segunda-feira, 10 de maio de 2021

Mediunidade de Cura - por Alexandre Cardia Machado

Mediunidade de Cura 

Neste ano de 2021 resolvi publicar uma série de artigos sobre este tema, vou adicionar todos neste mesmo link, assim que, se você gosta do assunto, salve este link.

Alexandre Cardia Machado

 

Allan Kardec trata do assunto especialmente no Livro dos Médiuns na questão 175 / 176 – Médiuns curadores, de onde destacamos:

“Diremos apenas que este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que magnetismo. Evidentemente o fluido magnético desempenha aí importante papel, porém quem examina cuidadosamente o fenômeno sem dificuldade reconhece que há mais alguma coisa”.

“Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo”.

“5ª Há pessoas que verdadeiramente possuem o dom de curar pelo simples contato, sem emprego dos passes magnéticos? – certamente; não tens disso múltiplos exemplos?”

“6ª Nesse caso, há também ação magnética, ou apenas influência dos Espíritos? – Uma e outra

Coisa. Essas pessoas são verdadeiros médiuns, pois que atuam sob a influência dos Espíritos; isso, porém, não quer dizer que sejam quais médiuns escreventes, conforme o entende”.

No ano de 1991, fazíamos parte do GPCEB – Grupo de Pesquisas Científicas Ernesto Bozzano, formado por cinco jovens oriundos da MEEV – Mocidade Espírita Estudantes da Verdade do Centro Espírita Allan Kardec (CEAK) de Santos e fomos procurados pelo médium de curas que reside em Santos – Bernardino Pereira Via Júnior, então com 24 anos. Ele veio ao CEAK indicado pelo médium Chico Xavier, que lhe dissera, procure o CEAK, por que lá eles estudam os fenômenos espíritas.

O Médium nos procurou para que fizéssemos uma investigação dos fenômenos que ele vinha desenvolvendo em seu Centro Espírita.

Nosso grupo era formado na época por: Ademar Arthur Chioro dos Reis, Alexandre Cardia Machado, Marcelo Coimbra Régis, Reinaldo di Lucia e Vladmir Grijó. Depois Gisela Régis Henrique se juntou ao grupo. Fizemos uma reunião com o médium Bernardino num domingo pela manhã no CEAK e resolvemos investigar os trabalhos por ele desenvolvidos.

Desta primeira experiência surgiu um trabalho que foi apresentado no III SBPE – Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita em 1993, assim denominado: Caso Friermann: Pesquisa de um caso que sugere cura espiritual através de médium.

O caso Friermann:

Este estudo nos abrigou a trabalhar em quatro campos ao mesmo tempo:

1.       Pesquisa de campo;

2.       Pesquisa biográfica de outros médium curadores;

3.       Seleção de pacientes que seriam utilizados para avaliar a eficácia do diagnóstico;

4.       Investigação Espiritual – utilizando o Espírito chamado Dr. Porchat, médico que trabalha há mais de 50 anos no CEAK.

Para que isto fosse possível desenvolvemos um projeto de pesquisa, nesta época nosso companheiro de GPCEB, Ademar Arthur acabava seu mestrado e desenvolveu o projeto de pesquisa de campo, de nossas leituras identificamos um estudo realizado com o médium José Arigó que poderíamos reproduzir, mas desta vez com muito mais controle.

Desta forma decidimos avaliar a capacidade do conjugado Médium/ espírito diagnosticar os pacientes, sem que nenhum deles pudessem conversar, assim o processo era o seguinte:

1.       Dr. Ademar selecionava os pacientes que concordassem em passar pelo tratamento médico espiritual;

2.       Dr. Ademar fazia anamnese, conferia os registros médicos e passava ao grupo de campo, o nome da pessoa – ninguém do grupo de campo sabia nada sobre o diagnóstico e acompanhávamos o paciente na primeira vez que eles se apresentavam para tratamento.

3.       Gravávamos tudo que o médium dizia e preenchíamos a ficha correspondente ao paciente, o paciente neste primeiro contato não podia falar nada;

4.       Os pacientes poderiam ou não seguir com o tratamento, nosso objetivo era apenas detectar o percentual de acerto no diagnóstico, na primeira sessão o espírito observava o paciente e dava o diagnóstico em média em 3 minutos;

5.       Como o processo era de duplo cego, só calculamos o resultado dos acertos ao final do período de testes.

O estudo de comparação que nos utilizamos está descrito no livro: Arigó o cirurgião da faca enferrujada, editora nova época – Fuller, John G. A diferença entre os dois estudos é que a equipe americana, entrevistava as pessoas na fila, antes de serem tratadas, anotava a queixa e comparava com o diagnóstico do Espírito do dr. Fritz. Em nossa pesquisa, como já explicamos tratávamos com pacientes que passavam por consultório e o diagnóstico era muito mais preciso. Em ambos os casos os pacientes não podiam falar com o médium / espírito.

Uma vez feito este trabalho nos dedicamos ao desenvolvimento do processo de mediunidade de cura, apresentamos em 1995, em Porto Alegre, no IV SBPE um trabalho denominado: Estudo Metodológico da Mediunidade de Cura.

A sinopse de inscrição do trabalho foi a seguinte:

Durante o período em que o GPCEB elaborava a pesquisa de campo do médium e Espírito Bernardino / Friermann, tratamos de arguir um conjunto de médicos espirituais a respeito de uma série de questões relacionadas à mediunidade curadora e o seu processo.

Para a realização deste trabalho se fez necessário a realização de 12 sessões mediúnicas nas quais concorreram quatro médicos espirituais. São eles os Dr. Friermann, dr. Porchat, Dr. Ângelo e Dr. Sérgio.

Para tanto foi desenvolvido um questionário com 52 questões.

Ao longo do ano, na coluna Abrindo a Mente estaremos trazendo detalhes destas e outras pesquisa sobre este tema tão controverso, como a mediunidade de cura.

