quinta-feira, 17 de maio de 2012

Ouvir o Silêncio - conto de Jaci Régis

Quando Ahmed chegou à casa de Aghan, seu mestre, encontrou-o sentado, braços largados, cabeça ereta e olhos fechados. A principio Ahmed pensou que seu mestre dormia e temeu acorda-lo. Agahan era um homem de pouco mais de sessenta anos, alto, olhos castanhos penetrantes. Usava o turbante tradicional de sua tribo.
Era respeitado pela sabedoria. Morava numa casa no alto de uma pequena colina de frente para o mar. De sua larga janela via o mar ao longe, como a perder-se no infinito das ondas. Mas assim que Ahmed entrou ele voltou-se e sorriu.
-Mestre o que estavas fazendo, perguntou Ahmed. -Ouvindo o silêncio respondeu ele O aprendiz mirou-o admirado e surpreso. Como se pode ouvir o silêncio? Na sua mente havia a surpresa, porque ouvir é uma ação de escutar sons, vozes. Teria o silêncio um som? -Sim, disse Aghan, adivinhando a perplexidade do jovem discípulo. O silêncio é provido do som sem ruído, de musica sem sonoridade, de imagens sem imagens. -Oh! Mestre recamou Ahmed, assim como posso aprender. -Aghan passou a mão delicadamente na cabeça do jovem e permaneceu silencioso.
Depois, disse,ouvimos no silencio da noite o piar de passarinhos e sons controversos. Ouvimos no silêncio de nossas preces o leve rumor da túnica do Senhor roçando docemente nossa cabeça, sem vê-lo. A pausa seguiu-se de um silencio doce.
-Sobretudo, continuou Aghan, após tomar um gole de água, ouvimos nossa alma. Quando sabemos ouvir nossa alma, é como houvesse um estouro sem som, uma erupção sem ruído, mas que nos desperta para as realidades de nosso coração. -Ah! Mestre, interrompeu Ahmed, é uma ação difícil. Quando fico em silêncio minha cabeça estoura é de pensamentos diversos, imagens difusas, sensações esquisitas. Raramente saem emoções suaves, pensamentos serenos. -Não se aflija meu amigo, respondeu Aghan, no seu silêncio você ouve o vento e não o silencio, E o veno pode ser uma brisa suave, refrescante, como um vendaval destruidor. O vento é um mensageiro, com mensagens boas e mensagens más. Ahmed era um jovem de pouco mais de vinte anos. Era um rapaz bonito, de olhos claros, altura mediana e que se decidira buscar a sabedoria. Entre seus colegas destacava-se pelo pensamento diferente, pela procura do que seria a verdade. Conhecera Aghan e se afeiçoara a ele e dele recebeu carinho e atenção. Pelo menos uma vez por semana ia até sua casa e ali ficavam horas ouvindo o mestre. Aghan ofereceu-lhe água fresca. O rapaz aceitou com alegria pois fazia calor e a subida na colina provocara suor e sede.
-Mestre, fala-me mais sobre o silêncio. Para mim, ficar em silêncio é calar a boca, não emitir som, mas não impede que meu pensamento voe. Não articulo a palavra mas discurso em mim mesmo. -É natural Ahmed que seja esquisito eu dizer que ouço o silêncio. Mas devemos aprender a buscar no interior de nós mesmos respostas sem palavras e decisões sem articular pensamentos. E prosseguiu -Há formas de comunicação sutis, além da palavra e da imagem. São ondas espontâneas que invadem o silêncio de nossa mente, com surpreendentes soluções que nos inundam, nos capturam, com respostas de antigas questões. -Seria a meditação profunda que muitos conseguem realiza/ -Certamente que sim. Mas também podemos ouvir o silêncio na multidão, dentro do vozerio externo. É uma questão de postura, não de falsa superioridade. Ahmed ficou pensativo. Ainda não penetrara no ensinamento do mestre. -Ahmed, continuou Aghan, o pensamento é uma onda que oscila, ondula no espaço, em nos e em torno de nós. É uma fonte inesgotável de sensações sem palavras, sem som. Claro que podemos povoá-lo de sons e imagens. Mas de comum, ele é um dialogo mudo da alma consigo mesma. -Continue mestre, pediu o rapaz. -Veja. Um casal de amantes, falo amantes como resultado do amor, comunica-se silêncio das expressões do olhar. Muitos se fazem entender sem palavras pelo simples franzir da testa, quando essa mensagem muda é compreendida por aqueles que a conhecem. Sinalizo com isso que todos nós temos uma vida íntima, indevassável onde construímos as idéias os sonhos. Estes sim, cheios de ação, cor, movimento e até palavras, Mas são produto do silêncio em busca de expressões visuais nas reentrâncias de nosso cérebro.
Ahmed ficou pensativo e depois falou -Mestre compreendo que ouvir o silêncio é esse momento solitário mas não penoso de se aconchegar íntimo. Nesse momento embora integrado no mundo esterno, vivemos um mundo diferente, sem limites, sem fronteiras. Vou aprender a ouvir o silêncio. Ahmed e Aghan ficaram m silêncio. Depois sorriram mutuamente e se despediram

