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domingo, 26 de novembro de 2017

Fazendo a diferença - Uma vez meviano … sempre meviano - 70 anos do grito por Alexandre Cardia Machado

Uma vez meviano … sempre meviano - 70 anos do grito

Não há como não personalizar este artigo, hoje tenho 34 anos de Movimento Espírita, a  segunda casa espírita que frequentei foi o CEAK entrando, claro pela MEEV – Mocidade Espírita Estudantes da Verdade, conto esta história que é uma entre muitas histórias pessoais e coletivas que os mevianos poderiam contar.

Impossível citar todos e desde já peço desculpas, pois só para nomear aqueles que por lá passaram, o espaço desta coluna não seria suficiente.



A MEEV foi capaz de gerar várias gerações de expoentes espíritas, a primeira geração de Jaci Régis, Egydio Régis, José Rodrigues, Antônio Ventura, Mauricy Silva e muitos, muitos mais só para citar alguns e suas companheiras incansáveis, traçaram o caminho, montaram a estrutura crítica e de estudos sistematizados.



Seguiram-se gerações e gerações de filhos e pessoas que foram se aproximando, como eu. Passaram por lá  Valéria, André, Júnior, Roberto, Marcelo,  Paulinho, Carlinhos, Reinaldo, Ademar , Sandra, Natal , grandes amigos e hoje são os netos daquela primeira geração que a levam nesta jornada.
Nasceram de seus frequentadores a Espiritnet do Henrique, o GPCEB de Marcelo, Vladmir, Ademar, Reinaldo, Gisela e eu do conjunto Faról de Milha  dos mevianos Paulo, Eduardo e Gláucio e porque não o ICKS, 100% formado por Mevianos.

Gostaria de contar a minha história, como uma das muitas histórias daqueles que tiveram o privilégio de passar pela MEEV.

Estava eu no meu primeiro ano em Santos, trabalhava na COSIPA, estava terminando meu treinamente como Engenheiro Trainee, tivemos 1 dia sem atividades, enquanto a empresa estava decidindo para qual área da Siderúrgica cada um dos 56 engenheiros iría. Portanto eu aproveitava o tempo livre para ler o Livro dos Médiuns, neste momento passa por mim Eliane Régis e diz as 4 palavras mágicas: Gaúcho, você é Espírita? Ela namorava meu grande amigo e também Cosipano Édson Almeida com quem ela se casaria alguns anos depois.

Imediatamente Eliane me convidou a conhecer a MEEV. Cheguei e vendo a forma estruturada como estudava-se o Espiritismo, o grupo animado, gente bonita, em menos de um mês eu já frequentava e namorava a Cláudia, isto ainda em 1984. No ano seguinte ela se tornaria a segunda mulher presidente da MEEV, a primeira havia sido a Lydia Régis muitos anos antes.

Foram apenas 2 anos na MEEV, saímos Cláudia e eu por limite de idade, uma característica importante da mocidade, os jovens decidem os seus passos sem muita interferência do Centro, muito bom para o desenvolvimento da liderança, por isto a importância de haver a saída dos mais velhos.
Outras gerações nos sucederam, 16 anos depois, primeiro Bruna, depois Beatriz, nossas filhas entraram na MEEV. Ambas foram vice-presidentes e Bruna tornou-se a segunda presidente da MEEV em nossa família.

A importância da MEEV é reconhecida internacionalmente, como está muito evidente no afetuoso depoimento espontâneo de Jon Aizpurua, ex-Presidente da CEPA ao grupo de whasap que Roseli Régis, presidente do CEAK, criou para divulgar o aniversário da MEEV que transcrevo aqui.
“Queridos amigos, me somo com especial alegria espiritual à celebração dos 70 anos de atividade ininterupta da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade. 

Acompanho a MEEV há quase 50 anos, quando apenas somava 17 anos de idade e tive a oportunidade de conhecer da sua existência pelo  jornal Espiritismo e Unificação que já então chegava ao CIMA da Venezuela.  Ainda que eram outros tempos e, todavia o  valoroso grupo de espíritas laicos santistas não se havia separado do movimento federativo oficial, já se fazia evidente que naqueles jovens ardia uma chama de entusiasmo e libertade na  proposta de um Espiritismo diferente ao que sustentavam as instituições tradicionais com seu ranço evangélico, um Espiritismo que fomentava o estudo e análise do pensamento de Kardec e de outros autores; um Espiritismo fresco, aberto ao mundo, com uma mensagem de progresso moral e social; um Espiritismo que não asfixiava e nem castrava a natural rebeldia e irreverência dos jovens.

Conheci integrantes de varias generações da MEEV, e independentemente das particularidades de cada um, há um fio condutor em todos os que passaram por suas filas, desde os fundadores até quem agora conduz o grupo. É  um vínculo espiritual que nasce do legítimo sentimento, de orgulho, no bom sentido desta palavra, de ser Meeviano!

Vocês são um exemplo para o Movimento Espírita brasileiro e internacional de como há de ser um grupo juvenil espírita, kardecista, laico, moderno, e aberto às transformações que o mundo contemporâneo demanda.

