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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Abrindo a Mente - O que significa Modelo Conceitual – Doutrina Kardecista? por Alexandre Cardia Machado

Abrindo a Mente


O que significa Modelo Conceitual – Doutrina Kardecista?


Recentemente fui surpriendido por esta pergunta, vinda da platéia enquanto eu proferia uma palestra, ainda que em nosso ambiente, miutas vezes não nos damos conta de que nem todos conhecem a história recente do movimento Laico.

Respondi que havia sido uma proposta de atualização de alguns conceitos, claramente ultrapassados e que precisavam de um novo vigor, ar fresco e que havia sido uma proposta para discussão de Jaci Régis.

Extraíndo d capítulo entitulado “explicação” trago aqui as palavras do autor:

“ Este trabalho é a apresentação de um modelo conceitual, desenvolvido a partir de uma análise crítica e releitura da obra de Allan Kardec.
Cento e cinqüenta anos depois do lançamento de O Livro dos Espíritos, as idéias básicas por ele lançadas continuam válidas. Entretanto, dois fatores evidenciam a necessidade dessa releitura. O aspecto evolutivo do Espiritismo, que permite analisar os progressos realizados pela sociedade humana nesse período e incorporá-los, equilibradamente e a sua transformação em religião, que tende a fraudar seus conceitos revolucionários.

Somente o pensamento religioso pode afirmar que nada precisa mudar, nem atualizar.
Existe um fato inegável, criou-se uma divisão talvez irremediável entre os adeptos. Os que praticam o Espiritismo como uma religião, sendo a grande maioria e os que o entendem como uma reflexão positiva, dinâmica, mas desvinculada do culto, dos rituais que compõem necessariamente o  pensamento religioso.

Parece que o ponto de discórdia nesse processo divisório, é o papel de Jesus de Nazaré. Se aceito como o Cristo formatado pela Igreja, conduz ao dogmatismo e à idolatria e liga o Espiritismo aos cultos cristãos. Se olhado sob a luz do processo evolutivo, torna-se o Mestre, o homem superior com missão especial.

Nosso propósito é apresentar um elenco de idéias em linguagem desvinculada do cristianismo, quer dizer das igrejas cristãs.

A Doutrina Kardecista quer caminhar aberta ao novo, sem perder as raízes do pensamento de Allan Kardec. Santos, março de 2008. Jaci Régis”

Jaci produziu uma brochura, que o ICKS ainda tem disponível para venda, convidou para o debate muitos pensadores, apresentou o seu modelo em várias cidades, nem sempre convencendo, mas de alguma forma divulgando as suas ideias.

Hoje, se analisarmos veremos que muitas de suas contribuições fazem parte de diversos discursos e foram absorvidas, não foi bem assim há nove anos atrás. Claro nem tudo, e nem todos os conceitos novos vingaram, mas vale a pena reler.

Para abrir mais a sua mente: Leia  DOUTRINA KARDECISTA - Modelo Conceitual (reescrevendo o modelo espírita) de Jaci Regis, 1º edição - Março de 2008. Edições ICKS


domingo, 26 de novembro de 2017

Fazendo a diferença - Uma vez meviano … sempre meviano - 70 anos do grito por Alexandre Cardia Machado

Uma vez meviano … sempre meviano - 70 anos do grito

Não há como não personalizar este artigo, hoje tenho 34 anos de Movimento Espírita, a  segunda casa espírita que frequentei foi o CEAK entrando, claro pela MEEV – Mocidade Espírita Estudantes da Verdade, conto esta história que é uma entre muitas histórias pessoais e coletivas que os mevianos poderiam contar.

Impossível citar todos e desde já peço desculpas, pois só para nomear aqueles que por lá passaram, o espaço desta coluna não seria suficiente.



A MEEV foi capaz de gerar várias gerações de expoentes espíritas, a primeira geração de Jaci Régis, Egydio Régis, José Rodrigues, Antônio Ventura, Mauricy Silva e muitos, muitos mais só para citar alguns e suas companheiras incansáveis, traçaram o caminho, montaram a estrutura crítica e de estudos sistematizados.



Seguiram-se gerações e gerações de filhos e pessoas que foram se aproximando, como eu. Passaram por lá  Valéria, André, Júnior, Roberto, Marcelo,  Paulinho, Carlinhos, Reinaldo, Ademar , Sandra, Natal , grandes amigos e hoje são os netos daquela primeira geração que a levam nesta jornada.
Nasceram de seus frequentadores a Espiritnet do Henrique, o GPCEB de Marcelo, Vladmir, Ademar, Reinaldo, Gisela e eu do conjunto Faról de Milha  dos mevianos Paulo, Eduardo e Gláucio e porque não o ICKS, 100% formado por Mevianos.