quarta-feira, 16 de maio de 2012

A Profanação do Sagrado - Coluna Ciência da Alma em homenagem a Jaci Régis

Texto originariamente publicado em no Jornal Abertura de Julho de 2009 e republicado em Março de 2012
Há muitos anos atrás, quando visitava Juiz de Fora, em Minas Gerais, um espírita, sabendo de minhas posições, perguntou para provocar-me: “O que pensa de Jesus? E eu: “sou seu fã”. Ele riu e disse: “você é iconoclasta ...”. Na verdade sou um profanador do sagrado.
Mas antes de mim, muitos anos antes, Allan Kardec também profanou o sagrado. Ao dizer que não havia milagre, nem sobrenatural, ele despiu a divindade dos adornos que lhe davam o sentido de insondabilidade de seus secretos desígnios.
Também antes dele, Karl Marx afirmou que “tudo o que é sagrado será profanado”, vaticinando os tempos que viriam e de que ele mesmo se tornou provocador.
O que é o sagrado?
Um monte é apenas um relevo no cenário da natureza. Mas se a autoridade religiosa e a cultura dizem que ele é sagrado, o crente ao galgar suas encostas sentirá um frenesi de energias misteriosas e o ouriçar de seus pelos. Ele sentirá que está perto de seu deus. Olhará aquele monte como morada divina, temerá e amará seu perfil altaneiro, coroado de neve ou cerrado de mata virgem. Penetrá-lo desavisadamente é profanar a morada de seu deus.
O rio Ganges é apenas um fluxo de águas como qualquer rio. Mas consagrado como divino, sagrado, torna-se um ícone do desejo da fé e da esperança. Banhar sem suas águas é um prêmio para o crente que sente nelas a presença de seu deus. Desrespeitar as tradições sobre o rio sagrado é profanar uma morada de seu deus.
Algumas décadas atrás, eu propus que ao invés de “evangelização” usássemos “espiritização”. Fui naturalmente criticado e a ideia rejeitada. Entretanto, tempos depois, Divaldo Franco pronunciou essa palavra. Então, houve quem quisesse atribuir-lhe a autoria que na verdade é minha. Divaldo nem sabe disso. Mas o fato chamou a atenção porque, sendo Divaldo consagrado como porta-voz do divino, suas palavras têm um poder muito maior do que as minhas, um simples homem comum.
Allan Kardec na elaboração da sua utópica terceira revelação, perguntou: “quem tem a liberdade de interpretar as Escrituras Sagradas?”. Responde dizendo que a ciência tem esse direito e, depois estendeu essa liberdade, dizendo que “o direito de exame pertence a todos, e as Escrituras não são mais a arca santa na qual ninguém se atreveria a tocar com a ponta dos dedos, sem correr o risco de ser fulminado”.
Vemos que Kardec foi um profanador do sagrado. Pois milhões acreditam que as escrituras são sagradas, intocáveis, verdade absoluta.
Todavia, o caminho da profanação é difícil.
Em primeiro lugar, os crentes não apenas temem ser fulminados, como estão certos de que são revelações divinas. Ao ouvir a leitura de um versículo sentem o arrepio das emoções da palavra de Deus escorrendo pelos seus ouvidos e compulsando os livros sagrados, mesmo tendo sido impressos recentemente. Parece que estão tocando com os dedos a mão divina escrevendo as verdades ali expostas.
Mas, por outro lado, o progresso só foi possível com a profanação do sagrado.
O casamento, por exemplo. Foi consagrado: “O que Deus uniu não desuna o homem”. Era o casamento indissolúvel, pétreo. Uma vez entrado não havia saída. A sociedade civil profanou o sagrado com o divórcio.
De passagem, recordo que o sagrado que Allan Kardec desprezou continua nas entrelinhas do entendimento dos espíritas em geral. No caso do casamento, não sendo possível atribuí-lo a Deus, resolveu-se que ele tinha que ser indissolúvel porque teria sido combinado antes do nascimento e estaria no quadro das expiações/provas, que são marca registrada do nosso mundo. Portanto, o casamento poderia ser uma forma de pagamento de débito do passado. Essa suposta combinação lhe daria uma conotação sagrada.
Voltando à pergunta do espírita de Juiz do Fora, naquela época não tinha uma visão mais clara como atualmente sobre a vida e a obra de Jesus de Nazaré, de quem continuo fã e admirador cada vez maior. O Nazareno foi consagrado. Seu nascimento, sua vida, sua morte são partes de uma encenação dramática que permeou todo o longo caminho do cristianismo. Por fim, o filho de Maria e José tornou-se o próprio Deus cristão. Portanto, sagrado.
Agora me vejo profanando seu estado sacro pensando nele como um homem extraordinário, talvez até casado e pai de filhos, com uma mensagem definitiva para a felicidade pessoal e social. Todavia, também profanei o sentido sagrado dado ao progresso, que Kardec simbolizou em três revelações, numa visão muito especial da ação divina, a partir do seu conhecido eurocentrismo.
Mas o mundo não é apenas a Europa. O mundo é uma confusão de crenças, idiomas, culturas.
Se existe um Deus acima de toda essa confusão, o sagrado é particular, regional, provisório.
Vamos descobrindo que a obra divina se manifesta pela naturalidade dos fatos, pelo conflito dos valores, esperanças e iniquidades humanas.
Para nós, que sempre tentamos sintetizar a vontade de Deus no sagrado, parece difícil entender que a profanação desse circulo de ferro de ignorância, crendice e fratricida, seja imprescindível para criar uma humanidade razoavelmente equilibrada, para não dizer feliz.
Libertos poderemos talvez entender que somente o amor será o caminho dessa felicidade.
Amor que falamos mas não sabemos como exercitar, que nos sugere algo que pretendemos alcançar, mas não sabemos como. Esse amor que não é profano ou sagrado. Estabelecerá um estado de satisfação e prazer apenas agora sonhado ou imaginado.