Sigam em frente. Tomem em suas mãos as bandeiras brilhantes daqueles que os predecederam e  entreguem-las quando corresponda à seguinte geração com o  mesmo entusiasmo. Nós que  nesta encarnação, estivemos antes nas tarefas espíritas, lhes dizemos, parafraseando ao inspirado poeta e novelista grego Nikos Kazantzakis:  Ajudem-nos a chegar até onde nós não pudemos!

Uma saudação fraternal, com todo meu  carinho e admiração, a todos os membros da MEEV, de antes, de agora e de sempre. Jon Aizpúrua”.

Esta corrente de união, nos faz fortes, nos dá a segurança de pensar que o ideal jovem estará sendo realimentado a cada ano, pela liderança daqueles que assumem a sua presidência, neste momento sob a batuta animada de Rafael Régis. Parabéns MEEV pelos 70 anos fazendo a diferença.

Alexandre Cardia Machado – Editor-Chefe do Jornal Abertura



terça-feira, 2 de junho de 2015

Gabinete psico mediúnico uma experiência de saúde emocional - por Alexandre Cardia Machado e Cláudia Régis Machado

Gabinete psico mediúnico uma experiência de saúde emocional:

Autores: Cláudia Régis Machado e Alexandre Cardia Machado


Agradecimentos:

Este trabalho não poderia ter sido feito sem o apoio incondicional da equipe física formada pelos amigos Zilda Maria de Souza Pereira, Mauricy Silva, Antônio Ventura, Pedro Molina, Elizabeth Molina, Yuri Souto Maior e Cláudio Lepage e naturalmente da equipe espiritual, formada por vários colaboradores anônimos e pelos Espíritos que se identificaram como Antero, Diana e Cuidadoso. Um agradecimento especial, em memória ao criador do Gabinete Psico - Mediúnico, Jaci Régis que pensou, implementou a ideia e coordenou o trabalho até o momento da sua desencarnação. Ele sempre repetia “que não havia nada tão importante como o servir e que o espírita deve ter como meta ajudar o próximo”.




1 - Objetivo do trabalho:

Este trabalho descreverá a atividade que está em desenvolvimento no Instituto Cultural Kardecista de Santos - ICKS, desde Setembro de 2009, onde utilizando o intercâmbio mediúnico, suporte psicológico a pessoas com problemas emocionais, noções rápidas de Espiritismo e emissão energética próxima uma equipe formada por sete colaboradores vem ajudando semanalmente muitas pessoas a superar dificuldades existências.

O trabalho descreverá a função desempenhada por cada colaborador, suas principais atribuições, descrevendo o trabalho executado pelos Espíritos e apresentando resultados obtidos. Visa sistematizar e servir como referência por outras casas espíritas. A técnica central é de uma terapêutica breve, relaxamento , apoiada por energias e suporte espirituais com o objetivo de dar um reforço moral, equilíbrio espiritual e anímico.

Verificou-se que as grandes maiorias dos que terminam o processo, geralmente de 10 sessões, ao receberem alta, saem muito mais confiante na sua própria capacidade de manterem-se em equilíbrio, com maiores possibilidades de bem viver.



2 - Bases para o trabalho

Jaci Régis[1], em seu trabalho sobre a Espiritossomática, assim se refere ao ser humano:

“O Ser espiritual integra-se naturalmente no corpo. Ele é, temporariamente, o corpo. Entra na vida corpórea como uma aventura existencial que lhe exigirá o emprego de todas as energias e capacidades para sair-se bem, ao final. O rendimento, a eficiência dessa aventura, como sabemos, varia ao infinito, para cada personagem humana.”

É para ajudar algumas pessoas que estão em dificuldades psico-espirituais, a encontrar um rumo mais seguro que este trabalho foi idealizado.

Segundo Jaci, neste mesmo artigo, “referindo-se aos problemas afetivos definidos no campo da patologia psicológica, entendemos que o homem pode refazer seu caminho, descobrir suas potencialidades e desobstruir os canais de sua energia afetiva. Daí a necessidade de uma terapia espiritossomática, que atue no corpo e no Espírito. O encontro da espiritualidade, passa pela valorização do corporal, em que ela se insere. Quando entendemos o homem nessa globalidade, trabalhamos no presente, que é o único momento real da vida do Espírito. O passado é o presente que passou, o futuro é o presente que virá. O amanhã só se concretiza quando se torna hoje”.

            “Coube aos conceitos Kardequianos, deslocar para o espírito o centro da personalidade, até então, fixada nas células cerebrais orgânicas. Permitiu uma invasão maior e definitiva no campo da espiritualidade, dando condições de pesquisas mais profundas, mais coerentes e mais reais relativas ao estudo do homem em sua total integridade como matéria, energia e espírito atuante.”[2]

A organização do trabalho foi feita com o objetivo de aproveitar uma série de técnicas que são usadas em Centros Espíritas (CE) e em “grupos de aconselhamento psicológico”, a inclusão de sessões de emissão energética (passe), baseia-se na convicção da efetividade desta técnica para a reposição de energia dos pacientes, conforme destacado por Ivan Dutra[3] em 1991 – referindo-se a população de frequentadores das sessões de passe” verificou-se que a grande maioria dos entrevistados relata que a aplicação do passe, traz sensações positivas como: aumento de bem-estar, aumento de energia, efeitos psicológicos de alívio, calma e serenidade (60%). Estes resultados estão de acordo com o que Ney Prieto Peres (1986) afirma, quando diz que as pessoas que participam de trabalhos espirituais em sua maioria alcançam um bem-estar geral”.

