sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Refletindo sobre a Espiritualidade Laica por Cláudia Régis Machado


Refletindo sobre a Espiritualidade Laica

Este tema despertou-me maior interesse após o último Congresso Espírita da CEPA em Rosário, na Argentina, e mais ainda quando ouvi o termo, criado por Luc Ferry- Espiritualidade laica.
A noção de espiritualidade tem significados diferentes e depende do contexto em que é utilizada.
Para as religiões, é entendida como a perspectiva do ser humano em relação a um ser que é superior. Do ponto de vista filosófico, tem a ver com a oposição entre matéria e espírito ou exterioridade e interioridade. O termo designa ainda a busca do sentido da vida, da esperança e desenvolvimento pessoal.


Cláudia Régis Machado no 14° SBPE 

Para alguns, a espiritualidade é a conexão com a natureza e com cosmo, para outros pode ser expressada pela música, pelas artes, meditação, etc. Dentre os vários conceitos de espiritualidade encontrado, sintetizamos no seguinte: É uma propensão humana a buscar para a vida conceitos que transcendem o mais tangível e, que tragam um sentido de conexão com algo maior que si próprio.
Muitos espíritas pensam espiritualidade ligando ao plano maior, ao plano espiritual. A espiritualidade é considerada “as forças espirituais”, os “movimentos espirituais” que envolvem o ser humano. Também é normal ouvirmos assim: “a espiritualidade está me ajudando”; como se uma força superior, uma energia extrafísica estivesse atuando ao seu redor no seu caminho para lhe ajudar.
Ou ainda “Nossa! essa espiritualidade parece estar pesada” uma expressão utilizada pra falar de coisas e acontecimentos que são de ordem espiritual e que estão deixando a pessoa ou o ambiente carregado de energias ruins.
Todos esses pensamentos tem um fundo de verdade, no entanto vamos abordá-lo dentro da filosofia espírita, sair desses conceitos e refletir mais sobre o tema. 

 A espiritualidade espírita, dentro do novo pensar da Ciência da Alma, é espiritualidade laica, isto é, sem Deus. Deus da maneira como é entendido pelas religiões, mas o Espiritismo, diferentemente de Luc Ferry, é uma filosofia que defende a existência de Deus. O espiritismo vê a existência de Deus como: “inteligência suprema causa primária de todas as coisas”.

Jaci postula que “Um novo pensar sobre Deus nos conduz à compreensão de que a dinâmica da vida, em qualquer dos setores em que se manifesta, prima pela criação de ambientes de oportunidade, seleção e superação”.

A Espiritualidade espírita é baseada na imortalidade dinâmica que abre uma nova significação de espiritualidade sem passar pelo campo da fé. A Espiritualidade na perspectiva espírita laica, traz um arcabouço consistente, atualizado por trazer mudança e fortaleza interior para abrir um estilo de vida e uma visão de mundo amplo e modificador.

Ferry em seu livro A Revolução do Amor discute a espiritualidade laica, não ligada a Deus, mas ao homem por meio do amor. A espiritualidade baseada no amor. É o homem, saindo de si mesmo e indo em busca do outro. Saindo da sua materialidade, do seu ego. Transcendendo de si mesmo.

Não é um amor idealizado, necessita de pés no chão. A revolução do amor que se instalou em nossas vidas “Eu faço porque eu amo”. Ferry não acredita na imortalidade de alma, e diz: “Mesmo que a nossa existência seja limitada no tempo e no espaço, não muda o fato de que podemos a cada dia que Deus nos dá, estabelecer laços com outrem”. O amor produz sentido em nossas vidas, mobiliza novas formas de sabedorias e de espiritualidade laica.

Objetivo ou finalidade da Ciência da Alma é desenvolver a Espiritualidade no ser humano. Por espiritualidade nesta visão entendemos o desenvolvimento integrado da alma humana, reconhecendo sua essência sensível e o uso equilibrado dos fatores presentes na vida de relação e consigo mesmo. Nos ensina Jaci Regis que “agora, é necessário que o homem assuma sua natureza espiritual, a sua espiritualidade e desenvolva, no plano da vida terrena, novas formas de relacionamento e revolucione seu projeto de vida, a partir das premissas espirituais dinâmicas".

Luc Ferry explica que essa nova “espiritualidade laica”, significa uma concepção de filosofia que atribui ao homem uma tarefa essencial de refletir sobre o que seria uma via boa sem passar por um Deus  ou pela fé, mas com os meios disponíveis, os de um ser humano que se sabe mortal, entregue a si mesmo e às exigências de sua lucidez, da razão.