A hora da classe C - Editorial Jornal Abertura Março de 2012

O site Terra assim publicou no dia 8 de março: “Eles já são 53% da população do Brasil e até 2014 serão 60%”. Eles são a novidade e estão fazendo com que as empresas corram para entender como querem ser servidos, o que querem consumir, a quais valores são fiéis. A nova classe C movimenta a economia brasileira e faz com que o País passe com mais calma pela crise, em relação a americanos e europeus. Especialista nesses novos consumidores, o presidente do instituto Data Popular, Renato Meirelles, diz que essa transformação ainda está em curso e que “as empresas que melhor entenderem as demandas desses brasileiros terão mais chances de serem líderes”.
Parece que estamos no rumo certo. Com o crescimento percentual e real do poder de compra desta parte tão importante da nação, o país começa a apresentar um perfil mais próximo ao dos chamados desenvolvidos. A história demonstra que somente um superávit de riqueza é capaz de sustentar o crescimento de um país; primeiro há a necessidade de haver algum consumo, depois haverá um refino na qualidade deste consumo. Abrirá espaço para a cultura, primeiro pelo entretenimento, depois para as coisas mais sérias. Hoje existe acesso ao ensino, com um resultado muito ruim e de baixa absorção pelos jovens. Com o passar do tempo, com as avaliações periódicas iniciadas há mais de 15 anos e com as mudanças que vem ocorrendo desde então, mais recursos serão direcionados e o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, que seguirá o do crescimento da renda, sempre defasado, é verdade.
As classes A e B já começam a consumir produtos mais naturais, mais caros. O número de teatros, centros culturais, museus vêm aumentando, propiciando o conhecimento a toda população. As passagens aéreas caíram de preço para aqueles que planejam a viagem com antecipação e, o brasileiro nunca gastou tanto no exterior. Este movimento foi precedido por outros países; na década de 70 eram os europeus, na de 90 os japoneses – hoje os principais turistas internacionais –, ao lado dos americanos vêm os chineses e, em pouco tempo, indianos e brasileiros farão o mesmo. Como e onde entra o lado espiritual nesta mudança social parece ser, para nós o mais importante. Sabe-se que junto com esta alteração no perfil econômico houve também uma debandada de católicos. A grande maioria migrou para as igrejas evangélicas, muito mais efetivas nas ações imediatas, muitas delas baseadas no aqui e agora – “trabalhe duro, pague seu dízimo e Jesus é teu pastor e nada te faltará”. Os diversos ramos de Espiritismo também crescem, porém mais lentamente, pois nossa proposta é de desenvolvimento contínuo e infinito, o que não parece animar muito aqueles que têm pressa.
Peter Jay, autor do livro ‘A riqueza do homem – uma história econômica’, editora Record, que cobre a evolução econômica mundial desde a pré-história até nossos dias, defende que todo o progresso da humanidade se deu pela geração de excedentes (produção agrícola como o primeiro grande impulsor, depois as navegações de longo curso, a máquina a vapor entre outros). A geração de excedentes em quantidades superiores às necessidades de produzi-las permitiu ao homem liberar energias para outras atividades. É exatamente isto que começamos a ver acontecer no Brasil, em larga escala: a existência de um círculo virtuoso.
Nossa expectativa é de que junto com esta ascensão da classe C, também ascendam os desejos de paz, harmonia, ética e compreensão de que nossos limites chegam quando encontramos os limites do outro.

Abrindo a mente:60 bilhões de humanos – nossa história. Por Alexandre Cardia Machado

No mês de julho de 2011 escrevi nesta coluna o artigo “7 bilhões de humanos”, que buscava relacionar o aumento populacional e a lei de reencarnação. Caso você tenha repassado o seu exemplar do jornal a algum amigo, ele poderá ser relido no blog do ICKS.
Consultando várias fontes, obtive um número médio de 60 bilhões vidas (encarnações) de hominídeos seguidos de humanos, que estiveram sobre a superfície da Terra, nos últimos quatro milhões de anos. Uma conta rápida e, claro, imprecisa nos permite dizer que, na média, cada um de nós encarnado hoje reencarnou entre humanos e hominídeos apenas oito vezes, mas não é bem assim.
Este número é de fazer pensar. Claro que foram mais vezes, porque a população na Terra jamais foi tão grande. Portanto, encarnamos por aqui de oito a 1.000 vezes em média, sendo que 100 vezes corresponderia a uma população de 600 milhões de pessoas, equivalente à população de 1500 dC. Para que reencarnássemos 1.000 vezes, a nossa população terrestre teria de ser de 60 milhões – só atingida na pré-história e que parece uma média mais razoável.
Ao contrário do que previa Kardec, baseado nas explicações dadas pelos Espíritos, quanto mais evoluímos, nesta fase em que estamos na Terra, mais rápido reencarnaremos. Pois já somos 7 bilhões de encarnados.
A nossa grande incógnita é saber qual o número de desencarnados neste momento, mas seja ele qual for, é limitado pela lei de evolução. Há que ser um número bem menor que 53 bilhões, calculado através do número total de vidas ao longo de toda a existência do homem (60 bilhões), menos o número dos atualmente encarnados (7 bilhões). Porém, 53 bilhões só existiriam se encarnássemos somente uma vez. Somos certamente menos do que isto.
Portanto, com o aumento da população, mais rapidamente reencarnamos. Vejo isto como algo bom porque aceleramos a evolução conjunta da humanidade.
Passado o momento que vivemos, onde espíritos atrasados naturalmente forçados a reencarnar, com este número muito maior de encarnados, tudo indica que em poucos ciclos reencarnatórios a mais no futuro teremos a possibilidade matemática de refinar o caráter de todos os humanos.
Sem recorrer a migrações de Espíritos a outros planetas, a regeneração da Terra acontecerá mesmo através da reencarnação que fará, a cada ciclo, o nosso planeta Terra um planeta melhor, que progredirá pelas leis, pelo progresso da sociedade. Esta é a verdadeira lei de Progresso. Para saber mais : veja o link sugerido na wikepedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Crescimento_populacional#Previs.C3.B5es_sobre_a_popula.C3.A7.C3.A3o_mundial_futura
http://icksantos.blogspot.com/2012/03/abrindo-mente-7-bilhoes-de-humanos.html
Texto originalmente publicado no Jornal Abertura - Março 2012

