Mediunidade de Cura
Neste ano de 2021 resolvi publicar uma série de artigos sobre este tema, vou adicionar todos neste mesmo link, assim que, se você gosta do assunto, salve este link.
Alexandre Cardia Machado
Allan
Kardec trata do assunto especialmente no Livro dos Médiuns na questão 175 / 176
– Médiuns curadores, de onde destacamos:
“Diremos
apenas que este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que
possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um
gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso
mais não é do que magnetismo. Evidentemente o fluido magnético desempenha aí
importante papel, porém quem examina cuidadosamente o fenômeno sem dificuldade
reconhece que há mais alguma coisa”.
“Todos os
magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se
convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e
alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo”.
“5ª Há
pessoas que verdadeiramente possuem o dom de curar pelo simples contato, sem
emprego dos passes magnéticos? – certamente; não tens disso múltiplos
exemplos?”
“6ª Nesse
caso, há também ação magnética, ou apenas influência dos Espíritos? – Uma e
outra
Coisa.
Essas pessoas são verdadeiros médiuns, pois que atuam sob a influência dos
Espíritos; isso, porém, não quer dizer que sejam quais médiuns escreventes,
conforme o entende”.
No ano de
1991, fazíamos parte do GPCEB – Grupo de Pesquisas Científicas Ernesto Bozzano,
formado por cinco jovens oriundos da MEEV – Mocidade Espírita Estudantes da
Verdade do Centro Espírita Allan Kardec (CEAK) de Santos e fomos procurados
pelo médium de curas que reside em Santos – Bernardino Pereira Via Júnior,
então com 24 anos. Ele veio ao CEAK indicado pelo médium Chico Xavier, que lhe
dissera, procure o CEAK, por que lá eles estudam os fenômenos espíritas.
O Médium
nos procurou para que fizéssemos uma investigação dos fenômenos que ele vinha
desenvolvendo em seu Centro Espírita.
Nosso grupo
era formado na época por: Ademar Arthur Chioro dos Reis, Alexandre Cardia
Machado, Marcelo Coimbra Régis, Reinaldo di Lucia e Vladmir Grijó. Depois
Gisela Régis Henrique se juntou ao grupo. Fizemos uma reunião com o médium
Bernardino num domingo pela manhã no CEAK e resolvemos investigar os trabalhos
por ele desenvolvidos.
Desta
primeira experiência surgiu um trabalho que foi apresentado no III SBPE –
Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita em 1993, assim denominado: Caso
Friermann: Pesquisa de um caso que sugere cura espiritual através de médium.
O caso
Friermann:
Este estudo
nos abrigou a trabalhar em quatro campos ao mesmo tempo:
1. Pesquisa de campo;
2. Pesquisa biográfica de outros médium
curadores;
3. Seleção de pacientes que seriam
utilizados para avaliar a eficácia do diagnóstico;
4. Investigação Espiritual – utilizando
o Espírito chamado Dr. Porchat, médico que trabalha há mais de 50 anos no CEAK.
Para que
isto fosse possível desenvolvemos um projeto de pesquisa, nesta época nosso
companheiro de GPCEB, Ademar Arthur acabava seu mestrado e desenvolveu o
projeto de pesquisa de campo, de nossas leituras identificamos um estudo
realizado com o médium José Arigó que poderíamos reproduzir, mas desta vez com
muito mais controle.
Desta forma
decidimos avaliar a capacidade do conjugado Médium/ espírito diagnosticar os
pacientes, sem que nenhum deles pudessem conversar, assim o processo era o
seguinte:
1. Dr. Ademar selecionava os pacientes
que concordassem em passar pelo tratamento médico espiritual;
2. Dr. Ademar fazia anamnese, conferia
os registros médicos e passava ao grupo de campo, o nome da pessoa – ninguém do
grupo de campo sabia nada sobre o diagnóstico e acompanhávamos o paciente na
primeira vez que eles se apresentavam para tratamento.
3. Gravávamos tudo que o médium dizia e
preenchíamos a ficha correspondente ao paciente, o paciente neste primeiro
contato não podia falar nada;
4. Os pacientes poderiam ou não seguir
com o tratamento, nosso objetivo era apenas detectar o percentual de acerto no
diagnóstico, na primeira sessão o espírito observava o paciente e dava o
diagnóstico em média em 3 minutos;
5. Como o processo era de duplo cego,
só calculamos o resultado dos acertos ao final do período de testes.