Ainda segundo Dutra, Herculano Pires (1985) coloca a respeito dos efeitos psicológicos do passe, que o efeito direto das pessoas no ambiente com intensão de ajudar o paciente, desperta o sentimento de segurança e confiança em si próprio, “que quer dizer, a sensação após o passe pode ser resultado tanto da doação fluídica (energética), como do contato com outras pessoas (calor humano)”.

Herculano Pires[4] refere-se ao Centro Espírita considerado aqui como gênero, representando qualquer entidade espírita onde o mesmo acredita que, ter nas suas palavras “no desempenho da sua função, o CE é, sobretudo, um centro de serviços ao próximo, no plano propriamente humano e no plano espiritual. O ensino evangélico puro, as preces e os passes, o trabalho de doutrinação representa um esforço permanente de esclarecimento e orientação de espíritos sofredores e de suas vítimas humanas, que geralmente são comparsas necessitados da mesma assistência”.

O trabalho realizado no ICKS não é o tradicional “atendimento fraterno”[5][6] que ocorre em centros Espíritas, e sim um trabalho de tratamento metódico psico-mediúnico. Que embora também seja fraternal não tem como objetivo acolher pessoas que buscam o ICKS como um CE. Este trabalho é para ajudá-las a se recompor energética, espiritual e psicologicamente, por um tempo determinado. Ajudando-os a encontrar subsídios internos capazes de mantê-los firmes sem o nosso acompanhamento.



2.1 – Bases Espíritas do Gabinete Psico-Mediúnico:

As reuniões mediúnicas exigem um equilíbrio de energias e uma forte determinação mental de seus participantes, Ademar dos Reis[7], assim descreve a importância da preparação do ambiente: “A reunião mediúnica é uma conjugação de energias e reclama um equilíbrio emocional, sendo o preparo atribuição de ambas as partes envolvidas (encarnados e desencarnados). É preciso sensibilidade para o ritmo de cada reunião.”.

Assim, sempre antes de iniciarmos os trabalhos de mediunidade e de emissão energética procede-se a uma preparação, através da mentalização de todos os componentes encarnados na atividade que será realizada e a abertura mental para a doação da necessária energia àqueles que a necessitam.

Os emissores energéticos assistem à palestra sobre a Doutrina Kardecista e depois se dirigem à sala de passe, onde se juntam aos companheiros que participarão da reunião mediúnica (um médium e dois coordenadores). Neste momento iniciamos a mentalização através de uma prece simples seguida da necessária introspecção e elevação mental de toda a equipe. Nesta hora sempre é solicitado o apoio dos Espíritos da casa, para todas as atividades.

Uma vez feito isto, a equipe da reunião mediúnica se dirige para a sala correspondente enquanto a equipe de emissão energética segue em concentração até que se iniciem os trabalhos.

Estas descrições coincidem com as apresentadas por Marcelo Régis[8] com relação aos cuidados efetuados pela equipe espiritual no Centro Espírita Allan Kardec de Santos– por relatos dos Espíritos que se comunica em nossas reuniões, o grupo espiritual a que pertencemos chamado de Nossa Casa é o mesmo. Alguns espíritos fazem parte dos trabalhos no ICKS e no CEAK de Santos-SP.

O Livro Psicografado de autoria de Marina Fidélis[9] descreve o “CE é agência, escola de liberdade”.

Dentro do princípio definido na introdução ao trabalho esta é a maior motivação à realização do mesmo.




2.2 – Bases Psicológicas do Gabinete Psico-Mediúnico:


Aconselhamento:
Segundo Henriette Morato[10] o aconselhamento psicológico é a expressão mais direta e específica do que é o trabalho do psicólogo. De acordo com ela, o aconselhamento começou por volta dos anos 40, depois da guerra no sentido de poder ajudar os veteranos de guerra que estavam voltando.

E parece ter tomado corpo e expressão na década de 1950-1960. A partir de então o aconselhamento tem sido um método de assistência psicológica destinada a restaurar no indivíduo, suas condições de crescimento e de atualização, habilitando-o a perceber, sem distorções, a realidade que o cerca e a agir, nessa realidade, de forma a alcançar ampla satisfação pessoal e social.

A ajuda envolve a pessoa a refletir para dar sentido a sua existência e assumir suas situações de vida. Focam-se no processo de aconselhamento, conversas com temas emocionais e vivenciais.

Aconselhar não é dar conselhos, ou prescrever condutas que deveriam ser seguidas. Pelo contrário, trata-se de ajudar o sujeito a compreender-se a si próprio e à situação em que se encontra e ajudá-lo a melhorar a sua capacidade de tomar decisões que lhe sejam benéficas. O aconselhamento está centrado na resolução de problemas do sujeito, focalizado no presente, com uma duração mais curta, orientado para a reflexão e ação. Tentado ajudar o cliente a sair da dificuldade e se prevenir, se cuidar para que permaneça assim.

O aconselhamento não trabalha para mudanças de personalidade nem para conflitos inconscientes. Reforça e gratifica as conquistas que o cliente vai efetuando.
Segundo Scheefer[11] pode-se falar em aconselhamento como ação educativa preventiva, de apoio, situacional voltada para solução de problemas.

