em suposições implícitas. De modo independente, eles começaram a separar o que poderia ser realmente conhecido a partir dos registros daquilo que simplesmente era suposto” (15,1995).
Lima (13,90) explica como os cientistas determinaram se os primatas possuíam ou não a capacidade da fala, existem 2 regiões no cérebro humano responsáveis pela fala, são elas a Área de Broca, no hemisfério esquerdo, responsável pela coordenação da boca, língua e laringe, e a Área de Wernicke, que coordena os padrões neurais. Através da análise do volume cerebral, do volume da região do hemisfério esquerdo, foi possível identificar que os australoptecos não os tinham desenvolvidos, e portanto não devem ter desenvolvido a fala.
Os chimpanzés treinados também conseguem reproduzir um vocabulário representado por símbolos de cerca de 200 palavras, no entanto não são capazes de formar sentenças organizadas gramaticalmente.
O ponto crítico da análise evolucionista é a falta do elo principal, da corrente, o chamado “elo perdido”, evidentemente que, quando esta expressão foi criada, na verdade faltavam muitos elos, hoje, com o aumento da pesquisa, com o incremento de técnicas combinadas de genética, datação de carbono, antropologia e paleontologia, espera-se em curto espaço de tempo, encontrar a peça faltante.
Mas apenas encontrar o corpo de transição não é suficiente para explicar o salto intelectual, neste aspecto, como veremos abaixo, Kardec propõe a hipótese extraterrestre, ou seja, a migração para o nosso planeta de Espíritos menos evoluídos de outros globos, com o objetivo de forçar a evolução humana.

PONTO 4 - A POSIÇÃO DE KARDEC

Os mundos progridem, fisicamente, pela elaboração da matéria e, moralmente, pela purificação dos Espíritos que o habitam.
Desta forma os mundos chegariam a períodos de transformação onde, então, Espíritos em grande quantidade migrariam de um mundo a outro,
conforme o seu estado de adiantamento. “É quando se dão as grandes emigrações (nos 34 e 35). Os que apesar da sua inteligência e do seu saber, perseveraram no mal, sempre revoltados contra Deus e suas leis, se tornariam daí em diante um embaraço ao ulterior progresso moral, uma causa permanente de perturbação para a tranqüilidade e a felicidade dos bons, pelo que são excluídos da humanidade a que até então pertenceram e tangidos para mundos menos adiantados, onde aplicarão a inteligência e a intuição dos conhecimentos que adquiriram ao progresso daqueles entre os quais passam a viver, ao mesmo tempo que expiarão, por uma série de existências penosas por meio de árduo trabalho, suas passadas faltas e seu voluntário endurecimento.”
Algumas teses à este respeito foram lançadas ao longo do tempo, Eric Von Daniken, sem duvida é o autor mais conhecido, através do seu livro “ Eram os deuses astronautas?”, que aborda o tema sobre a ótica de uma colonização física da Terra por Ets.
Esta hipótese, levantada pelos Espíritos, na codificação, em verdade transfere o problema da evolução intelectual do homem, da Terra para um outro planeta. No caso de esta hipótese ser analisada mais profundamente, teríamos que tentar descrever os mecanismos de migração perfeitamente. Considerando que a época de Kardec, a hipótese de vida inteligente, nos demais planetas do sistema solar, era uma hipótese com validade científica, a dificuldade de locomoção restringia-se a alguns milhões de quilômetros. Acreditamos que esta hipótese hoje deva ser analisada com muito ceticismo.

5. A PRÉ-HISTÓRIA

Durante o Mesolítico (30.000 a 10.000 a.C.), o homem moderno, já como o único Homo existente, desenvolve a habilidade da caça utilizando o arco e a flecha, passando a viver em grupos menores, uma vez que as espécies grandes, quase todas foram extintas no período anterior. Com a nova técnica de caça o homem passou a abater aves e pescar, aumentando a sua capacidade de adaptação ao meio ambiente. Também é desta fase o início da domesticação de animais. (13,90)
As pinturas rupestres desta época ganham clareza e realismo muito grandes, representam animais perfeitamente, no entanto em nenhum momento figuras humanas são representadas. (13,90) Isto nos leva a considerar que os humanos daquela época tivessem receio em representar as figuras humanas, para não atrair o Espírito dos mesmos.
O Neolítico (10.000 a 4.000 a.C.) caracteriza-se pelo surgimento da agricultura, existem sítios arqueológicos datados de 9.000 a.C. onde sementes de trigo e cevada foram encontradas. Com a agricultura apareceram as primeiras aldeias. No oriente médio por volta de 6.000 anos a.C. já havia aldeias de tamanho considerável. Na Grécia quase ao mesmo tempo e na Grã-Bretanha por volta de 4.000 a.C. é atingida pela expansão da agricultura.
A Idade do Bronze e do Ferro confunde-se com a história, já aparece a civilização, as cidades estado, o comércio e principalmente a guerra, desta forma, chega-se ao estágio que se caracteriza pela evolução tecnológica em escala geométrica, fazendo com que o homem salte em menos de 5.000 anos da criação da escrita à conquista do sistema solar.