O estudo de
comparação que nos utilizamos está descrito no livro: Arigó o cirurgião da faca
enferrujada, editora nova época – Fuller, John G. A diferença entre os dois
estudos é que a equipe americana, entrevistava as pessoas na fila, antes de
serem tratadas, anotava a queixa e comparava com o diagnóstico do Espírito do
dr. Fritz. Em nossa pesquisa, como já explicamos tratávamos com pacientes que
passavam por consultório e o diagnóstico era muito mais preciso. Em ambos os
casos os pacientes não podiam falar com o médium / espírito.
Uma vez
feito este trabalho nos dedicamos ao desenvolvimento do processo de mediunidade
de cura, apresentamos em 1995, em Porto Alegre, no IV SBPE um trabalho
denominado: Estudo Metodológico da Mediunidade de Cura.
A sinopse
de inscrição do trabalho foi a seguinte:
Durante o
período em que o GPCEB elaborava a pesquisa de campo do médium e Espírito
Bernardino / Friermann, tratamos de arguir um conjunto de médicos espirituais a
respeito de uma série de questões relacionadas à mediunidade curadora e o seu
processo.
Para a
realização deste trabalho se fez necessário a realização de 12 sessões
mediúnicas nas quais concorreram quatro médicos espirituais. São eles os Dr.
Friermann, dr. Porchat, Dr. Ângelo e Dr. Sérgio.
Para tanto
foi desenvolvido um questionário com 52 questões.
Ao longo do
ano, na coluna Abrindo a Mente estaremos trazendo detalhes destas e outras
pesquisa sobre este tema tão controverso, como a mediunidade de cura.
Abrindo a
mente – Mediunidade de Cura – primeira parte
Estaremos em 2021
fazendo uma série de artigos cobrindo diversos aspectos da chamada mediunidade
de cura, começaremos por onde sempre devemos nos basear, em Allan Kardec.
No ano de 1867, em
várias edições da Revista Espírita, Allan Kardec mencionou, comentou e tratou
da mediunidade curadora.
Na edição de
outubro de 1867, assim se refere Kardec “Há mais de dois anos os espíritos nos
haviam anunciado que a mediunidade curadora tomaria grandes desenvolvimentos, e
se via um poderoso meio de propagação do Espiritismo. Até então não tinha
havido senão curadores operando, por assim dizer, na intimidade e sem ruídos.
Dissemos aos Espíritos que, a propagação fosse mais rápida, era preciso que
eles fossem muito poderosos para que as curas tivessem repercussão no público.
Isto acontecerá, foi a resposta, e haverá mais um”.
Na mesma edição,
numa comunicação datada de 12 de março de 1867, o abade príncipe Hohenlohe, que
foi médium curador quando encarnado, afirma, através de médium Desliens que
mediunidade curadora “é chamada a desempenhar um grande papel no período atual
da revelação”.
Médicos –
Médiuns
No artigo sobre a
condessa de Clérament, que possuía faculdade curadora, embora sem se dizer
médium ou espírita, Kardec a chama, devido aos seus conhecimentos de plantas
medicinais e de medicina, embora não fosse médica, de “médicos-médiuns,
como também haveria os médiuns-médicos”.
Kardec expõe que,
sendo a mediunidade curadora uma faculdade capaz de ser desenvolvida por
pessoas de variadas posições, não haveria surpresa que entre os médiuns, muitos
fossem também médiuns. Então, haveria uma ligação, pois, estes “à ciência
adquirida, juntarão as faculdades mediúnicas especiais”.
“O Médium curador,
deve usar sua mediunidade gratuitamente (...) deve achar os meios no trabalho
ordinário, como o teria feito antes de conhecer a mediunidade”. Isso porque “a
faculdade do médium curador nada lhe custou; não lhe exigiu estudo; nem
trabalho; nem despesas; recebeu-a gratuitamente”. Por isso ele não deve dar “ao
exercício de sua faculdade senão tempo que lhe pode consagrar materialmente. Se
tira este tempo de seu repouso e se emprega em tornar-se útil aos seus
semelhantes o que teria consagrado a distrações mundanas, é o verdadeiro
devotamento e nisto só tem mais mérito. Os Espíritos não pedem mais e não
exigem nenhum sacrifício desarrazoado. Não se poderia considerar devotamento e
abnegação o abandono de seu trabalho para entregar-se a um trabalho penoso e
mais lucrativo”.