Abrindo a mente – Mediunidade de Cura – primeira parte

Estaremos em 2021 fazendo uma série de artigos cobrindo diversos aspectos da chamada mediunidade de cura, começaremos por onde sempre devemos nos basear, em Allan Kardec.

No ano de 1867, em várias edições da Revista Espírita, Allan Kardec mencionou, comentou e tratou da mediunidade curadora.

Na edição de outubro de 1867, assim se refere Kardec “Há mais de dois anos os espíritos nos haviam anunciado que a mediunidade curadora tomaria grandes desenvolvimentos, e se via um poderoso meio de propagação do Espiritismo. Até então não tinha havido senão curadores operando, por assim dizer, na intimidade e sem ruídos. Dissemos aos Espíritos que, a propagação fosse mais rápida, era preciso que eles fossem muito poderosos para que as curas tivessem repercussão no público. Isto acontecerá, foi a resposta, e haverá mais um”.

Na mesma edição, numa comunicação datada de 12 de março de 1867, o abade príncipe Hohenlohe, que foi médium curador quando encarnado, afirma, através de médium Desliens que mediunidade curadora “é chamada a desempenhar um grande papel no período atual da revelação”.

Médicos – Médiuns

No artigo sobre a condessa de Clérament, que possuía faculdade curadora, embora sem se dizer médium ou espírita, Kardec a chama, devido aos seus conhecimentos de plantas medicinais e de medicina, embora não fosse médica, de “médicos-médiuns, como também haveria os médiuns-médicos”.

Kardec expõe que, sendo a mediunidade curadora uma faculdade capaz de ser desenvolvida por pessoas de variadas posições, não haveria surpresa que entre os médiuns, muitos fossem também médiuns. Então, haveria uma ligação, pois, estes “à ciência adquirida, juntarão as faculdades mediúnicas especiais”.

“O Médium curador, deve usar sua mediunidade gratuitamente (...) deve achar os meios no trabalho ordinário, como o teria feito antes de conhecer a mediunidade”. Isso porque “a faculdade do médium curador nada lhe custou; não lhe exigiu estudo; nem trabalho; nem despesas; recebeu-a gratuitamente”. Por isso ele não deve dar “ao exercício de sua faculdade senão tempo que lhe pode consagrar materialmente. Se tira este tempo de seu repouso e se emprega em tornar-se útil aos seus semelhantes o que teria consagrado a distrações mundanas, é o verdadeiro devotamento e nisto só tem mais mérito. Os Espíritos não pedem mais e não exigem nenhum sacrifício desarrazoado. Não se poderia considerar devotamento e abnegação o abandono de seu trabalho para entregar-se a um trabalho penoso e mais lucrativo”.

Quanto aos médicos e no seu campo, os psicólogos clínicos, acrescentaríamos que, também sejam médiuns, Kardec vê a coisa diferente. São profissionais que possuem um gabarito científico. “ A medicina é uma das carreiras socias que se abraça para dela fazer uma profissão e a ciência médica só se adquire a título oneroso, por um trabalho assíduo, por vezes penoso;  o saber médico é, pois, uma conquista pessoal, o que não é o ocaso da mediunidade”, argumenta Kardec.

Finaliza Kardec; “ se, ao saber humano, os Espíritos juntam seu concurso pelo dom de uma aptidão mediúnica, é para o médico um meio a mais para se esclarecer, para agir mais segura e eficazmente, pelo que deve ser reconhecido, mas não deixa de se médico, é a sua profissão, que não deixa para ser médium”.

Kardec finaliza recomendando que o médico-médium não pode deixar de ser médico e tornar-se um médium profissional. E acrescenta “saberá conciliar seus interesses com os deveres de humanidade”.

Para abrir a sua mente: Leia a revista Espírita – ano de 1867.


Metodologia para provar as curas espirituais

Voltando ao ano de 1986 durante a realização do 7° Congresso Espírita Estadual da USE, o dr. Abrahão Rotberg, professor de Dermatologia e 2° vice-presidente da Associação Médica Espírita de São Paulo, apresentou trabalho sobre “Metodologia da Avaliação das Curas por Entidades Espirituais”.

Os conceitos apresentados pelo dr. Rotberg causaram repercussões negativas em muitos congressistas, que diante do rigor da metodologia proposta, chegaram até a perguntar, se ele era realmente espírita. Este congresso foi o estopim da separação do grupo de Espíritas laicos da USE.  O choque se deu pela abordagem e pela falta absoluta de qualquer rigor científico na análise dos fenômenos mediúnicos ocorridos nos Centros Espíritas e a facilidade com que a maioria se entrega, deslumbrada, a médiuns curadores que, vez por outra, surgem como portadores de cura de todas as doenças, fazendo operações, inclusive com instrumentos cirúrgicos.

O Jornal Espiritismo e Unificação, antecessor de nosso ABERTURA em outubro de 1986 publicou um resumo que disponibilizaremos no blog do ICKS para revisão de nossos leitores.

O trabalho escrito pelo dr. Rotberg era e segue sendo muito sério, calcado em princípios rígidos, que na verdade são os que, efetivamente podem levar a uma avaliação correta e segura se a cura é realmente proveniente de entidades espirituais. Neste artigo faz-se um resumo da proposição do dr. Rotberg.

Segundo o dr. Abrahão, a cura de doenças orgânicas e funcionais por ação de entidades espirituais é francamente admitida pelo Espiritismo kardequiano. Por isso, afirma que “o médico espírita admite, portanto, a possibilidade da intervenção do mundo espiritual nos mecanismos, ainda que apenas por coerência com a doutrina que abraçou”.

Entretanto, adverte que “transformar essa possibilidade em probabilidade ou certeza, é problema completamente diferente. “Será necessário, como em todas as outras ciências, instituir uma metodologia de trabalho que possa produzir provas satisfatórias desse tipo de atividade espiritual”.

Exigências metodológicas:

Exigência n°1 - O diagnóstico correto e documentado e fundamentado da doença que se pretende curar antes de iniciar o tratamento de cura espiritual.