Outros artigos relacionados publicados no blog :




EVOLUÇÃO DO PRICÍPIO EPIRITUAL:

Reencarnação e o desenvolvimento do homem

http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=4264443337118614361


Abrindo a mente - A pluralidade dos mundos habitados e o critério de falseabilidade por Alexandre Cardia Machado

http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=2096406799399550055


quinta-feira, 3 de maio de 2012

25 anos do Jornal Abertura na palavra de seus leitores

25 anos de Jornal Abertura! O significado deste jornal para alguns de nossos assinantes e colaboradores está expressada nas mensagens abaixo, publicadas sem qualquer corte, deixando que a expressão dos autores possa ser absorvida na íntegra, por nossos leitores. Muito obrigada! Vocês são a essência de nossa existência jornalística!
Camila Regis – Santos/SP
O Abertura representa a oportunidade do livre-pensar espírita e a possibilidade de se discutir a Doutrina além do que é habitualmente dito. Representa, principalmente, a luta e dedicação de meu avô - Jaci Regis - em difundir, discutir e engrandecer o Espiritismo. Sem dúvida a edição mais marcante para mim foi aquela em homenagem à Jaci, após seu desencarne.
Ciro Pirondi – São Paulo/SP
O Abertura é a memória de uma indignação, sentida há 25 anos, quando iniciamos um movimento, liderado pelo Jaci, contra o marasmo do Espiritismo. Gisela Régis – Rio Claro/SP
Eu tenho três matérias muito importantes para mim: 1-A ressurreição de Lázaro, de Jaci Regis (junho/2003); 2- 60 anos, de Jaci Régis (novembro/2007); 3- Princípios da Doutrina Kardecista (junho/ 2006). O Abertura representa a vanguarda da Doutrina Kardecista. E para mim, é o único veículo que realmente pensa e discute a doutrina!
Marcelo Henrique – Florianópolis/SC
Olá, Alexandre. Cumprimentamos você e a equipe pela feliz iniciativa. Vida longa ao ABERTURA!
Marcelo Régis – Cidade do Panamá/Panamá
O Abertura representou e representa um sopro de ar fresco e renovador na Doutrina Espírita. Receber o Abertura todo mês mantém minha ligação com o movimento, a Doutrina Kardecista e também me reconecta com seu criador, pensador e meu pai Jaci Regis.
Além de várias matérias sensíveis e marcantes escritas pelo Jaci Regis, sempre na página 2, a matéria que mais me marcou foi uma que eu mesmo escrevi assim que voltei de minha primeira visita ao túmulo de Allan Kardec, no Cemitério Père Lachaise, em Paris. A emoção que senti e penso que consegui transmitir no artigo foram, talvez, o ponto alto de minha contribuição ao jornal. Milton Medran Moreira – Porto Alegre/RS
Posso dizer que acompanho o Abertura desde antes de ele existir. Conheci as ideias materializadas nesse projeto quando ainda eram gestadas no extinto jornal Espiritismo e Unificação, também editado pelo Jaci, juntamente com José Rodrigues. Se o anterior jornal representou o duro momento da ruptura com o espiritismo evangélico, aquele que o sucederia e que, agora, completa 25 anos, significa o amadurecimento e a consolidação de uma nova proposta espírita, compatível com nosso tempo e fiel aos objetivos progressistas de Allan Kardec.
Exatamente essa forma de assimilar as ideias espíritas como propostas de mudança é que me encantou no projeto jornalístico posto em prática por Jaci Regis. Como ele, minha trajetória no jornalismo espírita se deu, primeiro, como editor de um boletim espírita do chamado movimento unificador, na Federação Espírita do Rio Grande do Sul. Acompanhei, no tempo e nas ideias, espelhando-me nestas, as ações de Jaci, migrando do movimento federativo para uma proposta livre-pensadora, magnificamente liderada por Abertura, no Brasil. Toda a coragem e a combatividade de Jaci se expressaram magnificamente no Abertura, ao curso destes 25 anos. Para mim, e, certamente, para todos os que ousam pensar o espiritismo com liberdade, o Abertura significa um permanente estímulo à humanização e à dessacralização do espiritismo.