Para o aconselhamento não há fórmulas, nem metodologia estruturada, mas existem atitudes terapêuticas que o caracterizam e devem ser seguidas:

1. Não ser diretivo - facilita que a mensagem seja assimilada, reduz as tensões, pois não há julgamentos e acima tudo ajuda o cliente a perceber a si mesmo e o meio que vive com objetivo, se necessário, de alterar sua percepção.
2. Ser congruente – “Rogers[12] fala que os terapeutas melhor sucedidos no lidar com os clientes são reais e exibem autenticidade”.
3. Expressar atitudes positivas de aceitação e de calor humano para com o cliente. O conselheiro preza o cliente, não aprova, nem reprova. É o sentimento positivo sem reservas e julgamentos. O terapeuta vê o cliente como um ser com potencial.
4. Ter compreensão empática - o conselheiro deve compreender o cliente, ter senso do mundo interno e das significações pessoais do cliente como se fosse ele próprio, seu próprio mundo, porém mantendo a neutralidade. Esta condição é, segundo May[13]  a chave para o processo de aconselhamento, pois é através dela que todos os conselheiros atingem as pessoas.
5.Fazer um acolhimento adequado e proporcionar ao cliente um ambiente aconchegante. Estabelecer uma relação de confiança e ser facilitador para que as exposições dos temas auxilie o cliente na resolução de seus problemas e tomada de decisões. 
6. Ter uma comunicação competente com clareza da linguagem empregada. O objetivo maior do aconselhamento é conseguir que o cliente torne-se ele mesmo seu agente transformador e possa ecolher medidas para melhor satisfaçãopromovendo seu bem estar. É promover o bem estar psicológico e a autonomia pessoal no confronto com as dificuldades e com os problemas.

 Problemas mais comuns que o aconselhamento atende:

Depressão/Luto.
Ansiedade/Stress.
Dificuldades Relacionais.
Situações causadoras de Mal-Estar Físico e/ou Psicológico.

Muitas pessoas não conseguem passar por situações de crise sozinhas e necessitam de apoio de amigos e familiares.

No trabalho do gabinete psico-mediúnico os clientes são selecionados após a entrevista. Selecionamos pessoas que não apresentem  problemas psicológicos graves, mas que estão vivendo um momento difícil, e que precisam de ajuda para gerir todos os fatores intervenientes em questão.  Muitos se mostram desestabilizados no enfrentamento dos momentos difíceis por demonstrarem de personalidades fracas e problemáticas que acabam por aflorar em desequilíbrio mental-emocional, sendo que outros mostram desanimo e falta de coragem, apesar de terem personalidades estruturadas.

Estruturamos o nosso trabalho para atender este tipo de problemática e como não temos a pretensão de fazer terapia em grupo adequamos o nosso atendimento como aconselhamento, mas não de forma clássica. Mas com modificações e adaptações que ajudassem as pessoas que nos procuram. Para isso acolhemos as pessoas identificando a sua demanda e esclarecemos sobre o trabalho que desenvolvemos para evitar fantasias e mitos, pois uma orientação neste tipo de trabalho é compreendido de forma mágica e mística.  Mágica acreditando que os espíritos resolveram os problemas, de alguma forma diferente e mística porque a orientação é dada por alguém do além, do plano extrafísico.

 Os pacientes logo no inicio percebem que a situação não é esta, mas que consiste na mudança da situação que se encontra, com trabalho constante, persistência. Trabalhamos com aqui e agora fazendo-os compreender o que ocorre com eles, bem como a importância de buscar o crescimento emocional, psíquico e moral, enfim desenvolvimento global.

Adotamos o aconselhamento como técnica terapêutica visando oferecer perspectiva de vida onde cada um sinta responsável pela sua própria vida, co-responsável pela sua qualidade de vida, por suas escolhas e por sua liberdade. Valorizando a vida e cada momento, mesmo na dor e no sofrimento e acreditando na sua própria capacidade.


3- Descrição do trabalho:

Descreveremos o trabalho desenvolvido considerando a seguinte estrutura:

Componentes e funções dos membros encarnados do ICKS:
Componentes e funções dos membros oriundos do plano Extrafísico

3.1 - Componentes e funções dos membros encarnados do ICKS:

3.1.1 - Dinâmica dos trabalhos e duração dos tratamentos:

O trabalho foi dimensionado para funcionar em 10 semanas sendo que as atividades transcorrem da seguinte maneira, no primeiro dia, o paciente chega entre 19h00min e 19h30min para anamnese – conforme o tipo de problema apresentado o paciente é aceito para o tratamento, já se integrando aos trabalhos no mesmo dia.

3.1.2 - Palestra Espírita:

A partir de meados de 2010 foi implantada uma palestra espírita básica, englobando os princípios básicos e leis morais, normalmente apresentadas pelo Sr. Mauricy Silva – tem duração de 20 minutos, no máximo. Os emissores energéticos assistem à palestra para preparação e foco de pensamento.

Durante o período da palestra um dos colaboradores, Sr. Mauricy faz a chamada das pessoas que vão falar com o espírito no Gabinete Mediúnico e das pessoas que vão para a sala de emissão energética.