Exigência n°2 - Exclusão de doenças espontaneamente involutivas, ou seja, doenças involutivas por mecanismos imunológicos, salvas algumas exceções por ele informadas.

Exigência n° 3 - Exclusão de doenças psicossomáticas e/ou influenciáveis por psicoterapia, para evitar que a cura não se dê pela fama do médium ou do local onde se realiza junto com psicoterapia.

Exigência n° 4 – ausência de terapêutica paralela, considerando claro que o objetivo é a prova da cura espiritual por via mediúnica, uma terapêutica paralela poderia ser a causadora da cura.

Exigência n° 5 – Exclusão da possível atividade curadora direta do próprio médium, ou seja, o médium pode ser capaz de animicamente ajudar pelo passe a cura do doente.

Exigência n° 6 – exigência de acompanhamento da evolução por médico especialista

Exigência n° 7 – exigência de ambiente reservado e calmo

Exigência n° 8 – exigência de documentação científica e comunicação ética

Em conclusão estas exigências podem ser excessivas e rigorosas, mas, haja visto o que é feito pela ANVISA no caso das vacinas de COVID-19, nada do que se pede aqui está em desacordo com a ciência, se quiséssemos determinar a validade ou efetividade de um tratamento espiritual de cura, todo este processo deveria ser seguido.

Para abrir mais a sua mente: veja o artigo completo no blog do ICKS - Metodologia para provar as curas espirituais – Dr. Abrahão Rotberghttps://www.blogger.com/blog/post/edit/8190435979242028935/7213755444912145183


Página 6 – Estudo metodológico da Mediunidade de Cura - IV – SBPE – Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita – Porto alegre -1993.

 

No artigo inicial desta série descrevemos a pesquisa realizada pelo GPCEB – Grupo de Pesquisas Científicas Ernesto Bozzano, formado por cinco jovens oriundos da MEEV – Mocidade Espírita Estudantes da Verdade do Centro Espírita Allan Kardec (CEAK) de Santos. Formado na época por: Ademar Arthur Chioro dos Reis, Alexandre Cardia Machado, Marcelo Coimbra Régis, Reinaldo di Lucia e Vladmir Grijó e Gisela Régis Henrique.

Leia o texto completo no link abaixo:

https://www.blogger.com/blog/post/edit/8190435979242028935/7494983987218963669


Desta primeira experiência surgiu um trabalho relatado em Janeiro e que foi apresentado no III SBPE – Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita em 1993, assim denominado: Caso Friermann: Pesquisa de um caso que sugere cura espiritual através de médium.

Durante o período em que o GPCEB elaborava a pesquisa de campo do médium e Espírito Bernardino / Friermann, tratamos de arguir um conjunto de médicos espirituais a respeito de uma série de questões relacionadas à mediunidade curadora e o seu processo.

Para a realização deste trabalho se fez necessário a realização de 12 sessões mediúnicas nas quais concorreram seis médicos espirituais. São eles os Dr. Friermann, dr. Porchat, Dr. Ângelo e Dr. Sérgio, dr.Ivon Mesquita e dr. João Neves.

Para tanto foi desenvolvido um questionário com 52 questões.

Ao longo deste ano digitalizaremos o trabalho e o disponibilizaremos no blog do ICKS.

O trabalho aborda a questão sob a ótica dos médicos desencarnados.

Destaques do trabalho:

Da Evocação dos espíritos:

Quando decidimos aprofundar a pesquisa tratamos de informar a equipe Espiritual do CEAK da necessidade de contarmos com um grupo de médicos Espirituais que nos possibilitassem ampliar o grupo pesquisado. Isto foi prontamente atendido, fato que deve ser destacado, porque, de uma forma geral a evocação direta, não tem sido bem sucedida, nas nossas reuniões de pesquisa.

Durante este período de pesquisa pudemos contar com várias reuniões onde tivemos 3 médiuns atuando ao mesmo tempo permitindo o debate entre as entidades e a equipe do GPCEB.

Marco Teórico Referencial:

Foram feitas 20 perguntas, com sub questões, totalizando 29 respostas.

Apresentaremos como ilustração apenas uma perguntas e resposta dada pelo Dr. Ângelo.

- Quais são as bases da cirurgia espiritual em termos conceituais?

Temos um material completamente diferente do que vocês usam. Mas usamos os instrumentos que são necessários, nosso campo é mais atuante no campo vibratório, nós conseguimos armazenar as vibrações dos amigos que estão neste grupo e vamos levar a estas criaturas (refere-se às pessoas que estão sendo tratadas) tudo aquilo que nós conseguimos, e durante a noite, muitas vezes o tratamento é demorado, não é imediato, não é um processo milagroso também, onde se toca e a ferida cessa, não. Muitas vezes temos o trabalho bem longo.

Continuaremos a descrever este trabalho nos próximas edições.

Para saber mais: Estudo metodológico da Mediunidade de Cura - IV – SBPE – Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita – Porto alegre -1993 a ser disponibilizado no blog do ICKS.

 Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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sexta-feira, 23 de abril de 2021

Livro Caminhos da Liberdade de Jaci Régis

 

Jaci Régis publicou no Abertura uma série de artigos aos quais denominou Lendo Meus livros, destacamos alguns tópicos:

Em 1990 Jaci reúne alguns destes artigos, criando um livro que poderia se enquadrar como de auto-ajuda.

“Era meu desejo, incentivado por vários amigos e leitores, reunir as crônicas mensais publicadas no jornal ABERTURA, num livro. Reuni 30 crônicas que me pareceram mais interessantes. O livro foi editado na época mais grave das dissensões doutrinárias e por isso não teve maior repercussão. ...



Na contra capa publiquei um fragmento do texto que explica muito bem o sentimento de liberdade que está no cerne de todas as crônicas”.