O problema é que a expressão – espiritualidade - está corrompida na cultura porque sempre foi colocada como oposição a vida corpórea, chamada de “material”. Todavia a espiritualidade não se opõe,mas compõe a vida corpórea, porque nela a alma se exprime na totalidade de suas ansiedades, esperanças e evolução.

 A alma espiritualizada não desdenha viver as emoções saudáveis da vida corpórea, sem apegar-se a elas porque não pertence aos fatores externos mais a si mesma”. A espiritualidade se exercita e desenvolve no espaço interior de cada um. Não se relaciona com a morte e o além-túmulo pois muitos mortos não são propriamente espiritualizados.

Espiritualidade não é do plano espiritual é do aqui e agora com base na filosofia espírita, que vê o homem um ser imortal que tem como objetivo desenvolver-se em toda a sua essência intelectual e moralmente. A prática da nossa espiritualidade é desenvolver estes conceitos na estrutura da pessoa humana. E mostrar que é uma realidade natural, é a sua essência.

Essa visão espiritual correspondendo a espiritualização da vida será produto do amadurecimento e das pesquisas. Na verdade, será ponto decisivo e moldara o pensamento humano de maneira a transformar relações entre as pessoas.

Luc Ferry faz uma distinção entre valores espirituais e morais, atribuindo que há muita confusão no setor público como na filosofia. Exemplifica para explicar isto: “ Comporto-me moralmente com os meus vizinhos, parentes e próximos quando tenho respeito e os ajudo; quando reconheço seus direitos imprescritíveis de pensar diferente de mim e mesmo nessa hipótese faço o que posso para tornar-lhes a vida mais suave e fácil”. A vontade agir corretamente de ajudar ativamente os outros - benevolência ou generosidade, bondade, respeito pelo outro mais a preocupação com o outro - aí está a moral comum na qual se encontra idealmente hoje a maioria dos nossos concidadãos. O que não significa que estejam no nível ideal.

Continuando Ferry contrapõe que mesmo tendo valores morais ou não, não deixaríamos de envelhecer, nem de morrer, nem de perder um ente querido nem mesmo ser infeliz no amor. De nos apaixonar por quem nos ama e se entediar ao longo da vida cotidiana atolada em banalidades e à doença.

Estas são questões que ele chama de existenciais ou espirituais porque se relacionam com a vida do espírito. Daí chamar de espiritualidade laica. Esses sentimentos não têm nada ver com a moral. Os valores espirituais não se reduzem absolutamente a valores morais.

A busca da Espiritualidade não deve ser delineada por um roteiro proposto por alguma religião. Acredita que realmente existe longe da religião e da moral, uma espiritualidade sem deus e que essa esfera do pensamento, que ele identifica à mais alta filosofia.

Para Ciência da Alma a nossa espiritualidade deve ser conduzida para nossas ações, para o nosso comportamento levando-nos a uma vida boa, a uma vida feliz. Se inicia no intelecto e se estende para a vivência. É bom viver a espiritualidade pela janela do Espiritismo. O Espiritismo é uma filosofia que nos oferece uma matriz para vida boa.

A filosofia espírita nos auxilia e nos ajuda a viver melhor, na medida em que valoriza a vida terrena como oportunidade imprescindível de aperfeiçoamento do espírito.

Na prática, uma vida boa é quando vivemos com lucidez- A “lucidez” pretendida pelo espiritismo é de tal ordem que a filosofia espírita pretende abolir de vez o conceito de maravilhoso e sobrenatural nas chamadas questões da alma, as quais foram tradicionalmente tratadas pelas religiões sob uma aura de mistério.

Ser livre em pensamentos, é impossível ser livre em pensamento se estiver bloqueado pelos medos.
Sem poder estar livre afundamos num egocentrismo que nos torna imediatamente incapazes de amar e de pensar serenamente. “Praticar amizade. Doar-se é a atitude-chave para qualquer programa de vida que pretenda desenvolver os potenciais do Espírito” (Jaci Regis).

A felicidade trazida pelo servir, pode ser mais ampla e duradoura por representar o momento de mais doação, de sair de si mesmo, sem objeto de reciprocidade.

Capacidade de dar depende do desenvolvimento do caráter da pessoa.

Para uma vida boa é importante que objetivo da vida, para o espírito, seja a plena felicidade. A vida não pode ser boa sem felicidade, autonomia, auto expressão, moralidade e progresso.