6. OS SUMÉRIOS, TALVEZ A RAÇA ADÂMICA?

O berço da civilização sem dúvida fica na Mesopotâmia (6,1991). Na época da ascensão dos Sumérios, 8.500 a.C., a maior parte da população humana era nômade, os homens perambulavam em pequenos grupos, de uma região para outra, alimentando-se dos animais que caçavam, das sementes e talos de plantas silvestres que colhiam, por todo o globo os homens se vestiam de peles de animais e buscavam abrigo em cavernas ou cabanas toscas. Tratavam de sobreviver. No entanto, os Sumérios foram os primeiros a desenvolver a agricultura, domesticar animais e formar cidades, com regras. Estabeleceram a monarquia e as classes sociais. Irrigaram a terra, desviaram rios e estabeleceram laços comerciais com as outras regiões em desenvolvimento. Criaram o arado, o primeiro calendário e foram os primeiros Astrônomos da história.
PONTO 5 – A POSIÇÃO DE KARDEC
Existência da raça Adâmica, de origem espiritual extraterrestre, ou seja, formada por anjos decaídos; (A Gênese, cap.9, pág. 231, questão 45) “Os Espíritos que a integram foram exilados para a Terra, já povoada, mas de homens primitivos, imersos na ignorância, que aqueles tiveram por missão fazer progredir, levando-lhes as luzes de uma inteligência desenvolvida.” Kardec referia-se à raça Adâmica como sendo a branca, considerando-a inclusive superior às demais (negra, amarela, etc.) até no seu próprio tempo. “Não é esse, com efeito, o papel que essa raça há desempenhado até hoje? Sua superioridade intelectual prova que o mundo donde vieram os Espíritos que a compõe era mais adiantado do que a Terra”.

OS SUMÉRIOS – O BERÇO DA CIVILIZAÇÃO

Os Sumérios acreditavam na existência de divindades. Foram os primeiros a desenvolverem um clero, pois justamente estes sacerdotes descobriram que precisavam de um método de preservação de registros, como colheitas, impostos e carregamentos comerciais. Foram criados os pictogramas que representavam os cereais, animais, etc, seguidos da quantidade, tudo isso em argila, em forma de tabletes. Isso já por volta de 8.000 a.C. A partir destes tabletes os Sumérios passaram a identificar alguns símbolos que representavam idéias, um exemplo: uma boca junto com linhas onduladas (água), representava sede. A seguir foram feitas experiências com fonemas. Criaram um instrumento em forma de cunha que facilitava o trabalho do escriba. A escrita cuneiforme foi então estabelecida na mesopotâmia (3.000 a.C) e a seguir se espalhou pelo velho mundo.
A chamada pré-história, não tem uma data específica para determinar o seu fim, uma vez que sua definição é “o período anterior a invenção da escrita” (5,1995), esta data, portanto não é fixa para toda a humanidade, na Mesopotâmia a história começou em 3.000 a.C., o norte da Europa só conheceu a escrita por volta do ano 500 d.C., enquanto que populações indígenas e aborígenas não a conhecem até os dias de hoje.

7. AS RAÇAS ATUAIS

Em 1987, dois bioquímicos da Universidade da Califórnia, Vicent Sarich e Allan Wilson, fizeram um estudo comparando proteínas humanas e de chimpanzés para ter uma idéia aproximada do tempo que os dois se separaram de um ancestral comum, a resposta foi de 5 milhões de anos.
O paleontólogo Jay Gould comentando a descoberta bioquímica da Geneticista Rebecca Cann, da Universidade do Havaí, junto com colegas da Universidade de Berkeley, de que o ancestral comum de todos os homens modernos teria cerca de 290.000 anos, afirma: “nos faz compreender que todos os seres humanos são mesmbros de uma mesma família, que teve uma origem recente em apenas um lugar”.