“Um dia, como uma brisa muito fresca e suave, senti que era livre. Essa sensação não me veio de uma súbita revelação ou milagre divino. Nem propriamente fruto de conhecimentos extraordinários. Mas porque, por muitos motivos, andanças, reflexões, fracassos e lágrimas, percebi que já não tinha medo de errar. Que a vida não era uma atitude linear, mas ondulante, cíclica.

Vi que podia abandonar velhas ideias, sem perder a minha base. Que era possível questionar o que julgava verdade revelada, acabada, porque a Verdade me parecia mais criativa e mais fascinante. Encontrei um caminho de acesso a ela. Sem sonhar que tenha “toda” a verdade. É apenas uma abertura, uma ruptura, um começar;

Se alguém alegar que me acho louco por ter coragem de fazer tão intempestiva, quanto pretenciosa afirmação, que resposta darei senão que todo caminho da liberdade e a busca da verdade são sempre uma verdadeira loucura?”

Aproveitamos que Egydio Régis, vem homenageando e trazendo a luz através de um diálogo com Jaci, por suas obras possamos saber um pouco mais deste grande espírita. 

Desta forma passamos ao leitor detalhes desta grande obra que pode ser adquirida no ICKS, através do e-mail: ickardecista1@terra.com.br. No Brasil, incluíndo a remessa pelo correio, custa R$ 12,00. Um esforço que o ICKS faz, reduzindo o valor do livro para que você nosso leitor possa adquirí-lo.

terça-feira, 13 de abril de 2021

O Espiritismo é de direita, de esquerda ou ...? por Marco Videira

 

O Espiritismo é de direita, de esquerda ou ...?

A igreja Católica possui uma diretriz clara, de 1994, que diz: “um padre deve se abster de se envolver ativamente na política”. Como o Espiritismo não possui um porta voz oficial, apesar de que de fato, alguns se intitulam “donos”, quero dizer que os espíritas devem sim se posicionar de forma explícita a favor de correntes políticas, que julguem válidas, mas não devem levantar a bandeira de alguma corrente política, como se fosse uma posição formal do Espiritismo, ou seja, cada um assuma a sua posição política, mas não o faça dizendo que é uma posição oficial do Espiritismo.



Marco Videira - 15° SBPE

Similar ao que o Papa Francisco prega “a igreja é chamada a formar consciências, não a pretender substituí-las”, entendo que o papel do Espiritismo deva ser o mesmo, ou seja, formar consciências a respeito da necessidade de entendermos as complexas relações interpessoais advindas de vidas pretéritas. Só o Espiritismo possui essa visão e por isso, os espíritas têm o dever de se posicionarem longe de contendas que nada contribuem para o nosso aperfeiçoamento moral.

Atualmente no Brasil enfrentamos todas as formas de polarização, o que reduz o debate a um ponto simplista: comunistas ou fascistas. Infelizmente essa situação não é uma exclusividade do Brasil. Vemos ao redor do mundo o crescimento de uma polarização virulenta e violenta, haja vista o ocorrido recentemente nos USA, por ocasião da derrota do Donald Trump na recente eleição presidencial.

Segundo o jurista Ives Gandra da Silva Martins: “a ideologia é a corrupção de ideias, que não respeita a opinião alheia”.

Uma vez que a Terra não é plana e Noé não  pode ter ficado 370 dias numa arca carregando perto de 2.000 animais!, sempre é bom recorrermos aos cientistas, para podermos entender melhor como se processa o nosso cérebro, no tocante à absorção de conceitos, que vão de encontro aos conceitos previamente estabelecidos.

Segundo Paulo Boggio, psicólogo do Laboratório e Neurociência Cognitiva e Social da Universidade Mackenzie, a característica fundamental do ser humano é a aproximação com aqueles que pensam de maneira parecida. Com o passar do tempo, as convicções semelhantes são reforçadas e se tornam difíceis de serem mudadas.

Essa lógica ajuda a entender os motivos para a polarização radical nas discussões sobre política, que não cede espaço a visões mais moderadas, mesmo se houver provas contundentes: desvio do dinheiro público, flertes com o autoritarismo etc.

Tal situação (dificuldades na absorção de novos conceitos) é confirmada por Max Rollwage – psicólogo e neurocientista: “com a avalição dos mecanismos neurais, mostramos que, em determinado ponto de confiança sobre uma crença, o cérebro simplesmente não processa as novas informações”. Tal confirmação foi possível utilizando um scanner de magneto-encefalografia, onde os pesquisadores acompanharam a atividade cerebral durante o processo de tomada de decisões. A explicação para o comportamento se tornou química: o cérebro apresentou “pontos cegos” quando recebeu informações contraditórias, mas continuou sensível àquelas que confirmavam a escolha inicial. Em resumo, os conceitos preestabelecidos estão tão arraigados no cérebro que o indivíduo resiste a absorver percepções diferentes.

Citando, outra vez, o jurista Ives Gandra: “conciliar a natureza humana com os ideais de uma política de debate elevado parece inconcebível”.

Particularmente, vejo que o avanço da idade vai ao encontro do acima exposto e contribui enormemente para que não ocorram mudanças em nossos conceitos.

Retomando ao tema se o Espiritismo deve ter uma posição política, reforço que logo no início deste texto, deixei o meu posicionamento: o Espiritismo não deve ter posicionamento sobre tal tema, mas sim os espíritas. Não podemos ou devemos levantar uma corrente partidária, querendo envolver o nome do Espiritismo, pois ao aderirmos a uma ou a outra corrente política, estaremos nas mãos de pessoas que dirigem os partidos, ou seja, seres humanos falíveis, pois como disse Kardec: o egoísmo e o orgulho são os grandes males da humanidade, ou seja, a adesão a uma corrente política pode colocar o Espiritismo num “buraco”.