Gostaria de contar a minha história, como uma das muitas histórias daqueles que tiveram o privilégio de passar pela MEEV.

Estava eu no meu primeiro ano em Santos, trabalhava na COSIPA, estava terminando meu treinamente como Engenheiro Trainee, tivemos 1 dia sem atividades, enquanto a empresa estava decidindo para qual área da Siderúrgica cada um dos 56 engenheiros iría. Portanto eu aproveitava o tempo livre para ler o Livro dos Médiuns, neste momento passa por mim Eliane Régis e diz as 4 palavras mágicas: Gaúcho, você é Espírita? Ela namorava meu grande amigo e também Cosipano Édson Almeida com quem ela se casaria alguns anos depois.

Imediatamente Eliane me convidou a conhecer a MEEV. Cheguei e vendo a forma estruturada como estudava-se o Espiritismo, o grupo animado, gente bonita, em menos de um mês eu já frequentava e namorava a Cláudia, isto ainda em 1984. No ano seguinte ela se tornaria a segunda mulher presidente da MEEV, a primeira havia sido a Lydia Régis muitos anos antes.

Foram apenas 2 anos na MEEV, saímos Cláudia e eu por limite de idade, uma característica importante da mocidade, os jovens decidem os seus passos sem muita interferência do Centro, muito bom para o desenvolvimento da liderança, por isto a importância de haver a saída dos mais velhos.
Outras gerações nos sucederam, 16 anos depois, primeiro Bruna, depois Beatriz, nossas filhas entraram na MEEV. Ambas foram vice-presidentes e Bruna tornou-se a segunda presidente da MEEV em nossa família.

A importância da MEEV é reconhecida internacionalmente, como está muito evidente no afetuoso depoimento espontâneo de Jon Aizpurua, ex-Presidente da CEPA ao grupo de whasap que Roseli Régis, presidente do CEAK, criou para divulgar o aniversário da MEEV que transcrevo aqui.
“Queridos amigos, me somo com especial alegria espiritual à celebração dos 70 anos de atividade ininterupta da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade. 

Acompanho a MEEV há quase 50 anos, quando apenas somava 17 anos de idade e tive a oportunidade de conhecer da sua existência pelo  jornal Espiritismo e Unificação que já então chegava ao CIMA da Venezuela.  Ainda que eram outros tempos e, todavia o  valoroso grupo de espíritas laicos santistas não se havia separado do movimento federativo oficial, já se fazia evidente que naqueles jovens ardia uma chama de entusiasmo e libertade na  proposta de um Espiritismo diferente ao que sustentavam as instituições tradicionais com seu ranço evangélico, um Espiritismo que fomentava o estudo e análise do pensamento de Kardec e de outros autores; um Espiritismo fresco, aberto ao mundo, com uma mensagem de progresso moral e social; um Espiritismo que não asfixiava e nem castrava a natural rebeldia e irreverência dos jovens.

Conheci integrantes de varias generações da MEEV, e independentemente das particularidades de cada um, há um fio condutor em todos os que passaram por suas filas, desde os fundadores até quem agora conduz o grupo. É  um vínculo espiritual que nasce do legítimo sentimento, de orgulho, no bom sentido desta palavra, de ser Meeviano!

Vocês são um exemplo para o Movimento Espírita brasileiro e internacional de como há de ser um grupo juvenil espírita, kardecista, laico, moderno, e aberto às transformações que o mundo contemporâneo demanda.

Sigam em frente. Tomem em suas mãos as bandeiras brilhantes daqueles que os predecederam e  entreguem-las quando corresponda à seguinte geração com o  mesmo entusiasmo. Nós que  nesta encarnação, estivemos antes nas tarefas espíritas, lhes dizemos, parafraseando ao inspirado poeta e novelista grego Nikos Kazantzakis:  Ajudem-nos a chegar até onde nós não pudemos!

Uma saudação fraternal, com todo meu  carinho e admiração, a todos os membros da MEEV, de antes, de agora e de sempre. Jon Aizpúrua”.

Esta corrente de união, nos faz fortes, nos dá a segurança de pensar que o ideal jovem estará sendo realimentado a cada ano, pela liderança daqueles que assumem a sua presidência, neste momento sob a batuta animada de Rafael Régis. Parabéns MEEV pelos 70 anos fazendo a diferença.