PONTO 6 - A POSIÇÃO DE KARDEC

“Os selvagens também fazem parte da humanidade e alcançarão um dia o nível em que se acham seus irmãos mais velhos. Mas, sem dúvida, não será em corpos da mesma raça física, impróprios a um certo desenvolvimento intelectual e moral”. (10,1868)

A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS GENÉTICAS

Através da utilização da técnica do DNA mitocondrial, muito útil para traçar árvores genealógicas porque contém apenas a herança da mãe, só sendo alterado por mutações que afetam apenas a herança da mãe.
Com relação às raças existentes atualmente, comparando as amostras coletadas dos mais diversos grupos étnicos, os cientistas verificaram serem pequenas e triviais as diferenças entre as raças. “A cor da pele, por exemplo, é resultado de mera adaptação ao clima – negra na África, para se proteger do sol forte; branca na Europa, para facilitar a absorção dos raios ultravioleta, que ajudam a produção da vitamina D.” (8,88). O que nos leva, portanto, a crer que, antes da expansão do homem moderno os nossos ancestrais comuns eram todos negros. (13,90)
Todas as experiências feitas até hoje com seres humanos de diversas origens jamais conseguiram demonstrar a superioridade racial de qualquer tipo sobre os outros, qualquer ser humano, dispondo de condições semelhantes de alimentação e educação, apresentará resultados médios semelhantes em quaisquer testes psicológicos. É evidente que a comparação direta entre um europeu com um índio semi civilizado no interior da Amazônia, dentro de critérios desenvolvidos por europeus demonstrará uma superioridade muito grande à favor do primeiro.
O racismo é uma criação recente, surgida com os grandes descobrimentos, quando por razões econômicas inciaram-se as escravidões em massa de negros e índios, baseados na tese logo desenvolvida que estes formavam uma sub-raça, isto levou a que o Papa, em 1537 declarasse que os indígenas eram seres humanos e possuidores de alma imortal. (13,90) Claro está que os seres humanos brancos, de olhos azuis, são oriundos dos
primeiros homo sapiens sapiens, que eram negros e que as diferenças na inteligência e na posição social ocupada pelas diversas raças, se originam de sua história natural e não da sua história biológica.
O aspecto sociológico, cultural, genético e alimentar, devem se somar ao espiritual para que todo esse processo seja entendido.

8. A IDÉIA DE EVOLUÇÃO SEGUNDO KARDEC

PONTO 7 - A POSICAO DE KARDEC

"Existência de dois tipos de seres, os não procriados (geração espontânea) e os que se propagam por reprodução, dando origem a novas espécies (teoria da evolução de Darwin) - (11,1868): "Os seres não procriados formam, pois, o primeiro escalão dos seres orgânicos e, provavelmente, um dia serão contados na classificação cientifica. Quanto às espécies que se propagam por procriação, uma opinião que não, mas que hoje se generaliza sob égide da ciência, é que os primeiros tipos de cada espécie são o produto da espécie imediatamente inferior. Assim estabeleceu-se uma cadeia ininterrupta, desde o musgo e o líquem até o carvalho, depois o zoofita, o verme da terra e o homem, se se considerarem apenas os pontos extremos, há uma diferença que parece um abismo, mas quando se aproximam todos os elos intermediários, encontra-se uma filiação sem solução de continuidade". (11,1868).
Kardec escreve este artigo, 7 meses após a publicação da Gênese (10,1868), portanto, sem receio de rever os seus pontos de vista. A credito que a Gênese só não foi revisada em tempo devido ao óbito de Kardec em 1869 (no livro em questão, o mestre se declara totalmente a favor da teoria da geração espontânea).
No mesmo artigo (11,1868), Kardec declara-se claramente a favor da evolução da Doutrina, através da discussão e da adesão as descobertas cientificas "Sendo a Revista um terreno de estudo e de elaboração de princípios, nela dando claramente a nossa opinião, não tememos empenhar a responsabilidade da doutrina, porque a doutrina a adotara, se for justa, e a rejeitara, se for falsa". Este é, no meu entender, uma deixa de Kardec para que o seu trabalho seja permanentemente estudado, ampliado e revisto, no caso de a ciência evoluir e lhe demonstrar que um determinado principio deixou de ter validade cientifica.

9. CONCLUSAO

É extraordinário avaliar que Kardec em 1868 pudesse antecipar uma série de desenvolvimentos científicos que só se consolidaram muitos anos apos a sua morte.
No entanto, alguns de seus pontos não encontraram guarida na ciência, poderão argumentar alguns, de que a ciência poderá lá chegar algum dia. Não é bem assim, algumas áreas já possuem suficiente material para que uma base sólida possa ser montada, permanecendo, é claro, espaço para mudanças posteriores em seus detalhes. São exemplos disto a Teoria da Origem das Espécies, publicada por Darwin em 1858 (12,1986), 10 anos antes da
publicação da Gênese, permaneceu em discussão ate que a serie de descobertas de fósseis viessem a lhe comprovar a razão.
O que nos faz estranhar é o fato dos Espíritos não se manifestarem a favor da Teoria de Darwin, já que os mesmos opinavam sobre tudo, vide a Revista Espírita. O homem de Neanderthal foi descoberto em 1856 e, no entanto os cientistas recusavam-se a enxergá-lo como um ancestral do homem. Kardec, no entanto em 1868, após a publicação da Gênese, muda de posição, provavelmente dando atenção à corrente que se engrossava pelos científicos, favoráveis à teoria da evolução.
Um dos princípios básicos do Espiritismo é o da evolução infinita, outro o da lei do progresso, penso estar colaborando com este artigo para o progresso e a evolução da Doutrina Espírita.
Finalizando, a ciência ainda tem muitas dúvidas a respeito de detalhes como: Qual a forma precisa da árvore da família humana? Quando a linguagem falada sofisticada começou a evoluir? O que provocou o aumento dramático no tamanho do cérebro na pré-história humana? O Espiritismo trás hipóteses que ajudam a compreender estas questões, porém deve adequar-se àquilo que já está perfeitamente entendido.
Como ultima questão, deixarei com vocês um outro problema, se a evolução humana teve influencia espiritual, como defendemos, de que forma, e onde estes espíritos superiores evoluíram?