Por volta do ano de 1960 houve uma tentativa do movimento espírita em fundar um partido político espírita! Ora, o Brasil possui hoje 33 partidos, sem contar as centenas que aguardam análise para ingressarem na divisão do cobiçado Fundo Partidário (em 2020, por ter sido um ano eleitoral, o Fundo Partidário foi acrescido do Fundo Eleitoral e perto de 3 bilhões de reais foram entregues aos partidos). Quantas vacinas compraríamos com tal valor? Quantos auxílios emergenciais poderíamos dedicar aos necessitados?  O total de partidos (33) é bem superior a qualquer possiblidade de existências de linhas ideológicas distintas. Desse total, segundo levantamentos feitos pela imprensa, 15 são de direita, 11 de esquerda e 7 do centro (isso sem entrar nos detalhes se são da extrema direta, extrema esquerda etc.).

No livro dos Espíritos encontramos várias perguntas elaboradoras por Kardec à plêiade de espíritos, que o auxiliaram na elaboração de tal livro e as respostas podem nos levar ao direcionamento de uma ou outra corrente política, pois vejamos as respostas às questões abaixo:

·         795 – Quanto mais se aproximam da vera justiça, tanto menos instáveis são as leis humanas e tanto mais estáveis se vão tornando, conforme vão sendo feitas para todos e se identificam com a lei natural.

·         806 - As desigualdades desaparecerão quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar. Quando isto ocorrer, restará apenas a desigualdade do merecimento.

·         811 – Não é possível a igualdade absoluta das riquezas, pois isso se opõe a diversidade das faculdades.

·         875 e 876 – Respeito aos direitos dos demais “queira cada um para os outros o que quereria para si mesmo”. A vida social outorga direitos e impõe deveres recíprocos.

·         878 – “A subordinação não se achará comprometida, quando a autoridade for deferida à sabedoria”.

·         881 – Por meio do trabalho honesto, o homem tem o direito de acumular bens que lhe permita repousar quando não mais possa trabalhar. Desta forma, a propriedade que resulta do trabalho é um direito natural, sem prejuízo de outrem.

·         883 – O desejo de possuir é natural, mas acumular bens sem utilidade para ninguém é puro egoísmo.

É óbvio que a interpretação das respostas às perguntas acima enumeradas vai de cada um, por isso, fico com a frase do companheiro espírita argentino Gustavo Molfino; “tomo o melhor de cada partido político e faço as minhas próprias reflexões”. Da mesma forma, entendo que devemos tomar as posições espíritas e fazermos a nossas próprias reflexões.

Como espíritas não podemos optar pela neutralidade, pois devemos buscar alcançar o tripé: liberdade, igualdade e fraternidade.  Segundo o IBGE, no Brasil vivem 65 milhões de pessoas com menos de U$ 5,50 por dia, o que equivale viver com menos de um salário mínimo por mês.

A incúria de qualquer governo que permita a fruição de riquezas por poucos deve ser contestada de forma contundente, utilizando os mecanismos legais que dispomos.

Por fim, vejo que esse sistema binário: esquerda ou direita, na minha humilde visão, está ultrapassado e não consegue apresentar uma alternativa viável à sociedade. Como espíritas, que temos o conhecimento das influências de vidas passadas na vida atual e os consequentes desdobramentos nas vidas futuras, devemos procurar formas que contribuam para um mundo preocupado com as questões ambientais, respeitos aos movimentos  LGBTQI+, defesa da mulher, liberdade das crenças religiosas, educação, segurança, saúde de qualidade para todos. Enfim, simples assim...

Marco Videira é Administrador de Empresas e reside em Santos

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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terça-feira, 6 de abril de 2021

O que fazer para não perder o rumo - por Cláudia Régis Machado

 

Perder o rumo

“A sinalização muda, o vento sopra em sentido contrário, o norte de repente vira sul, o leste vira oeste. É fácil sair do prumo, perder o rumo.”

Prumo ou rumo? Aqui não faz diferença. As duas expressões são válidas aqui, pois quando esta situação ocorre, sentimo-nos à deriva, frágeis e vulneráveis, ficamos perdidos.



A vida nos surpreender muitas vezes nos empurrando para fora do prumo; fazendo-nos perder o rumo.

Quem nunca perdeu o rumo? Muitas situações podem nos levar a este estado. Perdas de entes queridos, mudança de rotina, aposentadoria, o “ninho vazio”, doenças etc., são momentos ou melhor eventos que nos tiram o chão estabelecido, balançam a nossa estabilidade costumeira.

Na maioria das vezes não sabemos lidar com as surpresas da vida, porém perder o rumo faz parte da dinâmica da vida, porque ninguém está livre destes acontecimentos. Perder o rumo, sair do prumo não dever ser uma condição de permanência e sim uma situação que nos convida a exercitar novos olhares e sentimentos.

Pede reflexão de como e o que fazer para sair dessa, como voltar ao prumo, a sensatez, o discernimento e como alinhar-nos novamente.

Esta ocorrência acontece com os espíritas? É lógico que sim somos humanos, estamos inseridos na vida, sujeitos a todos os eventos que dela ocorrem. Mesmo os que tem compreensão espírita não são perfeitos, vacilam. O que pode fazer diferença para sair desta posição é a estrutura emocional, a filosofia e estilo de vida adotado que são recursos que facilitam melhores saídas para estes eventos.

A Doutrina Espírita nos ensina a olhar o mundo de forma diferente. A Doutrina Espírita, otimista na sua visão de mundo, com o seu primordial eixo - a evolução constante, mostra-nos a importância de superar a dificuldade com positividade e entrever o futuro com perspectiva de crescimento e aprendizagem.

Quantas vezes não falamos ou pensamos que precisamos de algo novo? Talvez seja uma ocasião oportuna para traçar um roteiro que renove as nossas energias, desapegar das coisas antigas é uma boa escolha. Tornemo-nos criativos em busca de soluções para uma vida mais alegre e voltadas para o bem.

O espiritismo nos impulsiona a agir no bem e com isto nossa frequência vibratória pode se ligar a pensamentos, discursos e ações do bem. Opte por algo que te deixe feliz e que seja mais fácil de realizar.