Cláudia Régis Machado é psicóloga, Vice-Presidente do ICKS e Reside em Santos

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos em abril de 2019. Baixe aqui!

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/28-jornal-abertura-2019?download=214:jornal-abertura-abril-de-2019


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quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Abrindo a Mente - Amazônia em chamas por Alexandre Cardia Machado


Amazônia em chamas

O mundo inteiro está com os olhos no Brasil, o número de queimadas no mês de agosto deu um salto, São Paulo escureceu e o Presidente Brasileiro brigou com o Presidente Francês.

O que está por trás disso? Qual a política de longo prazo para a Amazônia?

Escrevendo como engenheiro que sou sabemos que a Amazônia não é o pulmão do mundo, mas tem um papel importantíssimo no regime de chuvas da América do Sul. Anos com o fenômeno chamado “El Niño” – ou seja aquecimento da água junto à costa da América do Sul no oceano Pacífico, provoca mais chuvas no sudeste do Brasil e nos altiplanos Bolivianos e Peruanos, mas o efeito do “El Niño” praticamente acabou em junho de 2019 de acordo com o INPE.  Ou seja, perdemos uma fonte importante de umidade que chegava ao Brasil. Como consequência temos seca no cerrado e nos países citados.

Portanto fiquemos atentos, entendamos que existem coisas que são sazonais, mas muitos problemas dependem somente de nós brasileiros. Para isso revisar esta questão do Livro dos Espíritos nos ajuda a entender nossas ações no planeta. A nossa Amazônia precisa ser cuidada, pois o seu equilíbrio é tênue. Recorremos ao Livro dos Espíritos, questão 735.

Destruição necessária e destruição abusiva

735. Que se deve pensar da destruição, quando ultrapassa os limites que as necessidades e a segurança traçam? Da caça, por exemplo, quando não objetiva senão o prazer de destruir sem utilidade?

“Predominância da bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição que excede os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os animais só destroem para satisfação de suas necessidades; enquanto que o homem, dotado de livre-arbítrio, destrói sem necessidade. Terá que prestar contas do abuso da liberdade que lhe foi concedida, pois isso significa que cede aos maus instintos.”

Sobre o regime de chuvas na Amazônia.
O sul da Amazônia, área onde estão os maiores incêndios,  é fortemente influenciado pela temperatura das águas no Atlântico, conforme destaca o estudo dos professores Rafael Rodrigues da Franca e Francisco de Assis Mendonça: “ O recorte espacial de estudo apresentado neste texto encontra-se no sul da Amazônia, no qual apresenta-se uma análise da pluviosidade (variabilidade temporal e espacial) a partir de suas determinantes locais e de suas conexões extra regionais (índices oceânicos). Foram tratados (estatística descritiva) dados provenientes de 41 estações meteorológicas distribuídas pela área de estudo concernentes ao período 1981-2011. Os resultados confirmam o conhecimento prévio sobre o clima dessa região da Amazônia, onde a sazonalidade pluvial é uma característica marcante; eles mostram que a pluviosidade na Amazônia Meridional é largamente influenciada por características vigentes na região tropical do Oceano Atlântico, de onde provém importante parcela da umidade presente na região. Essas características produzem repercussões importantes sobre a fauna, a flora, os rios e as populações ribeirinhas e urbanas da área.”

Segundo o site da Clima Tempo no começo de setembro podemos ver que  “Houve um resfriamento (do oceano Atlântico) durante o inverno e atualmente a temperatura está próxima da normalidade e já se observam até áreas com temperatura abaixo da média em alto-mar.”, ou seja as condições necessárias para a chuva de intensidade na Amazônia estão se organizando no mês atual.

Sobre as Queimadas.

Em resumo, condições de seca que permitem que as queimadas não planejadas ocorram por precipitações de raios por exemplo, estivessem presentes no mês de agosto – cerrado e a mata sem cobertura florestal densa queimam facilmente, somadas a isso as queimadas propositais e a falta de combatividade das organizações governamentais especialmente estaduais, pois os estados é que são responsáveis pelo combate ao fogo. Evidência disto é o nível de umidade do ar que está no cerrado a cerca de 15%.