3.1.3 Indução a renovação do pensamento, relaxamento e respiração.

Utilizamos para início da sessão um relaxamento físico e mental conquistado através do controle da respiração e da indução sugestiva propiciando uma maior abertura mental aos pacientes. Lembrando que a reunião inicia com uma pequena explanação sobre os princípios Kardecistas. Elegemos iniciar desta maneira porque somos uma instituição espírita e recebemos pessoas de todos os credos e para mostrar quais são os fundamentos filosóficos do nosso trabalho.

3.1.4- Aconselhamento:

Seguindo à palestra espírita, a psicóloga Cláudia Régis Machado inicia uma preleção de aproximadamente 1 hora, com assuntos psicológicos variados, os quais relatarão num tópico aparte.
Técnica aplicada –
Utilizamos a exposição de temas psicológicos como ferramenta terapêutica que tem como objetivo fazer com que os pacientes se identifiquem com o tema da explanação e venham a refletir. São motivados para que esta reflexão ocorra e em alguns momentos expressem suas dúvidas e questionamentos.
Não é uma terapia de grupo, mas como colocamos antes um aconselhamento que leve a reflexão e posteriormente a ação para mudanças necessárias. Mantemos um enfoque no aqui e agora. Estimulamos que a decisão de mudança e as conquistas sejam buscadas com muito trabalho, persistência, cuidado e que cada um possa confiar e descobrir suas próprias potencialidades porque cada paciente é responsável por sua vida e sobre as suas escolhas. A palestra busca incentivar os pacientes a assumir novas atitudes e riscos.  Quando necessário orientamos na busca de apoio terapêutico profissional por que há muitas pessoas despreparadas, mostrando pouco conhecimento e percepção de si mesmo. Outros um pouco mais desestabilizados ou com estrutural emocional muito fragilizada que necessita de medicação para se equilibrarem orgânica e psiquicamente.

Fora a exposição, estabelecemos um ambiente terapêutico e tenha o seu papel importante Irvin Yalon no seu livro Cura de schopernhaguer diz que é sempre difícil descrever qual é o “ingrediente realmente importante” para a melhora dos pacientes, mas que existe na criação dos grupos um “ambiente curativo”. Compartilho dessa ideia não no papel de cura, pois não há tempo hábil nem é o nosso objetivo, mas temos a consciência que no trabalho que desenvolvemos criamos este ambiente vibracional, auxiliado pela espiritualidade onde é possível “mergulhar nas águas curativas” conforme Irvin assim se refere.

O ambiente criado pela espiritualidade, pelos participantes da equipe do gabinete, e o desenvolvimento dos temas psicológicos tem grandes propriedades regenerativas do estado mental de cada um dos pacientes.
Tópicos que são abordados:

Tratamos de assuntos como autoestima, busca de força interior, qualidade dos pensamentos e das ações. Orientação sobre a importância da vida e do viver. Valores que norteiam a vida, importância de estar aberto e disponível para mudanças quanto necessários. Autoconfiança.Busca da espiritualidade. Objetivos, propósitos e projeto de vida, mudança de hábitos, paciência.

Estimular a reflexão, olhar para si mesmo e as mudanças de atitudes perante a vida, mudança de comportamento.

Catalisar as energias psíquicas e espirituais no redirecionamento da vida.


3.1.4 - Sala de Emissão Energética - passe:

Trabalham nesta atividade quatro colaboradores, Sra. Elizabeth Molina, Sr. Antônio Ventura, Sr Yuri Souto Maior e Sr. Carlos Lepage.

A emissão energética pode ser individual ou em conjunto, conforme a melhor opção dependendo do número de pacientes no dia, de forma a reduzir ao máximo possível à interferência na palestra de aconselhamento.


3.1.5 - Gabinete Mediúnico;

Dispomos de uma médium psicofônica – Zilda Maria de Souza Pereira.
Dois coordenadores – Sr. Pedro Molina e o Sr. Alexandre Machado

Os pacientes conversam com o espírito na 1ª vez que vem a casa, na 5ª vez e na 10ª vez - onde é reavaliada a condição do paciente e a sua alta pode ou não ser dada, dependendo de mútuo acordo, neste período tivemos cerca apenas cinco casos onde o tratamento foi estendido para 15 sessões.


3.2 - Componentes e funções dos membros oriundos do plano Extrafísico

Espíritos que participaram desta descrição: Diana, Cuidadoso.

3.2.1 - Recepção- entrevista e anamnese:

São dois espíritos de guarda, em caso de necessidade pedem ajuda a outros companheiros que vem rapidamente para acudir e que não participam normalmente da reunião.

Na atividade de anamnese, comparecem amigos espirituais dos entrevistados acompanhados de um Espírito de guarda da casa para proteção espiritual.


3.2.2 - Sala de palestra e Aconselhamento:

Existem vários espíritos nesta sala, um amigo espiritual da Psicóloga e Espíritos que fazem trabalho semelhante ao dela no plano espiritual – eles trazem espíritos para serem tratados na sala. Com o objetivo de tomar consciência de si mesmo, distinguir o estado em que se encontram, ou mesmo apenas para efeitos motivacionais.


3.2.3 - Sala de emissão energética - passe:

Existe um Espírito coordenador da sala.