Quanto aos médicos
e no seu campo, os psicólogos clínicos, acrescentaríamos que, também sejam
médiuns, Kardec vê a coisa diferente. São profissionais que possuem um gabarito
científico. “ A medicina é uma das carreiras socias que se abraça para dela
fazer uma profissão e a ciência médica só se adquire a título oneroso, por um
trabalho assíduo, por vezes penoso; o
saber médico é, pois, uma conquista pessoal, o que não é o ocaso da
mediunidade”, argumenta Kardec.
Finaliza Kardec; “
se, ao saber humano, os Espíritos juntam seu concurso pelo dom de uma aptidão
mediúnica, é para o médico um meio a mais para se esclarecer, para agir mais
segura e eficazmente, pelo que deve ser reconhecido, mas não deixa de se
médico, é a sua profissão, que não deixa para ser médium”.
Kardec finaliza
recomendando que o médico-médium não pode deixar de ser médico e tornar-se um
médium profissional. E acrescenta “saberá conciliar seus interesses com os
deveres de humanidade”.
Para abrir a sua
mente: Leia a revista Espírita – ano de 1867.
Metodologia
para provar as curas espirituais
Voltando ao ano de
1986 durante a realização do 7° Congresso Espírita Estadual da USE, o dr.
Abrahão Rotberg, professor de Dermatologia e 2° vice-presidente da Associação
Médica Espírita de São Paulo, apresentou trabalho sobre “Metodologia da
Avaliação das Curas por Entidades Espirituais”.
Os conceitos
apresentados pelo dr. Rotberg causaram repercussões negativas em muitos
congressistas, que diante do rigor da metodologia proposta, chegaram até a
perguntar, se ele era realmente espírita. Este congresso foi o estopim da
separação do grupo de Espíritas laicos da USE.
O choque se deu pela abordagem e pela falta absoluta de qualquer rigor
científico na análise dos fenômenos mediúnicos ocorridos nos Centros Espíritas
e a facilidade com que a maioria se entrega, deslumbrada, a médiuns curadores
que, vez por outra, surgem como portadores de cura de todas as doenças, fazendo
operações, inclusive com instrumentos cirúrgicos.
O Jornal
Espiritismo e Unificação, antecessor de nosso ABERTURA em outubro de 1986
publicou um resumo que disponibilizaremos no blog do ICKS para revisão de
nossos leitores.
O trabalho escrito
pelo dr. Rotberg era e segue sendo muito sério, calcado em princípios rígidos,
que na verdade são os que, efetivamente podem levar a uma avaliação correta e
segura se a cura é realmente proveniente de entidades espirituais. Neste artigo
faz-se um resumo da proposição do dr. Rotberg.
Segundo o dr.
Abrahão, a cura de doenças orgânicas e funcionais por ação de entidades
espirituais é francamente admitida pelo Espiritismo kardequiano. Por isso,
afirma que “o médico espírita admite, portanto, a possibilidade da intervenção
do mundo espiritual nos mecanismos, ainda que apenas por coerência com a
doutrina que abraçou”.
Entretanto,
adverte que “transformar essa possibilidade em probabilidade ou certeza, é
problema completamente diferente. “Será necessário, como em todas as outras
ciências, instituir uma metodologia de trabalho que possa produzir provas
satisfatórias desse tipo de atividade espiritual”.
Exigências
metodológicas:
Exigência n°1 - O diagnóstico correto e documentado e fundamentado
da doença que se pretende curar antes de iniciar o tratamento de cura
espiritual.
Exigência n°2 - Exclusão de doenças espontaneamente involutivas, ou
seja, doenças involutivas por mecanismos imunológicos, salvas algumas exceções
por ele informadas.
Exigência n°
3 - Exclusão de
doenças psicossomáticas e/ou influenciáveis por psicoterapia, para evitar que a
cura não se dê pela fama do médium ou do local onde se realiza junto com
psicoterapia.
Exigência n° 4 – ausência de terapêutica paralela, considerando
claro que o objetivo é a prova da cura espiritual por via mediúnica, uma
terapêutica paralela poderia ser a causadora da cura.
Exigência n°
5 – Exclusão da
possível atividade curadora direta do próprio médium, ou seja, o médium pode
ser capaz de animicamente ajudar pelo passe a cura do doente.