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A nível Federal é evidente que o Ibama tem um papel importante no combate ao desmatamento e sua consequência que é a queimada. Talvez tudo o que estamos presenciando estimule que nosso Presidente saia do seu discurso ideológico e vá para o campo prático, precisamos ter, manter e aprimorar as políticas de sustentabilidade, entendendo que a população precisa sim participar, precisa ser educada e o povo da Amazônia, necessita de alternativas viáveis de convivência com o patrimônio da Floresta.
Digo isto porque quem queima, quem corta as árvores, quem minera ouro, quem extrai pedras preciosas são pessoas e elas estão tentando sobreviver, fazendo o mal é claro, ou fazendo de forma incorreta, sem autorização e sem analisar o impacto ambiental.

Imagino que não haja ninguém contra a Amazônia, mas um caminhoneiro ou uma pessoa qualquer dirigindo um automóvel e que joga a ponta do cigarro pela janela do carro, pode e causa um incêndio e nem se dá conta, acontece o tempo todo, nesta época do ano, durante o inverno no interior do Brasil.
Pode ter havido ação combinada criminosa, incentivada pela pretensa falta de interesse do governo em combater estas ações, de qualquer forma a reação internacional colocou as coisas nos eixos, ouviremos muito bate-boca, parece ser algo incontrolável no Presidente Bolsonaro, mas por trás do discurso haverão ações organizadas para combater o risco que as queimadas trazem ao Brasil.

Alexandre Cardia Machado

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Se envelhecer é o normal, por que ficamos triste com nosso envelhecimento? - por Alexandre Cardia Machado

Se envelhecer é o normal, por que ficamos triste com nosso envelhecimento?

Antigamente envelhecíamos e todos viam isso como natural, mas as coisas mudam, hoje temos procedimentos estéticos, comprimidos, cremes anti-age,  conscientização de que devemos nos exercitar, ou seja várias ações que prolongam a sensação de bem estar e adiam o envelhecimento.
Então viveremos mais, na média, com melhor qualidade e com aspecto menos transparente à nossa idade cronológica, muito bom, mas além do bem estar, em que isso muda a nossa visão de mundo?
Iniciaríamos dizendo que sentir-se bem, sem resentir-se da idade seria uma grande oportunidade de continuarmos criando, fazendo coisas novas, buscando novos desafios e novas paixões.

Jaci Régis, no seu excelente livro – Caminhos da Liberdade – no capítulo “ Por que as pessoas desistem?” assim se refere a uma das razões, pelas quais vemos com bons olhos todo este movimento:

“Porque a vida é paixão. Sim, é um patrimônio de cada um, para mim, imortal, imperecível, pois viveremos para sempre. Mas, é como a terra incultivada, mas rica de possibilidades, que precisa ser arada, tratada com denodo (desenvoltura e agilidade com que se realiza algo), perseverança e paixão.”

Repito sempre o trecho da música eternizada por Elis Regina, “viver é melhor que sonhar” então se nos sentirmos bem, sentirnos mais jovens, ajuda a produzir um impulso, renova a paixão pela vida, pelo conhecimento, pelo realizar, é certamente uma grande ideia.

É claro que existe por trás disso uma série de indústrias que estimulam este comportamento, revistas, programas de televisão, companhias de turismo, companhias de seguro de saúde. Sendo elas causa ou efeito, a verdade é que isto já é uma realidade na sociedade do século XXI.

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O seguimento de consumo dos grupos de Terceira Idade hoje no Brasil vem crescendo à taxas maiores do que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e o mesmo se repete mundo afora.
Os últimos dados do IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) baseados no último censo, 13,5% da população brasileira tem mais de 60 anos e a previsão é que em 2027 sejam 17,4%.

Ser feliz é o que se busca, mas não dá para ser feliz sozinho, assim é extremamente recomendado que tenhamos uma vida mais produtiva possível e mais participativa. Há diversos caminhos que podemos escolher, mas que nunca seja o egoísmo que nos guie, que aproveitemos este tempo extra para que nosso espírito evolua antes que o Alzheimer nos pegue na esquina.

Voltando ao texto de Régis “ A lição que devemos aprender é a de abrir o coração e o Espírito para o bem, aos ideais, à construção de relações de amor, de simpatia, nos caminhos da existência física.
Não se trata de mero expediente para garantir um lugar além da sepultura. Mas de uma condição necessária para que a vida seja exuberante e agradável, terna e sensível, aqui, agora, hoje, amanhã e depois.”.

Viver é melhor que sonhar, portanto vivamos melhor!

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Abrindo a mente - Sonda espacial New Horizon se aproximou de Última Thule por Alexandre Cardia Machado


Abrindo a mente – agosto 2019
Sonda espacial New Horizon se aproximou de Última Thule.