Alexandre Cardia Machado – Editor-Chefe do Jornal Abertura



domingo, 5 de novembro de 2017

15° SBPE Sucesso de Sempre

15° SBPE –  um simpósio que olha para o futuro

Foram  dois anos de preparação que se realizou em uma festa de conhecimento, amor e amizade. Mais de 70 pessoas puderam comparecer e desfrutar desta tertúlia espírita kardecista. Estiveram reunidos de 2 a 4 de novembro, nas dependências do Colégio Angelus Domus, apoiador cultural do Jornal Abertura.
Fotos de uma parte do grupo presente




Roberto Rufo deu as boas vindas a todos
A abertura do evento foi feita pelo Presidente do ICKS, Roberto Rufo que agradesceu a presença de todos e desejou que pudessemos realizar um excelente evento. A seguir para dar a conotação deste simpósio de transformar ideias ( lâmpada) em amor ( coração), como expresso no cartaz de boas vindas. A organização do evento apresentou duas músicas através de animações no data show.
What a wonderful world - cantada por Israel Kamakawrwo’ole, havaiano já desencarnado e mostrando imagens da abertura do documentário – Planeta Azul – da BBC, que clama pelo respeito a diversidade da vida selvagem e sua preservação.

Perhaps Love – Cantada por Plácido Domingo e John Denver – com uma animação sobre o amor de uma criança pelos seus sonhos.


Após esta abertura artística, tivemos a apresentação do trabalho do ICKS - Somos Progressistas? – que focou a cargo de Alexandre Cardia Machado representar todo o grupo de estudos do ICKS.
A pesquisa realizada pelo grupo de estudos do ICKS – formado por 10 pessoas, Alexandre Cardia Machado, Antonio Ventura, Cláudia Régis Machado, Lizette Silva Saldanha Conde, Lucy Régis Conde, do lar,Maria de Lourdes Rodrigues Silva, Mauricy Antonio da Silva, Palmyra Coimbra Régis, Roberto Luiz Rufo e Silva, Valéria Régis e Silva. Buscava responder a pregunta proposta no título, através de uma pesquisa em todos os números do Jornal Espiritismo e Unificação e Jornal Abertura. Ao todo 420 artigos foram revisados sobre temas que hoje se constituem atividades foco do progressismo social.

Coquetel de abertura:

Um tradicional coquetel foi oferecido aos participantes do 15°SBPE, pois apesar de todas as multiplas atividades que todo este grupo tem, conseguir estar aqui, muitos pela 15ª vez é algo a comemorar, são 28 anos de história, desde o remoto ano de 1989, onde começamos esta jornada.


Sexta-feira 3 de novembro - segundo dia do evento.


Primeira palestra: Da crise moral da humanidade a transição do planeta   - pelo Engenheiro José Carlos de Souza. O tema discorre sobre o momento do planeta Terra da hipótese de transição planetária, que só ocorrerá através do esforço pessoal de cada espírito encarnado na Terra, ainda que o mundo dos Espíritos nos envie mensajeiros mais evoluídos para nos influenciar.


José Carlos de Souza a direita e Marco Videira dividiram o primeiro bloco de sexta-feira



A segunda palestra foi proferida pelo Administrador de Empresas Marco Videira que apresentou seu trabalho - Jesus, este mito que me atormenta. Videira percorreu os caminhos da criação do mito “ Jesus x Cristo”, tendo ele nascido católico e se tornado espírita, pode ver muito bem as diferenças na visão espírita e em especial na visão laica espírita. Todos os apresentadores do SBPE tiveram 30 minutos para apresentar seus trabalhos e a cada bloco, 20 minutos foram dedicados a responder perguntas formuladas pelos presentes.


Intervalos – coffe-breake

Este é um momento muito esperado nos simpósios, pois é o momento de conversar, fazer contatos, aprofundar a amizade, foram váriso durante o evento.

Muita conversa, compra de livros e animação


Segundo bloco: O senso de justiça e de cidadania a partir do ethos espírita por Jacira Jacinto da Silva e Quem foi padre Germano? Por Marissol Castelo Branco, coordenadas por Cláudia Régis Machado.