Exigência n°
6 – exigência de
acompanhamento da evolução por médico especialista
Exigência n°
7 – exigência de
ambiente reservado e calmo
Exigência n°
8 – exigência de
documentação científica e comunicação ética
Em conclusão estas
exigências podem ser excessivas e rigorosas, mas, haja visto o que é feito pela
ANVISA no caso das vacinas de COVID-19, nada do que se pede aqui está em
desacordo com a ciência, se quiséssemos determinar a validade ou efetividade de
um tratamento espiritual de cura, todo este processo deveria ser seguido.
Para abrir
mais a sua mente:
veja o artigo completo no blog do ICKS - Metodologia para provar as curas
espirituais – Dr. Abrahão Rotberg –https://www.blogger.com/blog/post/edit/8190435979242028935/7213755444912145183
Página 6 – Estudo
metodológico da Mediunidade de Cura - IV – SBPE – Simpósio Brasileiro do
Pensamento Espírita – Porto alegre -1993.
No artigo inicial
desta série descrevemos a pesquisa realizada pelo GPCEB – Grupo de Pesquisas
Científicas Ernesto Bozzano, formado por cinco jovens oriundos da MEEV –
Mocidade Espírita Estudantes da Verdade do Centro Espírita Allan Kardec (CEAK)
de Santos. Formado na época por: Ademar Arthur Chioro dos Reis, Alexandre
Cardia Machado, Marcelo Coimbra Régis, Reinaldo di Lucia e Vladmir Grijó e Gisela
Régis Henrique.
Leia o texto completo no link abaixo:
https://www.blogger.com/blog/post/edit/8190435979242028935/7494983987218963669
Desta primeira
experiência surgiu um trabalho relatado em Janeiro e que foi apresentado no III
SBPE – Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita em 1993, assim denominado: Caso
Friermann: Pesquisa de um caso que sugere cura espiritual através de médium.
Durante o período
em que o GPCEB elaborava a pesquisa de campo do médium e Espírito Bernardino /
Friermann, tratamos de arguir um conjunto de médicos espirituais a respeito de
uma série de questões relacionadas à mediunidade curadora e o seu processo.
Para a realização
deste trabalho se fez necessário a realização de 12 sessões mediúnicas nas
quais concorreram seis médicos espirituais. São eles os Dr. Friermann, dr.
Porchat, Dr. Ângelo e Dr. Sérgio, dr.Ivon Mesquita e dr. João Neves.
Para tanto foi
desenvolvido um questionário com 52 questões.
Ao longo deste ano
digitalizaremos o trabalho e o disponibilizaremos no blog do ICKS.
O trabalho aborda
a questão sob a ótica dos médicos desencarnados.
Destaques do
trabalho:
Da Evocação
dos espíritos:
Quando decidimos
aprofundar a pesquisa tratamos de informar a equipe Espiritual do CEAK da
necessidade de contarmos com um grupo de médicos Espirituais que nos
possibilitassem ampliar o grupo pesquisado. Isto foi prontamente atendido, fato
que deve ser destacado, porque, de uma forma geral a evocação direta, não tem
sido bem sucedida, nas nossas reuniões de pesquisa.
Durante este
período de pesquisa pudemos contar com várias reuniões onde tivemos 3 médiuns
atuando ao mesmo tempo permitindo o debate entre as entidades e a equipe do
GPCEB.
Marco Teórico
Referencial:
Foram feitas 20
perguntas, com sub questões, totalizando 29 respostas.
Apresentaremos
como ilustração apenas uma perguntas e resposta dada pelo Dr. Ângelo.
- Quais são as
bases da cirurgia espiritual em termos conceituais?
Temos um material
completamente diferente do que vocês usam. Mas usamos os instrumentos que são
necessários, nosso campo é mais atuante no campo vibratório, nós conseguimos
armazenar as vibrações dos amigos que estão neste grupo e vamos levar a estas
criaturas (refere-se às pessoas que estão sendo tratadas) tudo aquilo que nós
conseguimos, e durante a noite, muitas vezes o tratamento é demorado, não é
imediato, não é um processo milagroso também, onde se toca e a ferida cessa,
não. Muitas vezes temos o trabalho bem longo.
Continuaremos a
descrever este trabalho nos próximas edições.
Para saber
mais: Estudo
metodológico da Mediunidade de Cura - IV – SBPE – Simpósio Brasileiro do
Pensamento Espírita – Porto alegre -1993 a ser disponibilizado no blog do ICKS.
Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.
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