Acho que pouca gente já ouviu falar deste mini-planeta, asteróide ou planeta anão que orbita o nosso Sol, muito depois da órbita do rebaixado Plutão. Mas no dia primeiro deste ano esta nave espacial americana, lançada em 2006 e que já foi responsável por um razante sobre Plutão em dezembro de 2014, noticiada aqui, passou na sua proximidade.


Considero extraordinário o esforço humano pelo conhecimento, o empenho necessário, para planejar, corrigir a rota  a esta ditância enorme e aproveitar ao máximo as oportunidades de observação destes pequenos navegantes espaciais.

A Última Thule, é o corpo celeste mais distante e mais primitivo da Terra que foi visitado por uma sonda espacial. New horizon passou a 3,5 mil quilômetros de distância do planetinha.

Vejam como isso aconteceu, após sua passagem por Plutão, a sonda foi direcionada para um este asteroide, chamado então de 2014 MU69 e apelidado de “Última Thule” (nome de origem grega e latina que significa "além do universo conhecido"). Este objeto vinha intrigando os astrônomos desde sua descoberta em 2014 pelo telescópio espacial Hubble. Depois de mais de 4 anos de viagem (afinal, o objeto está a mais de 6,5 bilhões de quilômetros da Terra), no dia 1 de janeiro de 2019, pouco depois da virada do ano, a sonda atingiu o alvo.  

Esta foi uma grande demonstração da capacidade da mente humana, de aproveitar oportunidades, o Hubble havia recem fotografado  a Última Thule e a NASA reprogramou a tragetória para que este encontro fosse possível.

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Última Thule pertence ao cinturão de Kuiper, formado por asteróides além da órbita de Netuno. Ele é parte da classe de asteróides chamada "Clássico Frio", de objetos com órbita quase circular e com baixa inclinação, indicando que sofreram pouca perturbação desde sua formação (que se acredita ter sido na mesma época da formação do Sistema Solar). 
Evidentemente, não é um objeto onde se possa esperar encontrar nenhum sinal de vida. 
Ultima Thule é um binário de contato de tamanho total aproximado de 30km, com uma superfície com crateras de impacto de corpos menores e com os dois lóbulos quase idênticos de cor bastante avermelhada (lembra um amendoim). Os dados completos enviados pela sonda demorarão mais de 15 meses para chegar até nós e serem completamente analisados.
Mais uma clara evidência de que nem todos os “planetas” são habitados.

Para abrir a sua mente: https://www.on.br/index.php/pt-br/ultimas-noticias/525-new-horizons-ultima-thule.html - Nos limites do Sistema Solar: a passagem da sonda New Horizons pelo asteroide "Última Thule"

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quarta-feira, 28 de agosto de 2019

O maior desafio do Espiritismo é o próprio Espírita por Carol e Reinaldo di Lucia


O maior desafio do Espiritismo é o próprio Espírita - por Carol Regis di Lucia



Rodando pelos posts do Facebook pouco antes de dormir, apareceu uma atualização do perfil da Associação Espirita Mensageiros da Luz que não pude ignorar: era a escultura de um homem puxando uma carroça com dificuldade, tendo em cima sua própria cabeça, desproporcionalmente imensa. A legenda dizia: Nosso Ego é Nosso Fardo.



Fiquei pensando em tudo o que aquilo significava, especialmente vindo de um meio de comunicação Espírita. Me veio a sentença: o maior desafio do Espiritismo atual é o próprio Espirita e suas questões consigo mesmo. Antes de pensarmos em como resolver a falta de quórum, a questão da sucessão nas casas, os temas a abordar em grades de estudos (atualizar ou não), os modelos de comunicação para as novas gerações, precisamos re-conhecer os Espíritas.

Que algo aconteceu, e continua acontecendo, não há como negar. São depoimentos, observações, textos, impressões de diversos locais e culturas diferentes, no sentido de que o Espírita e a dinâmica doutrinária aplicada à prática já não é mais a mesma de antigamente. Obviamente, e não poderia ser uma vez que tudo muda, os tempos são outros, o mundo é absolutamente diferente da geração dos pais e avós Espíritas que fundaram os centros. O preocupante é que a conclusão de que essas mudanças não foram as ideais, como eram esperadas, não geraram os frutos pretendidos pelas gerações anteriores, reflete uma angústia quase paralisante nos frequentadores e dirigentes.