É difícil apontar uma matéria como marcante por si própria. É que o Abertura se caracteriza justamente pela concatenação de ideias num ritmo progressivo e progressista, capaz de conduzir o leitor a uma nova postura perante a vida e, especialmente, perante a proposta espírita. Mesmo com uma visão muito clara acerca da proposta filosófica espírita, Jaci, no Abertura, estava numa constante busca de novas formas de verbalizar sua proposta de futuro para o espiritismo. Em lapso temporal bastante curto, fluiu da proposta de "espiritização" para a de "doutrina kardecista" e desta para a "ciência do espírito", nominações diferentes para um consistente e claro projeto de mudança do qual fazia do Abertura um verdadeiro laboratório de ideias. Estas se concatenam admiravelmente no conjunto editorial que faz a história do jornal.
Se, no entanto, tenho dificuldade de apontar uma matéria isoladamente como marcante na história do Abertura, não teria qualquer dúvida em identificar os últimos anos da vida física de Jaci como de extrema superação em sua capacidade de trabalho. Ele esteve sempre, pessoalmente, à testa do projeto editorial do jornal até os últimos dias de sua vida física. De tal forma e com tanta intensidade, coragem e garra, que, pessoalmente, eu temia pela extinção do jornal, imediatamente após a sua partida. Com alegria, vejo, hoje, que o projeto continua com a mesma qualidade, graças à soma de esforços de seus familiares, alguns amigos e o firme suporte institucional do ICKS. Um legado dessa qualidade precisa, efetivamente, ser preservado. Parabéns a vocês, pelos 25 anos do Abertura.
Ricardo Nunes – Santos/SP
O Abertura tem feito parte de minha vida em todos estes anos. Já é um costume aguardar todos os meses a chegada do jornal em casa. O Abertura é verdadeiramente um jornal espírita livre pensador, no qual a polêmica não é evitada, mas sim desejada. Não a polêmica pela polêmica, mas sim a polêmica que visa discutir seriamente os variados temas do pensamento espírita com o propósito de tornar a filosofia espírita aberta aos novos tempos. Infelizmente, a maioria dos jornais espíritas é "doutrinante", "evangelizante" e "alienante". O Abertura é uma das poucas honrosas exceções neste universo de tradições carolas que se tornou a maior parte da imprensa espírita brasileira. Cláudia Régis Machado – Santos/SP
O Jornal Abertura representou para mim e ainda representa a grande possibilidade de abrir a mente para o novo. Saber que nele encontraria ideias espíritas de vanguarda e da atualidade. Representou a consistência e a profundidade da prática do Espiritismo. Vários temas me encantaram porque me fizeram refletir e buscar saber mais, dentre eles destaco os que levantaram a bandeira sobre o fato de que o Espiritismo não é religião, sobre a Espiritização e o Espiritismo pós-cristão. Outros me emocionaram porque tocaram a minha alma, como Bruna e eu no século XXI, e a chance de ter uma coluna no renomado jornal, chamada Brincando com Kadu.
Reinaldo de Luccia – Santos/SP
O Abertura é o Jornal Espírita de maior arrojo e que tem a mesma importância fundamental do SBPE no âmbito de trabalhos e de pensamento, só que na área da Imprensa Espírita. Ocupa um lugar de destaque neste meio, junto com o Opinião e o Pense.
Carol Régis – Santos/SP
Quando estava na Infância Espírita, achava o máximo aqueles pensadores que debatiam, por escrito, temas interessantes, com pontos de vista distintos e discussões, por vezes, acaloradas. Nunca imaginei que um dia teria a oportunidade de estar entre essas pessoas, assinando uma coluna do Jornal Abertura, presente de Jaci Régis, que tanto admirei por seus textos históricos. Poderia citar inúmeras contribuições de pensadores que passaram pelas minhas leituras, mas não posso deixar de lembrar da repercussão de um dos meus primeiros textos, que me motivaram a continuar escrevendo para o Jornal. O tema era filme Brokeback Mountain, que trata da questão do homossexualismo. A repercussão foi bastante positiva, com retorno de leitores de todo o Brasil, e gerou um convite para escrever em outro veículo, a Revista Delphos, também Espírita. Pra mim, o fato retrata a seriedade, a repercussão e a liberdade de expressão, símbolos do Jornal Abertura.