10. BIBLIOGRAFIA

1. ATLAS DA HISTÓRIA DO MUNDO, Folha de São Paulo, Geofrey Parker, 4ª ed.;1995, 320p.
2. REVISTA SUPERINTRESSANTE; Fevereiro 1996, Editora Abril, São Paulo 1996.
3. REVISTA SUPERINTERESSANTE; Outubro 1993, Editora Abril, São Paulo, 1993.
4. REVISTA SUPERINTRESSANTE; Abril 1991, Editora Abril, São Paulo, 1991.
5. ENCICLOPÉDIA COMPACTA DE CONHECIMENTOS GERAIS, ISTOÉ GUINNESS, Ed. Três Ltda. Rio de Janeiro, 1995.
6. HISTÓRIA EM REVISTA, a era dos reis divinos, Editora de Time-Life Livros, Abril Livros, Rio de Janeiro,1991.
7. CIÊNCIA- PRÉ HISTÓRIA - Jornal Folha de São Paulo, caderno de ciências, 3 de março de 1996. São Paulo, 1996.
8. REVISTA SUPERINTERESSANTE; Setembro 1988, Editora Abril, São Paulo 1988.
9. REVISTA SUPERINTRESSANTE; Fevereiro 1990, Editora Abril, São Paulo 1990.
10. KARDEC, ALLAN; A Gênese – os milagres e as predições segundo o espiritismo; (Le Gênese, lês miracles et lês prédictions selon lê spiritisme, janeiro de 1868) – Tradução de Guillon Ribeiro; FEB, 1944.
11. REVISTA ESPÍRITA – Jornal de Estudos Psicológicos; 1868; Edicel, São Paulo, s/d.
12. DAMPIER, WILLIAM C.; História da Ciência, São Paulo, Ibrasa, 1986. 249p.
13. LIMA, CELSO P.; Evolução Humana, São Paulo, Ed. Ática, 1990. 95p.
14. DAY, MICHAEL H.; O homem fóssil, 3º ed. São Paulo, Ed. Melhoramentos, 1993, 157p.
15. LEAKEY, RICHARD; A origem da espécie humana, Rio de Janeiro, tradução Alexandre Tort, Rocco, 1995. 159p.
16. DARWIN, CHARLES; A origem das espécies, Tradução: FONSECA, EDUARDO, Editora Tecnoprint, Rio de Janeiro. 387p.
17. REVISTA SUPERINTERESSANTE; Setembro de 1997, Editora Abril, São Paulo, 1997.

Anexo 1 - GÊNESE HUMANA E ESPIRITUAL – ÁRVORE EVOLUTIVA

1- Lemur – primeiro primata detectado – 50 milhões de anos
2- Aegyptopithecos – 35 milhões de anos
3- 20 milhões de anos (linha que separa os hominídeos, gorilas e chimpanzés, dos orangotangos)
4- Mitopithecus- 8 milhões de anos
5- Australopthecus ramidus – 4,4 milhões de anos (fóssil mais antigo)
6- Australopthecus anomensis – (1995) 4 milhões anos
7- Australopthecus afarensis – (1974) 3,3 milhões de anos (Lucy)
8- Australopthecus africanus – 4 milhões de anos a 1,5 milhões
9- Homo rodolfensis – 2,4 milhões de anos (início do aumento do cérebro)
10- Homo eagaster – 2,1 milhões de anos
11- Homo habilis – (1972) – 2,0 milhões de anos
12- Australopthecus robustos – (1938) – 1,7 milhões de anos
13- Homo erectus – 1,5 milhão de anos a 400 mil anos
14- Homo sapiens – 400 mil anos
15- Homo sapiens neanderthalensis – (1856) – 200 mil anos a 30.000 anos
16- Homo sapiens sapiensis – surge entre 100 mil e 50.000 anos a.C

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