Cabem aqui as questões há tempos levantadas: evasão de frequentadores, politização do movimento, temas esgotados pela não atualização, ausência de núcleos jovens e infantis, baixo quórum de trabalhadores, sobrecarga dos atuais gestores, entre outras. Planos de melhoria, discussões, boas intenções não faltam no sentido de sanar grande parte desses entraves. Porém, todos se originam de análises externas, olhos que veem para fora e enxergam no outro e em ações programadas a solução do futuro do Espiritismo que queremos. Mas qual é o Espiritismo que queremos?  Quem são os Espiritas que queremos? Quem somos como Espiritas em 2019?
Filosofia que cuida do Ser, da alma, do Ente, o Espiritismo tem como ponto focal o Espírita. E este não sabe quem ele é. Está perdido na rotina do trabalho, do dia a dia, dos afazeres infinitos.

O Espirita não está conseguindo posicionar-se, encontrar o meio para ser Espirita e tudo o que isso implica: estudo, participação, dedicação, tempo. E o cenário onde ele vive impacta diretamente nessa condição indefinida em que se encontra, especialmente aqui no Brasil.

O país vive à flor da pele, uma epidemia de malemolência ética, onde hoje tudo pode, amanhã tudo é vetado. Os brasileiros sofrem de uma frouxidão moral momentânea, resultado de uma tomada de consciência politica e social inédita em um país historicamente paternalista. E como adolescentes no auge das mudanças, não sabem exatamente como agir, burlam regras, falam o que querem, experimentam novidades inconsequentemente. E nesse momento aparecem as fragilidades de cada um: falta de respeito ao próximo, ausência de sentimento de pertencimento, individualização exacerbada, busca pelo sucesso social atrelada à paradoxal falta de comprometimento geral. Impossível estar imerso nessa realidade e não ser abalado de alguma forma.  E o grande desafio é esse: tocar as pessoas de forma que elas reencontrem a si mesmas, refaçam o link da importância do Espiritismo em suas vidas.
E é nesse momento que o Espiritismo e os centros devem focar no retorno ao objeto principal: o Espírita. É papel deles trazer as origens de volta, de forma adaptada à cultura atual. Olhar para cada um, envolver-se genuinamente com cada participante, ajudar ao outro efetivamente, essencialmente. Talvez por isso as casas com cunho assistencialista ou com atividades relacionadas ao tratamento físico/espiritual tenham muito mais gente engajada, doando seu tempo à causa, ao estudo, ao próximo.  O grande desafio é ajudar os Espiritas a reposicionarem a cabeça no corpo, tirarem o ego da carroça, retomarem e inserirem a doutrina em suas rotinas, para que efetivamente torne-se prática nas demais instâncias do Ser.

Se o ego é nosso fardo, o Espiritismo deve ser nossa bússola. O Espirita precisa ver na doutrina o instrumento orientador nesse tumulto existencial momentâneo. E será a partir desse guia que poderemos retomar o curso, aprofundar os ensinamentos, retornar às origens repaginados.

Artigo publicado no Jornal Abertura de Julho de 2019 

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Refletindo sobre: o maior desafio do espírita é o próprio Espiritismo - por Reinaldo di Lucia

Na coluna do mês passado, Carol lançou-nos um desafio: como ressignificar o Espiritismo de modo a torná-lo, em suas palavras, “o instrumento orientador nesse tumulto existencial momentâneo”.
O grande desafio é como fazer isso, isto é, como, a partir de uma doutrina cuidadosamente construída há 150 anos, transformá-la para atender aos anseios e necessidades de uma sociedade que já se diferencia bastante daquela na qual o Espiritismo surgiu.

Ao analisarmos a história do surgimento dessa filosofia que vem, por todo este tempo, ajudando as pessoas com uma concepção de Universo positiva, humanista e progressista, percebemos que ela surgiu devido a uma necessidade social ou, pelo menos, de uma parte daquela sociedade. Naquele tempo, a Igreja desmoronava com os estertores da Inquisição e, assim, perdia cada vez mais tanto o poder temporal  quanto o religioso, já não conseguindo ser a bússola que as pessoas necessitavam. Por outro lado, a ciência, fonte legítima do conhecimento, não se preocupava com problemas que escapassem de suas rígidas limitações de objeto e método. Havia uma lacuna, bem grande por sinal.