Para assinar ou obter números avulsos do Jornal entre em contato pelo email: ickardecista1@terra.com.br. Assinatura do Abertura R$ 45,00 ou US$ 30,00 se no exterior.


Números avulsos R$ 4,50 mais custo do correio.

Comente aqui também !   Artigos Relacionados:   Um ano sem a presença física de Jaci Régis

http://icksantos.blogspot.com/2011/12/um-ano-sem-presenca-fisica-de-jaci.html

 

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O movimento pela ética marca mais pontos - Alexandre Cardia Machado

Este Artigo foi publicado originalmente no Jornal ABERTURA em Dezembro de 2011. A revista Veja publicou na sua edição 23 de Novembro de 2011, um artigo de Renata Betti , sobre um professor de Harvard, o filósofo Michael Sandel, que conseguiu atrair milhões de seguidores pela internet, tornando-se uma celebridade.
Sandel usa o método do filósofo clássico grego Sócrates, jamais respondendo às questões diretamente, mas devolvendo a questão com outra, mais profunda, fazendo assim com que seus alunos pensem cada vez mais em outras possibilidades. Este método chamado maiêutica é interessantíssimo, pois quem chega às conclusões são aqueles que têm a dúvida, ajudados claro pelo sábio professor.
A novidade é que Harvard resolveu inovar e as classes são transmitidas pela internet, infelizmente não em tempo real, mas são transmitidas, inclusive, por redes de televisão como a Japonesa NHK e a rede estatal chinesa. O professor só trata de assuntos ligado à ética, ele lança, por exemplo,o seguinte problema: “o que você faria se por uma decisão sua, você só pudesse salvar um entre dois grupos de pessoas, num deles apenas com uma pessoa e o outro com cinco?” – a partir daí vocês podem imaginar todo o desenrolar do assunto. Suas aulas reúnem mais de 1000 pessoas na platéia entusiasmada.
Sandel lançou um livro em 2009 – O que É fazer a coisa Certa, já traduzido para o Português. Não o encontrei na internet, pois talvez tenha um outro título aqui por nossas terras.
Mas o que há de tão extraordinário nisso tudo? Talvez o brilhantismo deste homem formado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Acredito, porém, que o sucesso se dê porque pensar o que é certo faz bem, atrai energias positivas. O talento da condução da discussão tem todo o mérito, entretanto, mais do que isto há uma carência fora dos movimentos organizados, de ideais morais, que promovam a reflexão, discussão sobre ética e principalmente os bons exemplos.
A internet e as TVs a cabo nos fornecem opções às programações das TVs abertas, focadas nas altas taxas de retorno de propagandas de cervejas, automóveis de luxo e coisas desta natureza. Este, quem sabe, seja um caminho a seguir: lançar nossas boas ideias na “Web”, compartilhar saber e conhecimento parece ser a melhor opção. Temos que considerar que fazer alguém sair de casa para assistir uma palestra exige um esforço enorme de marketing ou mesmo de convencimento. Nada substitui uma boa conversa frente a frente, mas cada vez mais alternativas “on line” concorrem conosco. Fica a boa notícia de que a discussão sobre a ética vem ganhando espaço.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Ciência da alma - por Jaci Régis

Este texto lido por Jaci Régis na forma de um discurso no II Encontro Nacional Da CepaBrasil em Bento Gonçalves, RS em 4 de setembro de 2010. Sendo este o último discurso feito por Jaci.

O Autor deste texto desncarnou em 13 de dezembro do mesmo ano, após 45 dias internado por uma complicação renal.

A identidade do Espiritismo no século XXI

Allan Kardec elaborou o Espiritismo dentro da cultura cristã. Formatou a doutrina dentro de 3 parâmetros, compatíveis com o modelo cristão. 1. O mundo é de provas e expiações, 2, Os habitantes são espíritos imperfeitos que expiam suas faltas no processo de vidas sucessivas, 3. Deus se manifestou em tres grandes momentos, para a salvação moral humanidade, nos dez mandamentos de Moises, nas palavras de Jesus Cisto e, finalmente, pela manifestação dos Espíritos. São as três revelações da Lei de Deus Dentro desses parâmetros, aceitou que Jesus Cristo trouxe a verdade possível e que o Espiritismo completaria a verdade atual.

A trajetória de Kardec é sinuosa. Queria que o Espiritismo fosse uma ciência. Mas criou uma religião, sem querer que fosse religião. Na verdade agiu como equilibrista da razão e da fé. Todavia aceitou que o motivo central do Espiritismo era restaurar o cristianismo e implantar no mundo o Reino de Deus, utopia evangélica que está na base das aspirações místicas e irreais da humanidade ocidental, cristã. Isso levou à aceitação do Espiritismo como o Consolador Prometido, representava também tacitamente a certeza de que Jesus Cristo era a verdade e toda a verdade teria vertido pela sua boca. Esse Consolador simbolizaria a vinda do Senhor ao mundo, completaria todas as verdades e ficaria conosco para sempre. Era a expressão da ilusão de que, brevemente, por obra divina, haveria modificações espetaculares na face da Terra.
Surgiria um reino de paz, de alegria, de fraternidade. Era a implantação do Reino de Deus no mundo. Que mundo? Sem qualquer demérito para as lições inigualáveis do Nazareno, estamos num tempo em que as exclusividades e as verdades absolutas não têm lugar. No Evangelho segundo o Espiritismo, Kardec afirmou que o Espiritismo não vinha destruir a lei cristã, como o Cristo não teria destruído a lei mosaica. Essa seqüência teológica provinha do sentimento de uma intervenção direta de Deus ou Jesus no encaminhamento das soluções e no desenvolvimento moral das civilizações.

O céu comandando a Terra. Jesus Cristo, o rei governando o mundo. Mas o tempo da era cristã, no seu aspecto institucional, político e religioso estava no fim. Desenvolver a idéia espírita dentro do caldo de cultura cristã foi um paradoxo. Pois o Espiritismo na sua estrutura básica é a negação do cristianismo. Consequentemente ficou prisioneiro dessa imagem profética da vinda do reino. Kardec então elaborou seu pensamento tentando encontrar justificativas e argumentos para as afirmações teológicas dos profetas e messias.

Seria diminuir seu gênio reduzir sua obra a essa análise simples. Pois sua obra é capaz de superar os entraves contextuais e projetar-se para o futuro, porque teve s sabedoria de abrir o caminho para o progresso, de tal forma que seria capaz de reciclar-se, aceitando as novas idéias e mudar o que fosse necessário para não imobilizar-se, que seria, disse, o suicídio da doutrina.
É baseado nessa extraordinária abertura para a evolução e progresso das idéias que creio ser válido propor uma definição dinâmica para o Espiritismo nos dias atuais. A definição do Espiritismo: O século vinte um desponta como uma incógnita sob a liderança inconteste da ciência dura e coadjuvada pelas ciências humanas.
Como definir, compreender e projetar o Espiritismo neste século vinte e um? Neste século, o Espiritismo terá pelo menos duas expressões.

