Imagine , apenas
imagine
O jornal Folha de São Paulo, no dia 24 de janeiro
publicou em sua capa a foto abaixo, mostrando o espaço em uma avenida, ocupado,
por automóveis, ônibus, metro e bicicleta. Isto nos faz pensar se realmente
tomamos as decisões corretas.
Não se trata apenas de substituir o carro pela
bicicleta, mas sim em planejarmos uma cidade para que todas as opções estejam
disponíveis e que todas elas sejam dignas.
Quando jóvens, nossos meios de transporte são a
bicicleta e o ônibus, por que paramos de usá-los cotidianamente? Parar apenas
por termos um automóvel?
Cada ato tem a sua consequente reação, quanto mais
consumimos combustíveis fósseis, mais aquecemos o planeta e mais mudanças no
meio ambiente e no clima acontecem. Precisamos usar todas as alternativas, ir a
pé, pegar um ônibus, usar, no caso de Santos, as bicicletas do Itaú, que são de
graça. Se nenhuma destas opções puder ser usada, aí sim, usar o automóvel.
Kardec não teve que passar por este dilema, em sua
época recém surgiam os primeiros “ vapores”, navios movidos a vapor e as
estradas de ferro com suas locomotivas, estas sem dúvidas um grande progresso,
pois permitem uma grande quantidade de carga transportada em pouco tempo, ainda
que naquela época, já muito poluente.
Do livro Obras Póstumas, buscamos inspiração em Kardec
que discorre sobre o egoísmo.
“O egoísmo, por sua vez, se origina do orgulho. A
exaltação da personalidade leva o homem a considerar-se acima dos outros.
Julgando-se com direitos superiores, melindra-se com o que quer que, a seu ver,
constitua ofensa a seus direitos. A importância que, por orgulho, atribuí à sua
pessoa, naturalmente o torna egoísta.
O egoísmo e o orgulho nascem de um sentimento natural:
o instinto de conservação. Todos os instintos têm sua razão de ser e sua
utilidade, porquanto Deus nada pode ter feito inútil. Ele não criou o mal; o
homem é quem o produz, abusando dos dons de Deus, em virtude do seu livre-arbítrio.
Contido em justos limites, aquele sentimento é bom em si mesmo. A exageração é
o que o torna mau e pernicioso. O mesmo acontece com todas as paixões que o
homem freqüentemente desvia do seu
objetivo providencial.
Ele não foi criado egoísta, nem orgulhoso por Deus,
que o criou simples e ignorante; o homem é que se fez egoísta e orgulhoso,
exagerando o instinto que Deus lhe outorgou para sua conservação.”
Associado ao exagero da utilização do automóvel, está
a vontade de possuí-lo e de transformá-lo acima do valor de meio de transporte
em uma forma de exercer e demonstrar poder, daí a principal razão de seu uso
excessivo, como forma de orgulho e egoísmo. Se investimos consumistas no
transporte individual, deixamos governos desobrigados de investir e manter bons
serviços de transporte público, ou regular serviços privados de boa qualidade.
Não somos contra o automóvel, mais do que nada o
utilizamos aqui como um grande exemplo, para que possa ser possível refletir
sobre como imaginamos o mundo que queremos viver.