Nesse campo, fértil de oportunidades, surgiu uma filosofia que se propunha a oferecer uma nova visão de homem e de mundo. Cresceu porque respondia àquelas necessidades humanas de conhecimento e consolação. Naquele tempo, o futuro parecia promissor, e a filosofia positivista, tanto quanto a espírita, previam que a evolução traria ao homem a felicidade e tranquilidade tão desejadas.
Infelizmente, isto não ocorreu. De lá para cá, tivemos duas guerras mundiais, vários conflitos locais e o retorno, 150 anos depois, de ideologias extremistas, como o neofascismo. A sociedade está cada vez mais polarizada, maniqueísta. Vivemos a época do “nós contra eles”, do 8 ou 80. Parecemos crianças que perguntam se tal pessoa é “do bem ou do mal”, ignorando a enorme complexidade e as múltiplas gradações que existem. Pensamos no preto ou branco, fechando os olhos ao fato que a vida é um composto de inumeráveis tons de cinza.

O que se observa na sociedade em geral repete-se no meio espírita. É triste vermos que, mesmo em nosso meio laico, livre pensador e humanista, não conseguimos nos livrar desta polarização. Não seguimos pelo caminho do meio, não primamos pelo equilíbrio, não praticamos a alteridade – seguramente um dos maiores pilares da ética espírita. Ao contrário, nos atacamos mutuamente, com uma dose de violência absolutamente contrária aos princípios espíritas.

Temos agora que realizar o processo inverso da época da criação da Doutrina Espírita, isto é, partir de uma visão de mundo já consolidada, visão esta que nos mostra o caminho de uma atuação ética no mundo em que vivemos, para retomarmos a importância do Espiritismo em nossas vidas. E isto numa sociedade em que a valorização do capital é maior que a do homem, em que o consumismo alcança patamares estratosféricos (mas em consonância com o estilo neoliberalista de viver), enfim, uma sociedade que valoriza muito mais a informação rasa das redes sociais ao conhecimento aprofundado do estudo sério e consistente.

O Espiritismo precisa voltar a ser a bússola ética do espírita. É imprescindível que nós espíritas compreendamos que precisamos viver como espíritas, praticando a alteridade, compreendendo as nuances do nosso cotidiano e nunca esquecermos que não somos donos da verdade, que podemos estar errados e que só crescemos no confronto respeitoso de ideias.

Artigo publicado no Jornal Abertura de agosto de 2019

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Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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quinta-feira, 18 de julho de 2019

Livro - Novo Pensar Sobre Deus, Homem e Mundo: Livro de Jaci Régis


Livro - Novo Pensar Sobre  Deus, Homem e Mundo:

Em 2009 no 11° Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, Jaci Régis apresentou e lançou, aquele que seria seu último livro.



Em 2013 o grupo de estudos do ICKS que desenvolveu um trabalho chamado: Exposição – SBPE 26 anos abrindo espaço para novas idieas - sobre o impacto do SBPE no Movimento Espirita. Neste evento escrevemos em nosso trabalho o seguinte: “ Como reconhecimento especial e também como uma homenagem, destacamos os trabalhos de Jaci Régis o criador do SBPE, pelo brilhantismo, inovação das ideias e pela incansável persistência no trabalho de renovação e grande amor ao Espiritismo”. Jaci Régis teve a sua desencarnação no dia13 de Dezembro de 2010.

Novo Pensar Sobre  Deus, Homem e Mundo:

Este livro que trata de pontos tão sensíveis aos seres humanos, nas palavras do autor extraída do primeiro capítulo assim discorre: “  Um novo pensar sobre Deus começará por deixar de lado o Deus Jeová, as afirmativas bíblicas e, de modo geral, as teorias  que fazem dele uma pessoa.
As palavras do louco de Nietzsche sobre a morte de Deus não devem ser tomadas como blasfêmia mas como a exclamação maior da decepção com o amor de Deus.

Este livro também está disponível em pdf, grátis:


O Deus que Nietzsche matou é esse criado à semelhança das pessoas e cultuado, imposto pelas teologias de todos os tempos.

Isso não significa  a completa e satisfatória resolução da questão divina. Nem elimina a crença em Deus.

O que colocar em nossa mente a respeito de Deus. em substituição ao modelo rejeitado? É difícil fugir da realidade sensorial. Quando pensamos criamos imagens. Atendendo a essa necessidade do ser humano, todas as crenças criaram imagens concretas dos entes invisíveis.

Pensamos em Deus como “alguém”. Mas um “alguém” transcendendo o  delineamento corporal que nos dá o sentido das coisas. Deus continua invisível. O silêncio é a resposta das preces e imprecações. Há até um ditado “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Daí a dificuldade de pensar num Deus sem face, sem corpo, sem imagem.

Mas Deus é o que é, não o que queremos que seja.