Jacira, Marissol e Cláudia

Neste bloco pudemos saborear dois trabalhos com objetos bem distintos, Jacira propõe uma nova Justiça, baseada numa visão mais social em suas palavras:

 Houve um passeio por alguns conceitos básicos da filosofia espírita com o fito de suscitar a indagação sobre a relação que temos mantido, a despeito do convívio com essas lições, com as questões relacionadas com justiça e cidadania, e uma suposta ética construída com base nesses postulados. 
Uma tímida investigação à visão contemporânea de direito/justiça permitiu questionar a possibilidade de desconstruir as velhas bases sobre as quais se sustenta a Justiça ainda nos tempos atuais.
O estudo da ética limitou-se a parcas pesquisas que mais serviram a compreender o significado da palavra e algo sobre a construção do conceito do ponto de vista social e jurídico, abrindo a possibilidade de trabalhar as contribuições trazidas pela filosofia espírita, em especial os principais parâmetros extraídos das Leis Morais de O Livro dos Espíritos.”

Marissol faz uma pesquisa sobre a vida do Padre Germano, em suas palavras:

Sempre houve a preocupação em comprovar a imortalidade da alma e a comunicabilidade com os espíritos encarnados e desencarnados através do mecanismo da mediunidade. Muitos livros são escritos através da mediunidade onde um espírito desencarnado é o autor, mas não há como saber com certeza se realmente foi um espírito desencarnado ou apenas uma manifestação anímica.
Um padre católico francês com o pseudônimo Germano escreveu vários capítulos de um romance de maneira mediúnica na Espanha anos após a sua morte. Contou episódios de sua última existência onde as circunstâncias na qual se encontrava não o permitiram revelar a verdade enquanto encarnado. Apesar do cuidado em não revelar os nomes verdadeiros das pessoas, às vezes, deixava escapar o nome de uma cidade e descrevia cenários e locais que ainda hoje foram preservados.
Nesse trabalho procurei encontrar qual personagem verdadeiro na história francesa que pudesse coincidir com os relatos do espírito Germano em “Memórias do padre Germano”. Após a identificação, levantei várias biografias que se fizeram ao longo dos séculos XIX e XX sobre o pároco francês. E após essa garimpagem pude encontrar muitas coincidências que levaram a uma mesma personalidade: o Cura de Ars.”


Terceiro bloco – aquí tivemos duas apresentações muito interesantes sobre os temas: “Reflexões acerca do Homem e da Natureza” pelo arquiteto Ciro Pirondi e Ricardo de Moreas Nunes – “O papel dos espíritas frente as questões sociais e políticas”.


Ciro Pirondi de pé e Ricardo Nunes sentado

De Ciro extraímos este parágrafo de seu trabalho:

“Nós temos de surpreender a natureza, inventar coisas a partir de sua contemplação, como se a víssemos pela primeira vez. Como dizia o poeta T.S. Eliot:
“– Não deixaremos de explorar. E o fim de toda a nossa exploração será chegar aonde começamos. E conhecer o lugar pela primeira vez (...)”.

Penso ser a ideia contínua e itinerante da vida um saber de fronteiras, uma forma peculiar de construção de esperança e paz. Ao mesmo tempo, uma inquietação e uma responsabilidade, pois há um só tempo estamos mergulhados, em um presente contínuo perpétuo, nos relacionamos com o passado e com o futuro, inevitavelmente, neste presente.”

Ricardo reflete sobre a necessidade de trazer para dentro das casas espíritas as discussões sobre que país queremos:
“É evidente, como já foi dito anteriormente neste artigo, que a corrupção é um câncer que fragiliza o organismo social e deve ser combatido sem trégua.
Porém, defendo nesta reflexão que talvez este não seja o maior problema da vida social brasileira no momento. Entendo que o fortalecimento do neoliberalismo com a sua insaciável busca de destruição do chamado Estado de bem-estar social, que foi uma conquista importante da humanidade no século XX, é o principal perigo que vivem as sociedades do Brasil e do mundo no momento. E este perigo normalmente é silenciado nos principais meios de comunicação.
Finalmente, pensar o neoliberalismo é pensar o capitalismo em sua face mais agressiva. E esta reflexão nos leva necessariamente a uma questão mais profunda. Chegamos ao fim da história? O sistema capitalista de produção é o que de melhor a humanidade pode atingir? Devemos nos conformar com a eterna separação entre uma pequena minoria de incluídos e uma grande maioria de excluídos dos benefícios da civilização? Um dia teremos um mundo sem explorados e exploradores? Neste início do século XXI este mundo melhor é uma utopia, mas muitas vezes a utopia de hoje se torna a realidade de amanhã”.