Vislumbre mais uma vez que a vida pode nos oferecer diversas coisas incríveis, se nos permitimos. Muitas vezes quando não conseguimos sozinhos podemos buscar ajuda do grupo e dos amigos espirituais (visíveis e invisíveis) ou de uma ajuda psicológica é uma chance de equilibrar-nos.

Encare como fim de um ciclo.

A Doutrina Espírita ajuda no entendimento e aperfeiçoamento do próprio indivíduo e uma ferramenta fundamental para o sustento da nossa existência e abrir novos horizontes.

Nesta busca para entrar no rumo o espiritismo instrumento poderoso para podermos alcançar a desejada paz interna, capaz de tranquilizar nossa mente e acalmar nossos corações.

 Cláudia Régis Machado

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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terça-feira, 23 de março de 2021

Nosso mundo, nossa casa - editorial ABERTURA Janeiro-Fevereiro 2021 - Alexandre Cardia Machado

Nosso mundo, nossa casa 

A regra universal é o seguinte, a mudança é uma constante, se você não gosta disto infelizmente é assim que as coisas acontecem, no Espiritismo chamamos isto de Lei de Progresso, isto vale para o mundo físico e vale também para o mundo inteligente ou dos espíritos. 

O Abertura não poderia ser diferente. 

Mudanças no Abertura Em 2019 começamos a enviar a alguns assinantes o jornal Abertura em forma digital em arquivo PDF, fomos motivados pela paralização dos correios em muitas cidades e pelo fechamento de correspondências internacionais. 

O Jornal em PDF pode ser lido em celular, tablet ou no computador e se você estiver vendo em seu computador pode imprimir se preferir. 

Ao longo de 2021 avançaremos na construção de uma site onde será possível acessar a edição mensal além de muitas outras novidades que iremos anunciando na medida em que forem sendo implementadas. 

Nosso jornal terá muito mais visibilidade. 

Este mês temos algumas novidades, a coluna de Carolina Régis di Lucia e Reinaldo di Lucia muda de nome antes chamada “Mundo Atual”, passa agora a ser denominada de “Re-visão”, numa evolução natural proposta pelos próprios colunistas após atingirem 15 anos escrevendo neste jornal, sempre na página 6. No ano de 2019 dois colunistas Roberto Rufo e Silva e Ricardo de Morais Nunes tiveram suas colunas nominadas, Roberto Rufo sempre foi colunista, desde a primeira edição deste jornal, mas suas colunas não tinham um nome e Ricardo já há muitos anos também participava mensalmente. 

São as colunas “Fato Espírita” em abril de 2019 e “Utopias e Possibilidades” em agosto de 2019, assim como a Coluna de Egydio Régis que desde janeiro/fevereiro de 2019 mudou de “Revista Espírita em Foco” para “Dialogando com Jaci”. Desta forma garantimos que o nosso jornal Abertura esteja sempre progredindo. 

Jaci e Epicuro

Os pensamentos se alinharam na página 4, Roberto Rufo e Milton Medran abordam pontos distintos do cotidiano da humanidade, mas ambos se referem a esta comparação, fica aqui o convite a leitura. Isto acontece algumas vezes, nosso jornal não tem uma pauta definida, mas temos sim uma conexão de ideias. Jaci e Epicuro foi objeto de uma série de artigos de Ricardo Nunes, vocês podem acessar e rever no blog do ICKS. Abaixo o link para o artigo: JACI RÉGIS E O JARDIM DE EPICURO – por Ricardo Nunes. https://www.blogger.com/blog/post/edit/8190435979242028935/4199244752519247618

Aldeia global 

 A pandemia demonstrou que queiramos ou não o Planeta Terra é uma Aldeia Global, nome este cunhado pelo filósofo canadense Marshall McLuhan no ano de 1964, ele estava focado na questão das mídias, buscava explicar a tendência de evolução do sistema mediático como elo de ligação entre os indivíduos num mundo que ficava cada vez mais pequeno perante o efeito das novas tecnologias da comunicação. 

Passados 57 anos e com o aparecimento de um lado da instantaneidade da internet e por outro dos voos aéreos que transportam pessoas e cargas de um lado ao outro do planeta em menos de 24 horas, nossa nave espacial Terra, se tornou mesmo uma aldeia global. As notícias andam à velocidade da luz e os vírus se transportam quase na velocidade do som. Precisaremos nos acostumar a isto. Neste mundo relativamente menor outras pandemias virão, será que saberemos enfrentá-las de forma mais planejada e preparada? 

 Das liberdades individuais - O que aprendemos com o covid-19 A vitória da ciência, em menos de um ano diversas vacinas foram produzidas, testadas e já estão vacinando em caráter emergencial milhões de pessoas. No momento em que escrevo estas linhas o Brasil que saiu atrás já havia dado a primeira dose em 2,5 milhões de pessoas. Enfrentamos um repique da doença, nos levando aos patamares do meio do ano passado Teremos que nos manter resilientes, não será rápida a saída e a volta à normalidade. O comportamento social tem determinado a velocidade de propagação da Covid-19, não se descuidem, precisamos de nossos corpos físicos para evoluirmos, não se arrisquem, máscara e álcool gel ainda são as melhores barreiras até que a imunidade de rebanho chegue. 

Biden e o Capitólio 

A sucessão americana nos mostrou como ainda estamos longe da sonhada aristocracia intelecto moral, Kardec dizia que “o homem mais inteligente pode fazer péssimo uso de suas faculdades. De outro lado, a moralidade, isolada, pode, muita vez, ser incapaz. A reunião dessas duas faculdades, inteligência e moralidade, é, pois, necessária a criar uma preponderância legítima ...”. Vimos um ex-presidente Trump mimado, sem percepção da importância da transição de poder para uma democracia, desrespeitando o cerimonial e os bons modos, num momento de pura emoção quase provoca uma tragédia insuperável ao apoiar a marcha contra o Capitólio (Congresso Americano), como consequência 5 pessoas foram mortas e por pouco uma crise ainda maior não acontece. Que Biden tenha discernimento para que o mundo encontre um pouco mais de paz.