Isso nos autoriza a pensar em Deus sem imagem, limitações e sem ser uma pessoa.
O que seria então?

Não temos como saber, atualmente.

Todavia, a sua presença se faz na visão macro da vida, no encaminhamento através do tempo, que resulta invariavelmente no benefício da pessoa. Tudo começa no nível microscópico  num desenrolar dinâmico, atemporal dos elementos envolvidos para surgir, depois, um corpo, um animal, um primata, um homem, como conseqüência da seleção das espécies, da sobrevivência dos modelos mais resistentes transmitindo DNA que cria a cadeia genética.

O novo pensar vê nesse extraordinário poder de  desenvolvimento seqüencial dos seres a presença da inteligência divina. Na semente, como no embrião, existem códigos perfeitos que no ambiente adequado produzem a árvore e os frutos, o feto, a criança, a pessoa humana.

Assim como a ciência não sabe como esses fatores começaram a interagir, assim também não sabemos como a inteligência divina intervém para  dotar a natureza de princípios básicos, genéticos, que redundaram no panorama atual da Terra.

Entretanto, o novo pensar sobre Deus refaz o entendimento da relação divina com o ser humano.
Liberta-nos das cadeias de pecado, punição, morte e castigo que definem o Deus Jeová travestido no Deus cristão de amor, misericórdia e justiça.

O crente pergunta, onde está o Deus onipotente que não atua para eliminar o mal, punir os que praticam crimes e não salva e cura livrando-nos da morte?

A decepção provém do que se fala e diz sobre o amor de Deus.

A natureza não é lírica, mas objetiva, eficiente. Todavia não é perfeita. Esse paradoxo  precisa ser entendido:  a imperfeição dentro da perfeição.

Ou seja,  a perfeição absoluta atribuída à divindade comporta a imperfeição dinâmica dos processos evolutivos.

Um novo pensar sobre Deus nos conduz à compreensão de que a dinâmica da vida, em qualquer dos setores em que se manifesta, prima pela criação de  ambientes de oportunidade, seleção e superação.
Podemos questionar porque as coisas são assim. Todavia elas são assim.

O novo pensar sobre Deus pensa que o objetivo da vida é a felicidade.

A inteligência divina proporciona meios para isso, no tempo, através da lei da evolução.

A singularidade individual se envolve no processo para adquirir a sua própria identidade como ser único, imortal, progressivo, atemporal. O novo pensar sobre Deus tenta harmonizar a presença divina com  as necessidades do ser humano, oferecendo um conjunto de leis e sistemas vivenciais que abrem oportunidade de resolução dos problemas.

Dar atributos morais a Deus e sua transformação numa pessoa é fruto da criação da divindade à nossa imagem. Neste modelo não existe espaço para a personalização do Ser Supremo, nem cabe o estabelecimento de atributos, que o humanizariam, porque o paradigma disponível para pensar as virtudes é o humano.

O novo pensar começará por estabelecer que o universo não é estruturado, mas delineado. Seria, metaforicamente talvez, uma projeção da intenção divina, inteligência suprema e causa primária, centro ordenador e controlador, manifestado através da Lei Natural. Porque onde há Lei existe necessariamente controle.

A Lei Divina ou Natural está na base do universo, regulando a vida. Ela exprime a sabedoria divina na condução da humanidade, só apreciada ao longo do tempo.

A Lei divina ou natural, não cogita de julgar, condenar. Ou seja, Lei Natural não é uma lei moral. Ela controla a vida universal estabelecendo uma diretriz positiva que sobrevive e se impõe no aparente caos e nos limites do livre arbítrio.

E a Lei Natural está inscrita no Espírito através do processo evolutivo.

A existência da Lei Natural como centro irradiador do pensamento divino, é fundamental para compreender como o universo pode ser simultaneamente controlador e caótico. Para argumentar sobre essa polarização, poderíamos  aplicar a definição do elétron que pode ser substância e onda, sem alterar a estabilidade universal.

A Lei Natural exprime a sabedoria divina, com mecanismos extremamente competentes, estabelecendo o ritmo e a sucessão dos fatores com o fim de equacionar, no universo energético, tanto quanto no universo inteligente, o princípio do equilíbrio. Atuando através da lei de causa e efeito ou ação e reação, ferramenta de busca do equilíbrio, pela reciprocidade dos fatores.

Reside no campo moral, no campo das inteligências menores que somos nós, nos nossos anseios e esperanças, medos e expectativas, o principal problema.

Quem somos e porque somos. Eis a questão.


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