Quarto bloco


Neste bloco a médica Alcione Moreno a o Engenheiro Agrônomo Argentino Gustavo Molfino apresentaram respectivamente os seguintes temas: “Pensamento Sistêmico e Espíritismo” e “Desenvolvimento sustentável x desenvolvimento consciente”.




Roberto Rufo coordenando Alcione e Gustavo


Alcione nos proporcionou refletir sobre o pensamento sistémico, apenas uma gota de seu trabalho para degustação:
De acordo com a visão sistêmica, as propriedades essenciais de um organismo, ou sistema vivo, são propriedades do todo, propriedades que nenhuma das partes possui. Elas surgem das interações e relações entre as partes. Estas partes não são isoladas, e a natureza do todo é sempre diferente da mera soma das suas partes.
Desta forma podemos pensar na integração do meio físico com o extra físico, ou como nos ensina Kardec do mundo corpóreo para o incorpóreo, do plano físico e do plano espiritual, tudo se integra numa grande rede, a Teia da Vida.
Esta teia consiste em redes dentro de redes, vida corpórea e vida espiritual integrada e ligada uma as outras, interagindo com outros sistemas.
Utilizei também como referência bibliográfica a autora Ana Maria Llamazares, numa tradução livre de minha parte.
Minha pretensão é que possamos entender o pensamento sistêmico e colocar o Espiritismo nesta grande teia da vida, pois o espírito é imortal, tudo está conectado, em conexão, em contínuo aprendizado, contínua modificação, contínua evolução”.

Gustavo Molfino, em espanhol nos trouxe sua visão sobre o desenvolvimento consciente, sua apresentação foi traduzida para o portugues por Jaílson Mendonça, extraímos:

“O desafio é importante e compremete toda a humanidade, seu resultado determinará o destino comum de nossa espécie e dos que dividem o planeta conosco.
Como seres pensantes e espíritos com esperiência encarnatória nos corresponde tomar nossas próprias decisões, elas determinarão o ritmo de nosso progresso, a qualidade e profundidade de nossa mudança moral e em definitivo refletirão nossa própria capacidade de adaptação às condições que se impõe neste plano.
Este grande aporte que recebemos do mundo espiritual nesta tarefa é sem dúvida, a força e energía do amor universal que está ao nosso lado, impulsionando e motivando a renovação e o progresso.
Sejamos sábios, apliquemos este precioso conhecimento espírita que nos foi deixado e analizemos sem  prejuizo a complexa realidade, este mundo que nos cabe moldar, respeitar, cuidar e melhorar”.


 Mesa Redonda

Espiritismo Livre-pensador na prática. Convidados: Reinaldo di Lucia, Roberto Rufo, Ademar Chioro dos Reis, Homero Ward




Roberto Rufo – Homero Ward – Reinaldo di Lucia – Ademar dos Reis

Mesa Redonda

Espiritismo Livre-pensador na prática. Convidados: Reinaldo di Lucia, Roberto Rufo, Ademar Chioro dos Reis, Homero Ward



Foi um execelente momento onde pensamos o futuro do nosso movimento, no campo prático, uma dicussão que apenas inicia. Várias foram as propostas que precisarão ser mais exploradas, quem sabe em Foruns do Livre-Pensar.

Um momento interessante foi a fila de pessoas que queriam fazer perguntas, ou propor assuntos.


Roseli Régis – Mauro Spinola – Ciro Pirondi – Jacira Jacinto – Sandra Chioro


3° dia – Primeiro bloco

No último dia tivemos 3 trabalhos sendo apresentados num mesmo bloco, seguido do encerramento do evento.

O Espiritismo que queremos – por Caról Regis di Lucia, uma oficina sobre - Revisão sistemática da literatura e outras ferramentas modernas para apoio à pesquisa espírita por Mauro Spínola e do discurso à ação e o comportamento Espírita por Jaílson Mendonça.



Carol – Mauro - Jaílson

Caról Regis assim descreveu a motivação que lhe acometeu para desenvolver este exercício.

Foi uma constante inquietação que norteou as bases para o surgimento deste trabalho. Um sentimento não recente, fruto de vivências, observações, diálogos, leituras, alimentado por um olhar sobre o Espiritismo pratico diário, as casas, os Espíritas, as relações, as instituições. Uma observação filosófica sobre o caminho que estamos trilhando, com um amedrontado vislumbre do caminho que temos pela frente. Qual o foco do Espiritismo atual? E, principalmente, qual foco ele deveria ter daqui pra frente?