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional


sexta-feira, 12 de março de 2021

15º FÓRUM ESPÍRITA DO LIVRE-PENSAR DA BAIXADA SANTISTA - evento online

 

                15º FÓRUM ESPÍRITA DO LIVRE-PENSAR DA BAIXADA SANTISTA 

 

O ESPIRITISMO ANTE OS DESAFIOS HUMANOS

Apresentações virtuais – Via Zoom - das 19h45 às 21h30

 

 

Dia 14/04/2021

Tema: O Espiritismo na Perspectiva Laica e Livre-Pensadora

(Apresentação pelos autores do primeiro livro da Coleção Livre-Pensar Espírita).

Milton Medran e Salomão Benchaya

Moderação: Alexandre Cardia

 

 

Dia 21/04/2021

Tema: O Espiritismo ante os desafios humanos na perspectiva da:

Liberdade:       Arthur Chioro

Igualdade:       Ricardo Nunes

Fraternidade: Mauro Spínola

            Moderação: Márcia Rahabani

                                   

 

Dia 28/04/2021

Tema: O Espiritismo ante os desafios humanos

(Tema do XXIII Congresso Espírita da CEPA a ser realizado de 08 a 11/10/2021)

Painel com os ex-presidentes e a presidente da CEPA: Jon Aizpurua, Milton Medran, Dante Lopez e Jacira da Silva

Moderação: Jailson Mendonça

                       

Realização: Instituições espíritas vinculadas à CEPA na Baixada Santista

Apoio: CEPA – Associação Espírita Internacional e CEPABrasil

quinta-feira, 4 de março de 2021

ABERTURA será online em 2022

 

Comunicado aos assinantes - ABERTURA online

Este ano de 2021 será o último ano que produziremos o Jornal Abertura de forma impressa, passaremos a desenvolver e manter o Abertura apenas de forma online.

A mudança foi acelerada pela pandemia, muitos de nossos assinantes começaram a nos pedir para receber o jornal em formato pdf, acabamos por decidir por adotar em 2022 apenas o jornal online.

Você já pode baixar o Jornal Abertura diretamente, basta clicar sobre a foto do Jornal logo na entrada em nosso blog do ICKS à direita,  logo ao entrar na página da CEPA Internacional verá nossos aberturas de 2021.

Você poderá acessar todos os Aberturas de 2021 que já estão, em sua versão digital, com mais cores.

Pense em suas contas. Quantas você recebe por e-mail e paga com o celular ou pelo computador, ou ainda mais você as recebe diretamente na sua conta corrente via DDA. Admirável mundo novo, não?

 


Nosso jornal está cercado por novas tecnologias, quantos aparelhos ligados à internet você tem em sua casa? Vamos pensar juntos: TV a cabo, wireless (Wi-Fi) da operadora de TV a cabo, celulares, computador, o telefone fixo, 90% é via internet, você pode não usar mas geladeira, micro-ondas e até a iluminação se você quiser podem ser controladas remotamente. O medidor de água de prédios novos, é tudo pela internet, em alguns meses o ABERTURA também será.

Como já comunicamos, muitos de nossos assinantes começaram a nos pedir para receber o jornal em formato pdf.  Decidimos então e adotaremos em 2022 apenas o jornal online.

Se alguém quiser antecipar o recebimento do jornal via e-mail ou whats app no  formato pdf é fácil,  é só entrar em contato pelo e-mail -ickardecista1@terra.com.br. E nós faremos isto por você.

Este jornal em pdf poderá ser impresso por aqueles que assim o quiserem em sua própria casa.

Você poderá encontrar o ABERTURA online na página da CEPA Internacional:    https://cepainternacional.org/site/pt/publicacoes

Desta forma conforme a data de vencimento de sua assinatura a renovação será proporcional aos exemplares que você ainda receberá até dezembro de 2021.

Informaremos ao longo do ano como acessar as edições eletrônicas do jornal, teremos uma nova homepage na internet, que estamos criando, onde não apenas a edição mensal estará disponível, muito mais poderá ser acessado.  Acreditamos que poderemos atingir um número de pessoas muito maior e com isto contribuir para o progresso da Doutrina Espírita.

Obrigado pelo seu apoio e companhia todos estes anos e contamos com a continuidade de nossa relação.

Desta forma conforme a data de vencimento de sua assinatura a renovação será proporcional aos exemplares que você ainda receberá até dezembro de 2021.

Vejam os valores por mês de vencimento:

Mês

Valor da renovação em R$

Janeiro -Fevereiro

60,00

março

55,00

abril

50,00

maio

45,00

junho

40,00

julho

35,00

agosto

30,00

setembro

25,00

outubro

20,00

novembro

15,00

dezembro

10,00

 

terça-feira, 2 de março de 2021

O CANCELAMENTO E O MOVIMENTO ESPÍRITA – por Saulo de Meira Albach

 

O CANCELAMENTO E O MOVIMENTO ESPÍRITA – por Saulo de Meira Albach

 

Na sociedade contemporânea, marcada pelo uso das redes sociais, uma prática tem sido destacada diante da polarização e da radicalização do debate, especialmente na esfera da política: o cancelamento.

 “Funciona assim: um usuário de mídias sociais, como Twitter e Facebook, presencia um ato que considera errado, registra em vídeo ou foto e posta em sua conta, com o cuidado de marcar a empresa empregadora do denunciado e autoridades públicas ou outros influenciadores digitais que possam amplificar o alcance da mensagem. É comum que, em questão de horas, o post tenha sido replicado milhares de vezes.” (1)

 Como toda prática política o cancelamento, mal utilizado, pode gerar injustiças e excessos. Afinal de contas, uma tendência decorrente da polarização extrema na qual vivemos hoje é por fim ao debate, ao diálogo.