3.2.4 - Gabinete Mediúnico:

Espírito de consulta mediúnica que vem trabalhando conosco desde 2009:

Espírito Antero – comunicava-se pelo médium Jaci Régis desde 2009: declarou-se amigo espiritual de Jaci, dava suporte físico e espiritual para que ele pudesse levar até o fim das suas possibilidades o trabalho a que ele se propôs. Nas últimas semanas de 2010, com os problemas de saúde de Jaci Régis, ele desligou-se dos trabalhos, pois o Jaci precisou de muito apoio, o Espírito Antero esteve com ele até sua desencarnação e a nova médium Zilda não mais o recebeu, embora tenhamos relatos de sua presença nas reuniões.

Espírito Diana – comunica-se com a médium Zilda, substituiu o Espírito Antero a partir de Outubro de 2010, não participava antes deste trabalho, mas acolheu o pedido e veio trabalhar conosco. Diana nos relata que normalmente existem três espíritos na sala do Gabinete Mediúnico. Diana ficou sabendo do trabalho pelo grupo de amigos que vive junto a Santos, ela não é daqui, veio por afinidade com o trabalho – antes trabalhava em um hospital espiritual.

Espírito Cuidadoso – vem participando de algumas reuniões, desde 15 de agosto de 2011 – não está desde o início do trabalho, mas já está há algum tempo, não quer se identificar ainda, mas tem alternado com a Diana na consulta mediúnica.

Frequentemente recebemos visitas de Espíritos amigos, da comunidade espiritual do Centro Espírita Allan Kardec de Santos.


3.2.5 - Considerações dos Espíritos quanto aos pacientes:

Segundo o Espírito Diana, “os pacientes são pessoas muito solitárias, o trabalho é preparado antes, eles pensam muito antes de decidir por entrar na casa – existe uma atração, eles nos atraem quando estão no processo de escolha”.

Alguns Espíritos da casa tem conhecimento sobre o paciente, Diana propriamente não os conhece e nem faz acompanhamento deles, pois não quer ser influenciada ou influenciar o paciente ou médium. Reservando-se para o aconselhamento.

Pacientes com sinais de depressão – os amigos espirituais apoiam o médico deles, no período em que eles estão em tratamento conosco.

Paciente obsidiado – não é fácil para os Espíritos determinar que um paciente esta com um obsessor, segundo Diana “eles se escondem, mas tem uma determinada hora em que eles não aguentam mais o ambiente e se mostram. Nesta hora nossos Guardas quase que os anestesiam e retiram do ambiente, a maioria foge em seguida após passar o torpor, pois não aceitam facilmente à doutrinação”.

Considerações dos Espíritos quanto aos trabalhos de uma forma geral:

De acordo com o Espírito Diana “Nós seguíamos as orientações do Jaci até o seu afastamento da reunião, o trabalho planejado incialmente por ele era outro, os amigos foram se agregando ao trabalho à medida que ele dava as diretrizes. O Espírito Antero tinha uma afinidade muito grande com o Jaci”.

“A espiritualidade é parte coadjuvante, não se dispersem, tratem de fazer o trabalho com amor”.

De acordo com o Espírito Cuidadoso “os Espíritos que acompanham e participam do nosso trabalho não fazem seguimento dos pacientes (após o término do tratamento), só o fazem no período em que eles estão vinculados ao ICKS”.


4 - Estatísticas:

    1. Perfil do frequentador (idade, sexo, estado civil, número de filhos).
    2. Quadro psicológico (queixa principal)
    3. Percentual que conclui o tratamento


Levantamento do trabalho Psico-mediúnico

Pessoas atendidas  186,  Idade média= 44,16 anos.

Sexo: Feminino  131             Masculino 55

Filhos:   Sim 124,  Não 60

Terminaram o tratamento:

   Sim   70, Não   116
 

NR: os gráficos foram removidos por incompatibilidade com o Blog. 


5 - Resultados

Comentários baseados nas estatísticas:

Obtivemos um resultado positivo, considerado como tal pelo número de pessoas que terminam o tratamento na média de 37,6%, 

Não existe um processo de avaliação final dos pacientes embora recebamos feedback livre dos mesmos, a percepção é positiva entre aqueles que terminam os trabalhos.

39% das pessoas que nos procuram descobrem que o trabalho que realizamos não é o que buscam e abandonam o trabalho após o primeiro dia, não retornando. 23,4% desistem antes de chegar à segunda reunião mediúnica. Isto está de acordo com a referência bibliográfica onde Irvin[14] declara que, as pesquisas mostram que o tratamento não faz efeito para cerca de um terço dos pacientes. Conseguimos um pouco mais 37,6% o que mostra estarmos no caminho certo.
Às vezes a pessoa faz terapia e não é ajudada, precisa procurar outro tipo de ajuda. Nosso grupo tem consciência de que não poderemos ajudar a todos que nos procuram, porque talvez o tipo de trabalho que oferecemos não atinja a todos da mesma forma e se faça necessário à busca, por estes pacientes, de outras formas de terapia.
O trabalho embora sendo desenvolvido com a ajuda de uma psicóloga não se faz necessário que a pessoa que exerça este mesmo papel tenha a formação em psicologia, mas os preceitos colocados no item 2.2 devam ser mantidos para que o trabalho seja eficaz.