As respostas a esses questionamentos passam por inúmeros pontos: a Doutrina em si, sua tão necessária atualização, seus pontos imutáveis (ou não), a comunicação usada para transmiti-la, o comportamento – em grupo e individual – daqueles que escolheram o Espiritismo como filosofia a ser seguida, o planejamento para as próximas décadas e o trabalho com as próximas gerações. Mas passa, principalmente, por um ajustar de lentes, uma definição de foco sobre um tema imediato, urgente e aparentemente generalizada: a retomada da humanização do Espiritismo, colocar o Espírito encarnado como personagem principal da prática doutrinaria”.

Mauro Spínola nos trouxe uma introdução aos métodos modernos de pesquisa de textos, imprescindível para trabalhos científicos e que pode sim, ser usado no espiritismo na produção de trabalhos.

“Revisão sistemática da literatura como instrumento de pesquisa com temática espírita. Crescentemente utilizado nas várias áreas da ciência, a revisão sistemática contribui para compreender o estado da arte de uma área ou um tópico de conhecimento, com base em pesquisas qualificadas já realizadas e publicadas.
Inicialmente, é a apresentada a discutido o método de revisão sistemática. Em seguida, é discutida a sua aplicação em pesquisa espírita. Um exemplo é apresentado, visando a compreender o processo e os seus potenciais resultados.
O estudo é inicial e deixa várias questões em aberto, em especial as relacionadas com a aplicação prática do método, mas contribui para que se possa avaliar o potencial desse método para o conhecimento espírita”.

Jaílson Mendonça inicia desta forma seu trabalho:

“Consideramos interessante a capacidade que temos de nos indignar momentaneamente quando recebemos uma notícia ou um post nas redes de informação em especial as sociais, as quais muitas vezes nos causam tristeza, revolta mesmo, enquanto em outros nos levam à reflexão sobre nossa própria vida, valores, potencialidades e limitações.
Em alguns casos no sentido positivo, nos embebêssemos de uma vontade que antes não estava presente, como se fora um impulso, um pensar o que não havíamos pensado, um querer assumir e acreditar que somos capazes de realizar. Em outros, no sentido negativo, nos sentimos fragilizados, as vezes impotentes, mas que nos incita pra fazer, mudar, realizar, mas que no geral se vai esvaindo e voltamos ao nosso estado de ser tentando nos conformar de que não podemos fazer mais do que já estamos fazendo. Será?!”.

Este espaço não permite a reprodução de todos os trabalhos apresentados, são mais de 240 páginas, mas se você tem interesse em ler na sua forma integral, entre em contato com o ICKS.





Redação Jornal Abertura 



sexta-feira, 15 de setembro de 2017

O Futuro do Movimento que Queremos Construir - por Alexandre Cardia Machado

Na edição de Junho de 2017, publicamos na página 8 do jornal um artigo chamado “ O Futuro do Espiritismo” que tratava do dilema que sempre ocorre, quando estamos envolvidos num trabalho intensamente e paramos para pensar, se o mesmo terá continuidade.

Repito abaixo o último parágrafo do artigo, lembrando ao leitor que já não possui mais o jornal do mês passado que poderá econtrar o texto completo no blog do ICKS.

“... Também temos receio do que acontecerá com nosso movimento livre-pensador, não vemos muitos jovens. Tememos que termine em 20, 30 anos. Mas a análise da história nos permite dizer que prosperará, encontraremos formas de chegar aos mais jovens, certamente aparecerão muitas coisas diferentes, novas mideas, novas formas de atingí-los.

Este é o grande desafio do momento, penetrar na mente e no coração dos mais jovens, trazê-los para as ações espíritas, em nosso grupo, em especial,  para o pensar espírita.”

Buscando algumas respostas a como fazer com que aparecem coisas diferentes e que motivem o ingresso de novos pensadores na nossa cadeia produtora de ideias, chegamos a alguns pontos que precisam ser explorados:

- Como penetrar na mente e nos corações dos jovens para trazê-los para dentro do movimento?

- Como seria um Centro Espírita moderno, reinventado? - Na década de 90 do século passado, mudamos muitas de nossas casa de Centros Espíritas para Centros de Cultura Espírita, este modêlo pode ser considerado um modêlo de sucesso?

- O ICKS durante 10 anos, por ter tido uma localização favorável, em uma avenida de grande movimento, na cidade de Santos, buscou disseminar a ideia Espírita laica, através de cursos voltados para simpatizantes espíritas, foram mais de 500 pessoas que passaram por nossas salas. Qual o resultado prático disto no fortalecimento de nosso grupo?