1.O Espiritismo cristão a) Religião Espírita Atualmente, de modo geral e majoritariamente o Espiritismo é uma religião cristã, cujos programas e o entendimento remetem-se aos textos evangélicos e aos enunciados do século dezenove, repetindo as palavras de Allan Kardec, sem atentar para o contexto em que foram ditas. Os espíritas cristãos são basicamente católicos mediúnicos. b) Espiritismo laico cristão. Substituiu-se o tríplice aspecto de Ciência Filosofia e Religião, por Ciência, Filosofia e Moral, isto é a moral cristã. Ambos os movimentos não fazem ciência e não filosofam.

2 - Espiritismo pós-cristão A única saída para o Espiritismo alcance sua originalidade e ofereça uma contribuição genuína para a sociedade é escoima-lo do enfoque teológico da Igreja. Isto é, ser um Espiritismo pós-cristão. Esse Espiritismo pós-cristão não apenas abandonará a retórica e a teologia católica, como se organizará sugestivamente como uma ciência humana.

A Ciência da alma Como conseqüência, o Espiritismo pós-cristão, se estruturará como a Ciência da Alma , a maneira de uma ciência humana, especifica e sui generis,... Como Ciência da Alma, o Espiritismo abandona a ilusão de ser uma revelação divina, para ombrear-se com o esforço das ciências humanas que surgiram para entender o ser humano, suas limitações, problemas e futuro, fora dos limites das ciências duras, físicas. Isto é, uma ciência humana cujo objeto é explicar o ser humano, como uma alma, sua estrutura, sua atuação e sua evolução. Com isso pode desenvolver um espírito crítico e explorar a realidade essencial do ser humano dentro da lei natural, da naturalidade dos processos evolutivos, através da reencarnação, como uma alma atemporal, imortal e em crescimento, seja no campo intimo seja no campo social.

Como Ciência da Alma, o Espiritismo abandona sua pretensão autárquica de se abranger todos os problemas da humanidade, mas apóia-se nos esforços das demais ciências humana que compõem o leque das realidades e comportamentos das pessoas. O objetivo maior será dar na cultura o sentido sério, basicamente defensável aos postulados puros do Espiritismo. Terá que dispor de recursos e meios para provar, insofismavelmente, a imortalidade. O que implicará na renovação do exercício e objetivos da mediunidade, superando a fase meramente moralista e religiosa em que se situa atualmente. Só a prova da imortalidade será a base de renovação social, humana e do pensamento humano e sustentará as teses da reencarnação e da evolução do Espírito. Investindo na estruturação de uma base compatível com a evolução do conhecimento humano, introduzindo a noção de espiritualidade como uma busca natural, imprescindível para o equilíbrio pessoal e social, a Ciência da Alma,ajudará o desenvolvimento ético na sociedade em mudança que vivemos.

Ou seja, a Ciência da Alma tentará por todos os modos oferecer um tipo de entendimento do ser humano que sempre foi o objeto do Espiritismo, de forma atualizada, dentro de um aspecto que integrará o rigor cientifico e a expressão da sensibilidade e do sentimento na análise da realidade da alma humana. Muitos podem questionar se um Espiritismo pós-cristão, a estruturação da Ciência da Alma, pode ser kardecista, dada a crítica e a reelaboração que se faz necessária do trabalho de Allan Kardec, conforme temos provado. É kardecista na medida em que se apoiará nos alicerces básicos, puros, do pensamento doutrinário, desprezando os acessórios das interpretações e extensões contextualizadas no inicio e do tempo decorrente. O caráter da Ciência da Alma, como qualquer ciência humana será essencialmente progressivo, jamais se imobilizando no presente, apoiada somente no que for provado. Assimilará as idéias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam físicas ou metafísicas. Pois não quer ser jamais ultrapassada, constituindo isso uma das principais garantias de credibilidade.

Outros artigos de Jaci Régis:

Livros de Jaci Régis a venda pela Internet:


http://icksantos.blogspot.com/2011/12/livros-de-jaci-regis-venda-pela.html

Um ano sem a presença física de Jaci Régis

http://icksantos.blogspot.com/2011/12/um-ano-sem-presenca-fisica-de-jaci.html

Do Jesus Pré-cristão ao Jesus Cristão - Jaci Régis

http://icksantos.blogspot.com/2011/10/do-jesus-pre-cristao-ao-jesus-cristao.html



Jaci Régis biografia e vida – por Ademar Arthur Chioro dos Reis

http://icksantos.blogspot.com/2011/10/jaci-regis-bibliografia.html

Ligação espírito cérebro

http://icksantos.blogspot.com/2009/08/ligacao-espirito-cerebro-jaci-regis.html

Considerações sobre a Reencarnação

http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=8165780535469590867

O que nos pertence? Jaci Régis

http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=3579958591861873931

sábado, 21 de abril de 2012

Jornal ABERTURA Comemora 25 anos

Na noite de ontem, nas dependências do Edifício Jaci Régis, sede do ICKS juntamente com a realização do V Forum do Livre Pensar Espírita da Baixada Santista, onde Ademar Quioro dos Reis e Alexandre Cardia Machado discorreram sobre a Reencarnação sob a ótica livre pensadora, apresentados por Roberto Rufo. Cerca de 70 pessoas prestigiaram o evento que terminou com um parabéns ao Jornal ABERTURA e confraternização de todos. Vida longa - ABERTURA.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Terceiro Chimpanzé - Marcelo Régis

Este Artigo foi originalmente publicado no Jornal ABERTURA em Maio de 2011.
Comente - queremos saber o que você pensa a respeito.