6- Conclusão

            A terapêutica aplicada apresenta um resultado positivo, de conclusão de tratamento e alta de cerca de 35% das pessoas que nos buscam.

            Este trabalho requer dedicação, compromisso da equipe do ICKS e suporte constante da equipe Espiritual.

Esperamos que a descrição do mesmo sirva de apoio a outras iniciativas semelhantes em outros CE.



7 - Bibliografia

1 -Centro Espírita – Herculano Pires;
2 - Espiritismo e Exercício Mediúnico – Espírito Marina Fidélis, psicografado – Maury Rodrigues da Cruz; 1985 Curitiba Ed.SBEE;
3 -Mecanismos da Mediunidade – Ademar Arthur Chioro dos Reis Ed. CPDoc – São Paulo 2005;
4 -Hipnometria – Técnica Espírita de Tratamento de Doentes Mentais – Denizard Souza – Anais do II SBPE – 1991. Santos-SP
5 - Centro Espírita do Ponto de vista dos desencarnados – GPCEB – Marcelo Coimbra Régis - Anais do II SBPE – 1991. Santos-SP
6 - Mediunidade e vida – Amilcar Del Chioro Filho
7 - Perfil dos Frequentadores do Centro Espírita nosso Lar – Ivan Dutra e Nilva Busatta - Anais do II SBPE – 1991. Santos-SP
8 -Espiritossomática – Jaci Régis. Anais do IV SBPE – Porto Alegre RS
9 - A cura de Shopeenhauer – Irvin D.Yalom
11 –Scheffer, Ruth – Teorias de aconselhamento – Ed. Atlas - 1970.
13 – May, Rollo – A arte do Aconselhamento Psicológico - Ed Vozes – 1984.
14 – Carls Rogers – Terapia centrada no cliente – Ed Vozes – 1951









Referências no texto
[1] Espiritossomática – Jaci Régis.

[2] Hipnometria – Técnica Espírita de Tratamento de Doentes Mentais – Denizard Souza
[3] Perfil dos Frequentadores do Centro Espírita nosso Lar – Ivan Dutra
[4] O Centro Espírita – página 7
[5] Mediunidade e vida – Amilcar Del Chioro Filho
[6] www.nenossolar.com.br
[7] Mecanismos da Mediunidade – Ademar Arthur Chioro dos Reis – página 47
[8] O Centro Espírita do Ponto de vista dos desencarnados – GPCEB – Marcelo Coimbra Régis
[9] Espiritismo e Exercício Mediúnico – página 13
[11] Scheffer, Ruth – Teorias de aconselhamento
[12] Carls Rogers – Terapia centrada no cliente
[13] May, Rollo – A arte do Aconselhamento
[14] A cura de Shopeenhauer – Irvin D.Yalom

segunda-feira, 13 de outubro de 2014


Pensando a moral do século XXI

       
       Qual o futuro pelo qual devemos nos empenhar?, pergunta o comentarista de um livro muito interessante que acabo de ler.
       O livro de nome "Pensando o século XXI" de autoria de Tony Judt com colaboração de Timothy Snyder, ao analisar os principais fatos políticos do século XX pretende tornar-nos conscientes das obrigações do presente com o passado, conhecendo-o nas suas entranhas e principalmente tecendo considerações morais na reforma da sociedade.
       O século XX de cunho nitidamente materialista no que tange ao mundo ocidental, seja na ciencia como na política, acabou se revelando naquilo que era a maior preocupação moral de Allan Kardec, qual seja, o triunfo do materialismo.
       O motivo da preocupação: o materialista tem sempre uma tendencia muito definida de escamotear a verdade, transformando-a numa verdade única.
       O livro "Pensando o Século XX", nos apresenta análises de um intelectual sem agenda partidária e que abandonou teorias sistemicas que adoram um holofote, mas escondem cenários que não lhes são favoráveis. 
       Felicidade a nossa, dos espíritas,que desde Allan Kardec nunca nos engajamos em movimentos aparentemente "revolucionários", mas que adoram enquadar todas as pessoas dentro de um único figurino.Avessos ao debate de idéias, adotam sempre a regra de desqualificar os oponentes. Hoje trocaram o nome para desconstruir o adversário.
       Tony Judt faz uma crítica severa a um grande grupo de intelectuais engajados da história do século XX, os quais aprovavam entusiasticamente o uso da violencia, geralmente a uma distancia segura e sempre a custa dos outros.
       O Espiritismo é e sempre será contra o uso da violencia como forma de convencimento. O intelectual engajado se imagina detentor de informações exclusivas e perfeitas.
       Pai, afasta de nós esse cálice.
                
                Roberto Rufo

      

                    

terça-feira, 2 de abril de 2013

A Palavra mais certa - Texto de Jaci Régis publicado mais uma vez no ABERTURA julho de 2012

Fui visitar meu velho companheiro Athanazildo, que no passado foi parceiro nos embates que travamos no meio espírita.


Desde há muito ele se afastou e poucas vezes nos encontramos. Mas soube que fora operado do intestino. Encontrei-o animado. Recebeu-me com carinho. Depois de falarmos sobre sua cirurgia e as perspectivas futuras de sua saúde, passamos a conversar, como persistentes analistas dos problemas humanos.