- Desde 1995, quando no IV SBPE um grupo gaúcho apresentou uma metodologia nova, chamada Estudo Problematizador” uma onda de reuniões de estudos centradas em grupos similares a este se espalhou por casas espíritas livre-pensadoras, passou-se a discutir tudo, questionar tudo, aprofundar tudo, mas não obtivemos uma maior participação jóvem neste modêlo, por que?

Mais recentemente o ICKS demonstrou que é possível desenvolver trabalhos de pesquisa, profundos, bem elaborados por grupos formados com pessoas acima de 70 anos, destacamos dois trabalhos importantes produzidos: Um caderno Cultural - Análise da evolução do conceito de Reencarnação ao longo das obras de Allan Kardec, apresentado inicialmente no XXI Congresso da CEPA em Santos e que viorou Caderno Cultural. A seguir produzimos “Pode o Espiritismo ser considerado Ciência da Alma? Uma análise epistemológica da  proposta do pensador espírita Jaci Régis “ apresentado no 13° SBPE. Se conseguimos fazer isto com um grupo de maior idade, o que nos limita, por que não temos a mesma produção dos jóvens de mocidades?

Vou arriscar um pouco de conceitos gerencias aqui, nosso movimento livre-pensador é eminentemente livre, desconectado, feito à partir de inicitivas isoladas e em muitos casos individuais, nos falta coordenação e planejamento estratégico.

Os Centros Espíritas são realmente células autônomas e pertanto não se engajam muito em atividades municipais ou estaduais, não tem um cronograma de ações conjuntas, entende-se isto pois saímos exatamente de entidades federativas, para termos mais liberdade, portanto este movimento um tanto caótico é uma característica deste tipo de grupo semi-autônomo.

Consequência imediata do modêlo atual é a falta de incentivos aos jóvens para que troquem experiências entre grupos, a exemplo das antigas confreternizações como a COMELESPs, no caso do leste do estado de São Paulo. Onde os jóvens iam apresentar temas e discutir as ideias então em moda. Foram anos de abertura mental no Brasil. Nosso momento atual não é menos provocador, mas nos faltam mecanismos de concentração e discussão para jóvens.

Nos anos 80 e 90 do século passado, nasceram os debates sobre aborto, homosexualismo, liberdade da mulher, ser ou não ser religião, divórcio, toda uma gama de assuntos de vanguarda hoje totalmente incorporados nas leis e nas práticas cotidianas, quais são as discussões atuais que motivarão os jóvens?

A CEPA, em sua gestão passada fez um grande exercício de Planejamento Estratégico que terminou por implantar apenas um capítulo – destinado a descentralização, o que permitiria uma maior velocidade de tomada de decisão, mas acreditamos que questões centrais como a que propomos aqui, de como seremos em 10, 20 ou 30 anos não tem um forum de discussão e por conseguinte, nenhuma ação coordenada é tomada. A CEPA hoje se concentra na realização de eventos, o que é importante para despertar as pessoas e fazê-las pensar mas não é sufuciente para disseminar ações novas e/ou para gerar novos pensadores.


O 15° Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita irá propor esta discussão, através de uma Mesa Redonda. Você leitor que comparecerá ao evento, traga as suas questões e propostas.

Artigo publicado no Jornal ABERTURA agosto de 2017

sexta-feira, 12 de maio de 2017

O Laço Mental - Alexandre Cardia Machado

O Laço Mental




Krisnamurti de Carvalho Dias no seu livro O Laço e o Culto fala sobre a religião como um laço, uma união entre pessoas que comungam da mesma ideia.

Muitas vezes nos perguntam se o jornal ABERTURA tem uma pauta, uma reunião de definição de assuntos que devem ser escritos. A verdade é que isto não existe, temos sim em muitas edições um laço mental entre os articulistas.

Esta edição é uma delas, temos dois artigos que tratam profundamente do livre-pensamento, um de nosso editor Alexandre Machado e outro de Ricardo Nunes, na coluna do CPDoc. São artigos que se complementam e ajudam a propagar nossa maneira de pensar o mundo.

Reinaldo di Lucia tem seu trabalho, apresentado no SBPE em 1995 citado no editorial abaixo e também parcialmente reproduzido na coluna Espiritismo para o Século XXI.

Roberto Rufo, na coluna Fato Espírita comenta o livro Revolução Espírita de Paulo Henrique de Figueiredo, este que estará em Santos em Março no 12° Forum do Livre-Pensar da Baixada Santista, vejam os detalhes na capa do Abertura.