 O psicanalista e professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo Christian Dunker pontua que há um uso um tanto quanto exagerado do cancelamento, mas isso não significa que ele deva ser invalidado. “Há que se distinguir o cancelamento, ato político e estrategicamente bem-posto, do cancelamento autocrático, que produz a sensação de moralismo. Toda vez que cancelo simplesmente porque ‘eu não faria assim’, pressupondo que o outro deva agir exatamente como eu ajo, eu estou indo contra a inclusão, a universalização do diálogo. E, ainda mais grave, ao me retirar do debate, o cancelado pode se beneficiar e criar um ambiente ainda mais tóxico, machista, violento e, portanto, aumentar a coerência identitária do seu grupo, o que seria péssimo.” (2)

 Interessante observar que tal procedimento assemelha-se a uma prática que ocorre no movimento espírita brasileiro há muito tempo. Uma espécie de cancelamento.

 Alguns adeptos - por assumirem alguma postura ou linha de pensamento contrária àquela do grupo dominante - tem sua memória apagada pela história oficial das instituições espíritas.

 Um caso antigo é o do Professor Angeli Torteroli, ativista espírita de destaque no Rio de Janeiro que fez oposição à linha denominada mística na disputa de poder que marcou o movimento espírita do final do século XIX e início do XX, reduzida historicamente a “místicos x científicos”.

  

O historiador Mauro Quintella e o escritor Eugênio Lara resgataram a memória do professor Torteroli. (3)

 O “apagamento” neste caso chegou ao ponto de suprimir qualquer referência ao trabalho do “encrenqueiro” e, quando não havia como deixar de citá-lo o faziam de forma cifrada: o professor T.

 Outro “cancelado” é o jornalista, psicólogo e escritor espírita Jaci Régis (1932 – 2010). Catarinense, radicado em Santos (SP), escreveu inúmeras obras espíritas, dirigiu e editou o jornal Espiritismo e Unificação por 23 anos, criou e dirigiu o jornal “Abertura” que circula até hoje, foi diretor da Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda por 32 anos e fundador do ICKS – Instituto de Cultura Kardecista de Santos, um dos fundadores da União Municipal Espírita de Santos (UMES), em 1951, dentro outras atividades no meio espírita. 

 Ao assumir a linha do espiritismo laico e disputar eleição para a presidência da USE, Jaci que trabalhou por décadas no movimento dito “de unificação”, foi retirado da história oficial.

 Exemplo recente deste apagamento está na edição de 179 – setembro/outubro do jornal DIRIGENTE ESPÍRITA, órgão de divulgação da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo. Em artigo sobre a imprensa espírita, a articulista cita espíritas que se destacaram na divulgação do Espiritismo através da imprensa: Olímpio Teles, Cairbar Schutel, Bezerra de Menezes, Pedro Camargo (Vinícius), Batuíra, Herculano Pires, Deolindo Amorim, Jorge Rizzini, Anália Franco, Eduardo Carvalho Monteiro, Edgard Armond e tantos outros.

 Estaria meu saudoso amigo Jaci incluído nos “tantos outros”?

 Enfim, há muitos outros episódios envolvendo Jaci Régis e há muitos outros casos espalhados pelo nosso país (Krishnamurti de Carvalho Dias, Waldo Vieira, Gasparetto, etc.). Isso revela a dificuldade do movimento espírita em aceitar o debate, a crítica, o questionamento, especialmente quando se trata da questão religiosa.

 A carência de preservação da história dentro do movimento espírita pode ser vista como uma das causas desses apagamentos. Mas, também se identifica uma estratégia – e aqui o fato é mais lamentável - visando impedir que se conheça o pensamento daqueles que em algum momento ousaram romper com o pensamento hegemônico ou dominante, ainda que tenham feito parte da instituição.

 A professora Maria Letícia Mazucchi Ferreira leciona em artigo publicado na Revista Aurora (Revista de Arte, Mídia e Política), n. 10 (2011):

Johannn Michel em seu texto “Podemos falar de uma política do esquecimento”(2010) estabelece uma tipologia do esquecimento indo daquele abordado como omissão, que decorre de descartes funcionais tanto no indivíduo quanto na sociedade; a negação, que ao contrário do descarte involuntário é uma patologia da memória ligada à traumas que não foram superados mas que não podem ficar na esfera do consciente; a manipulação do esquecimento, fortemente marcada pela ação de atores públicos encarregados de transmitir a memória oficial. Ainda que compreendidos em separado, esses são como tipos ideais e podem atuar concomitantemente, pois estão condicionados aos contextos nos quais são gerados.(4)

A manipulação do esquecimento é prática incompatível com a filosofia espírita posto que falseia a verdade.  Seria melhor citar o agente que fez história e criticá-lo ou declinar os motivos pelos quais se contesta o seu pensamento do que excluí-lo, apagá-lo, cancelá-lo. Mas quase como regra geral, em matéria de atuação interna o movimento espírita tem preferido o caminho autoritário ao alteritário; o excludente ao includente.

Assim se fomenta a divisão e não vejo no horizonte estreito da minha visão, possibilidade de reversão deste quadro a curto ou médio prazo. 

 

Desculpe-nos, Kardec!

 

1-In BBC News: https://www.bbc.com/portuguese/geral-53537542, acesso em 05.09.2020.

2- In Carta Capital: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/cancelamento-nas-redes-sociais-vai-da-represalia-ao-linchamento/ acesso em 05.09.2020.

3- In Biografia de Afonso Angeli Torteroli, acessada no site www.autoresespiritasclassicos.com e História Ilustrada do Espiritismo no Brasil, acesso em www.cpdocespirita.com.br .

4- Políticas da Memória e Políticas do Esquecimento. In: D:/Meus%20Arquivos/Downloads/4500-11653-1-PB.pdf

 

Saulo de Meira Albach - publicado no Jornal Abertura Janeiro -Fevereiro 2021

 Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

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