“O Terceiro Chimpanzé” é o título de um dos livros do cientista americano Jared Diamond e indica que o Homem, como espécie, é muito similar a outros dois grandes primatas parentes nossos – bonono e chimpanzé. Na verdade, após o mapeamento genético das três espécies, foi constatado que o código genético humano é 98,4% similar ao dos chimpanzés, ou seja, do ponto de vista genético somos apenas 1,6% distintos de nossos parentes animais mais próximos. Ainda é sabido que do ponto de vista genético, os chimpanzés são mais próximos de nós humanos (1,6% de diferença) do que dos gorilas, com quem possuem 2,3% de diferença genética. Como explicar então a nítida diferença evolutiva entre nós e os animais? Afinal, apenas o Homem desenvolveu linguagem falada e escrita, artes e tecnologia suficientes para povoar todos os continentes, enviar sondas ao espaço e explorar o fundo dos oceanos.
Interessante notar que essa evolução e diferenciação são recentes em termos biológicos. Afinal, o Homo Sapiens sapiens, a espécie a qual pertencemos, evoluiu há apenas 200 mil anos. Dados genéticos indicam que todas as pessoas existentes na Terra descendem diretamente de um pequeno grupo, que viveu entre 100 e 200 mil anos, na África. Anatomicamente éramos o que somos hoje, por certo: pegue um homem de 130 mil anos atrás, faça sua barba, o vista e ninguém, em lugar nenhum, vai considerá-lo mais ou menos diferente. Nos primeiros 80 mil anos do Homo sapiens sapiens na Terra, ele continuava o mesmo bicho nu com suas pedras lascadas. Só que aí, 50 mil anos atrás, aconteceu algo repentinamente. Passamos a costurar e fazer roupas, fizemos arcos para lançar flechas, pintamos nas cavernas. Houve um salto. Buscamos nos fósseis anteriores e posteriores e não há diferença no bicho homem. O crânio é igualzinho, cabe lá um cérebro do mesmo tamanho; as mãos têm os mesmos dedos, pés e pernas, a mesma firmeza. São os ossos do mesmo animal. Mas esse animal tinha adquirido uma miríade de talentos. Esse grande salto para frente, como chamam alguns dos estudiosos, permitiu o aparecimento da cultura. Por quê? Não sabemos. Uma das possibilidades é a de que nossa linguagem tenha se sofisticado. Talvez alguma mudança em nosso aparelho vocal tenha permitido uma quantidade maior de sons, que foi dar na estruturação de línguas complexas. Quando você pode explicar uma coisa direito, começa a comunicar; quando a comunicação é precisa, há troca de idéias; dois ou mais discutindo um problema encontram melhores soluções. Nasce a tecnologia.
Outro grande acontecimento em nossa evolução foi o desenvolvimento da agricultura. A transição do nomadismo da vida de caçadores-coletores para um estilo de vida agrícola sedentário aconteceu há uns 10 ou 15 mil anos e, pode representar a primeira vez que as pessoas tiveram um conceito de lar. Também propiciou a liberação de corpos e mentes para outras tarefas que não exclusivamente procurar o alimento do dia, impulsionando a cultura e a sociedade moderna que conhecemos e isso foi há muito pouco tempo, evolutivamente falando.



Se somos tão similares aos nossos parentes chimpanzés, será que esse 1,6% é tão especial assim para explicar todas essas diferenças? Parece que não, pois as pesquisas atuais ainda não encontraram uma relação direta, de causa e efeito, entre esse 1,6% e nossas habilidades específicas. É aí que se encaixa o espírito. Afinal, se considerarmos que além do corpo físico possuímos uma alma, um espírito capaz de armazenar informações e aprendizados de inúmeras vidas passadas, podemos concluir que temos à nossa disposição infinitamente mais recursos que nossos parentes chimpanzés. Interessante pensar que, muito provavelmente, os chimpanzés também possuem algum componente espiritual, pois parece que na natureza não existem transições bruscas. Portanto, provavelmente, os 1,6% têm alguma relação direta com o fato de possibilitar que Espíritos habitem nossos corpos, enquanto princípios espirituais com capacidade de evolução mais restrita estariam ligados aos chimpanzés. Afinal, os chimpanzés habitam a Terra há mais de 6 milhões de anos, não tendo evoluído nenhuma característica cultural, artística ou tecnológica distintas em todo esse tempo evolutivo. Novamente, apenas a integração das teorias materialista e espiritualista pode ajudar a melhor entender o Homem em sua totalidade. Esforços isolados se mostram incompletos e insuficientes e temos que reconhecer que, apesar de todos os esforços feitos até hoje, ainda estamos longe de entender toda a beleza e complexidade da evolução material-espiritual em sua plenitude. O Espiritismo tem muito a contribuir nesse assunto, pois pode adicionar o componente espiritual à equação humana.

Para saber mais: O TERCEIRO CHIMPANZÉ: A EVOLUÇAO E O FUTURO DO SER HUMANO; Jared Diamond; Editora: Record.

Outros artigos relacionados publicados no blog :




EVOLUÇÃO DO PRICÍPIO EPIRITUAL:

Reencarnação e o desenvolvimento do homem

http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=4264443337118614361


Abrindo a mente - A pluralidade dos mundos habitados e o critério de falseabilidade por Alexandre Cardia Machado

http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=2096406799399550055


Abrindo a mente:60 bilhões de humanos – nossa história. Por Alexandre Cardia Machado

http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8190435979242028935#editor/target=post;postID=1617735720002438799




O Ser Humano e a Evolução - Uma análise pré-histórica

http://icksantos.blogspot.com/2011/12/o-ser-humano-e-evolucao-uma-analise-pre.html