Creio que estas coincidências, são na verdade união de pensamento, demontra a força de nosso pensamento plural, livre-pensador. Na página 8, Roberto Rufo aborda a questão do preconceito de cor algo que ao tempo de Kardec, já haviam algumas considerações, mas que nos dias de hoje, todo este modo de ver e pensar foi atualizado e o Espiritismo não pode ficar para trás. Hoje nosso grupo enfrenta de frente todo e qualquer ataque à liberdade do ser humano.

Esta força plural, aberta, nos motivou a mudar um pouco nosso logotipo, queremos reforçar a ideia de abertura de pensamento e de pluralidade. Nosso jornal tem o subtítulo Jornal de Cultura Espírita o que nos impulsiona para a necessidade de nos abrirmos aos fatos. Tem também em sua barra azul a frase Espiritismo – Ciência da Alma, pois o que importa mais ao espiritismo são as coisas que afetam o ser humano e sua alma encarnada.

Já temos hoje um conjunto de ideias estabelecidas que cada vez mais nos aprofundamos, buscando com isto desenvolver o progresso do Espírito, foco da Ciência da Alma. O nosso movimento progressista já é um segmento separado do Espiritismo à Brasileira, somos um grupo que trabalha, dedica-se a ratificar a ideia de um Espiritismo Livre-Pensador.

NR: Artigo publicado no Jornal Abertura - Janeiro/Fevereiro de 2017


terça-feira, 17 de janeiro de 2017

E viva a Democracia - por Reinaldo di Lucia

E viva a Democracia

Na  edição de setembro do jornal Abertura, o colunista Roberto Rufo relembrou que em 2017 serão comemorados os 100 anos da revolução que deu origem ao regime comunista na Rússia, que, com o tempo, gerou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Lembrava ele também que todos os regimes comunistas que surgiram posteriormente foram fracassos redundantes (vide Cuba, Coréia, Vietnam, China).
A constatação destes fatos leva normalmente à exaltação do sistema democrático de cunho capitalista como a melhor solução político-econômica para as nações. Fala-se muito das oportunidades iguais que tal sistema proporciona aos cidadãos, da geração contínua de riqueza, da liberdade que todos gozam. E, por tabela, elogia-se a economia de livre mercado, verdadeira panaceia econômica para o mundo.
O outro lado da moeda é a situação que vemos no Brasil. Observamos uma promiscuidade generalizada entre o poder público e a iniciativa privada, com propinas a políticos de todos os matizes, formação de carteis, fraudes em licitações, “pedaladas”, e outras tantas práticas que vêm cada vez mais fazendo parte do vocabulário do brasileiro.

Agora em Athenas



Mas não nos enganemos. A crise que vivemos (que, a propósito, é menos política ou econômica que moral) não é prerrogativa do Brasil. Ocorre em todos os países, em maior ou menor grau. Difere em tamanho, na punição e no grau, mas em todos eles encontramos a mesma promiscuidade.

E aí vemos as pessoas dizendo que “o povo tem uma arma: o voto!”. Mas como usá-la se não há partido em que se possa confiar, se não existe agremiação política que não tenha por princípio o mesmo velho princípio do “é dando que se recebe”. A democracia existe na teoria: na prática...E a faceta mais perversa desta prática, que tanto mal causa ao país foi mostrada ao Brasil na última semana: para tentar garantir um mínimo de governabilidade, a presidente entregou o ministério de maior orçamento ao partido com maior número de representantes, visando, obviamente, garantir quórum nas votações do Congresso. Seria só mais do mesmo se, para tanto, ela não tivesse que demitir o melhor Ministro da Saúde que já tivemos, nosso companheiro Arthur Chioro (Ademar, para nós dqui de Santos).

Saímos deste episódio mais fracos, mais desamparados, mais desesperançados. E, pelo menos eu, cada vez mais desacreditado do sistema capitalista. Um sistema que tentam nos mostrar como justo, mas que concentra 50% (isso mesmo, metade!) de todo o dinheiro do mundo na mão de 86 pessoas. Essa desigualdade na distribuição da riqueza, historicamente, levou a grandes desgraças – esperemos que isto não ocorra novamente.


Ademar, obrigado pelo trabalho excepcional neste curtíssimo tempo. E quem sabe este exemplo possa inspirar a todos a como tratar a coisa pública. Precisamos de tempo, mas esse é um começo muito promissor.

NR: Artigo originalmente publicado no Jornal ABERTURA em novembro de 2015.