-Tenho acompanhando teu trabalho no Espiritismo. Leio sempre teus artigos e livros. Certamente concordo com tuas idéias. Mas confesso que te vejo numa batalha difícil, talvez sem vitória possível.

-Eu sempre penso que nos compete lançar as sementes. O tempo e as pessoas é que serão, no futuro, os frutos, os que te acompanharão ou não. Mas confesso que é sempre muito bom abrir novos caminhos. Sinto-me confortável em poder ver e pensa as coisas de outros ângulos.Caminho com cautela, mas decidido.

-Você sempre foi visionário, sorriu.

-Não se trata de ser visionário. Mas caminhar sem medo, rompendo com velhos conceitos e enfrentando, a principio, a própria incerteza e prosseguir. É saltar sobre obstáculos e sentir liberdade.

-E a nossa Mocidade, perguntou, lembrando o tempo em que éramos membros da juventude espírita.

-A Mocidade que nos moveu a adolescência e a juventude, meu amigo, está a passos lentos...

-Que pena. Éramos tão felizes....

-Ela reúne uma ou duas dezenas de jovens que não parecem aspirar a liderança. E quando se é jovem e não aspira a liderança estamos incapazes de enfrentar obstáculos e conflitos.

-Lamentável...

-Esses jovens, a maioria oriunda de famílias espíritas, estão mergulhados até o pescoço na cultura materialista deste tempo. Comportam-se, pensam e vivem como a maioria, incapazes de resistir, de trilhar um caminho próprio, diferente. Justamente porque não sentem necessidade disso.

-E os teus companheiros que formavam contigo uma brilhante brigada pelos ideais espíritas?

-Bem, como você sabe, quando eclodiu a crise e fomos literalmente expulsos do Espiritismo cristão, as coisas mudaram. Aquele pequeno grupo, José, Ciro, Miguel e eu se desfez.

-Ficastes só?

-A solidão é emblemática na vida. Todo o ser humano é, constitucionalmente, solitário. Por vezes, o amor rompe essa solidão na relação afetiva profunda. Também a amizade é canal de liberação dessa solidão. Meus amigos seguiram seus caminhos.

-Esse caldo materialista parece realmente dominar a sociedade. Todas as coisas seguem um caminho mais ou menos parecido. Vejo até as religiões se preocuparem não com a espiritualidade, mas com o sucesso, a felicidade aqui e agora.

Ele fez uma pausa e continuou.

-Não encontro a palavra certa para exprimir o que sinto. Não quero condenar o mundo, nem as pessoas. Vejo todos apressados em busca de um objetivo diluído no amanhã. E falar em espiritualidade parece deslocado do tempo. Porque quase sempre sugere uma divisão irremediável entre o real e a fantasia..

-Como assim, perguntei.

-É tradicional na nossa cultura, dar à espiritualidade um sentido místico, ter fé, uma certa negação da vida corpórea, uma aspiração de felicidade além. Por outro lado, gostar da vida corpórea, produzir bens, vencer profissional e economicamente, aproveitar o talento, parece perder a vida. .

-Talvez você tenha razão. A visão atual é de desencanto com a espiritualidade. Como você disse olhada com certo desinteresse para não dizer o pior. A conjuntura criada, imediata, consumista vê a morte como fim. E o Espírito, a alma ficam como remotas crenças que não ajudam a criar uma vida feliz. O sucesso econômico, sobretudo, parece ser o que mede a vitória ou o fracasso. Surgem os problemas existenciais, a depressão, o medo e o egoísmo parece ser a defesa correta nessa luta.. No afã de garantir a vida, a maioria literalmente se perde na impossibilidade de realizar seus sonhos, desejos.

. -É muito difícil falar sobre a espiritualidade sem suscitar a resposta de que os tempos são outros, que não é bem assim... A vida voltada para Deus, no passado, era exatamente o afastar-se do convívio, das emoções, dos desejos. Agora as pessoas querem ser feliz aqui mesmo enquanto vivas.

Despedimo-nos.

Na volta, ouvi no radio a canção do Gonzaguinha que diz

“Busquei a palavra mais certa,

Vê se entende meu grito de alerta” .

Ponderei que justamente o difícil é encontrar a palavra mais certa, para exprimir no delicado terreno das concepções, que espiritualidade não é fuga do real, mas positivamente abraçar o real, com a certeza que encontrar em nós as almas ou espíritos somos.

Procurar a palavra mais certa para explicar que as aspirações de um mundo melhor, de uma vida equilibrada e uma sociedade mais justa começam dentro de cada um de nós. Porque somos sempre o fruto de nós mesmos.

Eu gosto de dizer a frase “ que se leva da vida é a vida que a gente leva”, significando a importância de nosso estar no mundo, de nosso viver. Sem esconder emoções, sem aprisionar-se em medos. Mas abrir o coração e caminhar, com a naturalidade da vivência da inteligência e o afeto.

Vi na televisão um anúncio de um belo modelo de automóvel que era apresentado como o grande desejo e terminava com a frase ‘o que se leva da vida e a vida que você leva”..

Porque a vida é comprometimento.

Palavra certa muito pouco ouvida e sobretudo vivida.